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uptdated 5 May: L.I.E – the expressway to doubts, sorrows and longing

L.I.E – The expressway to doubts, sorrows and longing.

No, I’m not going to destroy your mind with descriptions of the Long Island Expressway or, for that matter the GRAND Central, or even the M4 motorway that leads me here. Lies. That’s what we do best.

Maybe the best description for our period (yes, period!) would be the midtown tunnel or the Holland Tunnel. Yes, tunnels. Darkness. Claustrophobia.

The theater is a dark place. It’s the place where we tell the truth by lying. Yet, the system is passing us by just like speeding cars do on the LIE. Except that cars don’t speed on the LIE. It’s a bumper to bumper deal, if anything, especially when the passengers  mouths are  wide shut and approaching the tunnel or the toll booths. Imagine Munch’s silent scream inside one of those tunnels. No, don’t imagine that.

I said, in the previous post down below that “we should rethink ART as the GREATEST form Of ART itself. Not as a fearful act of expression, but as an act of eternal transgression.”

But our bumper to bumper period (yes, period!!) isn’t up to much transgressing. Sucking the past dry, I realize … no, leave it alone: let it be. Let it be nothing. Well, sucking the past dry, we are in a recycling period and that makes me cry. I’m alive.

The current vacuum or void seems to me like an empty stomach starving for new ideas.

And that’s a huge question.

I’ll leave it up to Hamlet to solve.

But Hamlet has never solved a thing!  Yet he thrives in our imagination dead imagine, buried deep inside our brains as the eternal “what to be and what to do” He is the epitome, the prototype and the encapsulation of insecurity, low self-esteem, narcissism and self destruction. If the Hamlet in us ever does look at his own reflection, it will be in a pool of his/our blood just before death, rather than in a thin pool of water.

menopause on an island

I’m in tears while writing this because I’ve just spent hours watching/listening to John Paul Jones (the bass guitarist for Led Zeppelin) and it dawned on me that….No. Leave that alone for the moment.

“Ramble On”

I am simply in a state of wonderment or nostalgia or maybe I’ve come to realize that the Led, as well as Hendrix were products of the Cold War era. I mean, the byproducts of the Beatniks, hippies and all the names that’s fit to print in order to describe the “counter culture days” – or the Anti Vietnam War movement and all the peace and all the love we use to flag around and which has turned into so much hate, hatred, green kale and greed. Let’s say that the real world is more like Eisenstein’s Battleship Potemkin or Dostoevsky’s Crime and Punishment and the blues. Oh yes, the blues.

We’re in 2010. These guys were making the most amazing things and CHANGING THE WORLD  in the late sixties, early seventies. Meaning that 10, 15, 20 years after the Second World War, there really was a REVOLUTION from OLD to NEW.

And now? Nothing. This has all been FORTY years ago. So, what was our crime? What is this fucking punishment?

We are bombarded with LIES and sit still. “or take arms against a sea of troubles and by opposing, end them”, oh Shakespeare my love: that was almost 500 years ago. And now? We sit still and type. We type and wonder.

But it’s all blind, it’s all Braille. We type and type in vain. Better to spit into an empty glass of Barolo, I think.

When Page, Plant, Bonham and Jones formed Zeppelin, or when Hendrix, Mitchell and Reading formed the “experience” there was a UNIVERSE hidden in them. And a universe with a beat, a sound, a bass so loud that it resembled your own heart when in love. YOUR HEART WHEN IN LOVE.

Yes, and the lungs could barely take it.

Very little moves and that motto: “we should rethink art as the GREATEST form Of ART itself. Not as a fearful act of expression, but as an act of eternal transgression…has become nothing but a retrospective and introspective sound I hear, something that my soul hears, my subconscious knows but I sit still.

Yes, perhaps I will give Hamlet a call, after all and arrange to meet his father, the ghost. What better place than, say, somewhere along the LIE?

Gerald Thomas

3 May 2010

PS May 5

Faisal Shahzad, 30, a U.S. citizen from Pakistan, faces charges including attempting to use weapons of mass destruction. BEAT THE SHIT OUT OF THIS BASTARD. MAKE HIM TALK. (yes, I used to work for Amnesty International as a volunteer). Now I just don’t care: Nail him to a chair, beat the m*f* until he gives us all the info about these FUCKING COWARDS!

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PORTUGAL DOMINA WASHINGTON!!!!

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New York- Até hoje os brasileiros comemoram, como se fosse algo palpável e não retórico, as três palavras de Obama sobre Lula, ou para Lula, que em português foi traduzido “esse é o cara!”. Provincianos como vocês são, estamparam isso na capa de TODOS os jornais. TODOS.  O endosso de Obama, portanto, passa a ser “a coisa”. Fico um pouco com pena de uma nação tão rica, tão linda, mas tão insegura, que ainda precisa de endossos, seja lá de quem for, mesmo que seja do mais lindo Obama. 

Já aqui, quando Obama esteve na França, logo após Londres (G20) e Sarkozy disse para ele “Je t’aime, man!”, com o “man” vindo da gíria pop, mas oriunda da slang negra americana, o presidente orelhudo francês foi o maior alvo de chacotas da imprensa americana. Bem, Obama não precisa mais de endosso retórico. Ele agora precisa derrubar os conservadores Republicanos no Congresso.

 

Brasileiro se impressiona muitíssimo com “palavras, palavras, palavras”, aquelas que Shakespeare colocou na boca de Hamlet. Hamlet, aquele que não ia para a ação por causa de tanta palavra. Às vezes me vejo amando o Brasil, mas o vejo numa situação hamletiana. Não indo nunca para a ação. CPIs que nunca dão em nada… Nada que nunca prova nada e tudo num estado de falso encantamento por si mesmo que é suprido por “palavras”. Bem, tudo bem. Monto minhas peças ou óperas aqui em NY ou pelo mundo e as palavras também me encantam, às vezes justamente pela negação que representam.

 

 

Bo, THE DOG

 

Mas imagino se Portugal agora está ou não numa situação de delírio nacional. Por quê? Afinal, BO, o cão da família real Obama, é português! Se os periódicos portugueses forem tão ufanistas quanto os brasileiros, imagino que na capa do O Publico ou do Expresso ou do Diário de Noticias deve estar estampado assim: “PORTUGAL REINA DENTRO DA CASA BRANCA”, ou mesmo “Lisboa toma conta de Washington”. Ou até “O IMPÉRIO PORTUGUÊS CONQUISTA E DERRUBA OS EUA COM UM MERO CÃOZINHO: ESTA É A FORÇA PORTUGUESA

 

Lula não falou nada no G20 de importância. Não entrou na reunião (de portas fechadas) daqueles que resolveram problemas. “Hey, you’re my man”, disse Obama a Lula, numa confraternizaçãozinha. Mas como Lula não sabe falar inglês, não houve nenhuma resposta. Uma possível resposta: “Yes, you’re my woman too!” Lindo. Lindinhos! Imagine que Obama deva ter dito coisas semelhantes ao presidente da Ucrânia, da Jeranonia, da Cracalonia e do Cerimonial. Em Elsinore, o Castelo dinamarquês onde Hamlet vive seu pesadelo, as palavras paralisam a ação! E nós, espectadores, somos paralisados pelas palavras dos protagonistas.

 

Lindo. No final, tudo é silêncio e todos aplaudem de boca aberta e queixo caído, queijo nas mãos, como se lideres políticos fossem heróis, mentirosos atores que são!

 

Os artistas também se elogiam uns aos outros. Caetano diz que Chico Buarque “é o Cara” (em outras palavras, claro).  Harold Pinter elogiava Beckett (de quem sugava tudo) e os pintores abstratos expressionistas da década de 50 se defendiam uns dos outros e não uns aos outros. Dessa forma, o mundo cria pequenos grupos, como G20, como o G220, como o G2220, ou como o Expresso 2222, que se auto-protegem ou auto Protógenes. Indignados com a estagnação ou com a auto-consciência do que está por vir (o mistério do envelhecimento), o Protógenes Sofoclógenes Platógenes criou um monstro Freudológenes que não aponta mais para o futuro e sim para o passado. Estamos em plena era da revisitação. Notaram? Estamos correndo atrás do tempo perdido, correndo dos erros dos bancos e do sistema. Qual sistema? Do imaginário das palavras. Estamos correndo atrás de uma depressão econômica.

 

Ah, menos em Portugal, onde o cão ainda é um puppy de seis meses, presente do Senador Ted Kennedy, e aquele país de velhos envelhecidos finalmente poderá levar seus poucos jovens para as ruas do Bairro Alto, ou de Alcântara ou de Alfama e berrar:  O MUNDO é LOSER, quer dizer, o MUNDO É LUSO!

 

 

 

Gerald Thomas, 15/Abril/2009

 

 

 

(O Vampiro de Curitiba na edição)

 

 

 

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Obama e o Carnaval Brasileiro

 

Miami — Enquanto os brasileiros estão pulando seus últimos momentos de Carnaval e fazendo réplicas de Teatro Municipal na Marquês de Sapucaí (seria interessante, também, ver um contraponto: a Marquês de Sapucaí dentro do Municipal – e por sua vez, com uma réplica do próprio Municipal – criando um labirinto de Escher, infinito e ensurdecedor), os Estados Unidos da América estão no TRABALHO!

  
O Presidente Barack Obama falou ao membros do Congresso e Senado e Convidados especiais. Não era exatamente uma State of The Union Address apesar de ter a cara do State of the Union Address. Foi, certamente, o mais EMOCIONANTE discurso de qualquer presidente EVER que já vi ou já ouvi nesses 54 anos em que habito esse planeta.

 

Barack Obama fala normalmente. Não se trata de oratória. Não tem aquele canto, aquela projeção desnecessária que político adota uma vez que se percebe político (assim como ator que se percebe ator!).

 

Enquanto o País em crise permanente (o Brasil) festejava mais um longo e badalado feriado, Obama e os EUA foram à luta. O Brasil pré-Medeia, ou quase Hamlet, só fica na terra do “quase”. Aqui é o seguinte:

 

Desde que assumiu a liderança no dia 20 de janeiro, Obama vem lutando pra passar suas idéias. E não são poucas.

 

Hoje ele as delineou por 52 minutos na frente de seus inimigos republicanos e amigos democratas. E, ao contrário dos eternos panos quentes brasileiros onde NUNCA HÁ CRISE, aqui o Presidente é justamente o PRIMEIRO a dizer que estamos na PIOR recessão desde a Grande Depressão (1929). Mais ou menos como colocar a réplica do Teatro Municipal dentro do Teatro Municipal e assim por diante!

 

“Nós nos reconstruiremos, nos recuperaremos e os Estados Unidos irão emergir mais forte que antes”, dizia Obama, de pé, diante de Nancy Pelosi e seu vice Joe Biden. “Ninguém mexe com o Joe” (nobody messes with Joe!), citando uma frase de Mean Streets de Martin Scorcese. Temos um presidente culto, educado. Santo Deus, que diferença!

 

Até os republicanos apertaram sua mão quando fez sua entrada triunfal! E como foi triunfal! Pois é, que loucura!

 

Os jornais de amanhã trarão detalhes explícitos sobre o discurso. Não estou aqui para isso. Mas me impressiono, SIM, e me emociono, SIM, com alguém que tem a coragem e tem princípios de admitir os erros do passado sem (necessariamente) ter que perseguir aqueles que cometeram esses erros.

 

A América está caindo para trás da China e da Alemanha, do Japão e outras nações em termos de produção de energia limpa.

 

Será que ele esqueceu do Carnaval Brasileiro? Não se produz energia limpa no carnaval brasileiro? Afinal, são 6 dias sem se produzir porra nenhuma. E produzir porra nenhuma é… no mínimo, limpo. Não é?

 

Ah, claro. Tem esse bostinha do Bobby Jindal, de Louisiana, que os republicanos inventaram agora. Sarah Palin não deu certo, fez o partido de idiota total, então agora o GOP pegou uma pessoa de “pele escura”. Não são curiosos esses republicanos? Pois ele se pronunciou logo após o ovacionado Obama. Não tem importância. Já eram 11 da noite na Costa Leste. Ninguém ouviu, nem eu.

 

Claro, Obama tomou conhecimento do descontentamento do público sobre o bailout (salvamento) para os bancos, para indústria automobilística, etc.. Mas anunciou um FIM, num tom quase ditatorial que – com dinheiro PÚBLICO do contribuinte –  os CEO’s desses bancos estariam com suas fichas transparentes de agora em diante e SEM JATINHOS PARTICULARES. FIM. FIM DE UMA ERA.

 

FIM DE PARTIDA.

 

Ah, sim, e em falar em fim de partida (já que ele foi o único senador a votar CONTRA a invasão do Iraque), hoje, mais uma vez, ele colocou seu plano de SAÍDA das tropas de lá. Não disse quando. E isso me preocupa cada vez mais. Pois parece cada vez mais longe.

 

Ah, claro. Falou que NOS ESTADOS UNIDOS NÃO SE TORTURA MAIS! (ovacionado até pelos militares presentes – e não eram poucos!). Referia-se ao fechamento da base de Guantánamo!

Ou seja: admitiu hoje, como em outras vezes, que JÁ SE USOU O MÉTODO DE TORTURA!

 

“Foi em momentos de crise profunda que esse País se ergueu. Na Guerra Civil  nos colocamos nos trilhos. Na Depressão dos anos 30 construímos nossas autoestradas, foi numa crise que colocamos o homem na Lua! Não temos mais o DIRETO de ver a garotada cair fora das escolas porque cair fora das escolas significa cair fora dos Estados Unidos (Quitting América).”

 


Forte este último parágrafo para alguém que caiu fora da escola e aprendeu tudo sentado na vida ou numa biblioteca ou nos palcos de teatro… foi um pouco ditatorial, mas sei do que ele está falando. Ele fala (indiretamente) do nível baixíssimo do sistema educacional em que se chegou aqui. Fala (indiretamente) do outsourcing, da exportação da força de trabalho, do fato de que os USA inventaram a energia solar,  mas quem fabrica a pilha é a Coréia do Sul ou a China e isso é enfurecedor!!!!! E ele fala também, assim como nenhum líder brasileiro tem CULHÃO de falar, porque o povo brasileiro não tem CULTURA pra ouvir que a ERA FORJADA da GUERRA FRIA acabou: “Nao usamos mais armas da época da guerra fria. Então, fim! Fim disso”.

 

Ovação

 

Assim, dessa mesma maneira, ele foi ovacionado quando respirou, olhou um por um nos olhos e disse: “olha aqui… podemos divergir em vários pontos. Afinal, política é isso. Mas eu tenho a certeza absoluta de uma coisa: somos todos cidadãos americanos nessa sala. Todos amamos esse país. Todos queremos que a América seja um sucesso”.

 

Gerald Thomas

 

 

 ( O Vampiro de Curitiba na edição)

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O Homem Isca – Porque o Espancam e Lhe Devolvem o SILÊNCIO

Terrorismo real X Terrorismo psicológico

(Terrorismo real e terrorismo psicológico)

 

Escrevo às 4 da manhã. Exausto de um dia de ensaio puxado, repetitivo, às vezes frustrante, discussões  técnicas, entrevistas, conversas com a equipe e o skype tocando… me encontro entre um ponto FINAL e outro, o de interrogação, assim como o personagem de “Bate Man”, ou “Bait Man” (homem Isca) que estréia em alguns dias.

Muito estranho como nós acabamos sempre no mesmo buraco que os textos que geramos para teatro. Ou será que é justamente o contrário? Pouco importa. A essa hora da madrugada, lutando pra conseguir algumas horas de sono e começar a nova batalha e me pergunto: Por que batalho, me “entrego” ou me confesso através da última fala do ator num palco de terra, caixas de vinho pelo chão, Bordeaux 1933 e Barolo 1945?

Tudo detonado. Nada mais no palco a não ser uma isca, de onde ele estava pendurado no início do espetáculo sendo espancado pela sua própria culpa ou incoerência por estar vivendo e vivenciando  o susto de ter nas mãos garrafas de vinho com datas tão significativas e, no entanto, contendo sangue humano.

Assim estou agora. Sentado num hotel, comendo pudim de leite e berrando paro o mundo o que o meu “Bait Man” fala depois que cai num desfile de modas absurdo nos dias de CRASH ECONÔMICO, onde a imagem do EU vai ficar suspensa por um tempo ou entrará num surto psicótico.

Depois de torturado, ou se deixar torturar, pela nona vez num curto espaço de tempo, “Bait Man”, ensangüentado, encharcado de suor e vinho e terra,  encara o público:

-“Proteção! Que proteção, porra nenhuma! Isso é o ESTADO entrando em nossas vidas como ESTUPRO! Não, não! Me recuso. Vou para a batalha com um Bordeaux na mão, divino como um ser humano divino, ou com um Barollo contendo sangue humano, porque assim nós somos! Assim sempre fomos.”

Nossa! 

Meu desejo é o de atacar, entendem?

Por isso mesmo DEVOREI quatro milhões de metros cúbicos de CONCRETO. É, está tudo aqui dentro. Tudo!

E-N-G-O-L-I-D-O, entenderam? Esse concreto todo!

Aqui dentro. Junto com esse vinho humano.

Uma delícia!

Delícia! Poesia concreta, arte concreta, morte concreta! É, tudo aqui dentro do meu estômago.

E, assim, eu migro pelos mundos, como se fosse o SABÃO nas mãos de Poncio Pilatos ou uma esponja na sola de Mick Jagger. É isso.

Pronto: É o que tenho a dizer, Kurt Cobain!

Ah, aquela parte da tortura… e que ela vale a pena? Deus me livre! A gente diz tanta coisa, né?

Vive tanta coisa, né? Tanto afastamento, tanto silêncio…

SILÊNCIO!

Caramba!

Como a gente vive num tremendo SILÊNCIO que as pessoas nos devolvem… isto é, quando elas não nos POSSUEM, ou querem possuir, elas nos dão os ombros e o silêncio BRUTAL.

Como é BRUTAL o significado de tudo isso!

Como tem gente escondida dentro desse silêncio. É quase como nessas garrafas, mas sem o sangue. Hoje, NEM MAIS SANGUE HUMANO TEM.

POR ISSO ME ESPANCAM! AH, ENTENDI!

BRUTAL, o significado de tudo isso! Gente escondida dentro desse GIGANTESCO silêncio. E  nessas garrafas? Todas as obras inacabadas da humanidade?

E os imbecis solitários as bebendo sem saber, nos bares e nos restaurantes, olhando o rótulo, sendo enganados por algum sommelier dando pinta, dizendo: “Bem, esse aqui tem um sabor arredondado e cheio, digamos, com o carvalho ainda no céu da boca, por assim dizer, e a fruta fresca levemente mordida pelo selênio, uma fruta ainda em estado de ‘crescimento’ e portanto algo híbrido, merlot, cabernet e… recém chegado da coleção  de um milionário australiano…”

PORRA! Mal sabe ele que lá dentro pode se esconder a obra inacabada de um Franz Kafka ou de um Calderon de La Barca ou mesmo… Ai que desespero! Todo mundo bebendo literatura inacabada ou sangue de assassinos ou mártires e nós aqui, posando de…

Que Tortura! O Analfabetismo! Digo, essa nova forma de braile através da degustação de vinhos humanos. Não funciona! O leitor, digo, sei lá, ficará bêbado e não se lembrará do que leu, ou seja, bebeu!

Educação… pra quê? Ah, para que a gente tenha uma noção de “cultivo da memória” e de “memória da lembrança”, ou vice-versa. Gente! Quem está aí fora?

ÍCARO? ERA ISSO então? Ou Átila? Ou Homero? Ou o quê? O que é para eu aprender aqui? Sério?

Gente, agora é sério!

Rolhas? Sangue Royal? Virar uma Pintura VIVA de Francis Bacon desfilando para ser comprado pelo Damien Hirst e virar uma sátira de mim mesmo? NÃO! Não sou mais quem eu sou porque não estou mais pensando quem eu penso no que estou pensando e vocês nao estão vendo exatamente o que vocês ACHAM o que vocês estão vendo, então sugiro uma… PAUSA de… um mês. Ou então o aplauso que o Próspero pediu ou uma condenação que Prometeus pediu ou então o silêncio que foi concedido a Hamlet pelo Fortinbras porquê…

Porque…

Porque…

Porque…

Gerald Thomas

Dez, 2008

(O Vampiro de Curitiba na edição)

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Depois do Debate: leia no fundo desse texto: nota do NYTIMES!Abbey Road vista de Miami: John (McCain), Paul, Obama e Ringo???

Samba Final

 

(Estou cego de verdade)

 

Miami- South Beach.

 

Quando quero dar um pulo para fora de mim mesmo e ver o mundo de fora, venho para cá. Por quê? Porque Miami não existe! Amo essa milha e meia do Ocean Drive, aqui no Art Deco District.

Amo essa total liberdade de TUDO num dos estados mais conservadores. E fiz questão de fazê-lo, a poucas semanas das eleições, justamente na noite ou no dia em que, AFINAL, teremos o tal debate entre McCain e Obama, do qual o primeiro tentou escapar.

 

Ontem, na Casa Branca, McCain deferia qualquer pergunta a seu financial advisor. Obama foi lá, convocado por Bush, o que eu também acho um absurdo. Mas á essas alturas o que eu não acho um absurdo? Só falta o Hugo Chavez aparecer aqui em Miami e dirigir um táxi! Enfim, Obama laid out. Como se fala? COLOCOU seu plano durante 40 mintutos.

McCain Calado.

 A CNN capitalizou: eles levarão o debate para as TVs do mundo e não mais somente à ABC.

 

SINFONIA dos DES-DITOS 3

 

Capa do New York Times de hoje, vista de Miami, é muito engraçada.  Aqui, do meio de las putchas, do meio desse caos fantástico que amo, mi-amo, e onde a mansão de Versace virou um private hotel (o que será um “private hotel”?  Hummmm…), a foto de Obama e McCain andando PARECEM meia ABBEY Road, ou seja, Half Beatles.

Já que só restam dois deles mesmo, será que a semiologia está implícita?

Paul MacCartney

Ringo

John (McCain)

Barack

 

Eles não estão andando numa “zebra Crossing” e nem estão em West Hampstead ou em Kilburn ou sequer estão no mesmo lugar. Mas me faz pensar.

Me faz pensar que há 20 anos atrás, quando meus nervos não estavam tão a flor da pele ainda, mas a pele recebia mais flores do que hoje… eu escrevi e montei um espetáculo chamado “Movimentos Obsessivos e Redundantes para Tanta Estética”: M.O.R.T.E.

 

Bete Coelho, Damasceno e Edílson Botelho, e um enorme elenco de brasileiros, levaram ele para o mundo. Até para Taormina fomos, Zurich e o escambau, fomos.

 

Ele era uma homenagem àquele que amarra e sufoca TUDO, embrulha tudo como se fosse um PACOTE, o artista Christo. E, dentro da peça, o personagem principal ouvia um relógio tic- tac dentro de um outro ser grávido. Era um homem- bomba quando ainda não tínhamos homens-bomba, que horror! Esse personagem principal (na primeira versão, Bete Coelho, segunda, Edi Botelho), era um escultor que não conseguia esculpir. Por quê? Porque as pedras em que tinham que esculpir já estavam embrulhadas por pano pelo CHRISTO, o embrulhador.

 

Paralelo com a política, total!

Paralelo com Hamlet, total: todos os personagens eram Hamlet, Ofélia, etc.

Aqui vai, de MIAMI (lembrado por Marina Salomon), o trecho final, o SAMBA FINAL que encerrava o espetáculo:

 

Quem faria isso comigo?

Olhe fundo nos meus olhos e diga!

Aqui? Um universo?

Os de cima, os de baixo?

 

Os menores erros… EU DISSE

Os menores erros EU DISSE

EU DISSE!

LUZ!

SOM!

Palavras!

Mas do que valem?

Nossos poetas estão mortos

Nossa musica não tem heroísmo

 

Nos não temos corpos, somos fracos, somos rasos

Nossos casos, moribundos.

Julgamentos: cada caso, um acaso.

Nossa obra, uma obra do acaso total.

 

CLAMO!

EU DISSE

 

CLAMO!

 

Que me acordem se eu estiver dormindo

Minha angustia, meu espírito!

 

CONVOCO!

 

EU DISSE!

CONVOCO!

 

Uma NOVA geração de criadores!

Que se afunilem

E que se intoxiquem

E ouçam os lamentos das cidades!

Que se estrangulem, mas achem a geometria das cidades!

 

CONVOCO!

EU Disse. Convoco. Um novo Parangolé Brasileiro!

 

E Que chova sobre a NOSSA POESIA!”

.

 

Não faço mais teatro. Faço ópera. Ópera seca. Há anos digo isso e há anos faço isso. Só que agora mais do que nunca.

Estou constrangido pela falta de pensadores no mundo. Constrangido pela falta de loucos, obcecados, visionários. Parece que só existem os políticos e os que entretém os políticos com shows ou com consentimento. O nojo nacional é, antes de mais nada, um nojo cultural. E não adianta centralizar informação e distribuir verba. Isso vira FBI sangrento e burocrático e, para minha infelicidade, não parece mais ópera.

 

M.O.R.T.E.

 

(Movimentos Obsessivos e Redundantes pra Tanta Estética), há mais ou menos vinte anos.

 

Desabafo – espetáculo de Gerald Thomas com a Cia. de Ópera Seca de 1990, endossado em South Beach em Sept 2008.

 

 

(Na edição, O Vampiro de Curitiba)

 

PRATICAMENTE ACABOU O DEBATE: DEPOIS COMENTO: TÉCNICAS BÁSICAS DE DEBATE: McCAIN: EU ESTIVE MAIS TEMPO AQUI. EU CONHEÇO AS TÉCNICAS E ESTRATÉGIAS MELHOR MEU FILHO, GAROTO, “O QUE O GAROTO (OBAMA) NAO PARECE QUERER ENTENTER (what the Senator doesn’t seem to be able to understand) over and over and over.

ESSA É A TATICA

NÃO OLHAR NUNCA NOS OLHOS DE OBAMA

RIR SEMPRE NA HORA DA RESPOSTA DO OUTRO

É ISSO

SERÁ ISSO

E PROVAVELMENTE SERÁ ELEITO

FALO DE McCAIN, o Quarto Beatle. Não falou dos Weapons For Mass Destructions no Iraq que não existiam, não falou do massive tax break pra elite, não falou que o Irã era mais enfraquecido com a presença de Saddam Hussein.

SÓ TEM UM PROBLEMA: MCCAIN ESTÁ AQUI HÁ MAIS TEMPO, SIM!

MCCAIN ASSINOU MAIS ACORDOS SIM!

E JUSTAMENTE POR ISSO

JUSTAMENTE PORQUE FEZ ISSO E AQUILO

JUSTAMENTE PORQUE CONHECE AS ENTRANHAS DOS MECANISMOS

É QUE ESTAMOS NA MERDA EM QUE ESTAMOS!

É QUE ESTAMOS NA MERDA EM QUE ESTAMOS!

É QUE ESTAMOS NA MERDA EM QUE ESTAMOS!

Mas é assim!

Chega!

GT

 

 

 

 

Do New York Times de sábado:

 

 

The two men met for 90 minutes against the backdrop of the nation’s worst financial crisis since the Great Depression and intensive negotiations in Congress over a $700 billion bailout plan for Wall Street.

Despite repeated prodding, Mr. McCain and Mr. Obama refused to point to any major adjustments they would need to make to their governing agendas — like scaling back promised tax reductions or spending programs — to accommodate what both men said could be very tough economic times for the next president.

For the first 40 minutes, Mr. Obama repeatedly sought to link Mr. McCain to President Bush, and suggested that it was policies of excessive deregulation that led to the financial crisis and mounting economic problems the nation faces now.

“We also have to recognize that this is a final verdict on eight years of failed economic policies promoted by George Bush, supported by Senator McCain — the theory that basically says that we can shred regulations and consumer protections and give more and more to the most and somehow prosperity will trickle down,” Mr. Obama said. “It hasn’t worked and I think that the fundamentals of the economy have to be measured by whether or not the middle class is getting a fair shake.”

Mr. McCain became more animated during the second part of the debate, when it shifted to the advertised topic: foreign policy and national security. The two men offered strong and fundamentally different arguments about the wisdom of going to war against Iraq — which Mr. McCain supported and Mr. Obama opposed — as well as how to deal with Iran.

More than anything, Mr. McCain seemed intent on presenting Mr. Obama as green and inexperienced, a risky choice during a difficult time. Again and again, sounding almost like a professor talking down to a new student, he talked about having to explain foreign policy to Mr. Obama and repeatedly invoked his 30 years of history on national security (even though Mr. McCain, in the kind of misstep that no doubt would have been used by Republicans against Mr. Obama, mangled the name of the Iranian president, Mahmoud Ahmadinejad, and he stumbled over the name of Pakistan’s newly inaugurated president, calling him “Qadari.” His name is actually Asif Ali Zardari.).

 

 

PS. do Vamp: Sobre o ocorrido: Um vagabundo entrou com nicks de outras pessoas e postou comentários em nome das mesmas. Todos sabemos quem é o vagabundo. Aqueles que deram o e-mail para o vagabundo terão que mandar um e-mail diferente para o Gerald e só comentar aqui no Blog com o e-mail novo. É o preço a pagar por não saberem escolher amizades. Quanto ao vagabundo: Eu sei quem é ele. Ele sabe que eu sei. Eu sei onde encontrá-lo. Ele não imagina quem eu seja. O mundo dá voltas, mas é na reta que resolvemos nossas diferenças.  Não hoje, não amanhã, mas resolvemos!

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Querem matar a Amy Winehouse de qualquer jeito, mesmo que ela ainda não esteja pronta para morrer!

Estão Matando Amy Winehouse!

Londres

Estranho! Aprendi perspectiva com… Não! Esquece. Não era sobre isso que eu queria escrever. Era sobre a morte da minha mãe. Vai fazer dois anos. E, por um acaso incrível, ando pelas ruas de Londres. Não, ninguém consegue explicar.

Ah, sim: uma amiga muito querida me mandou um e-mail dizendo que um colunista carioca havia escrito a respeito de mim e de Sergio Britto, com ironia bem humorada e cáustica ao mesmo tempo, lembrando os bons tempos do “teatro de polêmica”.

Ontem saiu um artigo meu na “Ilustrada” sobre a retrospectiva de Duchamp. Talvez eu publique aqui no Blog. Mas é que a crítica era, de certa forma, uma remontagem de um artigo que eu já havia publicado aqui nesse espaço.

ESTÃO MATANDO A AMY WINEHOUSE

E não irão desistir antes que consigam! A imprensa precisa de cadáveres. Principalmente essa imprensa daqui, a britânica, que se nutre de corpos mortos: coisas de madness of King George ou Henry V ou Richard III ou Mary Stuart, Queen of Scotts.

Se na América a imprensa persegue a Jolie e o Pitt e querem saber dos filhos e tal, aqui é sex, drugs e rock and roll. E nunca foi diferente: não falo somente dos tablóides: estou emigrando para o Telegraph, para o Guardian e para debates no Old Vic e seminários que querem, absolutamente QUEREM, que AMY WINEHOUSE morra para que seja idolatrada como mártir de uma geração perdida. Mais uma causa perdida. Mas perdida por que e para quem?

Eis uma bela questão, não é mesmo, Hamlet?

Se Janis Joplin, Hendrix e Jim Morrison morreram todos lá, em torno dos seus 27 anos, eles certamente não eram uns “Rebels Without a Cause”. Suas rebeldias vinham junto com a contracultura dos anos em que se lutava com o tal “paz e amor” e flores na cabeça (e injeções enfiadas no braço), berrando slogans contra o Vietnam, seguindo os dizeres de Abbey Hoffman ou Jerry Rubin – todos mortos, um por atropelamento, outro por câncer, tudo peixe morto: MEET THE NEW BOSS. Same as the old BOSS!!

Enquanto Pete Townsend, do “The Who”, já pegava o cabo de sua guitarra e metia o pau em Hoffman por ter chamado os integrantes desse grupo… Chega, não vou voltar no túnel do tempo!

Não tenho tempo: Amy Winehouse e a causa dos tempos perdidos, e os rebeldes sem causa, e a fragilidade dessa menina judia com um yiddish PAPA que a salva, e sua auto-estima, e… Onde quero  chegar:

Todos amam uma decadência: todos AMAM ver a Judy Garland caindo aos pedaços ou a Ângela Ro Ro fazendo escândalos,  a Vera Fisher enfiando a faca na empregada ou a Maysa se embriagando ou o João Gilberto enfiado no quarto do Gramercy Park Hotel por meses a fio ou o Miles Davis.

Fato é que, olhando uma celebridade consumindo drogas, a sociedade (principalmente essa daqui, a britânica, pra onde Rosencrantz e Guildernsteen trouxeram o Príncipe da Dinamarca porque aqui era, OFICIALMENTE, a terra dos loucos  (e, ao que se conta, a Rainha Elizabeth I, ao ver e ouvir isso na platéia do Globe, morreu de rir), se sente livre pra deitar e rolar.

Pausa pra um intervalo autobiográfico: eu era motorista de ambulância aqui, no Royal Free Hospital: foi uma curta, mas válida experiência. Como não deu muito certo, acabei tendo que “recolher junkies” em Piccadilly Circus Station (lá em baixo, na estação de metrô), onde existiam verdadeiras famílias que esperavam “score” uns trocados: eram carne e osso, dentes pra fora, os braços todos fudidos, roxos de picadas – porque a Boot’s, farmácia 24 hs. (daquela época, inicio dos 70), lhes davam, em última instância, uma injetada de metadona.

Nossa função: recolher esses esqueletos e levá-los para Crystal Palace Recovery Center. E para quê? Só para vê-los lá. Na noite seguinte, os mesmo junkies, as exatas mesmas pessoas! Escapavam da clínica durante o dia e conseguiam voltar para o Central London, para o Inferno.

Enfim: Amy, a heroína, sem metáforas!

Cito Jenny McCartney do Sunday Telegraph: “No momento em que a política de guerra é declarada – seja ela qual for- já está fadada a falhar”. E assim é com a guerra contra as drogas. Está mais ou menos estimado que, entre 1996 e 2005, a polícia inglesa apreendeu somente 12 por cento da heroína e 9 por cento da cocaína que foram importadas para dentro dessa ilha.

E mais eu não posso dizer. Por quê? Porque senão acabo boiando no rio mais literalmente limpo do mundo, o Thames – que, modesta parte, meu tio Joachin Sievers ajudou a limpar. Ou no Tietê, um rio extraordinariamente LIMPÍSSIMO! Tão limpo que você consegue ver a espuma do sabão e do shampoo boiando nele!

Amy Winehouse está morrendo a cada dia através da imprensa! A cada dia, parece um sopro de sobrevida!  Mas quanto a essa sociedade movida a “gentlemen’s clubs” e que ainda divide meninos de meninas em muitas boarding schools e…

Pára, Gerald! Senão…

Afinal você retorna ao lar, não é? Seja grato e bata palmas duas vezes no Café Rouge, uma vez no Café Blanche e……

FIQUE QUIETO!!!! Aqui na Inglaterra, a sociedade não te condena! Ao contrário do Príncipe da Dinamarca, ela sai, SIM, das palavras e vai para a ação! Só que atrás de portas e janelas muito bem lacradas!

Gerald Thomas

(Vamp na edição)

PS 1 do Gerald: eu PRECISO publicar no corpo desse Blog o seguinte comentario. Nao sei muito bem porque, mas justamente hoje ele me pareceu ser um “tratado” a tudo que o Brasil tem de Sergio Porto. Vamos a ele:

04/08/2008 – 14:41 Enviado por: Cláudio de OliveiraÉ isso ai, até quem fim um tema para o Sr. comentar sem parecer ou ser arrogância pura. Gostei do Sr. falando de suas experiências profissionais, o sr. que se acha assim tão acima de todas as coisas, porém tive uma certeza, vc é realmente um grande bunda-mole um Datena intelectualoide. Estudou na escola do Ratinho, àqueles que berram e berram o óbvio, chamam o prefeito, o governador, o cantor o trabalhador de merda, de burro e vive disso. Por isso acha-se muito esperto, apesar das nove óperas todas de autores clássicos e neo clássicos. ui?
Somos um paizinho mesmo, onde já se viu alguém preferir Luiz Gonzaga a Wagner? Sua Suna a Beckt?
Seu problema é que não sabe chegar e sair dos lugares, jamais vai saber o que é alimentar-se de boa comida, banhar-se de sol, dar uma boa gargalhada, não sabe por que não pode, tem de ficar ai alimentando o fetiche de branquelos infelizes que sentem-se insultados com o suor dos corpos dos trópicos.
A grande dificuldade do sr. é entender por que deseja tanto ser possuido por esse povo, por que apesar de tanta superioridade o sr. perde tão nobre tempo espizinhando o povo brasileiro.
Olha branquelo, nascesse antes, seria o Diretor ideal para os espetáculo da alemanha de Hitler e foda-se se vc for judeu…

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Final da BlogNovela – Triste fim Político e romântico como em Casablanca: DantasAir: Divina Comédia

BlogNovela – parte 10 TRAGÉDIA!

Alguém entra no quarto. O autor não presta atenção, mas a porta abre lentamente. Uma sombra de figura aparece e pára na Franca Rame da porta. O que foi que eu disse? Franca Rame? Moldura, óbvio. Que bobagem. Moldura da porta. A porta não passa de uma pintura híper realista.

Nesse momento acontece algo inédito. Não, inédito não. Autor e narrador se confundem, ou melhor se fundem e viram uma só pessoa. Assim como no parágrafo acima, o narrador se “entrega” e diz “O que foi que EU disse?”

Pronto. A BlogNovela chega a um ponto crucial. Narrador e personagem jamais podem ser vistos juntos assim como Clarke Kent e Superman ou Lula e o autista, digo, artista da esquina. Assim, ao abrir da porta, o autor se dá conta de que, além do enorme clarão de luz, um ser muitíssimo estranho estava lá de pé. Digo estranho e de pé. Plantado lá, e ainda assim, e de pé. O autor no chão, como numa câmara de tortura, dias sem luz e água, num chão de cimento, incomunicado e incomunicável no pior estilo Guantanamo, e já sendo procurado pelos seus blogueiros e pela Amnesty International, Human Rights Watch e Red Cross International, a figura de pé finalmente diz alguma coisa.

F – Era que…

Autor – Como?

F – Era que….

Autor – Desculpa, mas…..está escuro, molhado, digo….úmido, digo, húmido, quente, essa fumaça e eu não esperava…

F – Eu queria te dizer que vim aqui assinar…

Autor – Assassinar?

F- Assinar. Papel. Soltura. Habeas Corpus. Estou aqui para…

Autor – Vem, deita aqui do meu lado. Tô carente, nu, molhado….vem.

F- Sou Juiz dos Céus!. Pára com isso! Os papéis estão aqui (faz sinal de comando pros guardas)

O autor é carregado pra fora da cela. Dão um rápido banho nele. Devolvem-lhe o terno, gravatas de Sobel, e ainda ganha um sapato da Prada.

Autor – Foi a Franca Rame? Foi O Dario Fo?

F- Não, foi o Supremo. Foi o Reino Supremo de Deus. Aqui não queremos prender ninguém. Você é poderoso. Têm as costas e os membros duros e quentes. Sabe muita coisa. Sabe quem é Franca Rame e Dario Fo, Pirandello e outros italianos que escrevem ou escreviam. Pronto, aqui estão os teus papéis querido: pega o primeiro avião. Estás solto. Não tem mais problema. Ninguém mais te põe a mão.

Autor – Mas e essa investigação, esse sofrimento, há quatro anos? Eu morria de medo, entende? Por isso me meti na tal. Não, Natal não, na tal da BlogNovela…pra tentar desaparecer..

F – Não se preocupe. Aqui é assim. Preferimos Hamlet ou melhor, Fortimbras, o braço forte de Shakespeare, seu contraregra, seu ítalo/brasileiro, BRAS, isso lá em 1500 e caquerada…e o resto é silencio! Se, por acaso alguém te ameaçar de novo, tem problema não (tosse!)

Autor – Saúde!

F- Sei lá, preciso cuidar da saúde. Mantive uma curiosa relação com um transex….Esquece. Demos um jeito naquilo, naquela também. Introduzi os bombons de licor!

Autor – Aquela traveca com o bafômetro foi o Senhor?

F – Temos as nossas Listerines, não é?. Vá. Vá pra casa e defenda os seus opportunities meu filho.

Autor e F se despedem. Assim, como no pior estilo de um filme pulp, o autor atravessa uma longa pista de aerporto coberta de fog. Ainda olha pra trás pra ver se Ingrid Bergman o está seguindo para chamá-lo de volta. Mas percebe que a cena está invertida. O jatinho hoje é moderno e não estão em Casablanca. O triste tema “A Dream is just is just a dream” não lhe sai da cabeça enquanto pensa “eu sou livre” e “He’s looking at you kid”. Mas livre do quê? E todos os meus amigos? Todos aqueles amigos do Blog com quem eu queria montar M.O.R.T.E. versão 3?

Ainda do alto da escada no jatinho, o autor acena para o juiz e percebe que terá o restos de seus dias SOZINHO, mesmo que em liberdade.

O avião decola. Algumas pessoas assistem e notam um logo estranho, novo na cauda do avião: “DantasAir/ Devine Comedy”

Minutos apos a decolagem, ouve-se uma enorme explosão. FLASH and CRASH!!!!

No rádio e na TV os rumores são de que o autor, finalmente, conseguiu montar seu M.O.R.T.E. finalmente na mais santa impunidade e seguindo a regra sagrada do país que ama, onde roubar ainda é uma arte sagrada quando se faz parte de uma elite intocável.

Ensaio de FIM

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