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VERSÃO IMPRESSA
(O Vampiro de Curitiba na edição)
Claro que não: ameaças assim, se fossem verdade, acabariam virando presunto no East River ou em San Fernando Valley.
Não, não serei um daqueles que defenderá a tese de que aquela missão lunar era mais uma arma de propaganda na Guerra Fria contra os soviéticos na corrida do ouro pelo espaço! Não.
Afinal, I’m a proud American e tenho que estar orgulhoso de tudo aquilo. Mas… ok. Digamos que, mesmo com as sombras enganosas no chão, vindas de várias fontes (quando o sol seria a única) e tantos outros erros… No que deu aquilo tudo? No que dá o programa da Nasa, que custa milhões e milhões de dólares? Não sou contra, sou a favor. Inclusive gostaria de ser passageiro de um desses space shuttles.
Mas morreu Walter Cronkite. Esse, cuja voz atravessou todas as décadas. Foi a voz dele que ouvimos quando JFK foi assassinado e foi ele que chorou abertamente diante das câmeras da CBS News, assim como foi ele que repetiu as palavras de Armstrong “foi um pequeno passo para o homem, mas um enorme salto para a humanidade”. Cronkite, o pai dos âncoras americanos, não sobreviveu para ver esse dia, o dia da comemoração do Tanto Faz.
(Fabi Gugli, em “Luar Trovado”)
Sempre fomos obcecados pela Lua. Afinal, fica esse “negócio redondo” pendurado ali de noite, às vezes gigante e amarelo e misterioso e… perto. “Pierrot Lunaire”, de Arnold Schoenberg (foto acima) foi algo que montei, faz uns dois anos. Coloquei o cenário na lua, vendo a terra, assim como havia nos prometido na década de oitenta. Reagan, precisamente. Os presidentes com suas mentiras. “Teremos um entreposto na lua, onde as pessoas poderão passar a noite, e um shuttle disponível para passageiros”. O único progresso que tivemos na aviação foi um retrocesso: o único supersônico que voava comercialmente era o Concorde, e ele foi retirado de circulação. Estamos de volta aos vôos mais longos e desconfortáveis.
Ah, e o que mais? Do ponto de vista sociológico: Woodstock , realizado lá pelos dias 17 de Agosto de 1969, e mais três dias (ou seja UM MÊS após a pisada do homem na lua), representou muitíssimo mais no campo do comportamento, da conquista das nossas liberdades, etc. E custou bem menos. Ah, e aquilo aconteceu. Como eu sei? Porque peguei o último dia daquela lama deliciosa.
(Walter Cronkite, o anjo americano)
Walter Cronkite dizia que a coisa mais fácil é entrar numa guerra, a mais difícil, sair dela. Tendo se aposentado e passado o posto para o “durão” Dan Rather (que também já dançou), ele virou uma espécie de ‘father figure’, uma espécie de voz da razão para a América. Ou seja, o que Johny Carson era na comédia, Cronkite era na vida política. E era um extremo crítico do governo Bush.
Michael Jackson também não sobreviveu à data, já que ele foi o criador do “Moonwalk”.
Tom Wolfe estava certo: o mundo (the race: a corrida) pelo espaço é tão cínico quanto a fogueira das vaidades. “Quem ficou com os melhores alemães do terceiro Reich?” – referindo-se aos cientistas e “rocketmaniacs”, como Werner Von Braun, pai das V2 que bombardearam parte de Londres e outras partes da Inglaterra. Passada a guerra, ninguém estava interessado em gênio cientista nazista morto: queriam eles VIVOS!
A guerra fria estava em seu início. A disputa pelos “melhores alemães” estava acirrada. Os USA ficaram com Von Braun e por isso… a Lua? Talvez? Agora já estamos em Marte e temos um Hubble com tremendos problemas (mas fotos ótimas).
Entendo a nossa fascinação com o Universo. Claro que entendo. Morria de medo dos programas do Carl Sagan ( we’re just a billion of a billion of a billion of all this). Sim, somos, como diria meu mestre irlandês: uma “speck of dust”. Uma poeirinha. E olhamos o céu escuro, através de nuvens escuras e nos convencemos de que existem forças superiores e que teremos outras vidas e que não estamos sozinhos.
É isso. Acho que estamos em busca de irmãos. Somos os terrestres solitários. Mas se somos tão solitários, por que não somos mais solidários? Como “humanidade” não temos jeito! Não conseguimos um único dia de paz, seja em termos de terrorismo, de roubo, de sacanagem com o outro. Seja o mundo de mentira que despejamos sobre quem está em volta, ou as mentiras que recebemos de cima, criando esse iceberg que se derrete lentamente com o aquecimento Global.
Então é por isso? Tentamos achar alguém aí na imensa escuridão, que não acaba, para declarar guerra ou entendermos o que já fomos ou o que seremos? Ou para, finalmente, entendermos o quanto tempo perdemos brigando aqui nesse planeta? Coisa, aliás, que em Woodstock já havíamos descoberto em três dias de pura paz e amor.
Gerald Thomas – 20/Julho/2009
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(O Vampiro de Curitiba na edição)
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As Duas Famílias Reais na mesma Inglaterra
G20 (à distância, de New York): Michelle Obama está se tornando uma espécie de replacement (linda, inteligentérrima e elegante que é) de Lady Diana. Ontem, em Londres, o que se viu foi uma família REAL cumprimentando a outra família REAL. E os tablóides que não cobriam a porradaria na “City” (Bank, etc), comparavam ela à Jackie Kennedy, ou à nova princesa, cuja morte em Paris até hoje é envolvida em mistério.
Confesso uma coisa: não, não confesso nada. Uma convenção enorme dessas não passa de um show. O que importa lá são os pequenos encontros. O “tete a tete”. O resto é a chamada “photo-opportunity”. Não muito diferente do teatro. São aquelas fotos que a gente tira ou que tiram da gente para publicidade: nada mais constrangedor do que foto posada. “A Po(u)sada das Fotos”. Poderia haver uma po(u)sada dessas. Ninguém iria alugar um quarto lá.
Aliás, o mau teatro tem vários quartos na “Po(u)sada das Fotos”. Político não é bom ator. Alguns foram bons e tinham assinatura: Churchill, por exemplo. Outros foram os maiores canastrões da História: Hitler, Stalin, Franco, Pol Pot, etc. Por acaso, canastrão mata, trucida, tortura e tem prazer em ver a morte lenta. O melhor político de todos: Chaplin.
O Presidente Obama, ainda ontem, pediu para que os líderes mundiais focassem numa solução (falando sobre o colapso financeiro), em vez de ficarem apontando dedos ou tentando culpar esse ou aquele (Bush, Reagan, Clinton ou seja lá quem for). “É o sistema em si que está podre, os bancos deveriam nos proteger”, dizia Brown. Ora, Gordonzinho! O sistema é TODO ele baseado em ESPECULAÇÃO, darling, haven’t they told you that? Proteger? Sério? Investimento é para proteger ou para satisfazer a “ganância daqueles que JOGAM?”
Um dia antes da chegada de Obama, Brown dizia isso. Depois desembarcou Michelle Obama e o Reino Unido se calou, os queixos caíram e Brown (ainda atordoado com os olhos azuis de Lula) desconversou diante de Obama. É, o discurso era completamente outro. Quase um Rei Claudius diante de um Polonius. Já não sei mais quem está tentando abafar as mentirinhas de quem! “UM MERCADO CONSUMIDOR FAMINTO”, falava Obama, dizendo que provavelmente não se voltaria a isso tão cedo. Confesso que… Confesso que nada! Nada.
Na verdade o pau quebrou. O G20 ainda nem havia começado (ontem) e a “Obamatrona” já estava a mil por hora. Era encontro com presidente da China, Hu Jintao, e o da Rússia (estamos em plena guerra fria de novo, negociando ‘redução de armamentos nucleares com os russos’, ai que preguiça!). Ah, sim, claro: o fatídico encontro com a minha queridíssima (bored to death) Queen Elizabeth, a rainha em Buckingham Palace. Mais entrevista coletiva, e uma caralhada de… UFA! Mas quem trinfou mesmo foi a Michelle. Só se falava nela na cidade. Só dava Michelle Obama! VIVA!
E os “street fighting men” (uma adaptação coletiva da música dos Stones mais linda que existe) tentando ser contidos pela riot police no distrito financeiro (ha, ha, o William Burdett Coutts e uma filial do Royal Bank of Scotland aos pedaços!). Uma parte da cidade em pompa e circunstância e a outra às pedradas. Ah, a minha Londres que amo! Tudo começa num clima pacifista.Fantasias carnavalescas e tal, até que um, um único joga um sapato e PUM. Vem todos para cima e a coisa explode. Meio bêbados na melhor tradição do hooliganismo ou do punk rock, o pau quebra, o sangue rola, a pedra rola e estão todos stoned!
Vamos fazer um breve exercício de memória: parem por um segundo: foram os bancos e os especuladores que causaram essa porra desse meltdown em primeiro lugar. Foram empréstimos acima da conta, dinheiro de plástico, passos mais largos que as pernas podiam dar… usando, como instrumento colateral, um instrumento complexo como… ah, deixa isso para os colunistas econômicos! Eu sou mais econômico que eles!
Não tem que ter nada de G20, porra nenhuma! Esqueçam essa besteira. Daqui a pouco cresce para G43 ou G59. Não tem a menor graça. Os grandes especuladores estão certos: agora está na mãos de 2: USA e CHINA.
Então, gente fina: é G2 !
E o resto volta para casa em classe econômica e bebe suco de uva de canudinho.
Enquanto isso, amo ver a Michelle dando banhos de elegância por onde passa! LINDA! LINDA!
Bem, hoje é dia de palestra de Zé Celso e eu no TheaterLab (ler post abaixo, por favor)
M.E.R.D.A. para nós.
E G2 para o mundo, gente intrusa! Deixe o Obama conversando com o Hu Jintao. O resto poderia ir alugar quartos na “Pousada da Foto Posada”.
Gerald Thomas
(Vamp na edição)
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Top Chef e Projeto Runway
New York – Tudo no Brasil começa em outro lugar. Tudo é imitado. Chega a ser irritante como nada é original. As pessoas me dizem (com dez, vinte anos de atraso), “agora no Brasil também já temos …”. Sim, mas até hoje, São Paulo não tem um metro que preste e não enterrou seus fios. Os postes não são somente risíveis. São deploráveis. Os postes são uma anomalia urbana. Há quem venha de “fora” (aliás, esse conceito de “fora” e de “dentro” também é muito peculiar) para fotografar esses postes e seus fios em plena paulicéia, com seus pesados transformadores, etc. Um horror!
Mas faço esse prefácio da imitação por causa desse Big Brother Brasil, essa catástrofe. Nem nome brasileiro tem. “Big Brother”. Sei! Não sabem nem quem foi George Orwell e esse “abestalhamento” monumental que joga o país meio século para trás. Olham a televisão bestificada para ver “quem está com quem”. Cacete!
Mas nem todos os realities shows no mundo são imbecis.
Top Chef e Project Runway são interessantes. Claro, dentro da medida do possível.
Top Chef é um entre tantos programas na TV americana que lida com a situação “Restaurante”: Cozinha, assistentes, frentista, garçom, etc. Julga-se entre os times participantes. Vão-se reduzindo o número dos que estão vencendo. Entramos na vida emocional deles. Aprendemos sobre a vida particular deles, sobre seus sofrimentos e ambições e, obviamente, tomamos partido e começa uma torcida fervorosa.
E como não poderia deixar de ser, odiamos os críticos: afinal, quem são eles? Bandas de rock? Modelitos de fashion? Um único crítico da Zagat ou da Vogue ou Vanity Fair? Unfair.
No final de uma rodada de programas, a equipe de quase vencedores é trazida para New Orleans e a challenge é que se façam pratos ”cajum”, ou seja, da cozinha creole/francesa, apimentados (coisas do Sul dos USA). Enfim. Não importa. O que importa é que o julgamento é rigoroso e que, no final, sairão equipes ducaralho desses programas. Ambiciosos, talentosos e hábeis. Às vezes, futuros gênios da cozinha.
O mesmo acontece com “PROJECT RUNWAY” (tradução possível seria: Projeto Passarela) onde a mesma coisa acontece com jovens que virarão estilistas, costureiros, desenhistas como o Galiano, Herchcovitch, McQueen, etc. As equipes são levadas para as lojas de gente famosíssima como a Furstenberg e é dado o start no cronômetro: eles têm 3 minutos para pegar o quanto tecido quiserem. Depois, mais 3 horas, ou sei lá quanto, para modelarem algo em torno de um tema ou uma época e está cada um por si: de novo, aprendemos um pouco (através de entrevistas individuais) quem é quem, de onde vieram, o quanto são ou não ambiciosos, e no final temos um “winner” para a próxima etapa. Ah sim, tanto no Top Chef quanto no Project Runway, participamos das discussões entre os críticos. Ficamos a par dos critérios de eliminação ou de adoção, etc.
Já o mesmo não acontece na política ou no que é publicado a respeito de resoluções políticas! Por exemplo: a queima de pneus! Sempre queimam pneus. Por que isso, não sei. Mas virou um símbolo! Será que se comeria um pneu queimado, com o molho apropriado? Oficiais americanos afirmam que têm a prova de que existem links diretos entre o Talibã e o Paquistão. Dizem que vem de informantes confiáveis e de “electronic surveillance” (aquilo que George Orwell descrevia como sendo Big Brother, já que ninguém nunca pode provar). Está ai! Os militares paquistaneses e os líderes civis, ambos negam publicamente que tenham qualquer conexão com esses grupos militantes. Ha! Como provar qualquer coisa? Nada prova nada! Então se invoca “electronic surveillance” e pronto. Não resta mais dúvida numa possível próxima invasão militar e sua justificativa perante o Senado. Oh, Jesus!
Vamos voltar pro Top Chef? Não. É bonitinho e tal, mas depois de ver o cara ou a menina tremendo, montando o peixe que já caiu do prato quinhentas vezes e o doce que cozinhou demais e fracassou, que diabos!!!!! Queremos mesmo o quê? Investigar as centenas de incógnitas que ainda permanecem obscuras no verso da nota de um dólar? NÃO, não, não! Deixa aquela pirâmide cortada com aquele olho que emite raios (linda), pois é aquela nota que rege as regras do mundo: desde os pneus queimando até quem vai ganhar o Top Chef ou se o Drug Lord da Rocinha, agora alojado na ladeira dos Tabajaras, em Copacabana, irá sobreviver ou não!
Olha, uma sugestão: Vamos investigar a vida de Freeman Dyson.
Quem é? O que faz? Venham-me com as respostas. Estou exausto ou então… fica para o próximo artigo, isso é, se não me colocarem num desses eternos pneus que queimam ou se um Top Chef da vida não resolver fazer um prato de inverno meio primavera intitulado “Salada de putos, veados e vagabundos regados a balsâmico”. Ah, estaria me banhando de balsâmico de Modena agora, se o Top Chef fosse gente boa!
Gerald Thomas, 26/Março/2009
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Heath Ledger e Evian
Miami e Florida Keys
– Confesso: Eu tenho problemas quando saio de NY ou Londres. Quando ainda estou no primeiro mundo mas vejo todos de shortinho e sandalhas havaianas… algo está errado. No entanto, sempre volto pra cá. Fazer o quê? Bem, o fato de darem todos os prêmios para um ator (coadjuvante) recém morto é bem indicativo de uma cultura desesperada. Sim, desesperada.
Os “Academy Awards” estão passando agora na ABC, mas não estou vendo. Geralmente vejo. Geralmente me divirto. Mas, sinceramente, visto desse ponto de vista estratégico da terra de Juan, Jose, Hidalgo essa América Latina toda misturada a essa Tel Aviv se casando na praia (sempre na praia) – e trabalhando ao mesmo preço que a meninada do Slumdog Millionaire – as coisas não me interessam mais.
Sei que vocês estão apressados. Para vocês aí no Brasil já é praticamente Segunda-feira de Carnaval. Eu só penso na ‘minha’ Mangueira. Espero que ela ganhe, mas nem os jornais brasileiros online tenho lido.
Fato curioso: tendo conversado com alguns ultraconservadores Republicanos que votaram naquele velhinho de 71 anos oponente do Obama (cujo nome nem me lembro mais) sobre os primeiros 30 dias do nosso novo presidente no poder, todos eles se mostravam extremamente entusiasmados.
Estranho, né? Já que estou num Estado conhecido por ser tradicionalmente Republicano e refúgio conhecido de Cubanos no exílio, etc…
Mas mais estranho ainda são os franceses que inundam a cidade e pedem Evian ou Perrier. Ou os Italianos que pedem San Pellegrino ou Panna. Ou os Japoneses que vão comer sushi com Sapporo no Delanos. Ou todas essas nacionalidades que vão no Joe’s Crab Córner e ignoram a tradição do lugar (Stone Crab) e pedem um bife ou uma lagosta vinda do estado de Maine (nordeste daqui!!!!) Será que o brasileiro chega aqui e pede uma Minalba? Ou uma água Prata?
LIMPAR para SUJAR
Ouvi essa pérola de uma chambermaid do hotel, num leve sotaque haitiano. “Rehab pra esse pessoal de Cinema é como essas toalhas sujas que arrastamos pra fora dos quartos todos os dias. É o mesmo ciclo todos os dias. Limpamos as toalhas e deixamos elas frescas e dobradinhas nos quartos dos hospedes todos os dias e, pra quê? Só para recolhermos elas IMUNDAS no dia seguinte.”
É, Rehab é mesmo uma ilusão.
São aquelas toalhas ricas que entram. Algumas não saem. Outras saem e ficam limpas um tempo. Outras voltam para a lavanderia logo, logo. Miami é um dos lugares onde isso está escarrado na cara!
Tenham um ótimo Carnaval!
A estimativa para mortes por overdose para esse fim de semana em Miami: 25 jovens entre 18 e 25 anos e 10 assassinatos relacionados a drogas.
Gerald Thomas
PS: Parece que os espíritos todos se retiraram. Foram-se. Quero dizer, os de LUZ. Aqui embaixo somente os EXÚ! Os outros só voltam na Páscoa. (minha versão: O QUE ELES QUEREM MESMO, SÃO OS OVOS DE CHOCOLATE DAS CRIANÇAS!!!!!! ninguém me engana não!!!!!)
(O Vampiro de Curitiba na edição)
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NEW YORK – Eu sei que não é fácil viver afastado do mundo. Sei como é difícil “tentar” estar envolvido e, no entanto, não estar. Imagino como deva ser enfurecedor.
Digo, frustrantemente enfurecedor. O conflito em querer ter o poder e não tê-lo é difícil. Olhar para as grandes nações do mundo e sempre ter que imitá-las, importar seus produtos, “fazer tudo igual, mesmo com anos ou décadas de atraso” acaba virando um recalque. Sim, um furor de racalque.
Do que eu falo? Desse blog, óbvio. E de alguns comentaristas e do Brasil como país, como nação, sempre tentando meter seu bedelho em tudo. Digo, opiniões impressionantes a respeito de tudo, quando não sabem nem onde fica a porra do Yemen, ou sua história.
Uma nação conquista sua história com INDEPENDÊNCIA, sangue, e formula sua CONSTITUIÇÃO através de uma, duas, três ou mais Revoluções. São sanguinárias essas guerras internas, os conflitos internos, e, principalmente, a luta que se trava entre grupos de interesses e a moral da grande maioria silenciosa e os os direitos civis, e a liberdade INDIVIDUAL vai ganhando um preço! Um preço alto.
Poucos de vocês (desculpe se os insulto) têm vida vivida (empírica) em terras estrangeiras de PRIMEIRO MUNDO e tudo que conhecem já lhes chega em segunda mão! E vem destilado, babado, cagado, amerdalhado, assim como os (des)editores bem entendem, já que ninguém entende porra nenhuma: é sentindo o cheiro das esquinas e comprando no coreano que fica aberto 24 horas e cortando legume na calçada de NY que se conhece uma cidade, e não pelos seriados de TV.
Resumido: Vocês aí no Brasil discutem e se arrastam, mandam “Ministro” (eita demagogia populista de merda) para “mediar” a crise entre Israelenses e Palestinos (óbvio que o cara não chegou nem perto ou sentou em poltrona alguma… ). Enfim, o Brasil é um país que se ARRASTA há décadas, há séculos, mas NUNCA CHEGA LÁ. É o tal GIGANTE DOPAMINADO, dopado. Antigamente, dizia-se “adormecido”.
Hoje (antes isso não fosse verdade), infelizmente, não tenho mais esperanças em que ele acorde! Ou roubos, a malandragem instituídas e a…
A CULTURA do COITADINHO… me ouviram? A cultura que apadrinha o coitadinho…
E que, na verdade, ODEIA O VENCEDOR, mas adora dar um tapinha nas costas daquele que PERDE, porque se identifica com aquele QUE PERDE…. gente… que merda! Que merda!
E, no entanto, vocês acham que sabem alguma coisa sobre a Commonwealth Britânica ou como os EUA estão enterrado até os dentes em todos, digo TODOS os conflitos Regionais MUNDIAIS porque, dede Reza Palevi até o Saddam Hussein, até Bin Laden, todos foram,de uma forma ou de outra, oportunizados por uma administração da Casa Branca ou por outra para conter os Russos ou os Iranianos ou os não sei quem, dependendo do jogador de xadrez da hora e de quem estava com a rainha na mão certa.
O Brasil não está nesse meio. Não é um jogador mundial de política! É O PAÍS QUE DETESTA O (assim chamado) “IMPERIALISTA” . Amam nos odiar (me coloco agora como americano, apesar de ser brasileiro também!), mas DEPENDEM DO CONSUMO de produtos importados dos poros até o CHUÍ (Marilena inclusa).
O BRASIL é um país que acaricia o PERDEDOR, é um país que tem ÓDIO do resto do mundo que ATROPELA a economia globalizada por pura falta de competência! Até a India está na frente e a Coréia do Sul, por exemplo… ah, essa já deu o pulo do gato há tanto tempo que exporta tecnologia!
A única coisa sobre a qual vocês podem MESMO ( e com AMBIÇÃO de Phd!) é sobre a PORRA DA NOVELINHA DAS 8, DAS 9, DAS 10, DAS 11, DAS 12, DAS 13, DAS 14, DAS 15…
Ou sobre a impunidade dos salafrários que não vêem o olho da Justiça NUNCA porque num país que não se auto-respeita não existe JUSTIÇA! Existe JUSTIÇAMENTO, ou como dizia-se nos porões do DOI-CODI, “desaparecimento”. Mesmo nos anos Bush que, graças a deus tem 4 dias contados, a pior prisão (Guantânamo) não rivaliza com uma delegacia de polícia comum em, sei lá, preencha a lacuna!
Recalque brasileiro por não fazer parte do G8, do G9 e querer inventar um G20 ou cadeiras como um idiótico Sarkozy sorridente aterrisando nas praias cariocas afirmando que o Brasil deveria fazer parte do Conselho da ONU? Que porra de ONU ! Talvez a melhor coisa que Israel fez foi bombardear aquela merdinha de esconderijo de ONU que não existe mesmo (moro do lado do prédio feio, ridículo e corrupto chamado UN, aqui na 1 Avenida!)
Fazer parte de uma nação de verdade é fazer parte de um VERDADEIRO RISCO. VOCÊS NÃO SABEM O QUE É ISSO. VOCÊS SEQUER TÊM UM EXÉRCITO DE VERDADE. MARINES, ESTOU FALANDO DOS MARINES OU DA US NAVY, CARALHO!
O que um brasileiro sente quando olha para um soldado marchando em 7 de setembro? Nada. Não sente nada. Vocês não têm história. E se têm, não se orgulham dela. Por isso grudam esses olhos vesgos na televisão e vivem a vida DOS OUTROS, vivem no NOSSO CENÁRIO, FINGEM ODIAR , MAS ENCHEM NOSSAS RUAS, NOSSOS RESTAURANTES, COMPRAM NOSSOS PRODUTOS E POR QUÊ?
PORQUE NÓS INVENTAMOS TUDO!
Basta um mero exemplo para explicar a miséria estúpida em que vocês vivem: olhem o metrô de São Paulo e olhem o tamanho de São Paulo. E olhem a data dos metrôs das outras capitais mundiais. Não preciso dizer mais nada, preciso?
E vocês são um bando de reclamões opinativos.
Ociosos, retóricos, opinativos. Merecem um divã com pregos ou espinhos! Ah, e antes de me virem com respostas levantadas pelo Google (inventado aqui), lembrem-se que TUDO surgiu aqui, a não ser Confúcio ou Sófocles. Até a Bossa Nova veio do Jazz e o Chorinho veio do Blues, seus racistas inconformados com a terra que não brota. Só queima, queima, queima e entra em vossos pulmões para virar, digamos assim… rancor cancerígeno.
Gerald Thomas – NEW YORK, 15/01/2009
(O Vampiro de Curitiba na edição)
16/01/2009 – 16:34
Enviado por: Jose Pacheco Filho
Diverti-me tanto esta tarde ao ler todos os comentários já postados que estou pensando em continuar ficando sós na janela e apreciando.
Salvo brilhantes exceções a maioria confirma as palavras do Gerald.
Nem ao menos param para pensar no que escrevem e mandam para a moderação as asneiras escritas. O pior é que talvez se julguem os verdadeiros donos da verdade.RsRsRS.
O Gerald é e nasceu para ser teatrólogo. Seus textos são como peças que sua mente vai criando e usando o material que ele recolhe no dia a dia.Deve servir de tudo.Pessoas,tipos ,situações,acontecimentos e falas.E aqui no blog,principalmente as falas que são enviadas por escrito.
Gerald ao que eu saiba não é um ator. É antes de tudo um criador e diretor.Dirige e exige que o ator faça exatamente como ele imagina que deva ser a fala e principalmente a postura do dirigido.
Este blog funciona para ele (penso eu) como um celeiro de astros aos quais ele (o autor-diretor) conduz para o lado que ele mesmo deseja.
Seu amor pelo Brasil é evidente e só não percebe que não deseja enxergar senão somente seu ponto de vista pessoal.
O artigo forte lido as pressas leva os exaltados nacionalistas de araque e desejarem jogar pedras na Geni de plantão (no caso o Gerald) e mandam brasa destilando seus recalques e ódios contidos.
Calma porra. Pense antes de vomitar suas fraquezas e inibições.
Leia com auto-critica.Veja o lado bom da critica.
Só critica quem ama. Quem não ama despreza e esquece.
Quem critica com honestidade deseja consertar e melhora.
Gerald está tentando construir e não destruir.
Quem gosta de destruição é terrorista.
Ataque o terrorista. Talvez aquele que está dentro de você.
E aplauda quem merece.
Eu aplaudo o Gerald e outros que aqui souberam ler a mensagem que um autor e diretor escreveram.
Obrigado.
Pacheco.
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Sim, Reinaldo Pedroso, se eh pra me ofender, FORA CARA. Fora.
Contrera: tenho que ler teus comentarios com calma, porque te adoro e tenho que ler com calma e te responder com calma.
Mesma coisa com Tene Cheba que me entendeu mal. Desculpe Tene, acho que vc nao me entendeu direito e um emai pessoal ira resolver isso.
Ezir, mesma coisa.
Quanto ao resto, estou exausto. Vim de uma reuniao e tenho que resolver o que fazer aqui: estamos , OBVIAMENTE, num impasse.
Obviamente num impasse.
alias, desde que a Ellen Stewart me falou “what is this thing you’re writing for….a blog? You must keep on writing for the theater.”
e eh isso mesmo que eu vou fazer.
Paulo Francis – certa vez – falou assim: “Nao vou ficar recebendo ordem de fedelho!” Ele se referia a um periodo da Folha.
Passou. Francis evoluiu. Virou outra coisa.
A Folha evouliu , virou outra outra coisa.
Hoje me perguntaram : “Voce nao vai escrever sobre o aviao que caiu ai em NY?”
eu respondi: NAO SOU REPORTER!!!
me perguntaram em seguida: Voce vai pra posse do Obama? Vai escrever?
Vou pra posse do Obama sim: ESCREVO O QUE QUISER. SOBRE O QUE QUISER. OU QUEBRO MEU CONTRATO COM ESSA PORRA AQUI.
Sim, escrevi um texto sobre o que muitos brasileiros pensam sobre o Brasil.
Se eu tivesse escrito um Texto sobre os Estados Unidos, ah ha ha ha ha ha, talvez os Petistas estivessem construindo estatuas pra mim hoje, de bronze, prata ou OURO.,
Querem saber? Hay gobierno, soy contra. Mas existem sim algumas nacoes mais bem resolvidas. Querem que eu meta o PAU nos rednecks e nos hillbillies daqui? Sem nenhum problema’
Alias, o blog, juntando com o do UOL, em 1 de fevereiro FARIA 5 anos. Ja nem sei o que eh NAO TER UM BLOG.
ENFIM, PASSEI UM ANO OU UM ANO E MEIO
METENDO O PAU EM JOHN McCAIN e todos os Republicanos
no GOP inteiro.
Sofri ate nas maos do Vamp, perdi leitores
Ganhei outros
“Fui livrado” de um site (gracas ao bom deus) de um site (gratuito) que opera – de operar mesmo, no pior sentido) da Florida, mas de brasileiros, da pior especie.
2008 foi um ano pessimo. Pro final foi ficando melhor.
Volto pras minhas encenacoes!
e pra um OTIMO ano Obama
e,
um mundo melhor: espero.
e, sinceramente?
com mais respeito. Um pelo outro. Onde quem le, entende que a leitura as vezes atinge o nervo que o escritor nao enxerga cirurgicamente de PROPOSITO. NAO EH PROPOSITAL.
Jamais trataria o meu leitor assim, propositalmente. Pra que? e Por que?
Nao faz sentido? Mas a critica dura? Ela eh valida sim senhor. E foi atraves dela que movimentos como a Bauhaus e os poetas concretos, os Maravilhosos irmaos Campos atravessaram propriedades inteiras de “wasteland”, ou seja, de terreno baldio…
que vem a ser…
justamente aquilo que o escrtitor ou o poeta nao esperam atingir (mas atingem ao que me parece) no momento de fragilidade UNICA ao se posicionarem perante ao mundo em CRISE num momento da virada crucial de suas vidas
A todo pessoal do IG que tem sido do caralho: meu muito obrigado. Muito obrigado mesmo!
LOVE
Gerald Thomas
16 January 2009
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Se o Obama fala com o Berlusconi, mas não fala com o Lula, pensem:
A América chama “América” por causa do Américo Vespúcio. Ah, sim, quase ia esquecendo o Colombo! E, óbvio, a Itália fala “Euros”. Razões históricas são históricas! Raízes, descobrimentos, sorry: com gaffe e tudo, o “tycoon” da TV, e primeiro ministro da Itália, ainda comanda suas rédeas!
Lula vai ficar na fila, tsc, tsc!
Nunca vi ou li uma semana com tanta BESTEIRA escrita na imprensa mundial (exceto na dos EUA e na inglesa ou alemã!!!). “Superstar” disso e daquilo.
Superstar? Obama é formado em Ciências Políticas pela Columbia University e em DIREITO pela Harvard. E os analfabetos do mundo ou editores diletantes querem lhe dar “conselhos” de “como governar”. Por que será? Para que o mundo continue essa mesma merda em que se encontra? Alguma “political agenda” escondida por trás, seus espertinhos?
Quando um dos fundadores de um dos portais online me falou, no meu próprio apartamento, no Brooklyn (1996), que “em poucos anos não teremos mais jornais”, eu não acreditei. Agora rezo para que seja verdade. Pompa besta! Rezo para que esses escrotos da imprensa (quase toda ela marrom) sumam, desapareçam!
Quem sabe o público não migra logo pros blogs e esquece esses jornais, bem como seus pomposos editores e seus arrogantes opinadores?
Mudando e não mudando de assunto, olhem, ao fim do texto, o que um self made man consegue nos transmitir. Não, não falo de Obama, e sim de Steve Jobs, com legendas em português! Assistam só essa entrevista EMOCIONANTE.
Quando ele fala de “RITO de PASSAGEM”, morte, sucesso, fracasso, aproveitar esse momento (o “agora”)… e não aceitar conselhos de ninguém, muito menos seguir DOGMAS.
Não que com os blogs seja muito diferente da imprensa. Não que alguns blogs não sejam pura propaganda ideológica ou desculpa para descarregar dogma. Mas aqui berramos e não se paga a polpa da pompa! A pompa é descartável e a interação (pelo menos isso) é maior. Com direito DIRETO de resposta!
Pena que George Carlin, o comediante mais áspero dos últimos tempos, não tenha sobrevivido à essa eleição para ESCULHAMBAR esse besteirol de pompa que anda solta pelo mundo: todos querem DAR CONSELHOS A BARACK OBAMA.
O homem ainda nem sentou no Oval Office e os senhores edirores já lhe dão conselhos! Ora bolas, quem são vocês?????
Se alguém acha que pode aconselhá-lo, acho melhor sentar debaixo do Minhocão e conversar com os sem-tetos de Sampa!
George Carlin falava muito da falcatrua que dominava a mídia. Não entenderam? Então não me expressei bem. Falcatrua no sentido do pacto-corporativo-orgiástico-governamental-religioso: Sim, falcatrua no sentido orgiástico: a “orgia falcatruada” (falsa, encenada): trepar sem orgasmos, trepar para as câmeras, assim como o famoso beijo da novela, o beijo do cinema!
Editor de jornal deve pensar assim. Carlin estaria acabando com eles.
Querem saber? O público ria de nervoso do humor antipatriótico e agnóstico de Carlin.
Ser “do contra” faz bem a saúde. Não há duvidas. Mas dar conselhos, dá náusea. Carlin torcia a favor mas esculhambava, era áspero. Mas, isso, depois que o homem já tivesse completado 100 dias na Casa Branca, uma espécie de tradição americana. Ou como Cristóvão Colombo talvez dissesse e Vespucio talvez colocasse em seu caderno: “em 100 dias de Oval Office, O Presidente Obama está começando a limpar o lixo deixado por oito anos da administração anterior e, como Professor de Ciências Políticas e História da Lei, encontrou um velho testamento com uma pintura deixada numa das gavetas das galerias da West Wing… ela parecia um ovo colocado em pé.
Um ovo, um novo mundo. O meu ovo, meu novo mundo.”
Cristóvão Colombo.
Gerald Thomas
(Vamp, na edição)
PS: O vídeo com Steve Jobs está em duas partes, a segunda aparecerá automaticamente ao final da primeira, na janela a baixo.
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+ O TEXTO DO GUZIK E DO FELIPE FORTUNA E O MAPA ELEITORAL AMERICANO APOS O DEBATE!!!!!
Não parece ser o que parece ser. Mas poderia. O que vocês viram, vocês não viram realmente. Péraí! O que vocês ouviram, vocês acham que ouviram. Ah, os debates. Ah, quem conhece a estratégia deles – right, Ben Stein? Right, Paul Begalla?
Quem articula os debates presidencias são os articulistas, os press agents, os lobbyists e os (….). Aquilo não é exatamente um debate e sim uma sinfonia dos “des-ditos”. Por acaso a peça que estou tentando montar chama-se, justamente, a “Sinfonia dos Des-ditos: Kepler, parte 1”
Ah, sim, Weather Underground. Deixou pro último momento. Pena que McCain não trouxe a tona o grupo Weather Report, aquele em que tocava o Wayne Shorter e, às vezes, um brasileiro, Doum Romão. Subversivos a ponto de terem tocado junto com um terrorista austríaco e outro um cantor e compositor de nome Milton Nascimento.
A coluna de dias atrás de Frank Rich, da Oped page, do N Y Times, estava ÓTIMA. Brincava em cima disso tudo mais que o Dario Fo brincava em cima do orgasmo adulto que escapou do zoológico.
Não, não assisti o debate. Está me fazendo mal ao fígado. Mas a enxurrada de telefonemas e emails de pessoas me contando detalhes é como se… Péraí! Como se nada. Nada mudou.
McCain está apelando, sua cara pelando, digo, Palindo. E não Sarah. A Cagada está feita. Do que se deduz: quem aponta o dedo (dedinho, como o do Lula) está perdendo. E os polls (pesquisas) confirmam isso. Só que não confio nem em polls e nem em poles (postes) (poderia falar algo sobre poloneses também, mas tenho muitos amigos em Varsóvia e em Cracóvia.)
Confio no dia da eleição! O resto é teatro, e teatro RUIM. Péssimo, aliás.
Pior do que esse que Pedro Cardoso tem nos mostrado com seu… falo moralismo, digo, falso moralismo.
Impostos, Impostores, health care, segurança nacional, o cara lá do Weather Underground (pra quem não sabe, não perca tempo pesquisando: não eram os subversivos que a mídia quer fazer parecer: eram cartoons da Disney que mediam a temperatura dos vagões dos metrôs de Londres quando garoava lá em cima!) E olha que McCain nem mencionou The BLACK Panthers ou o Pink Panther com Peter Sellers.
Poxa, acho que teria sido o máximo o nosso POW de plantão mencionar o seriado britânico THE GOONS (onde Sellers começou) junto com Spike Milligan!
Ah, sim, o weather no underground da Northern line anda “rather stuffy!”. Por que será?
Porque eles não gostam do desempenho do McCain. Os seios dele não dão uma boa foto pra página 3 dos tablóides britânicos.
Gerald Thomas
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(Vamp, na edição)
Fui ontem almoçar com Gerald Thomas. Uma pessoa que amo e vejo muito menos do que gostaria. Ele tem uma agenda atrapalhada, eu tenho outra, então quando ele pode, eu não posso, vice-versa. Vai daí que há meses ele tem vindo regularmente a São Paulo, mais ou menos a cada 30 dias e a gente, que se adora, mal se vê. Desta vez marcamos o almoço vários dias antes e nenhum imprevisto impediu que encontrássemos. Foi meio atribulado por conta da escolha do restaurante. Queria levar Jerry ao Kawai, o japa aqui do lado de casa. Chegamos lá, lotado. Só havia umas mesas ao sol, naquele calor etíope de ontem. Não deu. Jerry disse que não queria almoçar, só tomar chá. Estava sem apetite, arrasado, problemas no trabalho. Lembrei então de um fast food japa que abriu aqui perto, na Augusta, o Yoi. A temperatura ali estava bem mais amena, apesar do barulho da rua. E havia mesas disponíveis. Ficamos lá. Temakis. Comi dois. Estavam bons. E conversamos muito. De nós, de trabalhos, de cidades, de blogs, da crise, da crise, da crise, de ética. Contamos histórias. E Jerry a certa altura observou que para além da depressão, com a qual está lutando faz tempo, ele se sente extremamente cansado. Respondi que sei muito bem do que ele estava falando, sinto a mesma coisa. Jerry respondeu que não acredita. E argumentou: estou trabalhando muito, dando aulas, mantendo o blog, ensaiando, atuando, escrevendo montes de coisas, entre as quais um romance cuja gênese ele acompanha desde o início, e que além de tudo minha aparência é ótima. Eu poderia ter retrucado, da mesma forma, que ele também está com excelente aspecto, pele saudável, olhos brilhantes, não pára de trabalhar e tem uma vida muito mais agitada que a minha desenvolvendo-se em três continentes. Em vez de levantar esses argumentos, disse que se faço tudo isso, é porque me ocupo, me deixo aturdir de tanto trabalho, justamente para não me entregar. Não sou um trabalhador feliz e ajustado. O que faço na vida é laborterapia, pra não pirar e viajar sem volta. Por isso não paro. E Jerry também não pára. (Ele me disse ontem que há décadas não tem férias, férias de verdade. Pelo menos nosso admito que levo vantagem sobre ele. Nessas últimas décadas tive férias e fiz umas viagens bem gostosas.) Bom, no meio da conversa, quando estávamos falando dessa dor que é viver, Jerry me olhou e perguntou: “Será que isso é coisa de judeus?” Páro e penso. Estou falando com um dos homens mais inteligentes que jamais conheci, um dos artistas mais brilhantes do nosso tempo. Não é improvável o que ele sugere. Nós dois, eu e ele, temos origens similares. Pertencemos quase à mesma geração (sou dez anos mais velho que Jerry), filhos de imigrantes judeus que escaparam do massacre nazista na segunda guerra, educados entre dois mundos, estrangeiros na terra natal, estrangeiros no mundo, sempre. Pensei na figura do judeu errante, do homem sempre em busca de um pouso, de um porto. Talvez essa minha melancolia, a tristeza do Gerald, sejam atávicas. Uma condição biológica que nos condena a isso. Será? É tão plausível. A coisa pode vir em nosso DNA. Sei lá. Terminamos o almoço. Jerry precisava voltar ao trabalho para tentar resolver os problemas graves que rondam seu projetado espetáculo. Eu tinha que dar um jeito de pagar contas que venciam, já que os bancos estão em greve. Acabei fazendo isso numa casa lotérica. Há décadas não entrava em uma. Mas isso é uma outra história que fica para uma outra vez.
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POESIA E TÉCNICA: CAMPOS ALEATÓRIOS
Felipe Fortuna
Encontra-se na internet (e, portanto, ao alcance de todos) a revista MnemoZine, cujo número 4 é inteiramente dedicado a Augusto de Campos: www.cronopios.com.br/mnemozine/. Tanto por sua qualidade gráfica quanto pela pertinência do material reunido (poemas, artigos, depoimentos e traduções), o exemplar virtual de MnemoZine deve ser referência para as publicações literárias que se arriscam na rede eletrônica. Editada por Marcelo Tápia e Edson Cruz, e transformada em objeto multimídia por Pipol, a revista, expandindo-se em www, faz circular a obra do poeta, crítico e tradutor como jamais se pensou: a massa pode agora comer o biscoito fino que Augusto de Campos fabrica desde a estréia, com O Rei Menos o Reino (1951).
Mas a maior circulação do poeta concretista não é tudo: a revista também apresenta textos cinéticos e se vale de recursos sonoros e visuais que trazem à poesia concreta aquilo que não se encontrava na versão impressa em papel. É o que acontece, por exemplo, com os poemas “Osso” e “Intradução: Guillotine Apollinaire”, este último uma composição lúdica e bem-humorada, no qual até a página branca, quando se cortam todas as palavras, também é degolada. Fatos inesperados, escuta-se o poeta a interpretar “Chegou a Noite”, samba composto pelo pai, Eurico de Campos, que contém o verso paulistano “lá vem a gaze da garoa”; e ainda, como em diálogo, o próprio pai a cantar “Samba Concreto”, de sua autoria, no qual garante que num quadro (e não num poema, note-se) feito segundo os princípios do concretismo “havia 100% de expressão e sentimento”.
O importante conjunto de MnemoZine agora se junta à reunião de ensaios organizada por Flora Süssekind e Júlio Castañon Guimarães em Sobre Augusto de Campos (2004), concebida em torno de seis grupos temáticos, entre os quais “Poesia e Técnica”. Em vista das possibilidades abertas à criação artística pelas tecnologias digitais e pelos meios eletrônicos de divulgação, de que tanto se vale a mencionada revista literária, o tema “Poesia e Técnica” revela-se de fato produtivo para uma discussão sobre um aspecto da poesia de Augusto de Campos. Aproveita-se também uma coincidência: a professora Lucia Santaella escreveu um ensaio em MnemoZine (“A Invenção Viva da Poesia Concreta”) e outro ensaio no citado livro (“A Poética Antecipatória de Augusto de Campos”). Em ambos, defendeu a tese de que “a poética de Augusto de Campos é aquela que mais coerentemente permaneceu fiel a seus precursores como Mallarmé, Cummings, Pound, e à própria poesia concreta de que foi fundador e participante. Por isso mesmo, é a poética que antecipou e, no seu desenvolvimento interno, sempre em progresso, veio, ela mesma, desembocar na poesia digital contemporânea.”
É difícil aceitar a integralidade das afirmações acima. A professora aponta, primeiramente, o paradoxo da fidelidade de Augusto de Campos aos princípios ortodoxos do concretismo, que teria conduzido a obra à forma mais atual de poesia (e acrescenta: “por ironia inesperada para os críticos”). Lucia Santaella seguramente não considera o recorte realizado pelos poetas concretos, pela via do paideuma, para assegurar em Mallarmé, Cummings e Pound aquilo que tinha serventia às idéias fixas do grupo: apenas uma parte da obra, escolhidaà la carte. Ao mesmo tempo, persegue o tipo de evolucionismo histórico-literário criado pelo grupo de poetas concretistas – e não apenas por Augusto de Campos – para explicar a poesia que produzem. Sobre o autor, informa que “sua produção poética avançou pari passu,sincronizando-se com o potencial apresentado pelas novas tecnologias”. Por isso mesmo, mencionam-se as palavras “progresso” e “desembocar”: a primeira, com a noção distorcida de que se atingiu um patamar superior ou que o mais moderno é o melhor; a segunda, com a insistência num processo de desenvolvimento (que existiu na ilusão de todos os planos-piloto) que tem um resultado final ou um ponto de chegada.
Mais incongruente ainda é a afirmação de que Augusto de Campos produziu uma “poética que antecipou” a poesia digital contemporânea. Alguns poemas concretos, como “Osso” e “Intradução”, ganharam elementos de visualidade graças às novas tecnologias – mas, infelizmente, na velocidade e na direção que oferece o poeta ou o editor, e não mais nas que o olho do leitor captava ao abrir uma página. Do suporte do livro para o suporte digital, como se vê, há perdas e ganhos. O que falta na argumentação é um sopro de dialética: um artista ou um crítico deveria ficar alerta para a imprevisibilidade e mesmo para as mutações (e não o progresso) que as técnicas impõem sobre o ser em todas as suas atividades, e não apenas as poéticas. Ao tratar das interações entre tecnologia e literatura, Hugh Kenner, emThe Mechanic Muse (1987), soube interpretar que “a tecnologia tendeu a subjugar as pessoas gradualmente, forçando-as a um comportamento do qual não faziam idéia. E ela alterou os seus mundos, de tal modo que um datilógrafo de 1910 não poderia ter imaginado como a sua contraparte de 1880 costumava passar o dia.”
A tecnologia tem a capacidade de alterar os sentidos, sem perder ambivalências e casualidades. O objeto verbivocovisual, por fim, é um ato de criação com fundas repercussões para a literatura, e Augusto de Campos começou a produzi-lo com a tecnologia existente à época: primeiramente, os recortes de letras e palavras impressas nas revistas; em seguida, as folhas de plástico do Letraset. Tivesse escrito seus argumentos nos anos 70, Lucia Santaella afirmaria que o seu poeta antecipou a técnica do decalque a seco!
Por outro lado, talvez haja interesse em distinguir os poemas que, posteriormente, ganharam aspectos inovadores com o uso da técnica digital daqueles poemas que foram diretamente concebidos com os novos recursos. Aplique-se tecnologia digital, por exemplo, a qualquer um dos poemas visuais portugueses do século XVII – e decerto seria obtida outra antecipação.
O poema “SOS”, um dos mais bem realizados de Augusto de Campos, foi publicado emMnemoZine do mesmo modo como está impresso no livro Despoesia (1994). Consulte-se, no entanto, www2.uol.com.br/augustodecampos/clippoemas.htm: ali, “SOS” ganha cor, movimento e som, e se transforma, ao que parece, em outro poema, igualmente extraordinário. O que a tecnologia fez foi transformar ambos os poemas em dois objetos distintos, impulsionados pelos sinais de desespero e de solidão que acompanham cada um de nós desde sempre.
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Samba Final
(Estou cego de verdade)
Miami- South Beach.
Quando quero dar um pulo para fora de mim mesmo e ver o mundo de fora, venho para cá. Por quê? Porque Miami não existe! Amo essa milha e meia do Ocean Drive, aqui no Art Deco District.
Amo essa total liberdade de TUDO num dos estados mais conservadores. E fiz questão de fazê-lo, a poucas semanas das eleições, justamente na noite ou no dia em que, AFINAL, teremos o tal debate entre McCain e Obama, do qual o primeiro tentou escapar.
Ontem, na Casa Branca, McCain deferia qualquer pergunta a seu financial advisor. Obama foi lá, convocado por Bush, o que eu também acho um absurdo. Mas á essas alturas o que eu não acho um absurdo? Só falta o Hugo Chavez aparecer aqui em Miami e dirigir um táxi! Enfim, Obama laid out. Como se fala? COLOCOU seu plano durante 40 mintutos.
McCain Calado.
A CNN capitalizou: eles levarão o debate para as TVs do mundo e não mais somente à ABC.
SINFONIA dos DES-DITOS 3
Capa do New York Times de hoje, vista de Miami, é muito engraçada. Aqui, do meio de las putchas, do meio desse caos fantástico que amo, mi-amo, e onde a mansão de Versace virou um private hotel (o que será um “private hotel”? Hummmm…), a foto de Obama e McCain andando PARECEM meia ABBEY Road, ou seja, Half Beatles.
Já que só restam dois deles mesmo, será que a semiologia está implícita?
Paul MacCartney
Ringo
John (McCain)
Barack
Eles não estão andando numa “zebra Crossing” e nem estão em West Hampstead ou em Kilburn ou sequer estão no mesmo lugar. Mas me faz pensar.
Me faz pensar que há 20 anos atrás, quando meus nervos não estavam tão a flor da pele ainda, mas a pele recebia mais flores do que hoje… eu escrevi e montei um espetáculo chamado “Movimentos Obsessivos e Redundantes para Tanta Estética”: M.O.R.T.E.
Bete Coelho, Damasceno e Edílson Botelho, e um enorme elenco de brasileiros, levaram ele para o mundo. Até para Taormina fomos, Zurich e o escambau, fomos.
Ele era uma homenagem àquele que amarra e sufoca TUDO, embrulha tudo como se fosse um PACOTE, o artista Christo. E, dentro da peça, o personagem principal ouvia um relógio tic- tac dentro de um outro ser grávido. Era um homem- bomba quando ainda não tínhamos homens-bomba, que horror! Esse personagem principal (na primeira versão, Bete Coelho, segunda, Edi Botelho), era um escultor que não conseguia esculpir. Por quê? Porque as pedras em que tinham que esculpir já estavam embrulhadas por pano pelo CHRISTO, o embrulhador.
Paralelo com a política, total!
Paralelo com Hamlet, total: todos os personagens eram Hamlet, Ofélia, etc.
Aqui vai, de MIAMI (lembrado por Marina Salomon), o trecho final, o SAMBA FINAL que encerrava o espetáculo:
“Quem faria isso comigo?
Olhe fundo nos meus olhos e diga!
Aqui? Um universo?
Os de cima, os de baixo?
Os menores erros… EU DISSE
Os menores erros EU DISSE
EU DISSE!
LUZ!
SOM!
Palavras!
Mas do que valem?
Nossos poetas estão mortos
Nossa musica não tem heroísmo
Nos não temos corpos, somos fracos, somos rasos
Nossos casos, moribundos.
Julgamentos: cada caso, um acaso.
Nossa obra, uma obra do acaso total.
CLAMO!
EU DISSE
CLAMO!
Que me acordem se eu estiver dormindo
Minha angustia, meu espírito!
CONVOCO!
EU DISSE!
CONVOCO!
Uma NOVA geração de criadores!
Que se afunilem
E que se intoxiquem
E ouçam os lamentos das cidades!
Que se estrangulem, mas achem a geometria das cidades!
CONVOCO!
EU Disse. Convoco. Um novo Parangolé Brasileiro!
E Que chova sobre a NOSSA POESIA!”
.
Não faço mais teatro. Faço ópera. Ópera seca. Há anos digo isso e há anos faço isso. Só que agora mais do que nunca.
Estou constrangido pela falta de pensadores no mundo. Constrangido pela falta de loucos, obcecados, visionários. Parece que só existem os políticos e os que entretém os políticos com shows ou com consentimento. O nojo nacional é, antes de mais nada, um nojo cultural. E não adianta centralizar informação e distribuir verba. Isso vira FBI sangrento e burocrático e, para minha infelicidade, não parece mais ópera.
M.O.R.T.E.
(Movimentos Obsessivos e Redundantes pra Tanta Estética), há mais ou menos vinte anos.
Desabafo – espetáculo de Gerald Thomas com a Cia. de Ópera Seca de 1990, endossado em South Beach em Sept 2008.
(Na edição, O Vampiro de Curitiba)
PRATICAMENTE ACABOU O DEBATE: DEPOIS COMENTO: TÉCNICAS BÁSICAS DE DEBATE: McCAIN: EU ESTIVE MAIS TEMPO AQUI. EU CONHEÇO AS TÉCNICAS E ESTRATÉGIAS MELHOR MEU FILHO, GAROTO, “O QUE O GAROTO (OBAMA) NAO PARECE QUERER ENTENTER (what the Senator doesn’t seem to be able to understand) over and over and over.
ESSA É A TATICA
NÃO OLHAR NUNCA NOS OLHOS DE OBAMA
RIR SEMPRE NA HORA DA RESPOSTA DO OUTRO
É ISSO
SERÁ ISSO
E PROVAVELMENTE SERÁ ELEITO
FALO DE McCAIN, o Quarto Beatle. Não falou dos Weapons For Mass Destructions no Iraq que não existiam, não falou do massive tax break pra elite, não falou que o Irã era mais enfraquecido com a presença de Saddam Hussein.
SÓ TEM UM PROBLEMA: MCCAIN ESTÁ AQUI HÁ MAIS TEMPO, SIM!
MCCAIN ASSINOU MAIS ACORDOS SIM!
E JUSTAMENTE POR ISSO
JUSTAMENTE PORQUE FEZ ISSO E AQUILO
JUSTAMENTE PORQUE CONHECE AS ENTRANHAS DOS MECANISMOS
É QUE ESTAMOS NA MERDA EM QUE ESTAMOS!
É QUE ESTAMOS NA MERDA EM QUE ESTAMOS!
É QUE ESTAMOS NA MERDA EM QUE ESTAMOS!
Mas é assim!
Chega!
GT
Do New York Times de sábado:
The two men met for 90 minutes against the backdrop of the nation’s worst financial crisis since the Great Depression and intensive negotiations in Congress over a $700 billion bailout plan for Wall Street.
Despite repeated prodding, Mr. McCain and Mr. Obama refused to point to any major adjustments they would need to make to their governing agendas — like scaling back promised tax reductions or spending programs — to accommodate what both men said could be very tough economic times for the next president.
For the first 40 minutes, Mr. Obama repeatedly sought to link Mr. McCain to President Bush, and suggested that it was policies of excessive deregulation that led to the financial crisis and mounting economic problems the nation faces now.
“We also have to recognize that this is a final verdict on eight years of failed economic policies promoted by George Bush, supported by Senator McCain — the theory that basically says that we can shred regulations and consumer protections and give more and more to the most and somehow prosperity will trickle down,” Mr. Obama said. “It hasn’t worked and I think that the fundamentals of the economy have to be measured by whether or not the middle class is getting a fair shake.”
Mr. McCain became more animated during the second part of the debate, when it shifted to the advertised topic: foreign policy and national security. The two men offered strong and fundamentally different arguments about the wisdom of going to war against Iraq — which Mr. McCain supported and Mr. Obama opposed — as well as how to deal with Iran.
More than anything, Mr. McCain seemed intent on presenting Mr. Obama as green and inexperienced, a risky choice during a difficult time. Again and again, sounding almost like a professor talking down to a new student, he talked about having to explain foreign policy to Mr. Obama and repeatedly invoked his 30 years of history on national security (even though Mr. McCain, in the kind of misstep that no doubt would have been used by Republicans against Mr. Obama, mangled the name of the Iranian president, Mahmoud Ahmadinejad, and he stumbled over the name of Pakistan’s newly inaugurated president, calling him “Qadari.” His name is actually Asif Ali Zardari.).
PS. do Vamp: Sobre o ocorrido: Um vagabundo entrou com nicks de outras pessoas e postou comentários em nome das mesmas. Todos sabemos quem é o vagabundo. Aqueles que deram o e-mail para o vagabundo terão que mandar um e-mail diferente para o Gerald e só comentar aqui no Blog com o e-mail novo. É o preço a pagar por não saberem escolher amizades. Quanto ao vagabundo: Eu sei quem é ele. Ele sabe que eu sei. Eu sei onde encontrá-lo. Ele não imagina quem eu seja. O mundo dá voltas, mas é na reta que resolvemos nossas diferenças. Não hoje, não amanhã, mas resolvemos!
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Contagem anual: 9, 10, 11… de setembro dos INFERNOS!!!!
E a cada ano fica pior. Eu achava, lá no inicio, digo, em 2002, 2003, que iria melhorar. Nada. Essa merda só piora! Vem mais um aí. A data está dobrando a esquina. E a lista de pedidos de entrevista são os mesmos ou um pouco diferentes, mas o martelo bate como se fosse o personagem Clov na cabeça de Hamm em “Fim de Jogo”, de Beckett. Som de lata! Sim, aquele dia foi um final de jogo, um fim de mundo, um final das contas, o holocausto ao vivo. O holocausto dentro dos EUA. Para aqueles que não estiveram em Kosovo, ou no Vietnam, ou em Sarajevo, Uganda, Ruanda, sim, esse aqui foi o que nos atingiu. Não me falem em Hiroshima, Nagasaki, Dresden, Auschwitz, Dachau, Buchenwald porque os ossos de meus parentes estão em cinzas lá. Sem lágrimas. Na boa!
Também vi Vigário Geral!
11 de setembro e as ruínas onde fui trabalhar e, ao voltar empoeirado, massacrado e sem fibra, escrevia meu depoimento para a “Folha”.
Mas o que veio depois foi ainda pior: A política de Bush. Não posso acreditar que estou em 2008 escrevendo isso. Leiam o que quiserem e acreditem em quem quiserem, juro que não agüento mais discutir como estrelar um ovo. Você agüenta? Não, não agüenta. Tenho aqui na minha frente todos os livros de Woodward e o 9/11 Commission Report e o livro de George Tenet e o de Frank Rich e uma pilha de livros que nem eu mais agüento ver ou ler. Náusea. Não, nada a ver com o Sartre, não.
Não posso acreditar que estou em 2008 me vendo diante de John McCain e Sarah Palin e sua pequena vila pentecostal no Alasca. Essa radical quase fundamentalista que transborda “pecados” por todos os lados. Transborda? Como assim? Sim. Marido bêbado que é pego dirigindo “sob a influência”… “DUI”, chama-se isso aqui.
“Deus quis”… Ai, meu deus! Qual deus? Qual deus? “Deus é o maior problema, não a solução”, dizia um grafiti numa calçada em Brooklyn, nos dias após os ataques.
Não. Esse jogo de novo, não. Sou de teatro, mas odeio a repetição!
Será que escrevo sobre os ingressos do show da Madonna na Argentina que esgotaram em questão de horas? Digo, a mesma Argentina que vaiava Madonna por interpretar Evita Perón na sacada da Casa Rosada… Não, não irei entrar nessa de falar sobre a Madonna. Vou tentar me distrair com a ótima entrevista concedida por Alec Baldwin ao “60 Minutes” de domingo último, em que demonstrava ser “outrageous”. Um cara de coragem singular por ter se “excluído” de Hollywood. Sim, e por quê? Porque sim! Porque George Bernard Shaw diria que ele seria um caso muito “peculiar” e que pertenceria ao equivalente a Fabian Society ou que ele atrairia muito mais atenção sendo um excluído! Faz sentido. Pouco. Tanto quanto Palin, Deus, Jews for Jesus ou campanha eleitoral onde VALE TUDO, ou seja, nada!
De volta a realidade, Gerald! Volta! O ex-pastor, ministro, sei lá como se chama isso, da igreja de Sarah Palin (a Wasilla Assembly of God) falam em jivês, em gírias. Não, gírias, não. Falam como se fala no candomblé. Ou seja, quem é de fora não entende. É para não entender. É que nem o meu teatro. Epa! O ex-pastor de lá, o tal de Brickner, dos Jews for JESUS (Judeus por Jesus) acha que os ataques a Israel são justificados pelo seguinte: Ouçam bem: porque os judeus não procuraram por JESUS!!!
OLHEM o NÍVEL de loucura em que está metida a nossa potencial VICE presidente! E eu, tentando fazer o meu anual memorial sobre o 11 de setembro que vem sombrio, sóbrio, frio, estúpido, como todo setembro vem! ESTÚPIDO!
Olhem o potencial nível de loucura ao que chegou o Jihad propagandístico da política: É um deus contra o outro.
O que eu vi da minha janela na Kent Avenue em Williamsburg, naquela terça-feira de manhã? Os aviões batendo no WTC, os prédios em chamas, os prédios caindo… muita gente morrendo e eu indo trabalhar em GROUND ZERO por VINTE E UM DIAS. Foi o que eu vi e vivi. Mas o que foi que aconteceu, por trás das paredes políticas dos que escrevem o DRAMA?
E, fora o petróleo, e a indústria bélica e a indústria do lucro, qual outra intenção? A de estabelecer uma nova ordem religiosa, a new religious RIGHT no mundo, usando Bin Laden (ex Cia nas Afghan mountains contra os russos)… Será? Não, estou sendo um Hamletzinho. Agora que o Musharaff nem “está” mais no Paquistão e o marido da Benazir pegou o poder… o que será? Caos total? A ordem é essa?
Para que liberassem um bando de mentiras?
E que construíssem uma CONSTITUIÇÃO paralela, mentirosa, ilegal… Não, não foi para isso que engoli kilos de asbestos, de amianto. Não foi para isso que segurei sapato com um pé dentro ou camisas… Chega!
Palin mudou de igreja, mas, como pergunta Larry King, “o que nós temos a ver com isso?” Por que isso determinaria o futuro do Commander-in-Chief? Desde quando isso é assunto? Agora ela freqüenta outra pentecostal , mais parecida com uma pipeline (oleoduto), a coisa mais cobiçada pelo estado do salmão, dos esquimós e do bacalhau negro!
Ah, a igreja agora é a outra, do outro lado da rua, e os pastores mudam de nome, vão de Tim McGraw até Larry Kroon, mas são todos a favor desse abominarrável Jews for Jesus, Jesus for Cheese, Cheese for Jesus, Jesus for Cristus, I for Isus, Pumpkins for Ravolis, Ricotas for Veal and so on, e assim por diante e com essa CARTA BRANCA se entra em qualquer país, se destrói, se desmonta, se mente em nome do santíssimo. E se sorri marotamente, assim como Madonna (olha o nome, que ironia!) sorria nos balcões da Casa Rosada com um sorriso amarelo quando a população portenha queria expulsá-la porque a sua santíssima Evita Perón havia sido manchada de um sangue impuro, assim como Brunhilde havia sido manchada com o sangue dos planetas e no desmanchar do castelo de Walhalla… E a Sarah Palin ainda vai me pertencer a uma organização obscura????? (sim, ela existe) Que acredita QUE O MUNDO ESTÁ PERTO DO SEU FIM!!!! E QUE O ALASCA SERÁ O ÚNICO LUGAR SALVO PARA AQUELES QUE ACREDITAM EM JESUS. Caramba! Está uma coisa muito… o que mesmo?
Isso ultrapassou os limites de uma campanha presidencial. Isso aqui virou uma verdadeira AMEAÇA!
Gerald Thomas
Sobrevivente. Contagem regressiva e ainda sofrendo de Post Traumatic Shock Syndrome!
(Na edição: O Vampiro de Curitiba)
09/09/2008 – 23:29Enviado por: Tene ChebaGerald Thomas, sinceramente, o Iraque foi uma disponibilidade que não poderia ser dispensada, na minha opinião.Também para mim, foi um consenso político entre os Democratas e Republicanos, não se gasta o PIB do Chile por ano com uma alçada apenas.No meu ponto de vista,(coisa mais antiga, propaganda de ótica, Ponto de Vista, a melhor), o Iraque serviu para três coisas, desmobilizar um estado com tendências muito perigosas, criar uma barreira geográfica para proteger Israel, Arábia Saudita e menores laterais, vizualizar o Irã mais proximamente.Eu não acredito, que com as poderosas ferramentas disponíveis para tomar decisões, o despropósito ocorreu.A Jordânia vendia petróleo iraquiano, furando o bloqueio da ONU, Kofi Anan, este sim, através do seu filho, deitou os cabelos, e depois foi réu confesso.Não sei, alguém teria que alterar aquele absurdo, 5.000 curdos, mais os xiitas, um motivador e tanto. Gostei, só para variar, do seu texto, incrível que seus textos sempre nos desorganiza, ficamos atordoados, as quatro estações, rir, chorar, feliz e triste, perplexos, no parágrafo final, beijamos a lona. Você é demais.
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Um torcedor do Corinthians desce a pé a Brigadeiro Luis Antonio, feliz da vida. Um vulto sozinho neste frio sábado à noite, nesta rua cinza, cidade cinza, sombras além do cinza, garoa fina e cinza ele toca nos postes como se fossem pessoas. Seu time ganhou.
A cena não deixa de ser sublime, apesar de estranhamente triste e tristemente cinza, assim como Beckett sonhava o mundo. Estranho esse sentimento passageiro de “vencer”, de “ganhar”. Sempre nós, os homens, querendo vencer ou ganhar. Ou colocando nossas mulheres como cavalos ou éguas de Tróia para vencer nossa batalha por nós. Ele, o loner torcedor-sozinho, fantasiado de pierrot, poderia também estar vindo da convenção dos Democratas ou dos Republicanos.
Caramba! Como estou exausto de política! Como estou exausto de retórica. Como estou podremente exausto dessa guerra de nervos que somente se resolverá mesmo é através das urnas, em novembro, nos EUA. E, até lá, será um deus-nos-acuda, um deus-nos-acusa, um rebola hesbollah, um índio a menos ou a mais na tribo. Exausto.
Nessas convenções todo mundo está certo e orgulhoso de que alguém irá “vencer”, “levar o título”, “ocupar o trono”. Nesse catch as catch can, uma mulher estava sendo cogitada por anos, a Hillary, e eis que outra, no partido oposto (um coringa, uma incógnita), a Sarah Palin, leva a cartada. Golpe sujo. Golpe baixo. Política já foi outra coisa?
Como pergunta pertinentemente alguém (será Larry King?): “Ela está preparada para ser a Comandante Chefe?”
A pergunta já inclui a resposta.
Muitas respostas já incluem a pergunta.
Não agüento mais.
O nome “Lula da Silva” me enoja, e todo seu ministério! Mas nada mais tenho a dizer a esse respeito. O Real está forte, os restaurantes desta triste Paulicéia estão cheios. São Paulo enche a pança! É o que se faz aqui. O que mais se faria perto da Brigadeiro Faria Lima? Ah sim, os pequenos teatros alternativos que imitam os grandes teatros de GRUPO alternativos do mundo: mas aqui eles adicionam um pouco de cor a esse gris sur gris!
Ainda me preocupo muito em ler e ouvir análises disso e daquilo, mas entro facilmente em nada! De tanto golpe baixo em golpe baixo a coisa vai, que nem me importo mais se McMain pega uma mulher que só viu duas vezes na vida antes… Bah! Política!!! Eu deveria me importar depois de tanto que sofri com o Obama nesse último ano. E agora? Agora é esperar as eleições! Não adianta mais sofrer por antecipação ou por frustração.
A “Sinfonia dos DesDitos” – que pequena revolução!
Escreve o Comandante Peter Lessman, 27 anos de Varig e agora na “Arab Emirates”:
“Tendo a triste lembrança da política Brasileira como pano de fundo, assisti emocionado à Convenção Nacional do Partido Democrata nos EUA oficializando a escolha do seu candidato a Presidente e Vice, assim como também no dia seguinte o show de retórica de Obama aceitando a indicação.
Não consegui desgrudar um minuto daquele espetáculo de democracia e esperança em estado bruto. Do meu quarto de hotel em Bangcoc, acompanhei totalmente fascinado a cobertura da CNN nos mostrando de todos os ângulos possíveis os rostos, expressões e palavras das grandes e pequenas figuras humanas em um grande momento da sociedade americana, comprovando mais uma vez a sua incrível capacidade de reagir efetivamente, e com extremo vigor, quando insatisfeita com os rumos do seu governo e de seu país. Sem contar a grandeza da sua grande adversária derrotada na feroz disputa, Hilary Clinton, quando vigorosamente conclamou a todos para se unirem em torno de Obama, pelo bem do país!
Viajando há quase 30 anos literalmente pelo mundo, este acontecimento mais uma vez confirma o que eu não canso de repetir:
O que realmente diferencia o chamado “Primeiro” mundo do restante não é o dinheiro ou os eventuais rios de petróleo no “pré-sal” de cada país; mas acima de tudo na capacidade, ou não, de cada cidadão entender que a sua conduta e engajamento individual têm um impacto decisivo na qualidade da sociedade na qual ele está inserido, e conseqüentemente o futuro da sua nação…
O sistema deles funciona e se aprimorou ao longo dos anos com muita luta e até de uma guerra interna, e onde mulheres e negros, por exemplo, só conquistaram o pleno direito ao voto há menos de 100 anos.
Mas há duas características fundamentais por trás deste sucesso: os simples e sólidos princípios básicos quando a Constituição deles foi criada há mais de 200 anos pelos chamados “Pais Fundadores da Nação”, e o total comprometimento e vigilância de cada um dos cidadãos para com o seu fiel cumprimento.
E é este mesmo engajamento que tornou possível o “fenômeno” Obama, e TODOS os comentaristas políticos são unânimes em concordar, através do que eles lá chamam de “grass roots movement”. Um movimento “de raízes”, de “base”, onde através do trabalho “de formiguinha” de dezenas de milhares de voluntários de TODAS as camadas sociais país afora, ele obteve o apoio e arrecadou milhões de dólares para ao seu movimento chamado de “Change” (Mudança).
Assim como levou milhões a repetir em coro ao longo da campanha pela indicação de candidato pelo partido Democrata o “yes we can” (nós podemos sim). Com certeza fará o mesmo na Campanha Presidencial contra o candidato Republicano McCain.
E ele reconheceu a importância deste trabalho em um dos momentos marcantes do seu discurso de aceitação da candidatura Democrata ao afirmar: “O que alguns ainda não entenderam é que tudo isto que está acontecendo (o movimento CHANGE que ele lançou) não trata da minha pessoa (it’s not about ME), mas é sobre vocês! (it’s about YOU!)”, em uma extraordinária lição de humildade e liderança que já começou a fazer história.
Pois é, meus Brasileiros e Brasileiras: cada país tem o “Fenômeno” que merece certo?
Será que NUNCA aprenderemos a reagir??
Abraços esperançosos de muito longe,”
Peter Lessman.
Minha companhia de teatro finalmente “aconteceu”: ontem, sábado, lá no SESC Paulista. O que significa acontecer? Significa fazer a cena acontecer! Significa entrar no groove, entrar no vivo da natureza viva e nunca morta. E estamos vivos. E o projeto que já mudou de nome (depois de muita raiva minha e muitas dissidências de atores) esta lá, de pé, assim como o teatro está de pé desde Sófocles!
E como o torcedor do time desta capital descendo uma de suas avenidas principais numa falsa alegria passageira, eu, numa falsa alegria passageira, comemoro um dia de vitórias dramáticas sabendo que o povo de New Orleans está fugindo do “Gustav”, marido da “Katrina”, 3 anos depois da devastação, pois é disto que nós somos feitos:
Festas
Vitórias
Devastação
Gerald Thomas
Abaixo, um texto de Artaud (mandado por Marina Salomon) em resposta á minha ira de anteontem no “ Geração Careta”:
“Jamais, quando é a própria vida que nos foge, se falou tanto em civilização e em cultura. Há um estranho paralelismo entre essa destruição generalizada da vida, que encontra-se na base da desmoralização atual, e a preocupação com uma cultura que jamais coincidiu com a vida, e que é feita para governar sobre a vida.
Antes de retornar à cultura, observo que o mundo tem fome, e que ele não se preocupa com a cultura; e que é apenas de maneira artificial que se quer dirigir para a cultura pensamentos que estão voltados unicamente para a fome.
O mais urgente não me parece tanto defender uma cultura cuja existência jamais salvou um homem de ter fome e da preocupação de viver melhor, e sim extrair disso que se chama de cultura idéias cuja força viva seja idêntica à da fome.
Nós temos necessidade sobretudo de viver e de acreditar naquilo que nos faz viver e que alguma coisa nos faz viver ¤ e aquilo que sai do misterioso interior de nós mesmos não deve retornar perpetuamente sobre nós mesmos, em uma preocupação grosseiramente digestiva.
Quero dizer que se para todos nós é importante comer, e já, nos é ainda mais importante não desperdiçar nesta única preocupação imediata de comer nossa simples força de ter fome.
Se o signo da época é a confusão, vejo na base dessa confusão uma ruptura entre as coisas e as palavras, as idéias, os signos que são a representação dessas coisas.
Certamente não são sistemas de pensamento que nos faltam; o seu número e as suas contradições caracterizam nossa velha cultura européia e francesa: mas quando é que a vida, a nossa vida, foi afetada por esses sistemas?
Não diria que os sistemas filosóficos são algo que se possa aplicar direta e imediatamente; mas das duas, uma:
Ou esses sistemas estão em nós e somos impregnados por eles a ponto de viver deles, e neste caso o que importam os livros? ou nós não somos impregnados por eles, e neste caso eles não merecem nos fazer viver; e de
qualquer forma, que importa seu desaparecimento?
É necessário insistir sobre esta idéia da cultura em ação e que se torna em nós como um novo órgão, uma espécie de segunda respiração: e a civilização é a cultura que se impõe e que rege até mesmo nossas ações mais sutis, é o espírito que se encontra nas coisas; e é de maneira artificial que se separa a civilização da cultura, e que há duas palavras para significar uma única e idêntica ação.
Julgamos um civilizado pelo modo como ele se comporta, e ele pensa da maneira como se comporta; mas já sobre a palavra civilizado existe uma confusão; para todo o mundo, um civilizado culto é um homem esclarecido quanto aos sistemas, e que pensa através de sistemas, de formas, de signos, de representações.
É um monstro em quem se desenvolveu até o absurdo essa faculdade que temos de extrair pensamentos de nossos atos, em vez de identificar nossos atos com nossos pensamentos.
Se falta amplitude à nossa vida, ou seja, se lhe falta uma constante magia, é porque gostamos de observar nossos atos e de perder-nos em considerações sobre as formas sonhadas de nossos atos, em vez de sermos impelidos por eles.
E essa faculdade é exclusivamente humana. Diria mesmo que é essa infecção do humano que nos estraga certas idéias que deveriam permanecer divinas; pois, longe de acreditar no sobrenatural e no divino inventados pelo homem, creio que foi a intervenção milenar do homem que acabou por nos corromper o divino.
Todas as nossas idéias sobre a vida devem ser modificadas, numa época em que nada mais adere à vida. E essa penosa cisão é motivo para que as coisas se vinguem, e a poesia que não está mais em nós e que não conseguimos mais encontrar nas coisas ressurge de repente pelo lado mau das coisas; e jamais se viu tantos crimes, cuja gratuita estranheza só pode ser explicada por nossa impotência em possuir a vida.
Se o teatro existe para permitir que nossos recalques tomem vida, uma espécie de atroz poesia se exprime através de atos bizarros, onde as alterações do fato de viver demonstram que a intensidade da vida permanece intacta, e que bastaria melhor dirigi-la.
Porém, por mais que queiramos a magia, no fundo temos medo de uma vida que se desenvolvesse toda sob o signo da verdadeira magia.
E é assim que nossa ausência enraizada de cultura espanta-se com certas grandiosas anomalias e que, por exemplo, em uma ilha sem nenhum contato com a civilização atual, a simples passagem de um navio, somente com pessoas sadias, pode provocar o aparecimento de doenças desconhecidas nessa ilha, e que são uma especialidade de nossos países: zona, influenza, gripe, reumatismos, sinusite, polinevrite, etc., etc.
Do mesmo modo, se achamos que os negros cheiram mal, ignoramos que para tudo aquilo que não é Europa somos nós, os brancos, que cheiramos mal. E eu diria mesmo que exalamos um odor branco, branco assim como se pode falar de um “mal branco”.
Como o ferro aquecido ao branco, pode-se dizer que tudo o que é excessivo é branco; e para um asiático a cor branca tornou-se a insígnia da mais extrema decomposição.
Dito isto, podemos começar a traçar uma idéia da cultura, uma idéia que é antes de tudo um protesto.
Protesto contra o estreitamento insensato que é imposto à idéia de cultura ao se reduzi-la a uma espécie de inconcebível Panteão; o que resulta em uma idolatria da cultura, da mesma maneira que as religiões idólatras colocam deuses em seu Panteão.
Protesto contra a idéia separada que se faz da cultura, como se existisse, de um lado, a cultura, e de outro a vida; e como se a verdadeira cultura não fosse um meio requintado de compreender e de exercer a vida.
Pode-se queimar a biblioteca de Alexandria. Acima e além dos papiros, existem forças: podem nos roubar durante algum tempo a faculdade de reencontrar essas forças, mas não podem suprimir a sua energia. E é bom que muitas das grandes facilidades desapareçam e que certas formas caiam no esquecimento; assim a cultura sem espaço nem tempo contida em nossa capacidade nervosa ressurgirá com uma energia amplificada. E é justo que de tempos em tempos se produzam cataclismas que nos incitem a retornar à natureza, ou seja, a reencontrar a vida. O velho totemismo dos animais, das pedras, dos objetos utilizados para aterrorizar, das vestimentas bestialmenteimpregnadas, em uma palavra tudo o que serve para captar, dirigir e desviar as forças, é para nós uma coisa morta, da qual sabemos apenas tirar um proveito artístico e estático, um proveito de fruidor e não um proveito de ator.
Ora, o totemismo é ator porque se move, e é feito para atores; e toda verdadeira cultura apoia-se sobre os meios bárbaros e primitivos do totemismo, cuja vida selvagem, ou seja, inteiramente espontânea, quero adorar.
O que nos fez perder a cultura foi nossa idéia ocidental da arte e o proveito que dela tiramos. Arte e cultura não podem andar juntas, contrariamente ao uso que universalmente se tem feito delas!”
Antonin Artaud
(O Vampiro de Curitiba na edição)
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UM DIA IREMOS DESAPARECER
GERALD THOMAS
Eu geralmente me incomodo quando percebo que pessoas muito próximas a mim não conseguem arcar com críticas. Digo, não estão mais acostumadas ao sistema mais simples, aquele do parlamentarismo: ouvir duras críticas e rebatê-las, sem ter chiliques, tremeliques, ataques de pânico histriônicos e saltitarem acrobaticamente, água saindo pelos poros e olhos, como se fossem bufões numa péssima imitação dos Simpson’s se os personagens estivessem todos “ligados” de cocaína! Hoje, basta uma mera crítica, uma mera coisa que chamávamos de “discussão racional” e pronto: lágrimas e SURTOS PSICÓTICOS. Passos em círculos para todos os lados, berros, acusações em volumes de discoteca e dedos como se fossem canhões belicosos em Fallujah atrás de insurgentes!
A frase que tornou a minha Electra Com Creta famosa – “Está estabelecido o conflito” – já não existe mais! Agora, depois de uma mera discussão existencial ou de um desabafo, a frase estaria mais pra “Está estabelecido o SURTO”!
Caramba, anda-se inflamado! E essa inflamação, pergunto eu, não seria fruto de pouca vivência em grupo? Ou de pouca noção Histórica? Sim, deve ser isso: pouca noção histórica. E ainda tem a indústria farmacêutica que está deixando todo mundo meio “surtado” e viciado em calmantes.
Ufff!
Também me incomodo quando vejo algum intelectual usando uma tragédia natural ou uma guerra, por exemplo, para traçar metáforas com o mundo fantasioso e lúdico do palco ou da prosa. No caso, então, estou incomodado comigo mesmo. Sou dramaturgo, sou dramático e estou apavorado com o que vejo com a passividade do mundo. “Qual passividade?”-você pergunta. Ah, ainda bem que a pergunta veio a tempo. Nem havia me recuperado do incêndio no Teatro Cultura Artística ou a quantidade de galões de açaí que comi depois que postei o texto sobre o bendito produto/commoditie… ou o acidente da Spanair… já logo me voltam as maladias do mundo.
Aqui nos EUA vivemos grudados em números. Números percentuais. Estatísticas. Como diria o Targino, estatísticas estocásticas. McCain contra Obama, 1 por cento, 5 por cento, quem será o Vice-presidente, quem será o nome nas convenções que vêm por aí daqui a dez dias? Sou bombardeado por emails do partido democrático, sou bombardeado por telefonemas, sou bombardeado por especulações o tempo todo. A cada quatro anos meus nervos se mudam para Sibéria ou para debaixo do mar e visitam Jules Vernes e voltam cheios de algas e ….
As campanhas políticas são como as discussões caseiras ou de pessoa para pessoa, só que num macrocosmo: trata-se de explorar o que há de mais pobre e o de mais podre: a miséria humana misturada ao mais puro sadismo e seus conchavos psicológicos para ver se “colam”. Jornalismo também é feito assim. Somos vítimas, leitores e retratados, em seus piores preconceitos e fetiches mal resolvidos.
As notícias têm como objetivo nos destruír, rasgarem a alma do ser humano com a falta de palavras/conteúdo ou perspectivas.
Parece um livro que Paul Auster plagiou de Beckett, não me lembro o nome agora, onde uma menina procura, na terra esquecida e perdida, um ente querido que não encontra. Sim, Auster imita Beckett: voltamos ao mestre irlandês em “The Lost Ones“, uma prosa cheia de nichos e gente perdida, uns procurando aos outros.
Não parece ser a vida hoje? Pois parece. Talvez seja a minha percepção de mundo, mas em Darfur a situação NUNCA esteve tão horrenda e o mundo nunca esteve tão calado. Quanto à industria da guerra, ela não passa de uma metáfora mesmo, uma commoditie como o açaí do artigo anterior ou uma foto no livro da Lenise: ninguém mais relaciona uma foto a nada: ninguém mais relaciona conteúdo à forma de coisa alguma. Ninguém está nem aí!
O ser humano virou um lixo informatizado, uma besta que lê computador e que quer consumir a última novidade aqui nas lojas caras sem nem ter idéia do que é ORIGEM, forma: pergunte a alguém o que foi a Bauhaus! Como? Quem foi Gropius? Como?
Um bando de seres com cremes caros nas caras com seus iPhones nas mãos checando NADA e mandando seu chatsinhos pra nada e lugar nenhum e reclamando de barriga cheia, até que um dia….
Até que um dia vira uma bomba. Até que um dia a casa cai. Até que um dia a morte chega perto. Até que um dia a cara do inimigo não será mais objeto ridículo de propaganda e uma Dresden será encontrada arrasada ou uma Hiroshima dizimada. E aí, quando a guerra aterrissar no quintal, todos exclamarão num uníssono “WOW, como isso pode acontecer????”
As múltiplas etnias estão sendo comprimidas a um só sólido bloco de lama e fezes. Isso se chama hoje de força de trabalho. Mesmo indignado com a propaganda eleitoral e as eternas promessas e mentiras ainda não desisti: e mesmo assim essas interpretações literárias ou dramáticas de eventos catastróficos como política e História ainda me movem, mas também me incomodam profundamente porque conheço as repetições. Estou diante de uma fogueira de vaidades, e os fatos não mentem e… É, não há mesmo jeito de escapar de um paralelo dramatúrgico. Mas ainda não sei bem qual, já que ainda não há desfecho. Estamos sempre em pleno primeiro ato e ele não termina nunca!
E como a desgraça ainda está em progresso, digo as desgraças no mundo, e não se sabe aonde irão dar, não se pode compará-las a nada, absolutamente nada, mas nesse momento cada ser que se pronuncia por ter uma opinião (foi assim que comecei o artigo) parece ser tratado como um louco, um bárbaro tártaro vindo do buraco mais fundo da humanidade dantesca.
Iconoclastia? Desconstrutivismo?
Mortos! Não parece haver mais aquele paraíso realmente democrático e parlamentarista de poder-se discutir, divergir amistosamente. Agora as divas estão soltas e fora de suas jaulas. Os dias de Sartre e as longas conversas parisienses são uma mera triste lembrança.
Esse novo milênio é para se respirar fundo, olhar através das pessoas e pensar 9 vezes antes de se pensar em falar a verdade.
Artigo dedicado a Mikhail Gorbachev e os Estilhaços soviéticos. Ele acabou tendo que liberar aquela merda toda por causa da geada do trigo numa jogada que Reagan oportunizou. Naquela época chegávamos ao fim da Guera Fria. Que saudades da Guerra FRIA!
Gerald Thomas,NY agosto de 2008
(Vamp na edição)
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Açaí em NY
Há uns dias, meu amigo Sérgio Dávila, da Folha e do concorrente UOL, escreveu uma matéria sobre o Açaí em Washington e mencionou a mesma MEGA cadeia de supermercados orgânicos Whole Foods. Mas a matéria me deixou irritado pelo seu amadorismo. Sérgio está longe de ser um amador: tanto não é que eu mesmo escrevi o prefácio de seu livro sobre o 11 de setembro aqui em NY.
Aqui então está a matéria que escrevi pro suplemento “Equilíbrio” (também da Folha) há dois anos, acho que em meados de 2006. O que me irritou é que o Sergio ignorou o mais popular produto, o Sambazon, esse que ganhou todos os prêmios possíveis e é igualzinho à fruta batida nos BB Lanches ou Polis Sucos da vida (pra quem é do Rio).
TÍTULO DA MATÉRIA DA FOLHA
“Produtos orgânicos feitos à base da fruta típica do Pará ganham espaço nas lojas e cafés da cidade norte-americana […] Além de rico em vitamina E, o açaí tem proteína, fibras e minerais como ferro, fósforo e calcio”
GERALD THOMAS
ESPECIAL PARA A FOLHA, EM NOVA YORK
Nova York: tem mais açaí daí aqui do que aí. E chega de rimas. O fato é que, em cinco quarteirões de Nova York, ou de qualquer capital americana, é impressionante notar a quantidade de açaí que existe no mercado. Desde que o Dr. Perricone (dermatologista e expert em antioxidantes em geral) e até Oprah Winfrey, a diva da TV diurna, começaram a botar a boca no mundo sobre o produto, não há mais quem o freie! Se, em São Paulo, eu tenho que procurar por bairros (e não exagero) até conseguir achar um lugar simpático como o Amazon’s, na esquina da Jesuíno Arruda com a João Cachoeira, no Itaim Bibi, (nao existe mais em 2008!!!, faliu!), ou lugares muito específicos ligados ao norte do Brasil, no Rio cada loja de sucos de esquina vende o suco ou a polpa batida há mais de duas décadas e meia.
Mas aqui em NY ele é encontrado nas suas mais variadas formas, sabores, concorrências e embalagens -de maneira a confundir o consumidor.
O líder no mercado é o Sambazon, que também planta, replanta e tem todo um projeto “integrado” com os indígenas da região Norte do Brasil.
O açaí deles é orgânico e tanto pode ser vendido em barras (polpa) quanto naquele “Rio style berry blend“, que eu como às colheradas, batido com guaraná (já estou ficando roxo!), e há até a nova invenção do grupo: os “smoothies”. O que vem a ser um “smoothie”? Uma espécie de shake, talvez, em sua embalagem sensual. E esses “smoothies” combinam chocolate com açaí, manga com açaí, acerola com açaí e por aí vai. É necessário apontar que os americanos são muito mais criativos que os brasileiros quando sabem que têm nas mãos um antioxidante que vale ouro.
Os brasileiros, cansados, sem iniciativa, recorrem ao bom e velho suco de laranja ou aos enlatados. Que pena. Aqui, nas “delis” ou nas lojas dos coreanos, que funcionam 24 horas, você entra e encontra “pomegranate juice with açaí”, da Früttzo, ou um outro, da marca Bossa Nova, um concentrado de açaí adoçado com “agave” (um adoçante oriundo de um cáctus mexicano, um polissacarídeo de assimilação lenta pelo organismo).
São interessantes as diferentes maneiras como se anunciam, como “brigam” para tomar conta do mercado. Mas ideologia mesmo, projeto mesmo, só um deles tem, e a longo prazo: Sambazon.
Seja como for, entrem no site www.sambazon.com -é uma rapaziada engraçada, alegre e que esbarrou no produto porque foi surfar no Brasil na virada do milênio. Só que, desde então, como tudo que floresce nesse país, da Microsoft ao grupo Nirvana, a coisa gera alguns milhões de dólares. E o Departamento de Estado norte-americano, que premia somente algumas companhias por “Corporate Excelence“, escolheu o Sambazon entre seus 12 finalistas em 2006. “Sambazon no Brasil por promover desenvolvimento sustentável na floresta brasileira enquanto melhora a condição econômica dos seus “indigenous people'”.
A soma da criatividade desse mercado com a sede e a vontade de comer é incrível. O que eu acho uma pena é que eu tenha que ralar para achar em São Paulo um produto embalado, certificadamente orgânico, pronto para comer ou beber que venha dessa fruta que somente o Brasil tem a oferecer.
Em cinco quarteirões de Nova York, contei mais de 18 produtos de empresas diferentes contendo açaí.
Em São Paulo, se não souber o lugar certo, acaba-se pedindo um guaraná com gelo e limão que nem sequer contém guaraná. Tudo porcaria química. Que piada malcontada!
“Breaking news”
Eles me pediram para manter segredo, mas aqui vai. Neste ano ainda, o pessoal do Sambazon lançará no mercado brasileiro um de seus produtos, que se chamará Tribal. Dessa maneira, quem sabe, não precisarei mais ficar que nem um alucinado, parando a cada loja de sucos perguntando “Tem açaí natural?”, porque teremos o Tribal.
Aqui a Whole Foods ou a Commodities e a Traders Joe e tantas dezenas de outras nos trazem tantas opções de sorvetes ou outros produtos como o de açaí (até a Tropicana tem uma versao com a fruta) (com tapioca são insubstituíveis) mas, na bolsa, ou no táxi, aos goles, estarei tomando, nas minhas breves passagens por Sao Paulo terei que me contentar com o Tribal, esperando pela minha volta para NY, porque no meu freezer só tem potes e mais potes do sorvete “style berry blend”… Vou parar de escrever e meter a colher! É de salivar!
Gerald Thomas, sempre na frente dos outros que se metem a ser diletantes (Sérgio é amigo meu, mas se meteu a falar de algo que desconhece! Se liga, Davila!)
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O BRASIL DA VALOR AO BRASIL (NO TEATRO) HOJE NA FOLHA
trechos da ilustrada (sobre o lancamento do livro de Lenise Pinheiro)
DA REPORTAGEM LOCAL
A fotógrafa Lenise Pinheiro conta que sua principal inspiração foi o alemão Fredi Kleemann (1927-1974), que, radicado no Brasil, captou importantes momentos do teatro paulistano das décadas de 50 e 60 e se projetou retratando montagens do TBC (Teatro Brasileiro de Comédia). “O modo como usava a luz no rosto dos atores me influenciou bastante, apesar de nossos estilos serem diferentes”, conta. Outra referência foi a aparição do dramaturgo Gerald Thomas. “Ele sacudiu a cena brasileira. Foi uma chuva de estética. Mudou não só a linguagem do teatro como ampliou suas possibilidades e introduziu um alto nível de exigência e qualidade ao trabalho.” Por conta dessa transformação, a fotógrafa conta que, assim como atores e diretores, teve de investir na técnica. O que, em seu caso, significava também adquirir novos e mais modernos equipamentos. Personagens O colega Leopoldo Pacheco atribui a qualidade das imagens da artista à “paixão que tem pelos atores, diretores e personagens em geral”. Estão registrados no livro Raul Cortez, Bete Coelho, Renato Borghi, Ney Latorraca, Fernanda Torres, Marco Ricca, Vera Holtz, Pascoal da Conceição e muitos outros. Um dos destaques é uma série que registra o dançarino japonês Kazuo Ohno se maquiando para uma apresentação, em 1997. Outro é uma sessão realizada com Zé Celso quando este completou 60 anos. “Ela assumiu as rédeas de diretora. Me fechou entre quatro paredes, me dominou, me fez mostrar todo meu corpo. Foi fantástico.” (SYLVIA COLOMBO)
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TOLERÂNCIA ZERO – possivelmente um último artigo TEXTO REVISADO (elogiando os dois comentarios escolhidos para ilustrar o texto: o do Carlos e o do Anonimyous)
“’Terra de maluco’, você quer dizer, o Blog”?- indago a uma amiga que me escreve indignada.
Mas, caramba, qual é o nível de tolerância que se quer ou se exige de uma legião de pessoas que interagem e discordam sobre temas? “Você quer um “designer blog”, feito só para você? “Sim, muitos blogs são pura “self promotion”, muitos são somente sobre UM assunto e muitos são sobre aquele assunto específico.
Ontem mesmo, o IG quis me classificar como “aquele que escreve sobre teatro”. Reclamei dizendo que posso até ver o mundo e suas (idiot)sincrasias a partir de referências teatrais. Afinal, as grandes obras de grandes dramaturgos olhavam para o palco do mundo e faziam dele uma maquete para o seu pequeno microcosmo.
Mas não escrevo sobre teatro e sim eu “fervo” sobre eventos do mundo atual. Atual? Não, que atual nada. Eu trago para a atualidade “coisas” como no texto de ontem, tipo o Muro de Berlin, ou levo para a perspectiva histórica a lenta e gradual morte de Amy Winehouse. Ou ainda falo de Cartola como se ele estivesse onipresente. Meto o pau na imprensa toda por ser um monólito – monobloco, monocordio, incapaz de enxergar o homem LIVRE nesse labirinto de seres humanos em busca de uma identidade digna num mundo de regimes xenofóbicos e fundamentalistas. Ah, sim… Muitos estão para renunciar e muitos oportunizam a situação. Muitos, como o Sarkozy, são presidentes que são mera “photo opportunity”, mas como nada tenho a ver com a “Vive la France”, não serei eu a meter o pau nele. Dona Carla fará isso!
Não, não escrevo sobre teatro. Escrevo sobre a teatralização ou a bestialização do absurdo que as coisas tomam em sua dimensão quando nicknames e pseudônimos começam a travar uma guerra entre sí e o tema da matéria fica completamente esquecida: dedos em riste, os blogueiros me chamam de qualquer nome, me advertem com o indicador no meu nariz e dizem tudo aquilo que eu já sei e já vivi (mas que eles não têm noção de que eu já vivi), entende, dona Maria? Porque naquele momento o brio e brilho são somente DELES, ou melhor, de vocês. E ameaçam: “Nunca mais entrarei nesse blog!”
Eu ameaço de volta: “estou fechando o blog”. Criando, assim, uma típica e dupla e tripla e volúptica relação passional ‘dramática e teatral” sim, só que não descrita por mim, mas pairando no ar. Alguns voltam, eu volto. Alguns jamais voltarão, pro bem de ambos. Nervos estressados, unhas roídas, mas todos com as portas entreabertas, ou semi-fechadas, ou olhos bem fechados e ouvidos bem abertos! Os egos estão feridos!
Vocês só querem ler aquilo que acomode as banalidades que lhes facilitam a vida? Mesmo? Tem tanto blog de auto-ajuda por aí… Tem tanto teatro que tem a fórmula do choro por aí, colocando gente pelo ladrão! E Tem-Tanto-Político-Enchendo-os-Bolsos-com-o-Teu-Dinheiro (TTPEBTD) fazendo isso descaradamente e impunemente… Eu, Mané? Tô fora!
Olhem só esses dois comentários do post abaixo, sobre Tio Sam: Isso sim da alegria de ler:
Carlos, EX-BLOGUEIRO:
“Como eu dizia mais acima: a facilidade de se opinar não significa que não temos que ter responsabilidade sobre o que é escrito!
A questão dos EUA, dos brasileiros, dos imigrantes, enfim, é muito, muito mais complexa do que dizer que um é melhor do que o outro, ou de atacar um país e defender o outro. Pela própria história dos EUA, desde seu princípio, a questão da liberdade e da ideologia americana é extremamente complexa!! Não dá pra analisar só o que é bom ou só o que é ruim!! Vamos com calma nessas discussões.
Eu lia na Economist sobre aquele monumento em Mount Rushmore, aquele com as figuras de George Washington, Lincoln, etc, encravadas nas pedras no alto da montanha. Pois bem, para os índios que ainda vivem naquela região, o monumento é o próprio símbolo do total desrespeito e descaso contra eles. Isso porque era uma região que pertencia (e teoricamente ainda pertence) aos índios Sioux e que foi violentada (assim como ocorreu no Brasil…etc). E porque me refiro a isso??? Justamente pra mostrar a complexidade dessas questões!! De um lado, o ideal Republicano, a independência dos EUA, a essência de uma nova Nação, a liberdade do cidadão americano contra a exploração dos Ingleses, do outro os seres humanos que já estavam ali e que foram massacrados pelo homem branco em sua NECESSIDADE de criar um Mundo Novo. O fato de milhões de latinos terem “invadido” Los Angeles (olhem o nome da cidade, é inglês?) tem diversas causas que vão lá pro século XVIII!!! Em dez segundos, olhem o que achei nessa nossa internet: “In 1781, 44 settlers of mixed Spanish, Indian, and African descent staked out turf for the pueblo that would become Los Angeles”. E depois disso teve a guerra entre México e EUA, onde o Estado do Texas foi anexado aos EUA…ou seja, CLARO que existem milhões e milhões de mexicanos nos EUA. FORA ISSO, a corrupção, a pobreza no México é ENDÊMICA. Assim como no Brasil. Oras…pra onde ir??? Claro que o caminho é os Estados Unidos!!! Daí origina os ilegais os muros, a polícia…etc,etc….VAMOS PESQUISAR sobre os assuntos ANTES de colocar frases feitas, antes de tomar posições maniqueístas sobre as coisas! Esse é o grau de complexidade de um pequeno sub-tópico: Estados Unidos e imigração!! A coisa vai longe!! O blog pode ser uma grande ferramenta pra educar a todos. Precisa calma…de todos os lados…”(fim).
E tem mais esse:
Enviado por: Aninomyous
“Ser anti ou não ser é social demais para mim, intelectual demais para um insignificante ser humano como eu, so que dentro da minha lucidez quero falar um pouco de Deus, apenas na parte que me toca….na verdade, todos são responsáveis por seus atos, diferentemente de religião ou política que são SEMPRE eventos SOCIAIS, eu busco sim a Deus, só que isoladamente, confesso que também não sou totalmente AMOR como deveria ser ao me chamar de Cristão, ou se puder escolher eu encarar Deus na forma Humana, face a face, saber que ele sentiu na ‘pele’ o que é ser Homem e que talvez até ele tenha sofrido mais que eu, até pelos ‘meus’ pecados…sem ataques pessoais, nem qualquer tipo de agressões…afirmo que pude apreciar sempre e encontrar o centro de minha ignorância, não nego ter ela e que ela é tão infinita quanto o vazio que cerca minha existência! não me envergonho pois uso esse vazio para preencher com um pouco do que se manifesta em meus atos, meus objetivos e minha personalidade, consciente ou inconsciente…mais tolo seria eu querer me dizer responsável por mim, querer me ‘chamar’ de EU…Eu isso…Eu aquilo…se simplesmente não sou nada! Eu poderia ‘guardar’ comigo todos os elogios ou críticas, me encher de vaidade ou cair na maior deprê…só que…não sou nada! não vou reter mais do que as escolhas que eu mesmo fiz em meu caminho, e trato da mesma forma aos elogios e críticas…prefiro não tê-los, ser anônimo embora reconhecidamente individual…mas não é de mim que eu quero falar aos incredulos, mas de Deus! no pouco de experiência que eu tenho nesta busca, pelo que eu saiba, nenhum gênio da Humanidade se fez sozinho, sequer algum deles ou sua tão bajulada Ciência fez algo do nada, e de vazio eu entendo, porque nossas mães não tem o conhecimento para nos gerar, e mesmo assim o fazem (inicialmente no mó prazer, depois na mó paciência, pra finalmente nos conceber geralmente com grande dor) tudo bem, me chamem de FDP pois sou mesmo! mas minha mãezinha éra uma santa….eu sou, não ela! ok? Pelo contrário, quanto mais ignorantes mais filhos elas ‘fazem’…tudo isso desde a mais remota era…independente de falar da teoria o sujeitinho x ou y, eu queria dizer que para ‘mim’ pessoalmente, mesmo eu sendo um FDP, tendo gente que eu simplesmente ‘esmagaria’ feito uma ‘barata’, ainda sim acho tudo isso sagrado…’amo muito tudo isso’ apenas pelo verdadeiro Rei, estes corpos são templos onde habitam nossos espíritos (de porco ou não) sagrados porém, embora quase sempre habitados por espiritos sem fé…já chego lá…calma…toda essa experiência para a infelicidade dos egoistas e materialistas não é voltada ao sujeito deles, mas sim para Deus e sua Obra…pobres tolos não sabem que estão na História Dele e não são nada, porque se ou quando Deus lhes retirar isso, nem isso eles poderão ter mais…porém outra revelação é que faz com que me toque a parte Cristã, e somente por Ele é que perco meu Sagrado tempo de vida em responder assim…é que aqueles que escolhem ser ‘pecado’ assim serão, serão um com o pecado, e os que escolhem ser ‘espírito’ assim serão, um com o Espírito…porém Deus é espírito, e aqui temos o Holy Gost (assim escreve?) Espírito Santo de Deus…o que retorna à questão, se vc não é nada e tem a oportunidade de ser, escolhe não ser? esse é o direito da livre escolha, e em seu livre arbítrio não dirás nunca ter sido avisado das consequências, pois antes este corpo não é teu, mas grava tudo que faz, pensa ou vê, é testemunha dos outros, mas mais ainda é mais testemunha de ti…pode ser ele a te julgar no teu fim! com tua imagem serás condenado pois teu corpo grava tudo o que vc pensa ser em suas atitudes esnobes. Obrigado a quem ler isso…eu não quero converter ninguém e nem dizer essa ou aquela religião, só deixar um pouco da minha insignificância no ar se assim for permitido.” (fim).
Não sei muito explicar porque selecionei esses dois comentários (ou melhor: sei sim, Sao GENIAIS!!!), para explicar o seguinte: Sinceramente não sei se vale a pena, para mim, dramaturgo e diretor (que não pára quieto, pulando de país em país), reportando suas viagens, ponto e vírgula… e essas reportagens poderiam ser “ducacete”, mas não! PARECEM SER OFENSAS PESSOAIS a maioria de VOCÊS leitores e isso eu não entendo, pôrra! Plagiando Tom Jobim nesses 50 anos de bossa nova: “No Brasil, o sucesso alheio é OFENSA PESSOAL.”
Sim, o Brasil tem uma questão SERíSSIMA com a questão do “outro”. “Inveja” seria dizer pouco.
Se sou feliz? Isso não é da conta de vocês. Meu erro foi contar muito da minha vida pessoal. O que vocês acham é sempre PREconceituso. Se sou feliz? Vocês acham que estou por aí “TURISTANDO”?
Não preciso me justificar para vocês!
Mas uma coisa é séria: não acredito mais nessa forma de ser julgado. Aceito que o texto seja lido e, pra quem tiver tido alguma experiência relativa ao texto, ótimo: se manifeste. Mas não: “EU ODEIO os EUA!” (de gente que nunca pisou aqui e equaciona governo e política com vida: isso seria equacionar o período da DITADURA MILITAR BRASILEIRA COM A POPULAÇÃO DA ÉPOCA. FAZ SENTIDO?)
NÂO MESMO! Mas o clichê mais forte do PREconceito é o de criar uma máscara pronta e vestir o inimigo com a cara de um fantasma qualquer que odiamos!
Muito menos acredito nessa forma de ainda persistir em escrever pessoalmente para alguns amigos e amigas, para saber o que aconteceu, e levar uma esnobada! No way! Tem me acontecido isso nesse ano de 2008. Devem ser os planetas. Deve ser o Clarke Kent. Sei que sei muito as coisas que não sei ainda, mas nunca cansarei de ir atrás porque a internet não é e nunca foi a minha prioridade, e sim, o palco, a literatura.
Vou ficando por aqui. Confesso que não está sendo fácil ser racional, formular algo sóbrio num estado sóbrio. Não deve ter sido fácil se despedir em vida de alguém que ainda não morreu. Mas estou em luto ou de luto e num estado difícil de descrever.
Talvez a melhor maneira será mesmo a de não escrever. Dessa forma ficarei mais focado em meu trabalho teatral e o IG poderá, com orgulho, me classificar como um “escritor teatral”. No meio tempo, esse “meantime”, que é “mean” enquanto também é “time”, malvado como ele, só esse tempo, me dará a chance de viver a Convenção dos Democratas em Denver, desenvolver os trabalhos de ópera e teatro que estão mais que devidos e parar de responder como um RÉU DIÁRIO as mais ridículas acusações.
Desejo a vocês tudo de bom. E, do fundo do meu coração, eu agradeço. Mesmo! E, me autoplagiando (da peça “Ventriloquist”): “Vou sentir saudades. Vou mesmo!”
LOVE
Gerald Thomas
New York 15 de agosto de 2008
(Vamp, na última edição)
tres comentarios (2 a favor, 1 contra)
O CORVO (daqui a pouco te publico aqui, mas o espaco esta diminuindo)
marden bretas, cade tu?
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Um som estranho me acorda. Não, não é um som e sim um sonho. Sonho que meu pai está em pé em frente a um muro abrindo um papel e, de frente ao muro, aos berros: “PAREM COM A TORTURA ! ! !”
Acordo num estado lamentável e agitado. Meu pai berrando aquilo? Algo sobre a tortura? Logo ele?
Sim, ele não viveu para ver o Muro cair. Não viveu para ver aquele Muro que dividiu a sua Berlin ao meio, ou melhor, que cortava sua Berlin ao meio, como se fosse uma faca, cravando um sinal de um médico legista num corpo morto. Morto pôrra nenhuma! Uma cidade viva com milhões de habitantes divididos por….
Sim, divididos porque partidos políticos, digo, homens políticos, digo, seres da política, sentaram em volta da mesa e decidiram: “Vamos serrar Berlin ao meio: os Russos ficam com essa parte e os ingleses, franceses e americanos com essa aqui!”
Corte!
O Federal Bureau of Investigation (FBI), o NIS e o Homeland Security divulgaram uma nota dizendo que o número de imigrantes ilegais nos Estados Unidos estava ultrapassando os 24 milhões. Isso agora, no mês de julho.
No passado muitos chegaram a Ellis Island porque não tiveram alternativa: seus países foram bombardeados, invadidos, currados pela limpeza étnica. Ou tiveram um levante “moral e cívico” ou político.
O que vem a ser isso? O que vem a ser um partido político?
Para mim, a última pedra e/ou partido caiu junto com o MURO depois que a pessoa de número 150 MIL foi assassinada por tentar fugir da DDR (ex-Alemanha Oriental).
Pergunta: por que os regimes ditos “paraísos do proletariado” MATAM aqueles que querem escapar (Coréia do Norte, a ex-“cortina de ferro”, etc….) enquanto as chamadas democracias “neo-liberais” não se importam se alguém, por acaso, se muda pra putaquepariu?
Pra que o exercício da forca (com cedilha e sem) até hoje?
Ideologia é uma coisa tão linda, não é? Mas a sua prática mata. Simples!
O anti-americanismo é lindo, tudo bem. Deve-se ser o que quiser. O engraçado é que na primeira oportunidade possível estão TODOS aqui: o ORIENTE MÉDIO INTEIRO aqui; a AMÉRICA LATINA inteira aqui. Todos lambendo o chão de Tio Sam… E estão aqui falando asneiras: “Eu?Jamais disse isso! A América é maravilhosa! Olha só como existe a liberrrrdade, meu! Porra!”
Partido político: um bando de gente seguindo UM. Ou dois. Segue-se um estatuto. Sai-se com uma “resolução” para uma “revolução”, mas raramente se faz alguma coisa. Prática? Dá muito trabalho! O negócio mesmo são as reuniões! Muito mais engraçado é ficar latindo jargões de esquerda, direita, as velhas, digo, VELHAS FÓRMULAS, que dividiram a cidade do meu pai em duas: e daí?
Olho o time olímpico americano, dito americano.
Olhem só, prestem atenção em seus estranhos no ninho, como eu. Antes de observarem qualquer coisa, o que vocês enxergam?
Ah, perceberam, não é? Um deles tem um sobrenome eslavo, não é? Deve ser filho de imigrantes RUSSOS. O outro é filho de romenos e o terceiro é filho de paquistaneses. E para que a ficha caia por inteiro: o quarto AMERICANO é um CHINÊS (de volta à própria pátria de onde seus pais FUGIRAM). Que tamanha ironia! Filho de chineses que vieram para cá num porão de navio porque não agüentaram a pressão, a opressão, a repressão daquela menstruação! Mas quem nota isso?
Para aqueles que latem “TIO SAM está no fim (já está no fim há 50 anos), o IMPÉRIO AMERICANO está despencando”. Querem saber o que mais? De onde vem a sua atitude ou postura? De onde aprenderam ou apreenderam aquilo que berram? E o ódio que nutre o leite negro de Paul Celan e a frustração que projetam? Onde nasce tudo isso? No grande ABC paulista? E se as multinacionais NÃO estivessem lá pagando os MÍSEROS salários? Como seria LINDO você, Brasil! Estaria melhor, como a Albânia de Enver Hodjia?
Sem a Johnson and Johnson vocês certamente seriam mais felizes, não? Claro que sim!
Triste ver meu pai diante do Muro, pois ele jamais pôde supor que 5 anos após a sua morte aquilo tudo viria abaixo. É Papi, políticos são assim! Ninguém respeita ninguém! Nem Bush nem Stalin, nem Putin ou os filhos da Putin. Um dia é lei seca, outro dia liberam a bebida. E tudo porque aqueles que GOSTAM de ter PODER e usar o CHAPÉU não têm uma ideologia “per se”: o que está em jogo ali é poder mandar e DESMANDAR. E bota Krap – to –nita nisso!
Chama-se de “ECOssistema da degradação”!
Kim Lee, aqui da esquina, um verdureiro, escapou da Coréia do Norte. Tem uma venda que fica aberta 24 horas. Assim como eu, ele também sonha à noite e também tem pesadelos.
“Como vai, Kim?”
“Vou bem! Passei mais um dia na terra que fui orientado a odiar e… a cada dia a amo mais!”
Nessa confusão chamada “terra de imigrantes” uma coisa é certa: aqui rola a prática. Práxis. Como em sexo, imagine ficar somente na punheta a vida inteira imaginando. Que horror seria! Agora, imagina um grupo de pessoas que, a partir da prática da punheta, decretassem as leis restringindo TUDO para aqueles que ainda tivessem alguma chance de praticar o sexo!
E essa é uma das coisas que os teóricos retardados dos livros das ideologias falidas não possuem. Berrem! Berrem mesmo! Usem o gargalo, já que mais vocês não têm!
Mas pode parar de berrar, papai. O Muro de Berlin caiu. A tortura… continua! Ela é intrínsica à raça humana. Está embutida em nossa (in)consciência.
Gerald Thomas
(Vamp na edição)
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New York – Meus queridos: não posso deixar de dizer que é um pouco estranho mudar de casa, ou de host. Em princípio nada muda, já que é uma só tela, essa, a do computador. Mas vivemos num “nonsense surround system”, ou seja, o que nos importa, nos dia de hoje, somos nós mesmos, os dias do i-isso, iPod, iPhone, I-não pode, e meus vizinhos aqui no i-G…sei não! Sei não! Sei SIM. Caio Tulio é meu amigo e mestre desde 1853 quando Richard Wagner compunha o Anel dos Nibelungos e resolveu fazer uma pausinha pra compor (a pedidos de Dom Pedro II), o Tristão e Isolda (pago com dinheiro brasileiro pra inaugurar o Theatro Municipal do Rio de Janeiro: infelizmente o Municipal só veio a abrir as portas em 1908). Enfim, estamos nessa era em que tanto se monta NO Beckett (que escreveu EU NÃO) “not I”, que se esquecem um pouco da essência e do conteúdo de sua escrita.
Venho escrevendo em Blog há mais de quatro anos. Recebendo e ouvindo e lendo comentarios, os mais incríveis e os mais diversos, elogios e insultos de admiradores até detratores, assim como é no teatro.
É. Assim como é no teatro. Aliás, quando comecei com essa coisa de Blog, ninguém sabia muito bem o que era. Hoje, tem mais blog no mundo do que gente! Eu mesmo, confesso, não tenho saco pra ler, digo, outros blogs. Tem que ser MUITO MUITO exótico mesmo pra chamar minha atenção! Ou seja, leio o mínimo necessário porque está provado que blog, jornal, mídia em geral faz mal a saúde. Deveria ser tudo interditado pelo Ministério da Saúde. Êpa! O que foi que eu disse? Ministério? RETIRO!!!!
Odeio governos! Não. Também não é verdade. “Sou” pelo Obama aqui nos US, mas não gosto aí do Sr. Lula da Silva, e sei que isso – aqui no IG – cairá mal. Bem, vocês me contrataram, então terão que conviver com essa ovelha negra aqui dentro: vai ser duro ser “companheiro” de página de Zé Dirceu. Já tive pesadelos a esse respeito. Confesso que tive. Ao mesmo tempo, cheguei a um ponto de cinismo onde já não acredito mesmo em que a “arte” ou opnião possa mais fazer a menor diferença (como um dia já fez: exemplo, Bertold Brecht, Living Theater, enfim, a arte da “demonstração” da “agitprop”, panfletagem, aquela que saía da “clausura” da bilheteria e realmente ia pras ruas reclamar ou clamar sua liberdade ou a liberdade de alguma coisa: sim, Sartre se foi e a Simone também.
” Fail. Fail again. Fail better.”
“Falhar. Falhar de novo. Falhar melhor”
Samuel Beckett.
O tempo passa e os escritos desse homem (na frente do qual tive o privilégio de sentar algumas vezes) ficam cada vez melhores e mais “wise” , mais …. (“Oh palavras que me faltam” última frase da ópera “Moisés e Arão” de Arnold Schoenberg” que dirigi em 98 na Áustria….tão vendo? Não olho pra trás, não reviso meus textos, vou escrevendo assim como vou dirigindo meus atores, sejam eles brasileiros, sejam eles da Baviera, sejam eles dinamarqueses ou daqui, do East Village ou de….. (pausa pra uma lágrima cair)… Londres….onde meu coração ficou…de onde meus pés, na verdade, nunca saíram, ou melhor, a minha alma nunca saiu. O resto é uma miragem, deve ser. Esse que perambula por aí é esse “Nowhere Man” (peça que escrevi pra Luis Damasceno em 1996), e que finge estar em casa no Rio, em Sampa, aqui em NY, ou em qualquer lugar do mundo mas não está.
– Onde estou? No lugar perfeito. No lugar virtual. Nessa coisa que, um dia, um vírus vai comer, “nhac”, e pronto! Estaremos de volta a estaca zero: papel e lápis.
Seremos obrigados a ler Kafka de novo. Nao poderemos mais entrar no “google” e fingir que sabemos tudo sobre todos. Teremos que sair pra comprar um livro todo amarelado de Joyce, ou de Guimarães Rosa, ou de Shakespeare, ou mesmo de Harold Bloom sobre Shakespeare ou do Haroldo de Campos sobre Joyce porque….Por que? Porque no fundo estamos perdendo nossa identidade. Sim, com esse “evento global” com esse information overload, esse excesso de informação, acabamos nao entendendo muito de nada ou nada de nada mesmo e “nhac”.
Muito de nada. Nada de nada. Assim como Beckett que usava seis palavras e sobravam quatro. Ou Heiner Müeller que usava mais de três mil palavras num jorro hemorrágico, mas no final, também só sobravam quatro.
Sejam super-bem vindos a esse novo blog. Teremos colaboradores. Estarei, como sempre estive, escrevendo, berrando, de tudo quanto é canto do mundo. Ainda estou estranhando um pouco o layout mas….. Nada que uma breve clicada de olhos ou um breve trocar de lágrimas não obrigue a vista a se acostumar.
Espero, sinceramente, não decepcioná-los. Mas, se for o caso: uma bela vaia também é bem vinda
LOVE
Gerald
Filed under Apresentação
Gostaria de fazer um apelo a voce para que continue articulando o seu blog. Voce é especial e seus textos são diferentes, contém algo de vivo, na verdade, vital para o nosso espírito pós-moderno de insatisfação total com tudo e todos. Não é só o “seu” teatro e a sua biografia, os seus pensamentos são um emaranhado de sentimentos fortes, contraditórios e vivos. Exatamente como é a vida pós-moderna. Não sei se voce vê algo na pós-modernidade ou se vê mesmo a pós-modernidade, de qualquer forma o seu itinerário intelectual e biográfico lhe põe no centro da pós-modernidade. Para nós é uma oportunidade magnífica de ver o grande autor teatral lidando com as questões atuais, mostrando nas entre-linhas como que é gestado no coração e na mente de um dramartugo as idéias e percepções das criações artisticas. Não vá Thomas, não nos deixe sós!
Vamos nos unir e solicitar ao maquinista que não deixe o nosso trem sem condutor. Já deu para notar que forçando a barra nós podemos conseguir uma reconsideração.Quem sabe poderemos ter mais lá na frente um:-diga aos blogueiros que fico.O maquinista toma seu lugar.O trem retorna seu caminho e damos o assunto por encerrado.E eu ficarei feliz continuando esta viagem que eu mal comecei a tomar gosto e de repente vi a ameaça de ter que ficar no meio do caminho.Vampiro você que é mais chegado em relacionamento faça um apelo de caráter pessoal.Ou outros ai que estão viajando a mais tempo do que eu.Apelem,apelem e apelem.Mais valem as lagrimas de não ter vencido do que a vergonha de não ter lutado(esta frase eu copiei em um bar de Santa Catarina e nem sei porque me recordei agora.Mas parece que ficou bacana e assim vou encerrando.Obrigado.
Pacheco.
Não tem problema não, pessoas como você são extremamente necessárias, esse blog fecha aqui, mas já já estará aberto em outro lugar.