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Barack Obama – O novo presidente dos Estados Unidos da América

MAIS FORTES SÃO OS PODERES DO POVO!

New York- Não sei se conseguirei chegar até o fim deste post. Me desculpem. Lutei muito. Muitos lutaram e levaram muitos insultos por suas convicções e muitos foram objetos de gozação!

EUA é lugar de racista“, daí pra baixo.

Mas aqui ainda estamos em 4 de novembro de 2008. Tenho 54 anos de idade e, se fiz algo de importante na minha vida, foi participar dessa campanha! Tenho amigos íntimos que não concordam comigo. Tudo bem.

Não vou continuar a escrever…

O espirito Republicano não poderia mesmo ganhar. Por quê? Porque agora mesmo há pouco estavam com os ollhos e ouvidos fechados ouvindo uma banda de country music, telas de TV  e seus iPhones apagados em estado de DENIAL, dançando e cantando em seus headquarters em Phoenix, AZ. Assim, como se o mundo não existisse ou como se a vitória fosse fato consumado. Assim tem sido a gestão Bush, e por isso se distanciou tanto de todos que até McCain pediu que não aparecesse. Mas o GOP está mesmo out of touch.

Essa também é a metáfora perfeita para administração Bush: OUT of TOUCH.

Temos que tomar cuidado para não cairmos em euforia. Cautela é a palavra, pois agora é o primeiro e não o último dia de uma longa, perigosa e árdua jornada para Obama e Biden! Vão herdar a pior economia já vista. Vão herdar uma guerra horrenda que ninguém quer: e o voto mostrou isso. Digo, o voto mostrou que ninguém mais quer a guerra no Iraque, ninguém mais quer essa brincadeira com o dinheiro e esse outsourcing desvairado. Sim, muita coisa vai mudar. Mas o quê? Confesso que assim como muitos no partido democrata, estou pra ver. Não sei. Mas os danos deixados pela administração Bush levarão anos para serem desfeitos. Muitas ruínas. Muito Beckett e Heiner Mueller para reerguer, assim de um momento para o outro!

Chega. Chega de preconceito racial. Temos um negro na Casa Branca! Agora o mundo segue o exemplo, espero. Não preciso dizer mais nada. Quero comemorar no silêncio da minha alegria silenciosa. Ainda não é momento de grandes explosões. Os EUA já tiveram grandes líderes negros, brancos, tortos, não tortos, de ascendência irlandesa, protestantes e católicos (JFK).

Só posso agradecer a todos que tiveram fé!

Agradeço a todos que tiveram fé! Aos detratores, a resposta desse país fala mais alto, mas mesmo assim meu muito obrigado àqueles que me trataram durante esse ano inteiro como se eu fosse uma criança que nada sabe, que não entende lhufas de política, como se eu não fosse um politcoholic. Sou. Obcecado, louco, quase um doente mental, confesso!

McCain, depois de uma campanha vergonhosa, a smear campaign (até hoje, dia da eleição) agora fala manso. Ele mesmo adotou o slogan “CHANGE”. Não adiantou. Claro. Agora fala até da avó de Obama que não viveu para ver esse dia e, sim, nos comove.

Aqui, nesse país, mesmo em guerra, somos civilizados. Temos a tradição de lutar com luvas e com a retórica mas, no final do dia, nos damos as mãos! Talvez no BR, como diz o Reinaldo, as pessoas não entendam isso. Eis a diferença enorme entre os dois paises.

Um enorme beijo para todos. Eu não poderia estar mais feliz. E não poderia estar mais preocupado.

O mundo não acaba aqui. Começa aqui. Hoje é o primeiro dia. Agora começa uma longa e interminável escada.

Do fundo do meu coração agradeço, sem mágoas. Não é uma revolução, não se trata disso. Mas uma tremenda evolução. Existem três léguas e quarenta anos de diferença entre uma coisa e outra e estou com um nó na garganta! Me perdoem, mas agora vou desligar.

LOVE

Gerald Thomas, nessa data histórica e, deus do céu!, como estou orgulhoso do meu país!

Update: O Presidente Obama falou: digno, lindo. De certa maneira não enfatizou o fato de ser negro. Enfatizou o enorme trabalho pela frente. Congratulou McCain e disse que iriam trabalhar juntos. Agradeceu a todos, o Axelrod, Howard  Dean, Michelle (sua mulher), Biden, todos.

Continuo: as multidões em Chicago, aqui em NY em todos os pontos dos EUA são sem precendentes! Entramos numa nova era.

O telefone aqui não pára de tocar, e-mails não param de entrar.

1- A luta pelas liberdades civis da década de 60 chega aqui à fruição! As coisas não nascem do dia pra noite. Grassroots movements: Oprah e Jesse Jackson na platéia aos prantos é, de fato, contagiante. This is the best of the United States of América.

2- Não houve vaias quando ele mencionou McCain. Mas quando McCain mencionou Obama, houve vaias.

 

 

(O Vampiro de Curitiba na edição) 

 

 

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Nascemos para divergir: estou indo votar. E tremer. E sei lá o quê!

UPDATE as 8: 45 hora Eastern TIME US

—————————-23:45 BR

“Polls Begin Closing in Final Hours of Epic Campaign”

 

VITORIA PRATICAMENTE CERTA PRA OBAMA

muitos estados ja fecharam suas contagens

102- Obama

34- McCain

Ainda eh cedo mas esta se dizendo essa derrota eh “devastating” pra McCain.

—————————————-

Nervoso demais, prefiro publicar essa coluna aqui:

PS: UPDATE: Mais de meio dia aqui (mais de 3 da tarde no BR)

PS UPDATE as 5:20 Eastern US (20;20 BR): filas enormes em varios estados e counties em todas as partes dos EUA. Muitas urnas nao funcionam. Muita gente que estava na fila nao conseguiu entrar: foi prometida “votacao estendida” (garantida pra todos). HISTORICA em 100 anos, nunca teve tanta gente nas urnas.

PS 3- muitos nomes nao constavam nas listas (centenas). Muitos livros foram mandados pros distritos errados e tiveram que ser imprimidos (improvisadamente) na hora.

California fecha suas contas as 9 da noite da hora deles (3 antes de NY, 6 antes do BR e Hawaii 9 antes de NY) Unhas das maos e pes roidos!!!!

GT

Da Folha de S Paulo

Bifurcação

NÃO SERIA exagero dizer que os americanos estão com os nervos à flor da pele. Esta temporada eleitoral interminável cobrou seu preço de amizades, casamentos e relações com colegas de trabalho. Nossos nervos estão no limite.
Está. Quase. No. Fim. Um novo presidente será eleito, finalmente, e … bom, e aí?
Por mais que nós, americanos, gostemos de reclamar da política, também gostamos das discussões, das brigas internas, dos bate-bocas com os adversários externos, do debate belo e hediondo sobre o papel que o governo deve exercer em nossas vidas.
É tudo uma grande confusão, mas é nossa confusão. Mesmo assim, esta era particular na história americana testou para valer nosso bom humor habitual. Desde o 11 de Setembro nosso país vive em estados alternados de choque, negação, histeria e mal-estar.
A Guerra do Iraque nos dividiu, colocando vizinho contra vizinho. A crise econômica levou os americanos de classe média a voltar-se contra aqueles cuja cobiça nos levou à beira do colapso.
Raiva e ansiedade são as emoções que nos dominam. Como todo o mundo já observou, ou vamos eleger o primeiro presidente afro-descendente, ou a primeira vice-presidente mulher. Bravo.
Mas os desafios que este presidente vai enfrentar acabarão logo com nossos aplausos autocongratulatórios. A Guerra no Iraque pode mudar de rumo, dependendo de quem vencer a eleição. A ameaça do terrorismo persiste. A maioria dos americanos compreende, em algum nível, que em algum momento nos próximos anos seremos obrigados a defender nosso país.
O fato de estarmos aguardando a próxima catástrofe -uma bomba escondida numa mala ou uma explosão no sistema de transporte de massas- faz a Guerra Fria parecer algo de um passado até pitoresco. Naquela época, pelo menos, sabíamos quem era o inimigo; sabíamos que ele era suficientemente lúcido para não querer morrer conosco.
Nosso novo inimigo não se importa com isso.
Esta eleição também tem o potencial de assinalar uma mudança de gerações. A chapa McCain-Palin representa não apenas o velho, mas o tradicional. Personifica a memória institucional da América.
Obama representa o novo, o progressista, o que ainda não foi testado. Mas ele ingressa na luta com uma legião de jovens cheios de esperança e sedentos por mudanças. Os jovens sempre são assim.
Finalmente, esta eleição opôs o chamado “americano comum” (Joe, o encanador, ou Joe Six-Pack, aquele que compra um engradado de seis cervejas) às elites, vistas como tal. McCain e Palin alimentaram esse fogo com ferocidade indecorosa, cavando fissuras profundas num momento em que não podemos nos dar ao luxo de ter nenhuma.
Assim, o desafio maior do próximo presidente será lançar uma ponte sobre o abismo que nos separa e tentar alisar o gramado do campo comum onde jogamos. Nada fácil.
Se Obama perder a eleição, os afro-descendentes provavelmente sentirão que ficaram de escanteio. De novo. McCain terá dificuldade em convencê-los de que não é o caso, graças à eficácia de Palin em levantar suspeitas de que Obama não é exatamente um de nós. Talvez o discurso de “eles e nós” não tivesse a intenção de alimentar o mal-estar racial, mas foi apreendido assim. Se McCain vencer, os efeitos sobre a harmonia racial serão sentidos por muito, muito tempo.
O que virá a seguir, então?
Esperança e mudança, a julgar pelas pesquisas.
A esperança pode ser uma curva que não permite divisar o que vem a seguir, e a mudança pode não passar de uma promessa vazia, na qual só os inexperientes acreditam, mas elas não podem nos prejudicar, neste momento em que os americanos tentam lembrar quem são. Para melhor ou para pior, estamos nisto juntos. E as coisas vão se agravar.
Precisamos de uma mão calma e firme no leme. 

 

KATHLEEN PARKER é colunista do “Washington Post” e comentarista da NBC; ela escreveu esta coluna para a Folha

PS do Gerald: ESTOU NERVOSO demais para escrever algo agora. Além do mais, vou ficar na fila um tempão.
.

PS 2: Fui la cedo: nao demorou tanto tempo. Eh muita coisa pra preencher. Mas foi um alivio e muita EMOCAO. Temos que tomar cuidado, afinal, eleicao nao eh esporte e nao eh campeonato: sao as pesssoas APONTADAS POR NOS, ELEITAS POR NOS. SAO NOSSOS REPRESENTANTES,

CLARO QUE SOMOS LEVADOS PELAS EMOCOES E, JUSTAMENTE POR CAUSA DISSO, IMPLORO QUE OS LEITORES NOVOS LEIAM O TRANSCRIPT DO ENDOSSO DE COLIN POWELL A BARACK OBAMA NO MEET THE PRESS HA UMAS SEMANAS ATRAS

EH UM DOS MOMENTOS MAIS LUCIDOS DE DEMOCRACIA, DE LUCIDEZ, DE….

LEIAM. SE NAO SABEM INGLES, POR FAVOR, ALGUEM TRADUZ PRA VCS

 

LOVE

GERALD


 

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Born to be wild

GeraldEasy Ryder

A avó de Obama acaba de falecer. Será um sinal?

Querem saber? Hoje andei por lugares estranhos. Fui a NYPD (polícia) e NYFD (brigada do fogo) e a alguns hospitais que atendem emergência (EMS). Por quê? Porque não acredito em intelectuais que reportam escrevendo das ruas de NY se achando o máximo. NY não é exemplo de nada. Aqui não é interior, aqui não tem grupos de linchamento, aqui não temos Ku Klux Klan. Nem mesmo a Arian Nation. Quer dizer, procurando bem, temos até isso, esse lixo humano. Os EUA tiveram um compositor, um grande compositor, o Aron Copland. Ele compôs para os landscapes – para a vastidão – para os desertos e paras as montanhas americanas. E ali se esconde o mistério que vota amanhã. Quem reporta de lá? Tem alguém com coragem de meter o focinho ali? DUVIDO!

Interessante essas HORAS que precedem a eleição. Todo mundo com o seu na mão! Como o Peter Fonda em Easy Rider quando os rednecks queriam meter-lhe a bala na cabeça porque dirigia livre a sua Harley Davidson.

Eu não agüento mais de tão nervoso. Chamo isso de a “ELEIÇÃO da minha vida”: óbvio, não preciso explicar porquê. Nunca vi os times da tv tão excitados, desde Jack Cafferty (mal humorado, geralmente) até Donna Brazile (chata!). Estão todos pilhados!

Na fila do WholeFoods Market, aqui em Union Square, levei um empurrão. Ah, mas não vou contar de quem ou porquê. Deixe que em outro momento, ou então no palco eu conto. Chega de especulação!

MUITO OBRIGADO A TODOS.

FOI LINDO

E boa sorte pro mundo.

LOVE

Gerald

(Vamp na edição)

um dos momentos MAIS emocionantes de toda a campanha foi o endosso do General Colin Powell no MEET the PRESS pra Obama. O video esta no arquivo desse blog.

Eis o transcript em ingles. Um dia, quem sabe, alguem o tera em portugues: pra quem duvida da beleza de como funciona ,,,,(deixa pra la) leiam e tirem suas proprias conclusoes:

GEN. POWELL:  Yes, but let me lead into it this way.  I know both of these individuals very well now.  I’ve known John for 25 years as your setup said. And I’ve gotten to know Mr. Obama quite well over the past two years.  Both of them are distinguished Americans who are patriotic, who are dedicated to the welfare of our country.  Either one of them, I think, would be a good president.  I have said to Mr. McCain that I admire all he has done.  I have some concerns about the direction that the party has taken in recent years. It has moved more to the right than I would like to see it, but that’s a choice the party makes.  And I’ve said to Mr. Obama, “You have to pass a test of do you have enough experience, and do you bring the judgment to the table that would give us confidence that you would be a good president.”

And I’ve watched him over the past two years, frankly, and I’ve had this conversation with him.  I have especially watched over the last six of seven weeks as both of them have really taken a final exam with respect to this economic crisis that we are in and coming out of the conventions.  And I must say that I’ve gotten a good measure of both.  In the case of Mr. McCain, I found that he was a little unsure as to deal with the economic problems that we were having and almost every day there was a different approach to the problem.  And that concerned me, sensing that he didn’t have a complete grasp of the economic problems that we had.  And I was also concerned at the selection of Governor Palin.  She’s a very distinguished woman, and she’s to be admired; but at the same time, now that we have had a chance to watch her for some seven weeks, I don’t believe she’s ready to be president of the United States, which is the job of the vice president.  And so that raised some question in my mind as to the judgment that Senator McCain made.

On the Obama side, I watched Mr. Obama and I watched him during this seven-week period.  And he displayed a steadiness, an intellectual curiosity, a depth of knowledge and an approach to looking at problems like this and picking a vice president that, I think, is ready to be president on day one. And also, in not just jumping in and changing every day, but showing intellectual vigor.  I think that he has a, a definitive way of doing business that would serve us well.  I also believe that on the Republican side over the last seven weeks, the approach of the Republican Party and Mr. McCain has become narrower and narrower.  Mr. Obama, at the same time, has given us a more inclusive, broader reach into the needs and aspirations of our people. He’s crossing lines–ethnic lines, racial lines, generational lines.  He’s thinking about all villages have values, all towns have values, not just small towns have values.

And I’ve also been disappointed, frankly, by some of the approaches that Senator McCain has taken recently, or his campaign ads, on issues that are not really central to the problems that the American people are worried about. This Bill Ayers situation that’s been going on for weeks became something of a central point of the campaign.  But Mr. McCain says that he’s a washed-out terrorist.  Well, then, why do we keep talking about him?  And why do we have these robocalls going on around the country trying to suggest that, because of this very, very limited relationship that Senator Obama has had with Mr. Ayers, somehow, Mr. Obama is tainted.  What they’re trying to connect him to is some kind of terrorist feelings.  And I think that’s inappropriate.

Now, I understand what politics is all about.  I know how you can go after one another, and that’s good.  But I think this goes too far.  And I think it has made the McCain campaign look a little narrow.  It’s not what the American people are looking for.  And I look at these kinds of approaches to the campaign and they trouble me.  And the party has moved even further to the right, and Governor Palin has indicated a further rightward shift.  I would have difficulty with two more conservative appointments to the Supreme Court, but that’s what we’d be looking at in a McCain administration.  I’m also troubled by, not what Senator McCain says, but what members of the party say. And it is permitted to be said such things as, “Well, you know that Mr. Obama is a Muslim.” Well, the correct answer is, he is not a Muslim, he’s a Christian.  He’s always been a Christian.  But the really right answer is, what if he is?  Is there something wrong with being a Muslim in this country? The answer’s no, that’s not America.  Is there something wrong with some seven-year-old Muslim-American kid believing that he or she could be president?  Yet, I have heard senior members of my own party drop the suggestion, “He’s a Muslim and he might be associated terrorists.” This is not the way we should be doing it in America.

I feel strongly about this particular point because of a picture I saw in a magazine.  It was a photo essay about troops who are serving in Iraq and Afghanistan.  And one picture at the tail end of this photo essay was of a mother in Arlington Cemetery, and she had her head on the headstone of her son’s grave.  And as the picture focused in, you could see the writing on the headstone.  And it gave his awards–Purple Heart, Bronze Star–showed that he died in Iraq, gave his date of birth, date of death.  He was 20 years old. And then, at the very top of the headstone, it didn’t have a Christian cross, it didn’t have the Star of David, it had crescent and a star of the Islamic faith.  And his name was Kareem Rashad Sultan Khan, and he was an American. He was born in New Jersey.  He was 14 years old at the time of 9/11, and he waited until he can go serve his country, and he gave his life.  Now, we have got to stop polarizing ourself in this way.  And John McCain is as nondiscriminatory as anyone I know.  But I’m troubled about the fact that, within the party, we have these kinds of expressions.

So, when I look at all of this and I think back to my Army career, we’ve got two individuals, either one of them could be a good president.  But which is the president that we need now?  Which is the individual that serves the needs of the nation for the next period of time?  And I come to the conclusion that because of his ability to inspire, because of the inclusive nature of his campaign, because he is reaching out all across America, because of who he is and his rhetorical abilities–and we have to take that into account–as well as his substance–he has both style and substance–he has met the standard of being a successful president, being an exceptional president.  I think he is a transformational figure.  He is a new generation coming into the world–onto the world stage, onto the American stage, and for that reason I’ll be voting for Senator Barack Obama.

 

 

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Na TPM das eleicões dos EUA + Brasileiro vence a Maratona de NY(leiam também matéria abaixo desta: Halloween mais polítco da História)

Stand up and fight my friends, defend your country, fight on, never stop fighting, fight for America, God Bless America!”

John McCain estava aos berros em Virginia nos últimos surros, urros e sussurros dessa campanha eleitoral. Mas “stand up and fight” de quem e do que, pergunta-se? Levantar e lutar contra si mesmo ou contra os números que o desfavorecem nas estatísticas?

A campanha do terror não está funcionando, obviamente. As malditas pesquisas estão sendo ignoradas por um zangado McCain cujo desespero agora está mais nítido que nunca. Seus discursos, hoje, o fizeram cair mais 4 pontos nas enquetes.

Bate-boca

Começando  conversas com pessoas em diversas partes da cidade  e até mesmo aqui, no prédio onde moro, uma delas foi enfática e procurei ouvi-la: “Vou votar nele, no McCain, porque tenho medo de mudanças. Não tivemos mais nenhum ataque doméstico desde o 11 de Setembro [2001]”.

“Mas o que o senhor me diz sobre o equívoco de invadir o Iraque e a morte de 100 mil civis iraquianos e mais de 4 mil soldados do nosso país?”, perguntei. “Acho que temos de tomar todas as precauções possíveis…” No meio de sua resposta, o saguão do prédio começou a se encher, e as pessoas se intrometeram na hora.

“Isso é um absurdo. Tenho vergonha de ser do mesmo país que você!!!”, berrava uma senhora de uns 60 , com um back up de adolescentes vestidos da festa de Halloween de ontem, ou de um concerto de rock.

“Guerra era uma palavra do passado e paz não era somente uma utopia, mas era a realidade. Temos que voltar a ter essa realidade” , a grande maioria do grupo de senhores e jovens berravam.

Existem grupos de negros que sequer admitem a possível derrota de Obama. Eles vivem, e com toda razão, o sonho quase impossível de Dr. Martin Luther King Jr.

Sábado foi somente o ensaio. Faltava ver o que a festa/protesto de ontem nos traria. Eu iria para  Dumbo, um dos  bairros de Brooklyn mais, digamos, “artísticos”.

Nesse pós-Halloween, eu queria ver qual seria a fantasia deles ou se simplesmente estariam olhando para o skyline de Manhattan com aquele famoso efeito de distanciamento brechtiano, chacoalhando as cabeças, o que, aliás, vem a ser muito saudável numa hora dessas.



Estamos em plena TPM da terça-feira que vem. Vai ser um deus-nos-acuda. 


Gerald Thomas

(Vamp, na edição)

 

A ELEIÇÃO DO CRASH

BARACK OBAMA OU JOHN MCCAIN. 
EM DOIS DIAS, UM DELES SERÁ ESCOLHIDO O SUCESSOR DE GEORGE W.BUSH, EM MEIO À MAIOR CRISE ECONÔMICA NOS EUA DESDE A GRANDE DEPRESSÃO DOS ANOS 30

O estouro da bolha de créditos podres, que invadiu a economia real, precipitou a radicalização da disputa política na superpotência. McCain, 72, começou a campanha como representante da ala moderada do governista Partido Republicano, mas vem adotando discurso mais conservador à medida que pesquisas apontam que a crise tende a favorecer o rival Obama, 47, do Partido Democrata, de oposição a Bush. Há décadas a eleição para o cargo mais poderoso do mundo não apresenta opções tão díspares nem ocorre em momento tão delicado. Este caderno apresenta os dilemas que serão enfrentados pelo próximo ocupante da Casa Branca, as posições programáticas que podem definir o futuro governo e a expectativa mundial em relação à eleição. 

 

PS: Que DIA!!!! UFA! MARILSON GOMES DOS SANTOS VENCEU A NEW YORK CITY MARATHON

COMO SE AS EMOCÕES NÃO BASTASSEM NESSA TPM PRÉ-ELEIÇÃO, AINDA VEM UMA NOTICIA DESSAS AQUI DO CENTRAL PARK !!!! DIA LINDO AQUI, E NENHUM PORTAL BRASILEIRO PARECE GIVE A DAMN!

GERALD

A Maratona de Nova York é uma das competições mais importantes e tradicionais do atletismo. Mais de 38 mil pessoas participaram desta edição (38.377).

Marílson fez o tempo de 2h08min44, correndo pela primeira vez abaixo dos 2h09min58 que ele tinha obtido na Maratona de 2006 – ano do seu primeiro título.

“Hoje eu provei que em 2006 não foi sorte”. “Este circuito é muito favorável para mim. Me lembra a minha casa”, declarou Marílson, que fez muita festa quando cruzou a linha de chegada, vibrando muito com a bandeira do país e com a sua esposa Juliana.

O marroquino Abderrahim Goumri liderou durante grande parte da prova, com Marílson sempre correndo entre o pelotão de elite. 

No fim, Goumri se desgarrou do pelotão, tendo Marílson em seu encalço. Mas nos minutos finais e a menos de 2km da chegada, em um belo “sprint”, o brasileiro não tomou conhecimento do rival e venceu a prova, com o marroquino em segundo com o tempo de 2h09min07. O queniano Daniel Rono terminou a prova em terceiro com 2h11min22.

“Nunca perdi as esperanças. Quando entrei no Central Park, os torcedores me inspiraram a continuar correndo e vencer a corrida”, disse Marílson.

Os outros dois campeões da Maratona de Nova York que disputaram a prova, o queniano Paul Tergat e o sul-africano Hendrick Ramaala, terminaram em 4º e 12º, respectivamente. 

No feminino, a britânica Paula Radcliffe conquistou o bicampeonato da prova, ao vencer com o tempo de 2h23min56. 

A russa Ludmila Petrova foi a segunda colocada com 2h25min43, seguida pela norte-americana Kara Goucher com 2h25min53.

Com agências internacionais, atualizada às 16h23

 

 

A Shifting LandscapeMap  

A Shifting Landscape

The Electoral Map

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Depressão: ou pessoas que se reúnem e não conseguem mais conversar

Nesses dias que antecedem a eleição americana e essa tensão doida (na qual me incluo, não apenas como especulador, mas como militante maluco e doador de sangue!), vou me permitir uns segundinhos a falar de outra coisa. Algo que raramente se lê em algum periódico ou raramente se comenta em alguma roda social: a frieza com que um trata o outro (e nem ouve mais o outro).

O uso descarado de uma máscara (antigamente somente presente nos meios teatrais, agora difundida em todas as latitudes), e que faz gelar o mais gélido dos nórdicos, mesmo que em climas tropicais.

Seja nas coxias de um teatro no final do espetáculo de uma amiga ou num encontro com um correspondente de jornal ou num ‘encontro” casual na casa de alguém, parece que tudo se transformou numa aberração. Ninguém parece querer mesmo ouvir. Ou não tem raça ou peito para isso, ou não tem mais interesse. Os egos estão tão, tão, tão inflados que enquanto um fala o outro está preparando o seu discurso ao invés de estar prestando atenção a uma coisa que usávamos chamar de diálogo!

Acabou?

Não sei. Mas as pessoas estão tão tortas ou entortadas de bebidas ou outros entorpecentes que me pergunto: qual é o sentido social desses encontros? Por que “estar junto”? No final ou no dia seguinte, será que estão felizes de terem segurado tanta bandeira de nada e por tanto tempo e dado tanta risada e tanta risada de si mesmos? Será que suas bocas continuam borradas e tortas ou será que agora se olham no espelho e… se lembram de uma só frase????

Esse circo de horrores  pode também ter outro nome: depressão. Isto é, onde as auto-imagens não se agüentam mais e precisam ser superadas com clichês absurdos. Claro, com tanto “google” isso, “google” aquilo, ninguém precisa mesmo saber quem era quem, “Quem mesmo?”… Gente que não sabe o que diz, mas fala aquilo que ouviu em algum lugar. Repetem o nada já repetido, como um telefone sem fio.

Papagaiam (sim, como verbo) coisas ridículas, e acham lindo as besteiras que papagaiam, e morrem de rir, ou se empostam, como postas ou bostas de peixe,  assim como estátuas de bronze de tão rígidas em seu discurso nulo, vazio.

Damien Hirst tem razão! Chega a ser político, ás vezes. Hirst deveria esquartejar a sociedade agora ou colocá-los debaixo d’agua. Torpedos, mosquitos, carrapatos, cães que latem e não mordem, ou vomitam de tanto beber.

Juro. Estou impressionado (ainda) com o não entendimento dessa BABEL nessa virada do século, milênio, que seja.

Depressão não significa, necessariamente, um ser humano metido debaixo das cobertas, não conseguindo abrir a porta num ataque de pânico. Depressão pode ser quando duas ou três pessoas acham que estão conversando mas, se traçadas num gráfico, essas três linhas de conversa vão para três pontos diferentes do universo e não formam um triângulo. E quando acham que estão se olhando nos olhos, que olhos porra nenhuma! Pior que peixes mortos. Peixes vivos, esperando o abate, vivos, mas já em postas!

Gerald Thomas em São Paulo, onde, nos restaurantes, ao contrário de outras capitais mundias, todo mundo só fala um idioma, inclusive os garçons: que província!

PS: Sempre houve isso, óbvio, mas talvez agora tenha piorado: a classe teatral está menos teatral e o resto da população adotou o que há de mais podre na classe teatral.

 

 

 

(Vamp, meio deprê, na edição)

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O DEBATE – Obama e McCain e vejam essa entrevista…


Primeira parte da entrevista com a Judith Malina

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David Blaine, o mágico, Obama e McCain

New York- Olha, vou te dizer: não é à toa que o mágico-trickster agora resolveu ficar de cabeça para baixo por um número X de horas. Não é ele que está de cabeça para baixo. É o mundo que está. Blaine, de cabeça pra baixo, deve estar vendo o mundo da forma certa!

A que me refiro? Ah, sim, ao debate Obama e McCain em Nashville, mediado por Tom Brokaw, que me “deu” as notícias por mais de 20 anos pela NBC News até que se aposentou.

McCain, um chato sem galochas: “my friends, isso, my friends, I know how to do it!” Quem apela para “meus amigos, meus amigos, eu sei como fazê-lo!”, é porque não tem amigos e, certamente, não tem IDEIA de como fazer porra nenhuma.

McCain se refere a Osama Bin Laden. Essa frase vinda do Senador do Arizona chega a ser CRIMINOSA porque se ele REALMENTE soubesse onde está o terrorista saudita, então está escondendo algo de ordem de segurança nacional. Sim ou não? Pensem comigo!

Esse anãozinho chato pacas (inacreditavelmente ruim e… pros brasileiros que não entendem inglês, parace um Lula, que não fala o idioma bem, não articula bem, é monocórdio… ai que saco: “yes, my friends, I can do it….and we fellow Americans….”

NAO PEGA MAIS!!!!

Não comento mais sobre debates. Voto e espero o resultado das eleições. Não agüento mais especulações! Tem muita gente LUCRANDO de quatro em quatro anos especulando e espectorando e peitando – como se fosse totto lotto – com quem ganha mais!

Só que o mundo está nas mãos desses dois!

Já ouviram falar da Bauhaus? Suas diversas fases? O impacto que ela teve na arquitetura mundial? O impacto que ela teve na política mundial? Sim? Não?  Estudem. Enfiem o nariz nos livros ou no Google ou se alienem de vez já que, segundo alguns, estamos entrando numa tremenda depressão financeira. A maior de todas desde… Desde quando mesmo? Desde a última. Sim, desde a última. Estou com a maior diarréia desde… bem, desde a última.

Já eu prefiro outra explicação: O Capitalismo é uma enorme bolha flexível. Enormemente flexível. Ela quaaaaaase estoura pra um lado… quaaaaase estoura pro outro, mas não estoura. Estourar, ela não estoura nunca.  Essa bolha está feita para agüentar todo o tipo de pressão e todo tipo de jogo porque essa é justamente a natureza do capitalismo: o risco.

Teatro também é feito de risco. A VIDA também é feita de risco. Saindo da porta ninguém mais sabe se veremos aqueles que amamos. Tudo pode acontecer. É do que somos feitos, não é? Ah, a corrida do ouro… Ah, a Guerra Fria… Ah… McCain nos chama de “peacemakers” do mundo. Mais de meio mundo nos enxerga como INIMIGOS.

Obama estava certo em relação ao Iraque: seríamos vistos como “liberadores” no início e, logo depois, essa loucura sem fim, e sem planos de ter um fim, está nos custando Rins e Fígados e os Olhos da Cara! E uma divida que não podemos pagar. A divida humana.

Pior ainda seria a estagnação: Onde nada acontece. Uma vida sem risco. O que vocês achariam disso? Bom? Duvido.

“We can work together as Americans”, diz o anãozinho republicano. O que ele quer dizer com isso? Nada. Retórica política. Ou será que, se eleito, ele vai convidar 300 milhões de pessoas para o Oval Office? É tanta imbecilidade que não dá pra agüentar!

Os massacres da humanidade, os holocaustos, as emboscadas culturais foram onde a humanidade fez a curva de forma errada. Deu errado. O carro bateu no meio-fio. No entanto, esses somos ‘nós’ em nossos piores momentos. Ruanda somos nós, Kosovo somos nós, Darfur somos nós, Auschwitz somos nós, os de dentro e os de fora. Todos somos nós, os que viraram cinzas e os que faziam o Hitler salut. Somos podres. E somos podres por causa do fator RISCO. E a Bauhaus era boa disso. E David Blaine também!

É impressionante como sabemos pouco sobre a nossa história. É impressionante como escolhemos esconder that the biggest Fear is Fear Itself e outras frases-chaves que atravessam nossas cabeças porque, obviamente, fica sendo muito mais conveniente olhar o olho do outro como se fosse a História do Olho, de George Bataille. Esse sim, um conto pra lá de erótico, beirando a pornográfico, mas se formos olhar fundo no fundo do fundo, ele não passa de um retrato de um escritor quando jovem olhando a crueldade sensual de um mundo religiosamente organizado e enfileirado para as suas grosssas grosseirias e pronto para vê-las de cabeça pra cima, ao contrário do mágico David Blaine, que está sempre de cabeça pra baixo!

Gerald Thomas

Logo após o debate em Nashville, Oct 2008

 

(Vamp, na edição)

 

 

 

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