Monthly Archives: April 2004

Cozinhem seus pentes e comam a caspa

Nova York – Cheguei ao limite. Já nao falo coisa com coisa e, portanto nao esperem de mim uma coluna que faca sentido. Portanto estou sentado no pico de Sierra Maestra. Porque nao? Ou em Fellujah, cozinhando para as tropas americanas que, enquanto escrevo, bombardeiam aquela cidade histórica. Sim, travestido de cozinheiro "cordon bleu", cercado de paneloes e paneleiros, e enormes colheres de pau, roubei todos os pentes de todos os Marines e os cozinhei. Vai ser uma refeição e tanto.

O que mais se tem pra dizer? Nao tenho mais o menor saco pra analizar ou ouvir qualquer tipo de analise sobre isso, aquilo ou porra nenhuma. Meus ouvidos estão cheios. Minha ultima decepção foi "Plan of Attack" de Bob Woodward, que ganhei de presente da Fabiana. Li como se devorasse, mas……brochei no meio. Sim sim sim, eh claro, eh claro que ate certo ponto eh interessante saber que Bush pegou no Braço de Rumsfeld e o levou prum cantinho sem que ninguém soubesse e fez confidencia tal e tal. Claro, também eh interessante ler ali a real pirâmide do poder na Casa Branca (tão manchada, que a essas alturas nao ha tinta que a faca continuar branca!)

Mas nao ha nada ali, realmente falando, que já nao sabíamos, seja através do livro de Richard Clarke ou do seriado West Wing ou All the President's Men, do próprio Woodward, quando ele trouxe abaixo o governo Nixon. Ali sim, um jovem Woodward e um jovem Bernstein – ávidos pelo poder jornalístico – DERRUBARAM um governo.

Hoje eh tudo mais "mellow", tudo mais "soft". E eu nao agüento mais ficar seguindo os eventos na televisão, seja no Iraque, seja a escalada pela presidência aqui, seja a escalada da violência ai no Brasil. Eh tudo um horror. Então….escrevo pecas.
Escrevo ate o computador pedir arrego.
E quando ele pede arrego, começo a desenhar, pintar……E quando acaba o papel, ensaio com atores. Nao me calo, enquanto estiver vivo, eu me mexo.

Mas a tendência ao surreal sera cada vez maior. Admiro, realmente admiro aqueles que participam da resistência política. Mas como "pegar em armas" nao me parece mais ser uma opção legitima (eh terrorismo mesmo e eu odeio terrorismo), meu cérebro se encanta por monólogos e situações pouco plausíveis e meu sonho sera encena-las. Pra quem e porque? Nao sei. Satisfação própria talvez.

O Brasil esta – pra mim – cada vez mais distante. Me relaciono com pouquíssimas pessoas no Brasil. Pena. Desapareceram quase todos. Ou sera que fui eu que sumi. Deve ter sido eu. Claro que fui eu. Na verdade nunca morei ai, estava sempre de passagem, sempre em hotel……..assim nao ha relação que dure.

Então, pouco a pouco vou me distanciando de tudo e de todos. Se isso parece uma longa carta de bye bye Brasil de ate logo gente, um dia nos veremos? Talvez. Hoje, quarta de manha, eh assim que me sinto. Nao sei bem porque. Nao vejo muito sentido em escrever uma coluna que ninguém lê, ninguém comenta, num jornal que sequer eh lido pelo dono.

Ou talvez finalmente bateu o fato d'eu morar em cima do East River, dentro d'água como se fosse…..e na beira do FDR drive, ou seja, uma rodovia que margeia Manhattan pelo lado Leste. Pela janela vejo milhares de carros indo e milhares de carros vindo. Pra onde meu deus? Pra onde vai tanta gente? E com tanta pressa? Pra que tudo isso?
Daqui vejo essa população em movimento, tanto carro, tanto monóxido de carbono, tanto PETROLEO, e ai me lembro que a invasão do Iraque nao foi por outro motivo: encher esses tanques todos.

Fecho a janela. Já vi carro demais, já tive a explicação ao vivo, já vi os modelos mais novos, todo mundo comprando os ultissimos modelos de uma Hummer SUV. Pra que ter esse mini tanque de guerra dentro de uma cidade como essa? Da nojo, da medo, amedronta porque esse dono pode ser seu vizinho.

Nunca vi a cara dos meus vizinhos.
Nunca abrimos a porta ao mesmo tempo.
Nunca entramos no elevador juntos.
A ONU eh aqui do lado.
Nao se fala inglês nesse prédio, porque quase todo mundo eh funcionário da ONU.
Me pego lavando o mesmo prato pelo menos umas cinco vezes e amarrando o saco de lixo a tal ponto que ele pode…..Porque estou relatando tudo isso? Parece o inventario de um quase-louco. Deve ser isso.
Sou que nem essa ilustração ai. Uma nuvem rasgada, desenhada a bico de pena que fiz quando eu ainda era desenhista da OpEd page do New York Times no inicio da década de oitenta: uma nuvem rasgada chovendo em cima do planeta.

Ate mais gente. Um dia a gente se fala direito.
LOVE
Gerald Thomas

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Importem o exemplo de São Paulo


Nova York – Terá sido uma miragem o que aconteceu em São Paulo no inicio da semana, ou sera que a metrópole ainda se importa com cultura mesmo? Sera que a mistura de Contardo Calligaris e Silvio Santos, Zé Celso, e a secretaria de cultura teria acontecido no Rio, ou sera que foi em São Paulo que o Brasil efetivou seu momento de utopia e brilhantismo, enquanto o Rio ¿deJeneira¿, como sempre dejeneirou? Efeito de uma portuguesa falta de auto estima e tremenda arrogância, o Rio sofre de uma podridão revestida de lantejoulas que eh de vomitar!

Parabéns São Paulo, parabéns Contardo!

Aqui nos Estados Unidos, O Bob Woodward – aquele que com o Bernstein trouxe o governo Nixon pra baixo com Watergate – esta criando filas homéricas na frente das livrarias. Pra comprar "Plan of Attack" tive que ficar horas na fila da St Marks Bookstore, assim como nos velhos tempos do Fimore East, como se quizesse comprar ingresso pro Jimi Hendrix. E a conversa entre os que estavam na fila nao era muito diferente. Eh uma espécie de renascimento da contra-cultura que acontece aqui, nas sombras desse agouro chamado Bush, a cada dia mais demagogo e com a popularidade subindo.

Cabe a nos comprar os livros que tentam desvendar os mistérios que rondam a Casa Branca e os dias que precederam os momentos dos comandos. Quem sabia o que primeiro? Rumsfeld? Powell? Condy Rice? Quem detesta quem? Cheney detesta Powell? Parece novela da Globo e, de fato eh uma novela global, no real sentido da "realpolitik". E no sentido da "kulturpolitik", já que a coluna imigrou pro alemão (nao sei bem porque, algumas colunas tendem a seguir Heinrich Boll – com trema by the way, quanto mais trema melhor. Trema!), volto já já já pro tema original que nada tem a ver com Bob Woodward ou Bush ou Kerry (tadinho, cada vez mais parecido com um labrador) e a vontade que da eh de falar horas mesmo sobre a vida e obra de Georges Bataille e a "Historia do Olho" ou revistar Illuminations de Walter Benjamin ou S/Z e Mythologies de Roland Barthes, mas isso eh material pra Nova York ou São Paulo….isso no Rio vira tripa de pescador no Posto 6.

Voltando ao tema da cultura no Brasil……..ou em Macondo……Se Gabriel Garcia Marques ou Silvio Santos, depois de anos e anos esnobando o Zé Celso, finalmente conceder o terreno pro tHeatro Uzyna Ozona, vai ser o Maximo. Mas e o Secretario de Cultura do Rio, o Arbaldo Niskier? Como ele reagiria a isso?

Nao sei. Pessoalmente sempre me dei muito bem com ele. Nos conhecemos pouco, mas um secretario de cultura tem relativamente pouco mandato (eh demasiadamente preso ao governador ou governadora).

O que o Rio tem feito pela sua cultura? Eh so ler (nao, nao eh preciso ler….basta ver as figurinhas) dos cadernos culturais cariocas. Se eles são um reflexo do que acontece na cidade, deus me livre!

Mas entre tiros, reféns, mortos do que tenho lido COM HORROR online (e o glamour das novelas e a falsa e ridícula teledramaturgia), o que mais o Rio tem pra oferecer na sua terrível realidade? Se invadirem mesmo todos os morros e acabarem mesmo com toda a ¿cultura¿ que existe ali e criarem realmente um APARTHEIT MAIOR DO QUE JA EXISTE, vai ser foda! Nao vai ter mais carnaval.

Sera que os crentes teriam coragem pra tanto?

Eu tenho muitos amigos em muitas das escolas de samba, em varias favelas e que nada tem a ver com qualquer tipo de crime, organizado ou desorganizado. Mas na hora da bala perdida ou achada, quero saber qual eh o PM ou o general do Exercito que vai explicar que ¿aquele negro ali¿ nao eh o bandido mais procurado do Brasil.

Nao ha mais credibilidade alguma.

Tudo aquilo que o Luiz Eduardo Soares estava tentando construir ha anos, colapsou. Porque? Porque o Garotinho, esse mesmo que esta se cagando nas calcas agora, o demitiu (já estava se cagando la naquela hora). Pessoas ambiciosas e sem nenhum caráter, esses crentes são inescrupulosos e so combatem o crime na superfície. Deu no que deu.

Viver no Rio? Ate quando vocês vão agüentar?
Sugiro que comecem a ler a Folha de São Paulo, a coluna do Contardo, e comecem a ver que existem formas de dialogo (mesmo as mais surreais e mais difíceis e inimagináveis como essa entre Silvio Santos e Zé Celso) que acontecem em cidades como São Paulo.

Ao invés de importarem modelos estrangeiros, dessa vez, a importação nao tem duana e esta somente a 400 kilometros de distancia. Aproveitem.

Gerald Thomas

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POEMA DE ELIO DE OLIVEIRA

Não quero chorar aqui

e mesmo que quisesse não conseguiria,

não consigo mais,

estou seco de lágrimas de almas de palmas… caladas palmas

de um corpo morto escência vil…

Roubo os dias da morte pra quê? por quem?

Cancei do fato feto fétido sistema em micro fibra de ternos de primeira linha.

Apenas chega,

Simples,

Apenas basta,

Gotas de vento,

Fim da calma, da pequena alma.

ELIO DE OLIVEIRA – ATOR E POETA

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O novo livro de Bob Woodward

Plan of Attack

Eh um "masterpiece", do jornalista que fez com que Nixon renunciasse ha mais de tres decadas. Saiu hoje. Ontem, em entrevista ao "60 minutes" na CBS e agora ao "Larry King Live", Woodward discorre sobre seu livro (consegui comprar porque entrei numa fila gigantesca de manha …inacreditavel…..parecia concerto de rock (tem alguem escrevendo sobre isso?)

O que Woodward descreve em seu livro – na medida do possivel – sobre BUSH eh que o presidente tem fibra, personalidade e um plano de ataque. Odeiando ou nao o homem, digo, o presidente, acho que "Plano de Ataque" manda uma mensagem CLARA pra outros presidentes em outros paises que nao agem e que ficam pendurados nessa teia de aranha Hamletiana, sem acao ou com medo do que pode acontecer nos corredores do poder do Castelo de Elsinore.

Nao estou julgando, assim como Woodward procura nao julgar, apenas observar: o que eh otimo.

ACAO eh o que qualquer lider precisa tomar. A nao ser que ele nao seja um lider. Em cujo caso, deve entregar o cargo, pedir desculpas e se mandar.

Woodward eh leitura obrigatoria! Principalmente para certos presidentes que nao sabem como se virar.

Gerald Thomas

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ideologias de plastico: o que Lula nao esta fazendo

Mais do que uma substancia, o plastico eh a ideia da sua infinita transformacao, da sua invisibilidade, falta de identidade e a ideia de que ele pode imitar qualquer coisa. Ele nao deixa de ser um milagre, esse plastico, mas aqueles que, como o plastico (politicos e coisa e tal) que como ele, nao fincam sua marca, nao escolhem uma materia ORGANICA atraves da qual devem e precisam expressar seus ideias e deixar sua politica clara, acabarao tao invisiveis como ele.

Lula meu querido presidente: o Brasil, esse PAIS formidavel e cheio de pesadelos, conchavos, compromissos corroidos por corrupcao de seculos anteriores e total falta de carater dos colonozadores (leia-se todos, inclusive o capital que vos explora), saia da materia plastica e se torne uma forca da natureza, isso que voce ja foi durante seus anos brilhantes de militancia enquanto lider metalurgico.

E agora Lula? Saia da enrolacao. Cuidado pra nao virar acrilico.

Gerald

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domingo ensoladado em Nova York

E tudo que vejo e ouco sao sombras negras. Pessimismo? Nada. Realismo, fatalismo. Enquanto as pessoas fazem compras no SoHo e no East Village e se enchem de trivialidades e andam pra la e pra ca com seus Mercedes conversiveis e seus Hummers de 50 mil dolares, eu fico aqui quebrando a cabeca com o que acontece com a mentalidade mediana. Nao prestam mais atencao em nada? Sempre foi assim? O segundo lider do Hamas eh assassinado (Sharon acabou de passar por Washington) e a escalada da VIOLENCIA entre isrealenses e palestinos (leia-se brancos e negros) (esquecam da divisao de ashkenazis e safaradins entre judeus), a escalada da VIOLENCIA entre as tropas americanas no Iraque e os rebeldes (ate certo ponto aliados ao povo) (leia-se brancos contra negros) e a escalada da violencia no Rio entre os brancos e os negros, na FAVELA da Rocinha, ou seja, essa em cuja escola de Samba eu tenho o maior contato, Haroldo Avlis, mestre Claudio, etc.

Nao, nao consigo sair por ai e "dazer compras" e estampar um sorriso na cara como se o mundo estivesse de "ferias" nesse domingo quente e ensolarado. Eh um "bloody Sunday"

Gerald Thomas

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DA IRONIA TRESPASSANDO AS POSIÇÕES DA SOPA CAMPBELL E O RETORNO AO BRUCUTU.

Adrilles Jorge e Tathiana Lessa

Entretanto, não temos simpatia por argumentos indignos. A intenção é (des) mistificar as lendas.
Atualmente tudo nos aclara que o 'status quo' da população mundial não é a paz e sim o enaltecimento dos tratados escravizantes. Tudo depende do ponto de vista. A verdade é que muitos países desejam conservar os frutos da vitória, com algumas modificações, embora o fazem de forma pouco eficiente.
Lembremos de Hitler: há que se dizer (e vários historiadores renomados afirmam), que este 'fingia' se preparar para uma grande guerra, e na realidade não preparar-se realmente era a parte essencial da estratégia política deste… e os que deram o grito de alarma contra ele, como Churchill, inconscientemente colaboraram com seus planos. Era um novo jogo, e enganou a todos. Bem sabemos que antes, os governos gastavam mais em armamentos do que admitiam, como acontece na maioria dos casos, até hoje!
Aqueles que acreditam nas provas em julgamentos políticos também devem advertir seus leitores de que o documento, longe de ser um 'registro oficial' é altamente controverso. De qualquer modo, continuamos girando em torno do problema político e a questão da arte no cenário mundial.
Poderia uma pessoa em perfeito estado de sanidade mental supor que não há aglutinação nestes dois aspectos?
Aristóteles em 'A Política' já nos explicitou:
'Sabemos que toda sociedade é uma espécie de associação, e que toda associação se forma tendo por alvo algum bem; porque o homem só trabalha pelo que ele tem em conta de um bem. Todas as sociedades, pois, se propõem qualquer lucro – sobretudo a mais importante delas, pois que visa a um bem maior, envolvendo todas as demais: a sociedade política'.
Os valores da sociedade moderna passaram por transformações significativas com o término da Segunda Guerra. Nas décadas de 60 e 70 vimos o consumismo, a exploração de um ser humano por outro, além dos limites da consciência serem altamente questionados. Nos anos 60 a arte pop reconfigurou toda a estrutura que dizia respeito ao lugar da arte na sociedade contemporânea. Na esteira de Beckett e Marcel Duchamp, todos os pressupostos que definiam a arte, todas as tradições e definições estéticas foram colocadas em cheque. O consumismo, a publicidade, pelos quais muitos eruditos torciam o nariz, foram recontextualizados e tiveram, ainda que de forma irônica e debochada, um lugar decisivo na história da produção artística.
E por que não? Qual seria a raiz da invenção artística? Uma lata de sopa recontextualizada pode sim ter um significado de contestação social tão intensa quanto um quadro de Munch ou um romance de Zola. A arte pop deu uma banana para os postulados classistas e pseudo-eruditos, e também contribuiu para a contestação dos valores tradicionais da sociedade. Não apontou respostas para nada, mas através de seu caráter iconoclasta, apontou um caminho de liberdade e contestação.
Quarenta anos depois, no que deu tudo isto? Em tudo e nada, como era de se esperar. No campo artístico, vimos desde a evolução de Gênios como Jean-Luc Godard, como as mais diversas manifestações de picaretagem, com é o caso de certas instações babaquaras.
Mas o triste mesmo, meus caros, é percebermos que no campo político, a coisa não mudou nem evoluiu.Vemos um presidente semi-analfabeto, o Sr. George Bush Jr. jogar fora (e ele lá guardou?) toda uma sorte de questionamentos éticos, sociais, psicológicos produzidos pela iconoclastia cultural do século XX.
É a lógica capitalista, imediatista, pragmática, que tem o seu auge na administração Bush. Realmente o relativismo que reinou absoluto no século passado há muito já saturou. Mas voltar a um primarismo elementar de valores absolutos é demais para os nossos fígados. É a volta do brucutu travestido do simples ,do elementar. E não há NADA elementar, meus caros.Tudo é complicado. O capitalismo sempre esteve voltado para o seu próprio desenvolvimento como capital. O resto seriam conseqüências, boas ou más, dependendo da sorte ou caprichos de cada um.
Na cabeça (esta sim elementar e simplória) de Bush, vivemos uma época de luta entre o bem e o mal. Mas o que é pior? O barbarismo medieval religioso ou o barbarismo medieval do capital? A intolerância religiosa do Al Qaeda ou a intolerância do capital contra a miséria. Ah, sim, o capitalismo permite uma certa margem ''tolerável'' à exclusão social…
A era Bush é a volta consolidada do conservadorismo (e será que algum dia ele se foi de fato?), é a apologia das platitudes, do raso, da não contestação. Bush é a lata de sopa Compbell não-recontextualizada.
Se Aristóteles ressuscitasse no século XXI ficaria HORRORIZADO, pois a política em sua época era bem mais civilizada, decidindo os destinos da nação por meio de diálogo, pois para eles não havia atividade mais apaixonante do que participar ativamente na condução da polis. No âmbito das artes, as virtudes e as grandezas de espírito de um cidadão eram o debate de suas idéias com a comunidade, na defesa de suas proposições.
Um homem que levasse uma vida exclusivamente PRIVADA (leia-se, contemplando seu próprio umbigo!), não passava de um INSIGNIFICANTE ANIMAL DOMÉSTICO.
Estas são as questões que orientam a análise.

'Época triste a nossa, em que é mais difícil quebrar um preconceito do que um átomo' – Albert Einstein.

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Mensagem (discreta) pro LULA

A grandiloquencia nao significa nada fora do palco. Alias, significa sim. Da um certo mal estar, por estar fora de contexto, sendo ela, a grandiloquencia uma imagem velha e publicamente podre (usada pelos padroes mais antigos do teatro antigo, antiquado, canastrao).

Coloque os pes na realidade novamente presidente, onde eles ja tiveram. Suje suas maos de novo, assim como elas ja estiveram, sujas de orgulho e metal e ferrugem. Essa seria uma imagem eloquente, menor que essa que o senhor deseja e certamente promete, mas muito mais realista. Portanto, chega de falsas promessas e chega de tanta teia de aranha.

Nao queremos desistir de Lula. Nao eh essa a questao. Mas nao queremos ve-lo preso como uma mosca numa teia onde ele nao consegue se mexer – fazendo de conta (como se fosse um grande ator da velha escola francesa) que esta num espetaculo da Comedie Fracaise se fazendo de vitima e continuando a prometer coisas sem conseguir sair do lugar. TUDO eh uma questao de postura, empostacao e, sobretudo, integridade. Pessoalmente nao duvido da ultima, mas duvido das primeiras duas.

Gerald Thomas

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O que quero dizer com o texto abaixo

Vou dizendo aos poucos porque ja tentei postar varias vezes e o texto foi pra cucuia. Ao inves de ficarem se masturbando com a minha foto (o nu), se o pau eh grande ou esta a meia bomba ou etc, e mnadar poemas, Etc, o MUNDO esta passando pela maior reconfiguracao desde que TODOS NOS estamos nesse planeta. Nao sei se voces estao acompanhando os meus textos no Pasquim. Temo que nao (alias, ouvi da voz do proprio dono do Pasquim que nem ele proprio lia o jornal….) Mas nele, tenho tido a liberdade de escrever o que quero a respeito do que sinto vontade.

E a vontade eh sempre a mesma: lido com teatro. Teatro eh a soma de todas as Artes (GESAMTKUNSTWERK, ou seja obra de arte total). Prestem atencao, por favor. Todas as artes, VOLTEM a se envolver com o que esta plausivelmente acontecendo no campo ETNICO, RELIGIOSO e CONFLITUOSAMENTE RELIGIOSO, no campo POLITICO e geopolitico. Disso tudo se extraira mais sumo e se chegara muito mais perto dessa coisa que todos nos chamamos de ANIMA ou do que ARTAUD chamava de "duplo"……..

O mundo esta virando um "ready made" de Duchamp. Eh so olhar em volta (texto abaixo)

Gerald

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O grande lance do artrista de hoje

Depois de um seculo de Isolamento, o grande lance do artista de hoje eh ir – ou notar – ou olhar – a area de CONFLITO. Digo, depois de tanto desconstrutivismo, iconoclastia, depois de tanta autopsia e de colocar cada fragmento de TUDO debaixo da lente de microscopio e de analisar tudo semioticamente (e, portanto, se isolar do publico) ainda vejo o artista "encantado" por ele/ela proprios….pelo que produzem…….pela sua arte….

Quando na verdade sua ARTE nada vale. HOJE, nesse preciso momento, onde o MUNDO passa pela mais DRASTICA reconfiguracao de valores (geopoliticamente, ideologicamente, religiosamente indo ate os fundamentalistas)….o ARTISTA deveria olhar em VOLTA e fazer uso dos MUROS, seja esse na ROCINHA, ou na faixa de GAZA e tracar analogias com aquele que ficou erecto em Berlim por tres decadas.

Eh isso. Desabafo puro. Estou chegando em casa depois de horas de gravacao de Quixote do Rosario (Bispo), percebendo que esse maravilhoso esquizofrenico ja previa tudo. Muitos deles sao ou eram assim.

ACORDEM!

Gerald Thomas

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ENTULHO

Adrilles Jorge

Pesa ainda sobre teus ombros o absurdo da esperança

Fustiga-lhe,incessante, o brilho pálido do futuro promissor

Ainda te consolas em não viver o presente, em encobrir o passado, em sacralizar o futuro

Saboreias com prazer a já neutralidade da tua angústia, pois bem sabes que a tua ilusão permanece vencedora

Tua tristeza já lhe é indiferente, posto que ela não sobrevive à construção dos teus castelos invisíveis

Estás só, perdido, mas ainda insistes em desbaratar o caminho

Mórbido, tiras proveito da tua própria derrota,criando dela mesma tua ascese, tua vitória maior

Perdeste,enfim, o gosto pelas lágrimas e pelo riso

(percebeste que um e outro são manifestações da mesma máscara)

Continuas, no entanto, a tentar inventar tua própria ''persona'', em vão

Tua és apenas mais um a gritar e não entender

Tu és a criança que viu que o adulto é uma farsa.

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SOBRE O NU

Em verdade, o nu alastrou-se entre as publicações e se fez presente, com intensidade, no cinema e nos espetáculos teatrais. (RT, 515:363). grifo meu.
Interpretação tridimensional do direito por Tathiana Lessa (plano normativo, axiológico e fático): O nu nos dias atuais é algo tido por 'normal' ou estou redondamente equivocada? Até mesmo porque quem afirma é O MEIO JURÍDICO… Repito: (RT, 515:363). Por gentileza, um ministro, desembargador ou juiz para discutir comigo.
Tathiana Lessa.

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Quixote=Artur Bispo do Rosario

Domingo de Pascoa Ressureicao. Nada melhor que um longo e exaustivo ensaio com George Bartenieff, 70 anos, velho companheiro da Beckett Trilogy e da premiere norte americana de Quartett de Heiner Mueller, ha 20 anos.

Mudamos o nome do projeto, por sujestao de Stokes Howell pra Bloom's Quixote Expedition (BQE, pois essas iniciais tambem significam Brooklyn Queens Expressway, que eh onde o espetaculo acontecera).

Meu quixote – ou o quixote de George – sera ARTUR BISPO DO ROSARIO, (Jesus reincarnado, como ele mesmo se dizia. Nunca esquecerei o dia em Zuenir Ventura me levou la em Jacarepagua, no manicomio onde ele era "mantido"). O "meu" Quixote sera um esquizofrenico (como se o original de Cervantes nao fosse!), mas na biblica moderna figura genial de Bispo.

Fizemos muito progresso hoje e tenho muito orgulho em poder estar promovendo tal GENIO e estar colocando parte de sua obra nos palcos daqui, para a degustacao dos olhos virgens e inocentes que dele jamais ouviram falar

Gerald Thomas

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um site muito especial

http://rafaelleal.zip.net

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A ressureicao

A Segunda Sinfonia de Mahler, "Ressureicao" talvez seja a mais bela, a mais sublime das (coisas) ja compostas nessa terra. Gustav Mahler foi quem colocou o bico da pena no papel e a gravacao de Simon Rattle eh a MUSICA mais divina que eu ja ouvi. Escrevo precisamente nas primeiras horas em que – pros cristaos – Jesus Cristo renasceria.

Domingo de madrugada, e eu coleciono meus mortos. Bloom's Quixote's Expedition sera o titulo oficial do proximo espetaculo (titulo oficialmente por Stokes Howell) e o personagem principal eh baseado em Arthur Bispo do Rosario, que quando usava o seu "manto" ascendia aos ceus e virava "Jesus".

Gerald Thomas

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Sergio Vieira de Mello

Ao inves de lamentarmos a morte de Kurt Cobain

que tal lembrarmos de SERGIO VIEIRA DE MELLO, um heroi

brasileiro servindo a ONU em Bagdad no dia em que uma bomba explodiu e….o resto eh

Historia. Cobain se matou porque nao cabia mais em si de tao ensimesmado que era. Sergio Vieira de Mello

ainda procurava servir ao mundo e alguma coisa ou uma "causa".

Gerald Thomas

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REPETECO NECESSÁRIO

EXPOSIÇÃO/CRÍTICA

Arte bizantina é mensagem para Bush

GERALD THOMAS
ESPECIAL PARA A FOLHA, DE NOVA YORK

Esse espaço é curto para explicar a complexidade étnica e estética do Império Bizantino. Então, vamos ao que interessa: a exposição de arte bizantina do Metropolitan Museum.
Como a época era das conquistas sangüinárias, há algo de muito comum entre esse período e o que o mundo de hoje vive, a era Bush. E não posso mencionar todos os intelectuais citando Harold Bloom em sua introdução à nova tradução de "Dom Quixote": "Qual é o objeto verdadeiro na questão de Dom Quixote? Essa pergunta não tem resposta. Assim como não temos resposta para os motivos autênticos de Hamlet. O(s) autor(es) não nos permite saber". Bloom defende que ambos, Quixote e Hamlet, têm questões que reverberam muito além do plausível. E assim é com a nossa era. Quem a entende? A coisa mais engraçada na passeata no último dia 20 foi alguém vestido de brócolis com a seguinte placa: "Se o Iraque plantasse brócolis, a invasão não teria acontecido". Tão simplista? Pode ser. Mas imagino que os habitantes da era elizabetana também não agüentavam mais a ilha britânica até Shakespeare escrever sua mais autobiográfica peça, "A Tempestade", quando absolveu seus detratores e apontou para o futuro, para a Renascença, que aflorava como um sinal de que Deus existia acima de tanta opressão.
Nessa exposição, a estética é sufocante. Tive que sair duas vezes para respirar. Não porque a beleza era demais para mim; eram os comentários dos convidados. Explico: "Byzantium, Faith and Power" é algo "demasiado" e é preciso ter estômago e preparo histórico. O que está exposto aqui sem precedentes veio de países como Montenegro, Croácia, Macedônia, enfim, o que chamávamos de Iugoslávia e de Grécia.
Mas cair aqui pode ser uma armadilha para o desavisado, como o colega de cigarro nas escadas no Met. Eu provocava: "Por que está aqui?". Afrouxando a gravata e sem querer dizer com palavras, eu entedia tudo. Ele não queria.
E o que tem a América para absorver do mundo bizantino? Nada ou pouco, infelizmente. Já Nova York é outra coisa, quem vive aqui não é a América. Ainda sufocado pela exposição, procurei outra pessoa e perguntei sobre o Império Otomano. "What?". "Otomano" para eles deve ser uma avenida no bairro de Queens como Utopia Avenue. "Veio ver a exposição?", perguntei. "Sim, mas vim pegar um pouco de ar… Tudo me parece muito islâmico. O Met quer promover a arte islâmica? Eles não são nossos inimigos?"
Mas é importante notar que nem sempre foi assim aqui, terra de Jackson Pollock e Barnett Newman; para onde veio Rothko, De Kooning, Max Ernst e, o maior de todos, Marcel Duchamp. Foi aqui que Warhol acabou de vez com os ícones. E foi aqui que houve tudo de bom e de mal porque nem tudo é branco e nem tudo é negro nesse espectro de cores que nem sequer sabemos enxergar, sabendo ver somente o momento.
E o momento é horrível: Bush de um lado e Michael Jackson do outro. Jackson é o espelho do que vivemos aqui nessa pré-bizantina sociedade, que nos vende algo que ainda não somos e que nos quer fazer pensar no que seremos: o império mais potente do mundo. Talvez, por isso, a exposição seja tão relevante para os poucos que a entendem. Queda de império, sangue jorrando, mas a mensagem para Bush é uma só: "Tudo aquilo que coube tão bem dentro da lata de sopa Campbell, de Warhol, ícones e antiícones não podem morrer".


Gerald Thomas é diretor de teatro

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Que falem os poetas

por Anna Verônica Mautner

O mundo está mais para a riqueza do arco-íris que os poetas procuram apreender, enquanto os racionalistas se satisfazem em nomear as sete cores que o compõem.


Há pouco tempo me dei conta de como são mal definidos certos sentimentos da nossa vivência diária dos quais falamos com naturalidade, Vergonha, constrangimento, remorso, ressentimento caem nesta categoria de ¿muito usados e pouco explicados¿. Às vezes, até se procura defini-los, mas falta precisão de linguagem. Em textos científicos ou para-científicos, eles aparecem mais como adjetivos qualificativos do que como conceitos.
Que seja dada a palavras aos poetas para falar sobre o horror que nutrimos pelo ridículo ou pelo pânico que temos de perder a face. São eles, poetas, que mais pertos chegam de dar precisão ao que sentimos.


Por outro lado, culpa inveja, raiva, ira, transgressão, agressividade, amor, apego, ódio, felicidade são palavras / conceitos / expressões que recebem atenção, muitas vezes até de forma redundante. Cabe aos cientistas pesquisar, pensar, procurando limpar desse campo as ambivalências e ambigüidades. Já aos poetas cabe enaltecer a riqueza do mundo cuja aparência é muito mais rica do que o sim e o não, o branco e o preto, o certo e o errado. O mundo está mais para a riqueza do arco-íris que os poetas, mágicos da palavra, procuram aprender, enquanto os racionalistas se satisfazem em nomear as sete cores que o compõem. A vergonha, por exemplo, serpenteia, sem se fixar, em volta do ridículo. O ressentimento fica entre assumir-se responsável ou jogar para o mundo a responsabilidade do ocorrido. A ciência é mal instrumentada para lidar com toda a variedade de nuances que estão entre o agradável e o desagradável, entre o positivo e o negativo. Ela procura mais agrupar e categorizar do que apreender. E assim os sentimentos, apesar de estarem dentro do campo de interesse dessas ciências, curiosamente escorregam e acabam sendo passados por alto.


Eu também, tal qual meus colegas, não sei definir esses fatos da vida emocional. Quem sou eu para esclarecer questões que teimam em fugir da explicação? Cada vez que se tenta enquadra-las, o ¿não é bem isto¿ desponta para nos frustrar.


Diante disso, fico aqui a sentir vergonha, acanhamento, embaraço e constrangimento, pois, afinal, estou a me declarar ¿incapaz¿. Por exemplo, o constrangimento não é escolha. Ele se impõe. Não é evitável. Quando obrigada a bancar uma mentira alheia, sinto um apertão, meus órgãos internos reagem, dando uma sensação ruim de mal-estar. Não é bem medo nem raiva, se bem que tem tudo isto misturado.


É difícil definir os fatos mentais que são confusos, imprevisíveis, inevitáveis. Posso tentar corrigir um erro, um crime ou um pecado. Posso pedir desculpas, perdão ou absolvição. Posso ainda pedir tempo para reparar o mal-feito. Aí há espaço de escolha, de livre arbítrio diante do ridículo, da vergonha, do remorso, do constrangimento, do ressentimento. O sentimento que surge quando não consigo enfrentar alguém que exige que eu minta ¿ por exemplo, um patrão ¿ não é pura raiva, puro medo. É constrangimento. E o que é constrangimento? Vou me arriscar a dizer que é o que sinto diante do fato de ser incapaz. É esse constrangimento que aparece quando não posso atender a pedidos insistentes. Posso ficar irada, até grosseira, para disfarçar a impotência. Quando não posso exercer meu livre-arbítrio, envergonho-me, constranjo-me, ressinto-me. Sempre que deparo com uma limitação, fico insegura, e gostaríamos que a incapacidade não transparecesse.
E eu, psicóloga que sou, e ainda socióloga, psicanalista, mãe, avó e sexagenária, venho aqui confessar que, muitas vezes, sou ridícula e disso me envergonho, isso me constrange. Encabulada, forço-me, aqui e agora, a encarar essa verdade. Eu também muitas vezes não consigo, não sei.
Ninguém está me culpando desses meus ridículos. Mas o perdão que os outros e eu mesma pudéssemos dar não aliviaria o constrangimento. Sentimentos ruins, negativos mesmo, podem receber a bênção da condenação ou absolvição. A sociedade prevê pagamento por crimes, penitência por pecados. Que dirá por erros e enganos! Ninguém nos absolve de nossas vergonhas, remorsos e gafes.


Calo-me, pois. Que seja dos poetas essa tarefa. Bem fala Fernando Pessoa em seu ¿Poema em Linha Reta¿ sobre o ridículo de tropeçar nas etiquetas. Ainda bem que os poetas existem para falar sobre a dor do ressentimento, sentimento horrível que nos faz culpar os outros. Isso não passa de mera aparência, pois, na verdade, está na dor que surge de não ter podido triunfar sobre algum outro, que vemos malvado. O ressentimento fala sempre da derrota. E eu, que não sou poeta, fico só com o constrangimento de calar diante da estreiteza da minha linguagem. Não poetejo. Minha ciência e eu cá ficamos constritos e acanhados, porque nos vemos obrigados a no esquivar de explicar tantos sentimentos, tão humanos. Como diria ¿Silvio Santos, eu aqui ¿ peço ajuda¿aos poetas.

*


ANNA VERONICA MAUTHER, psicanalista da Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo e autora de ¿Cotidiano nas Entrelinhas¿ (Editora Agora). E-mail: amautner@uol.com.br

TRANSCRIÇÃO: Transcrevi este texto por achá-lo repleto de propriedades e que merece, com certeza, ser compartilhado.
Do poeta André Prado (www.webprado.cjb.net).

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EIS A TRÉPLICA, ORA POIS!

Tathiana querida,
Maquiavel tinha razão, mas de que realidade ele falava?A realidade é dinâmica, construída e mudada diariamente por nós mesmos.Por isto, o realismo acompanha não mais que um fragmento histórico.A realidade pode sim ser mudada por um desejo colocado em prática.Difícil, mas não impossível.
Quanto á anarquia dos estados, penso ser ela ainda preferível ao anarquismo em si.Infelizmente, ainda é necesário um estado, um órgão regulador, por mais precário que ele seja, Tathiana.Como já disse, mais de 90% das pessoas não tem a mínima consciência de cidadania.Voltaire também dizia que o povo precisava de cabresto.Adoraria não concordar, mas a ausência de governo ainda é um projeto utópico para daqui a muitos, muitos séculos.
Beijo imensurável,
Adrilles Jorge

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RÉPLICA

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A APOTEOSE DO MENTECAPTO

Às vezes me parece que o Brasil tem orgulho da própria ignorância.Reparem como há uma ojeriza a tudo que se pretende mais profundo ou sofisticado Há um certo ranço Roussoniano que empurra o brasileiro a andar de quatro e ainda ter orgulho de zurrar.O idiota é sempre trartado com complacência e afeto;ele é o típico ''bom selvagem'' vitimizado pelas injustiças socias.E notem bem: isto ocorre em todas as camadas sociais, não a idiotice no caso(ela também)mas a complacência, e, por que não dizer, a apologia à imbecilidade.

Um exemplo? Vamos a ele.

Convencionou-se dizer que a eleição do sr. Luís Inácio Lula da Silva foi um marco na história política e cultural do país.De fato.Pela primeira vez, alguém oriundo da pobreza, um legítimo popular ,chegou ao poder, a despeito de todos os preconceitos contra ele.O povo ficou extasiado, as esquerdas tiveram orgasmos múltiplos.

Pois bem.A questão é que Lula confirmou todos os preconceitos que se formaram a seu respeito.Não sabe o que diz, não sabe o que faz.O que resta?Ah, claro, um enorme carisma popular.O povo adora seu jeito simplório, bonachão.E o que importa que o primeiro ano do seu governo tenha sido um fiasco, principalmete do ponto de vista social(a sua grande promessa)?O que interessa, afinal de contas, são ''as boas intenções'' do presidente.Destas mesmas boas intenções de que o inferno está calçado.O que é relevante é que Lula vai para o céu, junto com seu povo sofrido.

Confesso que cansei.Minha tolerância em relação à ingenuidade tem limites.Ainda mais quando esta é travestida de utopia, de vanguarda.Como suportar a esquizofrenia de um país que separa o governo do seu governante?(ah, sim,os assessores, mas quem escolhe os assessores não é o governante?).Como não se escandalizar com um homem e um partido que praticam a MESMA política a qual sempre se opuseram?

Cansei desta aura de proteção que envolve o presidente Lula.Ele foi pobre e ele é bom.E daí?A mediocridade não escolhe classe social nem enxerga boas intenções.Lula e seu séquito de aduladores devem ser responsabilizados pelo maior engodo da história da república.Um homem e um partido que rasgaram sua história(não que estivessem certos)têm que ser responsabilizados pelo que fizeram.Incompetência administrativa aliada a falta de caráter e o que é pior, involução cultural.

Involução, sim.O país involuiu décadas com este caráter messiânico que envolveu a eleição de Lula.É frustrante perceber que brasileiros ainda acreditam em salvadores da pátria, em mártires do poder.E é revoltante notar que há gente que se coloca neste papel, com o nosso presidente.

Agora pagamos o devido preço pela nossa imaturidade.Mas será que tem de ser sempre assim?Será que temos que aprender tudo na base da porrada?

Sempre nutri simpatia pelo anarquismo, até perceber que talvez ele não passe de uma espécie de liberalismo radicalizado(estado mínimo, lembram?).Mas ainda acho lamentável que um ser humano precise de um governo , de um estado que lhe diga o que fazer e o que pensar.Ou alguém acha que é livre?Engano, meus caros.A mídia nos dita seu ponto de vista, o estado nos dita suas leis(baseadas nos princípios de quem, do que?) e, por fim, o poder econômico dita de forma soberana quem pode usufruir os prazeres da liberdade.Livres, então?

Tenho horror a todos os governos, desconfio(eufemismo) de toda forma de poder.Não importam as boas intenções, o poder sempre deslumbra, sempre cega, e desta forma, sim, sempre corrompe, no sentido pleno da palavra.

Mas o poder é ainda um mal necessário, porque o ser humano ainda não é confiável, e é provável que nunca seja.Haja vista o nosso governo do PT.

Também não quero voltar a um primarismo elementar pré-civilização.Tenho preguiça de Rousseau.Quando perguntado sobre o conceito do''bom selvagem'', Voltaire deu a melhor resposta à Jean-Jacques: "meu caro, a civilização tem problemas, mas estou muito velho para voltar a andar de quatro''.

Adrilles Jorge

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Lirismo que não é libertação

Abordarei a facécia configuração acerca do assunto como quem procura neste mundo insensível, nesta cronicidade que ainda nos infecta, relatar as aparências desnecessárias, onerosas e (re) consideradas, as quais nos dão uma falsa percepção de tranqüilidade, nos tornando assim acomodados.

Não faço juízos morais próprios. Quem sou eu para dizer o que é ¿moral¿ ou ¿imoral¿, de forma abstrata?

Um (a) escritor (a) não deve hesitar, mesmo que suas linhas possam ajudar ou confortar os inimigos da ¿Rainha¿, ou mesmo os inimigos comuns da humanidade.

Talvez eu me tenha desinteressado disso por já tê-lo feito com freqüência numa época em que, se bem me lembro, os que hoje se indignam contra mim não atuavam ainda nas ¿plataformas hierárquicas¿. Estou mais interessada em descobrir por que as coisas que eu desejava não se materializaram, do que repetir velhas acusações. E, se tenho de condenar erros, prefiro condenar os meus.

Qual é o ser CRÍTICO? Será esta, pois sua presente interrogação. O mesmo de uma estrela ou de uma árvore? (ser físico?). O de uma paixão ou de uma volição? (ser psíquico?). O de uma figura geométrica ou o de um conceito? (ser ideal?). O de um valor como um bem,a justiça, o belo? Será um ser substantivo? Um acidente? Mera relação entre outros seres?

Recaséns serve-se de uma teoria dos objetos que distingue: o ser (substantivo,acidente,relação) sob as formas do ser real (material e psíquico) e ideal, além de o valor e a cultura, tudo isso envolvido pela realidade radical ¿ mi vida ¿ composta do eu e do mundo ou circunstâncias, em que todos esse objetos se radicam.

A verdade é que os homens têm o máximo interesse em serem falsos, mascaram suas críticas, ocultando-as de outros e conseqüentemente obstacularizando-os de si mesmos, contribuindo paulatinamente para sua própria destruição. Pois, nada de valia sai de si quando nos sentimos acuados, onde a verdade não se sobreleva, ou se esta tenta, se sobresta.

Assim, os acríticos consideram a realidade como a única inimiga e a fonte de todo o sofrimento, com a qual é impossível viver, de maneira que, se quisermos ser de algum modo felizes, temos de romper todas as relações com ela. O eremita rejeita o mundo e não quer saber de tratar com ele. Pode-se porém, fazer mais que isso; pode-se tentar recriar o mundo, em seu lugar construir um outro mundo, no qual os seus aspectos mais insuportáveis sejam eliminados e substituídos por outros mais adequados a nossos próprios desejos. Mas quem quer que, numa atitude de desafio desesperado, se lance por este caminho em busca da felicidade, geralmente não chega a nada. A realidade é demasiado forte para ele. Torna-se um louco, alguém que, a maioria das vezes, não encontra ninguém para ajudá-lo a tornar real o seu delírio. Afirma-se, contudo, que cada um de nós se comporta, sob determinado aspecto, como um paranóico, corrige algum aspecto do mundo que lhe é insuportável pela elaboração de um desejo e introduz esse delírio na realidade. Concede-se especial importância ao caso em que a tentativa de obter uma certeza de felicidade e uma proteção contra o sofrimento através de um remodelamento delirante da realidade, é efetuada em comum por um considerável número de pessoas.

O caso é semelhante ao que acontece quando dizemos a uma criança que os recém-nascidos são trazidos pela cegonha. Aqui,também estamos contando a verdade sob uma roupagem simbólica, pois sabemos o que essa ave significa. A criança, porém não sabe. Escuta apenas a parte deformada do que dizemos e sente que foi enganada, ludibriada; sabemos com que freqüência sua desconfiança dos adultos e sua rebeldia têm realmente começo nessa impressão. Nos tornamos convencidos de que é melhor evitar esses disfarces simbólicos da verdade no que contamos às crianças, e não afastar delas um conhecimento do verdadeiro estado das coisas, comensurado a seu nível intelectual.

Ainda preciso acreditar neste aforismo…

Tathiana Lessa.

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Kurt Cobain: 10 anos sem ele

Parece incrivel, mas ja faz uma decada que o VJ da MTV parava a programacao e anunciava a morte de Kurt Cobain. Ja com o obituario pronto, as imagens vinham de Seattle e eu, boquaiberto aqui em Nova York (Brooklyn, Williamsburg, na epoca) fiquei estarrecido em saber que era "suicidio".

Nao me parecia possivel ser suicidio. Eu via as imagens de Courtney Love com a boca tremula de uma heroinada tipoca em "withdrawal" e pensava que havia algo ali de estranho. Nenhuma emocao por parte dela.

Hoje, o suicidio ja me soa como algo plausivel. Afinal, muitos amigos meus se suicidaram desde entao. Eu mesmo, ano passado em Londres, comecei a escrever a minha autobiografia "Suicide Note".

Mas justamente agora, completada uma decada de sua morte, alguem tinha que capitalizar e dolarizar o fato. Eis que surge a dupla Max Wallace e Tom Halpern com o livro LOVE&DEATH, levantando novamente as suspeitas de que aquilo nao foi suicidio porra nenhuma e que Courtney Love teve tudo a ver com a morte do marido sim.

Pena que a verdade jamais saberemos. Se foi homicidio – assim como a morte de John Lennon foi – fica registrada a morte de um dos maiores musicos/poetas – injuriados e agressivos musicos da contra-mao que aconteceram no movimento rock grunge ou rock'n roll em geral. Quando unplugged entao, ainda melhor.

Vivo ou morte, assim como o Che, Cazuza e Renato Russo, sua musica, paixao obra e lenda viverao e nos iluminarao pra sempre. E, melhor ainda, nos ensinarao a "forgive" ou seja, PERDOAR!

LOVE

Gerald

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Homero Gomes

Prestem atencao a esse dramaturgo (fantastico)

o nome dele: Homero Gomes

o texto (fantastico) se chama (simplesmente): EVA

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Ilustrada de segunda

EXPOSIÇÃO/CRÍTICA

Arte bizantina é mensagem para Bush

GERALD THOMAS
ESPECIAL PARA A FOLHA, DE NOVA YORK

Esse espaço é curto para explicar a complexidade étnica e estética do Império Bizantino. Então, vamos ao que interessa: a exposição de arte bizantina do Metropolitan Museum.
Como a época era das conquistas sangüinárias, há algo de muito comum entre esse período e o que o mundo de hoje vive, a era Bush. E não posso mencionar todos os intelectuais citando Harold Bloom em sua introdução à nova tradução de "Dom Quixote": "Qual é o objeto verdadeiro na questão de Dom Quixote? Essa pergunta não tem resposta. Assim como não temos resposta para os motivos autênticos de Hamlet. O(s) autor(es) não nos permite saber". Bloom defende que ambos, Quixote e Hamlet, têm questões que reverberam muito além do plausível. E assim é com a nossa era. Quem a entende? A coisa mais engraçada na passeata no último dia 20 foi alguém vestido de brócolis com a seguinte placa: "Se o Iraque plantasse brócolis, a invasão não teria acontecido". Tão simplista? Pode ser. Mas imagino que os habitantes da era elizabetana também não agüentavam mais a ilha britânica até Shakespeare escrever sua mais autobiográfica peça, "A Tempestade", quando absolveu seus detratores e apontou para o futuro, para a Renascença, que aflorava como um sinal de que Deus existia acima de tanta opressão.
Nessa exposição, a estética é sufocante. Tive que sair duas vezes para respirar. Não porque a beleza era demais para mim; eram os comentários dos convidados. Explico: "Byzantium, Faith and Power" é algo "demasiado" e é preciso ter estômago e preparo histórico. O que está exposto aqui sem precedentes veio de países como Montenegro, Croácia, Macedônia, enfim, o que chamávamos de Iugoslávia e de Grécia.
Mas cair aqui pode ser uma armadilha para o desavisado, como o colega de cigarro nas escadas no Met. Eu provocava: "Por que está aqui?". Afrouxando a gravata e sem querer dizer com palavras, eu entedia tudo. Ele não queria.
E o que tem a América para absorver do mundo bizantino? Nada ou pouco, infelizmente. Já Nova York é outra coisa, quem vive aqui não é a América. Ainda sufocado pela exposição, procurei outra pessoa e perguntei sobre o Império Otomano. "What?". "Otomano" para eles deve ser uma avenida no bairro de Queens como Utopia Avenue. "Veio ver a exposição?", perguntei. "Sim, mas vim pegar um pouco de ar… Tudo me parece muito islâmico. O Met quer promover a arte islâmica? Eles não são nossos inimigos?"
Mas é importante notar que nem sempre foi assim aqui, terra de Jackson Pollock e Barnett Newman; para onde veio Rothko, De Kooning, Max Ernst e, o maior de todos, Marcel Duchamp. Foi aqui que Warhol acabou de vez com os ícones. E foi aqui que houve tudo de bom e de mal porque nem tudo é branco e nem tudo é negro nesse espectro de cores que nem sequer sabemos enxergar, sabendo ver somente o momento.
E o momento é horrível: Bush de um lado e Michael Jackson do outro. Jackson é o espelho do que vivemos aqui nessa pré-bizantina sociedade, que nos vende algo que ainda não somos e que nos quer fazer pensar no que seremos: o império mais potente do mundo. Talvez, por isso, a exposição seja tão relevante para os poucos que a entendem. Queda de império, sangue jorrando, mas a mensagem para Bush é uma só: "Tudo aquilo que coube tão bem dentro da lata de sopa Campbell, de Warhol, ícones e antiícones não podem morrer".


Gerald Thomas é diretor de teatro

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um tempo sem me ler e sem me ver

Queridos

Hoje completei 11 minutosde Blooms Quixote's Quest, com George Bartenieff e…confesso que, desde que trabalhamos juntos – ha quase vinte anos – em Beckett Trilogy com Julian Beck e Quartett de Heiner Mueller (a premiere norte americana) NUNCA tive tanto prazer de reencontrar alguem assim no palco.

No entanto, ao chegar em casa, uma enorme sensacao de vazio. "pra que isso tudo"?

"Pra que isso tudo" Acho que me bateu uma pergunta forte demais (alias presente demais na brilhante introducao de Harold Bloom na nova traducao de Cervantes) e chegou a hora de eu tomar uma enorme, ENORME decisao nao minha vida.

Talvez eu fique afastado dessa tela por uns tempos (so por uns tempos). Mas a Ana estara aqui, super ativa e brilhante, instigando o Adrilles, a Tathiana, a Ana Guimaraes o Antonio Junior e outros possiveis colaboradores (ate eu, quem sabe). Nao sei muito bem que rumo vou tomar. Nao sei……Tenho que parar e ver o que vai acontecer. Estou muito cansado, exausto. Sou drenado pelos atores e escrever pra 10 pessoas todos os dias e ser a locomotiva ha 20 anos nao eh facil

Tem muita gente me machucando gratuitamente e (se eles ao menos soubessem a minha situacao pessoal e familiar, nao se atreveriam a…..) e isso eh uma pressao que simplesmente nao consigo mais….

deixa pra la

beijo em todos

LOVE

Gerald (domigo a noite, com as janelas sendo empurradas pelo vento que o East River sopra pra dentro dessa torre)

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as mensagens se multiplicam

Mas eu nao

Ao contrario. Vou ficando menor e menor e menor e menor e menor e menor.

Gerald

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ainda existe vida

domingo ou praticamente domingo

passei o dia ouvindo conselhos dos meus grandes amigos daqui. Eh bom constatar que ainda os tenho, os amigos e que, mesmo querendo por um fim a isso tudo, tem gente que passa (ou perde, sei la) horas dos seus dias, tentando me convencer de que eh preciso continuar a viver.

Curioso isso.

Gerald

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ARDENTE TEXTO

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Blonsky

eh autor de American Mythologies

escrevi tao rapido que errei no spelling

Gerald

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