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Wrong information!!!!

This tiny note says that I will be the curator of Afro Reaggae’s theater or cultural center in Vigario Geral, Rio. It’s not quite that way. They did get in touch with me and I replied: I live in London and in New York and how am I expected to be the curator (virtual, perhaps?)  of a theater in Rio? But the press publishes anything they want, without running it by me. They all have my email addresses and/or phone numbers.Is it really so difficult to make a goddamn call?

not quite true

Gerald ThomasLondon 18 April 2010

PS: in Jornal do Brasil, this Sunday, MORE …

JB online
Em 2008, Gerald Thomas se arriscou em formato híbrido No Brasil, em 2008, Gerald Thomas lançou mão das possibilidades da rede para produzir e veicular uma linguagem teatral híbrida que denominou “blog novela”. A experiência ficou no primeiro episódio, O cão que insultava mulheres – Kepler, the dog (2008), encenado no Sesc Avenida Paulista e transmitido em tempo real no blog que o diretor pilotava no portal Ig. A tentativa de criar uma dramaturgia interativa, esculpida a partir dos comentários que os internautas postavam em seu blog, era motivada por uma insatisfação pessoal. “Teatro é chato pra burro. Blog tá meio chato. Jornal é chato. A internet tem essas possibilidades. Resolvi então criar um híbrido”, comentou o autor sobre a ideia à época. Tempos depois, em setembro de 2009, ao longo de uma série de entrevistas em que anunciava o seu afastamento por tempo indeterminado do teatro, Thomas, um tanto quanto desencantado com a produção artística contemporânea, tomava partido contrário, e insurgia com ceticismo ante à convergência de mídias. “Teatro não é tecnologia, é algo para que o público esteja na presença do ator, a metros dele. Se você tenta transformar em tecnologia, fica pretensioso. Essa integração de mídias é a maior mentira que já houve”, disse. Procurado agora pela reportagem do Jornal do Brasil, Thomas foi sucinto: – Vamos ver se tenho saco para isso. Melhor perguntar para os “outros diretores”. Boa sorte – respondeu, por e-mail.

UPDATE , April 20

Correction was made by Gente Boa:

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O BRASIL QUER SER CONHECIDO POR INCENTIVAR SEQUESTRADORES?

Por que Sean ainda não foi?

Por Barbara Gancia, Folha de São Paulo

Com interferências minhas, Gerald.

“É fundamental que Sean Goldman seja devolvido com a maior brevidade possível à guarda de seu pai, David”

Barbara – “QUANDO COMECEI A FALAR sobre o caso da guarda pelo me nino Sean Goldman, 9, imaginava que o padrão verde-amarelo de sempre iria prevalecer. Somos um país de torcedores que não entra no mérito da disputa. Para nós, se há um brasuca na parada, é do lado dele que sempre iremos nos alinhar. Já devo ter dedicado uns dez ou 12 posts no meu blog mais uma coluna neste caderno Cotidiano à luta para ver quem fica com Sean, se o pai, David Goldman, ou se o padrasto, João Paulo Lins e Silva, apoiado pela família da mãe. E, até agora, descontando os comentários daqueles que se identificaram como amigos da mãe ou parentes de amiguinhos da escola de Sean, creio que posso dizer com alguma segurança que apenas 20% dos meus leitores apóiam a permanência do menino no Brasil. A maioria das pessoas que me escreveu até aqui para falar do caso se mostrou estupefata pelo fato de o menino ainda não ter sido devolvido ao pai. Alguns chegam a usar a palavra “sequestro” para descrever o ato que o viu subtraído de David Goldman nos Estados Unidos.”

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Gerald- Quando eu comecei a comentar o caso (reproduzindo inclusive o próprio Blog http://www.bringseanhome.org aqui), a resposta também foi “overwhelming”. O maior problema, nesse caso, é a lentidão  da Justiça Brasileira. Um juiz dá a sentença. Vai um Ministro do STF e anula! (O Dateline NBC acompanha o David nessas jornadas). De repente, o STF inteiro vai e anula a “última anulada” e devolve ao meritíssimo juiz que fez o ÓTIMO relatório de 82 páginas. Se fosse por ele, Sean já estaria aqui, nos braços do pai, em New Jersey. Isso pode demorar uma eternidade.

O mais surreal disso tudo? O Padrasto, João Paulo, parece não estar dando conta de tudo isso: então o garoto está sendo criado pela avó!!! Isso sendo que ele TEM UM PAI BIOLÓGICO que já fez, pelos meus cálculos, 14 viagens pro Brasil. Sean vive um pesadelo de Garcia Márquez só que reduzido aos seus nove anos. NOVE ANOS de SOLIDÃO!

Sua mãe, Bruna, infelizmente morta, ano passado, JAMAIS deveria tê-lo “seqüestrado” para o Brasil. Sim, foi uma abdução na medida em que ela mentiu pro David. “Eram férias de 3 semanas. David iria encontrá-los no BR no final das férias. Mas ela já mantinha um namoro (que virou casamento) com um poderosíssimo advogado, de uma linhagem de poderosíssimos advogados, chamados Lins e Silva.

Será que o Brasil quer ser conhecido por abduzir menores? Não, acho que não. Vocês também acham que não.

Prossegue o artigo da Bárbara:

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Bárbara – “Acho no mínimo interessante constatar que o meu leitor, que demonstra estar seguindo o caso com grande interesse e proximidade, tenha deixado o ufanismo de lado e resolvido tomar as dores do pai norte-americano em detrimento dos familiares brasileiros. Parece claro que tanto o padrasto quanto a família da mãe levam em consideração os melhores interesses de Sean. Ele é muito bem tratado, conduz uma vida regrada, tem tudo do bom e do melhor e é assistido 24 horas por dia nos 365 dias do ano. Mas a minha tendência é a de concordar não só com a opinião dos leitores do jornal e do blog, como com a decisão do juiz da 16ª Vara Federal do Rio, Rafael de Souza Pereira Pinto, que expediu sentença de 82 páginas sobre o caso. A decisão ressalta: “É fundamental que (…) seja devolvido com a maior brevidade possível à guarda de seu pai, de maneira que a sua readaptação à família paterna possa também reiniciar-se de maneira imediata” e que “chega mesmo ao plano do surrealismo” que uma pessoa sem poder familiar sobre o garoto (no caso, o padrasto) se oponha à entrega da criança ao pai. “Admitir a possibilidade significa abrir perigosas brechas capazes de consagrar verdadeiros absurdos.” Ouso dizer que não existe motivo nenhum para que Sean Goldman continue a viver com um padrasto que enviuvou jovem e que pode e deve voltar a se casar e a constituir família, quando tem um pai que nunca o abandonou ou teve a intenção de abrir mão dele. Quanto à hipótese de que o menino é quem tem que decidir se fica ou não no Brasil, o próprio pai do padrasto, o advogado Paulo Lins e Silva, especialista em alienação parental, poderia responder que essa não é a mais sábia das decisões. Em palestra disponível no YouTube, ele discorre longamente sobre o poder da mãe em uma separação e como, por passar mais tempo com os filhos, ela pode manobrar para colocá-los contra o pai. No caso de Sean, que tem nove anos, quem passa mais tempo com ele é a família da mãe.”

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Gerald- É legal constatar que não se trata de uma campanha somente de “gringos” (como vocês gostam de chamar). São milhares de brasileiros torcendo pela volta de Sean pra cá.

Mas ele vive nesse limbo. Pela lentidão de um Tribunal, jogando a bola pro outro e assim por diante, essa “coisa” poderá demorar anos. Quem sofre? O menino. E ele, ao que parece, já não está bem. Por quê? Porque não tem a figura paterna nem materna por perto. SOFRE DE ALGUNS ANOS DE SOLIDÃO. Mas tenho a certeza de que o Brasil não quer virar Macondo. Macondo, aquele lugar ou estado surreal e perdido, de Gabriel Garcia Márquez.

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Museu do Holocausto, Washington DC

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Eu ia escrever sobre o Holocausto dentro do Museu do Holocausto, anteontem, em Washington DC e os Nazis, etc.. Mas esse assunto é ainda mais surreal. Em pleno 2009 um cara mata um guarda negro do museu, consegue fugir. Os arianos, essa coisa de raça pura, deus me livre! Sei, claro, não sou inocente: sempre teremos esses “losers” e malucos que se preenchem quando seguem alguma suástica ou algum liderzinho de merda. Impressionante.

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Enfim,  mais uma vez, nesse blog eu termino: Bring Sean Home. In the meantime, good luck kiddo and don’t let them drive you crazy. We’re all rooting for you.

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Obs: fiquei felicíssimo ao ler a Folha e me deparar com esse artigo da Gancia.

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Gerald Thomas, New York, 12/06/2009

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(O Vampiro de Curitiba na edição)

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Um Ano de Blog no IG

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 .          (Antes do Blog, em Paris)                                      (Depois do Blog)

 

New York – Miami: Cinco anos e meio de Blog corrente, de conta corrente que não se esgota, graças a vocês! Hoje, exatamente hoje, esse Blog comemora um ano aqui no IG.

E, no entanto, os espelhos!  Estejam lá onde estiverem (os espelhos), são somente humanos. Retratam nossa dor. Retratam nosso humor. Retratam nossa estima. Meu medo? Quem estaria ou estará atrás desses espelhos! Quem nos vê da maneira que ninguém mais nos vê. Ou seja: Quem enxerga MESMO, de verdade, nossa alma?

Alma, aquilo que poucos conseguiram até hoje retratar.

Esse ano passou como uma flecha! Foi um ano devotado, praticamente todo ele, á eleição de Barack Obama. Foi, de minha parte, uma tensão doida!

Tem um corpo morto no chão, aqui do meu lado, enquanto escrevo. Sou eu mesmo. Não me reconheço mais. Parte de mim se foi. E não estou tentando brincar com palavras, não estou tentando fazer joguinho com as parolas. Sim, morri de várias formas. Fui traído por vários amigos. Ainda não sei muito bem por quê. Talvez um dia saiba.

Blog traz dessas coisas: em teatro temos um mundo muito EXPLOSIVO. Ele se mostra na hora. O aplauso ou a vaia são ali mesmo, no final, quando cai o pano! Sabemos dos cochichos, sabemos do veneno, mas “sabemos”. Nossos inimigos, por assim dizer, se tornam nossos maiores amigos assim, da noite pro dia, como se nada jamais tivesse acontecido. E aceitamos isso.

A Decadência dos tempos de hoje, com tanto artista legal fazendo tanta bobagem, me choca! Deixa-me triste! Meu corpo morto aqui do lado ainda não foi achado pelo time de “Law & Order Special Victims Unit”. No momento em que encontrarem esse meu corpo em decomposição, constatarão que ele foi molestado, espancado, torturado por tanta, mas tanta burrice, tanta besteira e tanta pobreza cultural que ele leu nesse último ano. E o médico legista não terá um diagnóstico! Aliás, não há!

É de se questionar tudo mesmo: em que ponto de nossa cultura estamos? Como nos vemos? Quem nos vê? Como somos enxergados? Se Richard Wagner nos visse hoje (seu aniversário, by the way), como ele nos veria?

Obama tenta imprimir nessa linda terra nossa uma proposta de um NOVO SISTEMA LEGAL em que terroristas  poderiam ser presos ou detidos por um tempo prolongado DENTRO dos USA (sem julgamento em vista). Qual a diferença entre isso e Guantánamo? É que aqui dentro eles teriam acesso ao sistema judicial. “Ou se prova que são culpados, ou deixa-os andar”.

A Arábia Saudita está conduzindo um programa de reabilitação de ex-membros do Al Qaeda. Entre erros e acertos, a margem é de 80 por cento.

Meu corpo morto aqui do lado, infestado de Kafkas, de Becketts, de Orwells, de uma literatura praticamente obsoleta quando olho essas estantes (retornei pra casa ontem e ainda olho tudo numa ressaca terrível), vejo esses volumes de Joyce, de Gertrude Stein, de sei lá quem. Não nasci com um nome bom. Quem dera. Deram-me um nome vulgar.

Sim, agradeço muitíssimo aos meus mestres! E como! Eles têm nomes sonoros. Mas na autópsia desse corpo não sairão sons. Nunca sai som, a não ser o som do vento armazenado nas entranhas, nos intestinos, o som dos gases, o som gutural do tempo perdido de Proust, o som de certa amargura por não ter sido entendido por A, B ou C.

Escreve o leitor “José Augusto Barnabé”: 

“O Gerald, chegou a hora definitiva de a arte e a criação representar pelos seus meios, o futuro.Acho que Da Vinci foi o último, nos seus escritos e desenhos, que geram até hoje controvérsias e discussões.Não há mais espaço para Inquisições, que se mostrou uma fraude política.O Artista tem que achar forças para se desvincular do Sistema, ser um pouco Iluminatti, escancarando até essas próprias sociedades secretas, também fraudulentas, e criar.Na imaginação está o nosso gene, e o artista que tem o dom da sensibilidade, a aplica melhor.O Planeta está mudando rapidamente, e não é coisa para 500 anos como na época do Da Vinci. É coisa para já.Se os artistas não perceberem, vão deixar de existir e continuar sendo os BOBOS DA CÔRTE.Ficção? não sei. E o Sistema não o é?Você não tem nada para comentar, porém tem muita coisa a fazer, se não desocupa a moita, meu caro”.

Difícil, muitíssimo difícil responder qualquer coisa que coloque Leonardo Da Vinci no meio. Até Shakespeare, em sua última peça, “A Tempestade” (praticamente autobiográfica), se viu num espelho e enxergou um futuro não sangrento. Foi a única tragédia desse magnífico gênio não sangrenta: Prospero, o personagem principal, era um Leonardo. Mas era também um Duque deposto. Era um ILHADO, era alguém que tinha o poder da mágica reduzido aos confins do palco.

Tudo é sempre uma metáfora.

Há um ano, nesse blog, escrevo parte em metáforas, citando meus mestres, citando minhas angústias. Criei um enorme e lindo círculo de amigos. Vocês, os leitores.

Mas as metáforas estão fadadas a ter um limite, a esbarrar na moldura do espelho ou refletirem a luz que vem de fora e, portanto, ofuscarem a imagem real que o espelho deveria estar mostrando. Sim, escapismo.

Escreve o “Capitão Roberto Nascimento”:

Gerald Thomas meu querido cabeludo, que beleza esse texto rapaz! Não é um texto de moleque, de fanfarrão!!É UM TEXTO PARA QUEM USA FARDA PRETA E COLETE; MAS É PARA SE REFLETIR SOBRE O QUE ESTÁ ACONTECENDO.Eu penso: no BOPE, a gente não pode pensar muito NA HORA; mas devemos pensar antes, no treinamento, para que a ação seja EFICAZ COMO O SILÊNCIO DO FUNDO DO MAR.Nossa missão é subir o morro e deixar corpo de narcotraficante no chão. Pode parecer nazismo, mas, para mim, NAZISMO É DEIXAR OS NAROTRAFICANTES DOMINAREM O MORRO, OPRIMINDO CENTENAS DE MILHARES DE POBRES FAVELADOS.O teu silêncio, Gerald, chega como um abraço. O teu silêncio é o silêncio do preto da minha farda, do frio do meu fuzil, antes da ação.E nós agimos em silêncio Gerald. Quem faz festa é bandido. Quem solta rojão é traficante.A lei é fria e silenciosa. COMO O TSUNAMI QUE NASCE NO FUNDO DO MAR.”

Tudo é sempre uma metáfora. Nem tudo sempre é uma metáfora. Muitos de vocês, leitores, lidam com a vida REAL. E isso, muitas vezes, me assusta. Por quê? Não sei.

Ontem, ainda em Miami, a caminho daqui, um velho, obviamente cubano, enrolado na bandeira americana, trazia, trêmulo, a sua bandeja com um croissant, café, um ovo, etc. Sua cara marcada pelo tempo e sua elegância deixavam claro não tratar-se de um “daqueles” milhões de cubanos que povoam Miami (pra onde eu vou 3 vezes ao ano). Tive uma enorme vontade de cobrir-lhe de perguntas. Muitos milhares de perguntas. Ele me olhava. Eu o olhava. Estamos em pleno feriado de “Memorial Day”, dia dos caídos em combate, em guerras passadas. Os USA em guerra constante!

Mas pensei e pensei. Não, melhor não. De repente, assim como já foi com tantos outros seres interessantes, ele vai vir com uma dessas “verdades universais” ou com a “ordem do universo” e despejar tudo isso sobre a minha bandeja. Isso me aconteceu no Arizona com indígenas que “ouviam deus” ou na Chapada da Diamantina e mesmo na Cornualia.  São seres simples e que tremem, elegantes. Mas que quando perguntados, são verdadeiras “torneiras da verdade”. E eu não suporto mais a quantidade de verdades que existem por aí.

Tive medo de fazer perguntas a um simples ser que poderia ter me contado a sua história de vida. Mas tive medo. Arreguei.

Como pode ser isso? Medo de seres místicos? Eu? Medo de ouvir sobre Eric Von Denicken e os deuses que eram astronautas? Logo eu? Quem te viu e quem te vê, Gerald!

Já ouvi que a minha cara era o mapa de Hiroshima. Então, do que ter medo?

Exaustão chama-se isso. Falta de espaço aqui dentro. E isso me preocupa.

Sim, assim como no texto anterior: “Sinto-me como uma massa, como uma pasta, irregular, inexplicável, triste, vazia, ruidosa, sem nada a declarar e, no entanto, querendo dizer tanta, mas tanta coisa e… sem conseguir dizê-lo.”

Nem tudo sempre é uma metáfora. Às vezes esse corpo morto aqui do meu lado tentou atravessar o espelho vezes demais ou tentou atravessar espelhos espessos demais.

Faz parte da minha profissão: o risco. Como me sinto? Esgotado. Acabado. Esse (que ainda vive) olha praquele que está morto e pensa: será esse o meu futuro? Caramba!

Parece mesmo um conto de Poe! Ou um Borges mal escrito. Somos tantos e não somos porra nenhuma. No texto anterior, “NADA A DECLARAR”, fiz uma declaração de amor a tudo que sinto, de verdade, ao vazio, ao TUDO a Declarar, como o Pacheco detectou.

Mas e agora, José? Um ano e não sei quantos artigos. A partir de hoje estamos sem contrato. Como diria meu mestre Samuel Beckett: “Não Posso Continuar: Hei de Continuar!”

Em inglês soa melhor:

I Can’t Go On. I’ll Go ON!

Muito Obrigado por tudo!

Coberto de emoção e lágrimas vendo o mundo numa relativa paz e, no entanto, atravessando o maior período de mediocridade em décadas, se desmanchando num milk shake insosso e azedo, esperando um Moisés que ainda nem subiu o Monte Sinai, porque lá nada existe!

O deserto está realmente repleto de areia mesmo. E ela está em nossos sapatos.

 

LOVE

Gerald

 

Gerald Thomas, 23/Maio/2009

  

(O Vampiro de Curitiba na edição)

 

 

 

 

 

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Tortura (bem, sei lá… espero!) NUNCA MAIS!

Tortura sob Bush

New York- Não será fácil escrever esse post, já que me comove, emociona essa questão da tortura. Por seis anos da minha vida fui militante (eram 24 horas por dia, não se dormia) na Amnesty International, em Londres. Naquele Secretariado Internacional, na sede, eu convivia com todas as atrocidades, notícias, mutilações, assassinatos vindos de todas as partes do mundo. Meu trabalho era fazer contato com prisioneiros, advogados, exilados, parentes de desaparecidos nos porões, nos cárceres, etc.. Foi duro. Hoje, então, começa um longo processo de (espero) desmantelamento de uma máquina que espalhou pelo mundo uma técnica que causou tanto mal. 

Existem os terroristas. Quero que morram! Mas eles não são “o” governo.  Agem por conta própria e merecem o castigo ou o punishment apropriado! Não há nada pior do que quando um governo se rebaixa ao nível de uma organização terrorista e age como tal.

Começa o processo de denúncia contra o ex-presidente. Já nos primeiros CEM dias de Obama na presidência, uma “espécie” de revolução se torna visível. Viva!

Então, é isso: o Presidente Obama abre caminho para ações judiciais contra os torturadores: ou contra aqueles que praticavam “técnicas duras de interrogatório” do governo passado! Ah! Vamos ver quem vai surgir desse porão de sujeiras!!!

Obama disse ontem, numa coletiva em todas as redes, que apoiaria uma comissão de investigação bipartidária. Mas é óbvio que os Republicanos estão com o cu na mão! O diretor da C.I.A. escreveu que tortura levou a “informações valiosas”. Que loucura! Eu, que fui militante, por seis anos, na Amnesty International, em Londres, na década de 70, leio tudo isso meio que… de boca aberta. TORTURA NUNCA MAIS!

E NO ENTANTO… ainda se tortura e… aqui, debaixo do meu nariz. Sim, óbvio! Todos vimos as fotos de Abu Ghraib e Guantánamo e não sei quantas outras bases. Aqui perto de onde escrevo, em Riker’s Island, ou Sing Sing (prisões de New York), é comum ouvir-se que um “lock down” (prisioneiros são “recolhidos” de repente), significa que um ou dois são levados a “celas especiais” e de lá vão pra salas médicas.

(Enquanto escrevo, passa aqui no East River um enorme barco da Coast Guard… hmmm… será que serei o próximo?)

UMA declaração de amor à ROLHA!

Imaginem a vida de uma pobre rolha. Ela segura ali um belo vinho (digamos um Barolo ou um Tignanello ou um Brunello de Montalcino) por anos e anos e mais anos. Eis que de repente alguém vai – CRUELMENTE – e enfia-lhe aquele saca-rolha, pontudo, afiado, aquela coisa de metal encaracolada, penetrante, e… vupt! Como se num golpe entre o vácuo e o gozo, a rolha se foi! Semi-destruída e homeless, ela nada vale. Toda a atenção está no vinho. Sim, decantar o vinho!

E 98 por cento das rolhas vão pro lixo! Apodrecem, sofridas, amputadas, meio putas, Gregor Samsas que são, irão ao encontro de baratas e outros bichos! Sim, tiveram o privilégio de segurarem UM LITRO do mais caro e delicioso vinho por uma década. Agora estão fora da militância. Estão no lixo! TORTURA! E tortura que termina em MORTE.

Obama abriu caminho ontem para processos contra autoridades do governo Bush que criaram o marco legal para torturar suspeitos de terrorismo em interrogatórios. Nosso presidente disse que os EUA perderam “o patamar moral” com o emprego de táticas como simulação de afogamento (waterboarding) e “outros”, como sleep deprivation (material de comédia pro programa do David Letterman de ontem, que disse ter o mesmo problema, o de não conseguir dormir), que eram chamadas de “técnicas duras de interrogatório” pelo governo anterior.

O comentário de Obama foi feito um dia após reiterar, na sede da CIA – onde foi ovacionado – que os funcionários da agência envolvidos nos abusos não serão punidos por isso.  Pena! Mas em qual país algum torturador já foi punido? Me digam. Me contem. Nem a PIDE em Portugal… (bem, esqueçam Portugal porque ela não existe), mas Argentina, Chile, Espanha, etc. Alguém da Stasi foi punido? Até Werner Von Braun foi pra Nasa ao invés do cárcere!!!! Aliás, foi por causa de Von Braun que colocamos  o PÉ na Lua!!! “Quem tem os melhores nazistas? Os russos ou os americanos?” – Tom Wolfe, em “The Right Stuff”

CIA, tortura e América Latina

Phillip Agee, “Diários da CIA”: Quem ainda não leu, leia. É, no mínimo, interessante. E quem não sabe do envolvimento ou do TAMANHO DO GRAU DE ENVOLVIMENTO  entre os engenheiros da tortura (CIA) e como ensinavam aos militares sulamericanos nos anos da ditadura do Cone Sul, investiguem e se informem.

Nos DOI-CODI’s, nas Oban’s, nos DOPS, etc. houve muita criatividade, como o pau de arara, por exemplo.

Mas para mim é doloroso entrar nesse assunto, por motivos óbvios.

Ontem, Obama deixou a cargo do secretário da Justiça, Eric Holder, avaliar se os mentores dos interrogatórios com tortura devem ser processados. Holder agirá “dentro dos parâmetros de inúmeras leis e eu não pretendo prejulgar isso”, disse.
Ele declarou também que apoiaria uma investigação parlamentar bipartidária do programa de detenção de suspeitos de terrorismo da era Bush. A porta aberta ontem por Obama aparentemente contrariou a declaração de seu chefe de gabinete (equivalente no Brasil a ministro-chefe da Casa Civil), Rahm Emanuel, que dissera, no domingo, que o governo não apoia processos contra “os que planejaram a política”.
Assessores da Casa Branca depois informaram que ele tinha se referido aos superiores da C.I.A. e não às autoridades do Departamento da Justiça, autoras dos memorandos que os autorizavam.
Ontem o “New York Times” revelou que o diretor da C.I.A., Dennis Blair, escreveu um memorando a seus funcionários, também na quinta passada, no qual diz que as técnicas agora banidas forneceram “informações valiosas”. Na versão distribuída à imprensa não havia esse trecho e a agência disse que o documento passou por processo normal de edição.
A revelação deve munir as críticas de políticos republicanos e ex-funcionários, como o ex-diretor da C.I.A. Michael Hayden, que alegam que a revelação dos memorandos compromete a segurança nacional.
O ex-vice-presidente Dick Cheney (esse merda!), já havia pedido a divulgação de documentos que provariam que os órgãos de inteligência obtiveram dados importantes nos interrogatórios em que houve prática de tortura.
A revisão da política de combate ao terror de Bush representa um enorme problema para Obama.  Mas o fato é que Obama mostra uma enorme coragem em querer desmantelar essa máquina do mal, essa merdalha que levantou o lado RUIM desse país maravilhoso, mas que também teve o Macartismo e manteve uma guerra fria (parcialmente por inabilidade e arrogância de seus líderes em dar uma surra nos outros do lado de lá, que nada tinham a não ser um medíocre programa aeroespacial. Arrghhhg! O MURO, o PACTO de Varsóvia, quantas VIDAS perdidas em nome do QUÊ?  E tantos ismos e xismos! PRONTO. BASTA, entramos numa nova era!

BRAVO MR. PRESIDENT!

Gerald Thomas (autor e diretor de teatro e militante na Amnesty International em Londres na década de 70, por seis anos)

Agradeço aos mais de 600 comentários do post anterior.

 

 

Esclarecimento do leitor José Pacheco:

“Cada dia fico mais encantado por teus enviados.
Não etive nem estou cagado.
O mal eu conheço pois em Belmonte devido um caldo de sururú tanto obrei que quase me torno especializado.Foi terrivel. Bactéria brava e tinhosa.Um dia contarei em detalhes.Deste mal que fui atacado e por ter sido salvo pelo Doutor Luiz Brun daquela cidade é que tenho hoje um dos meus melhres amigos.Ele é o dono da Clinica Anacleto de Paula.Um atual Robin Hood dos tempos modernos.Cobra um a mais de quem pode e ajuda os que nada tem.E como ajuda!Com ele aprendi que uma simples visita e uma palavra de carinho a doentes hospitalizados é um bem tão grande que ajuda até na recuperação do doente.E tenho feito o que posso neste sentido.
Fique tranquila porque a caganeira não passou de um mal entendido.
Isto acontece .No frigir dos ovos lucrei ao perceber que eu existo.

E cagar todos cagamos.

Abaços.
Ou melhor.

Jose Pacheco”

 

 

(Vamp na edição)

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PORTUGAL DOMINA WASHINGTON!!!!

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New York- Até hoje os brasileiros comemoram, como se fosse algo palpável e não retórico, as três palavras de Obama sobre Lula, ou para Lula, que em português foi traduzido “esse é o cara!”. Provincianos como vocês são, estamparam isso na capa de TODOS os jornais. TODOS.  O endosso de Obama, portanto, passa a ser “a coisa”. Fico um pouco com pena de uma nação tão rica, tão linda, mas tão insegura, que ainda precisa de endossos, seja lá de quem for, mesmo que seja do mais lindo Obama. 

Já aqui, quando Obama esteve na França, logo após Londres (G20) e Sarkozy disse para ele “Je t’aime, man!”, com o “man” vindo da gíria pop, mas oriunda da slang negra americana, o presidente orelhudo francês foi o maior alvo de chacotas da imprensa americana. Bem, Obama não precisa mais de endosso retórico. Ele agora precisa derrubar os conservadores Republicanos no Congresso.

 

Brasileiro se impressiona muitíssimo com “palavras, palavras, palavras”, aquelas que Shakespeare colocou na boca de Hamlet. Hamlet, aquele que não ia para a ação por causa de tanta palavra. Às vezes me vejo amando o Brasil, mas o vejo numa situação hamletiana. Não indo nunca para a ação. CPIs que nunca dão em nada… Nada que nunca prova nada e tudo num estado de falso encantamento por si mesmo que é suprido por “palavras”. Bem, tudo bem. Monto minhas peças ou óperas aqui em NY ou pelo mundo e as palavras também me encantam, às vezes justamente pela negação que representam.

 

 

Bo, THE DOG

 

Mas imagino se Portugal agora está ou não numa situação de delírio nacional. Por quê? Afinal, BO, o cão da família real Obama, é português! Se os periódicos portugueses forem tão ufanistas quanto os brasileiros, imagino que na capa do O Publico ou do Expresso ou do Diário de Noticias deve estar estampado assim: “PORTUGAL REINA DENTRO DA CASA BRANCA”, ou mesmo “Lisboa toma conta de Washington”. Ou até “O IMPÉRIO PORTUGUÊS CONQUISTA E DERRUBA OS EUA COM UM MERO CÃOZINHO: ESTA É A FORÇA PORTUGUESA

 

Lula não falou nada no G20 de importância. Não entrou na reunião (de portas fechadas) daqueles que resolveram problemas. “Hey, you’re my man”, disse Obama a Lula, numa confraternizaçãozinha. Mas como Lula não sabe falar inglês, não houve nenhuma resposta. Uma possível resposta: “Yes, you’re my woman too!” Lindo. Lindinhos! Imagine que Obama deva ter dito coisas semelhantes ao presidente da Ucrânia, da Jeranonia, da Cracalonia e do Cerimonial. Em Elsinore, o Castelo dinamarquês onde Hamlet vive seu pesadelo, as palavras paralisam a ação! E nós, espectadores, somos paralisados pelas palavras dos protagonistas.

 

Lindo. No final, tudo é silêncio e todos aplaudem de boca aberta e queixo caído, queijo nas mãos, como se lideres políticos fossem heróis, mentirosos atores que são!

 

Os artistas também se elogiam uns aos outros. Caetano diz que Chico Buarque “é o Cara” (em outras palavras, claro).  Harold Pinter elogiava Beckett (de quem sugava tudo) e os pintores abstratos expressionistas da década de 50 se defendiam uns dos outros e não uns aos outros. Dessa forma, o mundo cria pequenos grupos, como G20, como o G220, como o G2220, ou como o Expresso 2222, que se auto-protegem ou auto Protógenes. Indignados com a estagnação ou com a auto-consciência do que está por vir (o mistério do envelhecimento), o Protógenes Sofoclógenes Platógenes criou um monstro Freudológenes que não aponta mais para o futuro e sim para o passado. Estamos em plena era da revisitação. Notaram? Estamos correndo atrás do tempo perdido, correndo dos erros dos bancos e do sistema. Qual sistema? Do imaginário das palavras. Estamos correndo atrás de uma depressão econômica.

 

Ah, menos em Portugal, onde o cão ainda é um puppy de seis meses, presente do Senador Ted Kennedy, e aquele país de velhos envelhecidos finalmente poderá levar seus poucos jovens para as ruas do Bairro Alto, ou de Alcântara ou de Alfama e berrar:  O MUNDO é LOSER, quer dizer, o MUNDO É LUSO!

 

 

 

Gerald Thomas, 15/Abril/2009

 

 

 

(O Vampiro de Curitiba na edição)

 

 

 

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Novos videos com Gerald Thomas, Zé Celso e Judith Malina. E: Zé Celso em New York a Caminho de New Orleans. Ou seja: New Zé!

Obs: Novos vídeos da palestra em New York no final do post, embaixo das fotos.

O evento de ontem no Theaterlab foi de tamanha importância que só posso dizer uma coisa: proporcionou o encontro que não acontecia desde 1971: Judith Malina (Living Theater) e  Zé.

O que dizer de uma obra tão estupenda? Tão… suprema? São quase 4 horas de DVD (e olha que eu odeio ver peça de teatro em vídeo ou DVD), mas aquilo é um filme, com dinâmica e lumiere e espírito de  quem vive  dentro da física e a metafísica, a dor da vida e a beleza da morte, e a tragédia da besteira de como a humanidade se arrasta através da hipocrisia (clássica, no sentido do erro crasso, clássico). Uma obra! Uma OBRA!

Zé Celso é, de longe, um dos maiores  encenadores de todos os tempos “dos mundos”. Claro, vestido de louco, de bobo (fool) ou de puck, como nas Bacantes, ou como um sincero SER Feliniano contador de estórias. Ontem no debate ele berrava, cantava. Eu berrava, mas não cantava. Falávamos de Rivotril e ríamos!

Algumas perguntas pertinentes:  “Por que suas produções não viajam?” Eu tomei a liberdade de responder. “São máfias que fazem grupos ou cias teatrais viajarem ou não. Às vezes não são máfias. Às vezes o convite é geníuno. Mas NUNCA se trata do diretor querer ou não. Estamos todos nas mão dos “diretores ou programadores de festivais” ou das grandes casas de teatro no mundo.

É de se questionar mesmo porque o Zé não viajou o mundo nesses 50 anos de Oficina. Mas, querem saber? Ainda terá os próximos 50 para fazer o que não fez até hoje.

Eu não pude deixar de ressaltar a importância de Marcelo Drummond no Oficina nesses últimos 20 anos. Além de ser um ator engraçadíssimo, ótimo, maravilhoso, ele fez a “oficinamachine” (como Hamletmachine de Heiner Mueller) andar. Ovacionei-o de pé!

Hoje eu levo o Zé e Marcelo ao quartel general do Living Theater. E assim, os pingos são colocados nos devidos “is”. Ah, sim! Flora Sussekind estava na platéia. Uma teórica maravilhosa.

Estou sem palavras deliberadamente porque elas (redondas como as bolas) redundam uma festa orgiástica daquele tamanho, daquela proporção farsesca, comparada com o tamanho da barriga do Pereio ou os pênis e vaginas de tanta gente do coro. É melhor mesmo ficar com as imagens do fogo que queima no planalto central ou no centro do palco do Teatro Oficina em São Paulo e que frita nossos cérebros, assim como frita a carne humana passageira de atores passageiros, da vida passageira, de seres neoclássicos passageiros, dos clássicos em geral e da História  que existe em todos nós.

 

 

 

 


Gerald Thomas

 

(O Vampiro de Curitiba na edição)

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Zé Celso em New York

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Zé Celso

Ah, vai ser uma delícia recebê-lo. Há anos não nos vemos! Escrevo, emocionado e orgulhoso, de Zé Celso e de sua companhia maravilhosa de atores “reais”, nobres, engraçados, farsescos, berrantes, bacantes, na boca do lixo, na boca de cena do teatro aberto ao berro do mundo, ao grito para o mundo: esse mundo que não pára nunca de estar no caos. 

Então, eu pego os dois no aeroporto, o Zé e o Marcelo, e os trago aqui em casa para começar uma longuíssima conversa que terá prosseguimento com o testemunho do público no Theater Lab (informações aí em baixo). Zé é o grande artista do teatro, de todos os teatros, de todas as formas de teatro, dos “Sertões” até Schiller, e faz um Hamlet que eu chamei de “O maior Espetáculo da Terra”. E era mesmo. Raramente fiquei tão emocionado em teatro. EVER!!!!  

A premissa do Zé em teatro não precisa ser explicada. Como o pessoal aqui vai receber o DVD das “Bacantes”, não sei.  São entendimentos e compreensões distantes, já que a carnavalização e a antropofagia não fazem parte (culturalmente) do cotidiano cultural americano. Mas Nova York não é a América, propriamente. A Antropofagia aqui se dá em outro nível: é política. É a fagia mesmo, a do ataque bélico. Não a do ‘happening’, que Oswald de Andrade gozoso misturou na semana de 22, e nem aquela que Julian Beck despiu como se fosse o “Nu Descendo a Escada”, de Duchamp. 

Com Zé Celso quero poder enxergar o fantasma, os fantasmas ideológicos que existem em mim. Ou melhor, quero poder enxergar os denominadores comuns que nos unem. Por que falei em fantasma? Porque o pai assassinado de Hamlet era um fantasma e Zé Celso é o pai do teatro brasileiro ainda VIVO e muito vivo, o que talvez nos torne um tanto quanto… Mortos. Na verdade estamos todos imobilizados em nossas ações, como o príncipe dinamarquês. E acho que no “Q&A” (perguntas e respostas), depois da exibição do vídeo, vai rolar muito sobre quem somos, o quanto valemos além das palavras, palavras, palavras.

 

Welcome to New York, Zé Celso!

 

 

Gerald Thomas 

 

       THEATERLAB    137 West   Fourteenth   Street  – New York 

presents

The North American premiere screening of


AS BACANTES 2009

 

Zé Celso

 

     As Bacantes 2009 is a lyrcial Brazilian

 re-creation of Eurípedes’

tragi-comedy-orgy The Bacchae as told

in the context of Carneval, first staged

by Ze Celso in 1996.

April 2, 2009 beginning at 5 PM

(3 hrs 35 min w/ intermission)

with English Subtitles

FREE Admission

 

followed by a Q&A with Brazilian theater legend

Ze Celso (José Celso Martinez Corrêa)

in his first US appearance

 

Hosted by playwright & director Gerald Thomas

 

Reservations Recommended – 212-929-2545

 

 

Na edição: O Vampiro de Curitiba

Colaboração de Patrick Grant

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TOP CHEF

 

 

Top Chef e Projeto Runway

 

New York – Tudo no Brasil começa em outro lugar. Tudo é imitado. Chega a ser irritante como nada é original. As pessoas me dizem (com dez, vinte anos de atraso), “agora no Brasil também já temos …”. Sim, mas até hoje, São Paulo não tem um metro que preste e não enterrou seus fios. Os postes não são somente risíveis. São deploráveis. Os postes são uma anomalia urbana. Há quem venha de “fora” (aliás, esse conceito de “fora” e de “dentro” também é muito peculiar) para fotografar esses postes e seus fios em plena paulicéia, com seus pesados transformadores, etc. Um horror!

 

Mas faço esse prefácio da imitação por causa desse Big Brother Brasil, essa catástrofe. Nem nome brasileiro tem. “Big Brother”. Sei! Não sabem nem quem foi George Orwell e  esse “abestalhamento” monumental que joga o país meio século para trás. Olham a televisão bestificada para ver “quem está com quem”. Cacete!

 

Mas nem todos os realities shows no mundo são imbecis.

Top Chef e Project Runway são interessantes. Claro, dentro da medida do possível.

 

Top Chef é um entre tantos programas na TV americana que lida com a situação “Restaurante”: Cozinha, assistentes, frentista, garçom, etc. Julga-se entre os times participantes. Vão-se reduzindo o número dos que estão vencendo. Entramos na vida emocional deles. Aprendemos sobre a vida particular deles, sobre seus sofrimentos e ambições e, obviamente, tomamos partido e começa uma torcida fervorosa.

 

E como não poderia deixar de ser, odiamos os críticos: afinal, quem são eles? Bandas de rock? Modelitos de fashion? Um único crítico da Zagat ou da Vogue ou Vanity Fair? Unfair.

 

No final de uma rodada de programas, a equipe de quase vencedores é trazida para New Orleans e a challenge é que se façam pratos ”cajum”, ou seja, da cozinha creole/francesa, apimentados (coisas do Sul dos USA). Enfim. Não importa. O que importa é que o julgamento é rigoroso e que, no final, sairão equipes ducaralho desses programas. Ambiciosos, talentosos e hábeis. Às vezes, futuros gênios da cozinha.

 

O mesmo acontece com “PROJECT RUNWAY” (tradução possível seria: Projeto Passarela) onde a mesma coisa acontece com jovens que virarão estilistas, costureiros, desenhistas como o Galiano, Herchcovitch, McQueen, etc. As equipes são levadas para as lojas de gente famosíssima como a Furstenberg e é dado o start no cronômetro: eles têm 3 minutos para pegar o quanto tecido quiserem. Depois, mais 3 horas, ou sei lá quanto, para modelarem algo em torno de um tema ou uma época e está cada um por si: de novo, aprendemos um pouco (através de entrevistas individuais) quem é quem, de onde vieram, o quanto são ou não ambiciosos, e no final temos um “winner” para a próxima etapa. Ah sim, tanto no Top Chef quanto no Project Runway, participamos das discussões entre os críticos. Ficamos a par dos critérios de eliminação ou de adoção, etc.

 

Já o mesmo não acontece na política ou no que é publicado a respeito de resoluções políticas! Por exemplo:  a queima de pneus! Sempre queimam pneus. Por que isso, não sei. Mas virou um símbolo! Será que se comeria um pneu queimado, com o molho apropriado? Oficiais americanos afirmam que têm a prova de que existem links diretos entre o Talibã e o Paquistão. Dizem que vem de informantes confiáveis e de “electronic surveillance” (aquilo que George Orwell descrevia como sendo Big Brother, já que ninguém nunca pode provar). Está ai! Os militares paquistaneses e os líderes civis, ambos negam publicamente que tenham qualquer conexão com esses grupos militantes. Ha! Como provar qualquer coisa? Nada prova nada! Então se invoca “electronic surveillance” e pronto. Não resta mais dúvida numa possível próxima invasão militar e sua justificativa perante o Senado. Oh, Jesus!

 

Vamos voltar pro Top Chef? Não. É bonitinho e tal, mas depois de ver o cara ou a menina tremendo, montando o peixe que já caiu do prato quinhentas vezes e o doce que cozinhou demais e fracassou, que diabos!!!!! Queremos mesmo o quê? Investigar as centenas de incógnitas que ainda permanecem obscuras no verso da nota de um dólar? NÃO, não, não! Deixa aquela pirâmide cortada com aquele olho que emite raios (linda), pois é aquela nota que rege as regras do mundo: desde os pneus queimando até quem vai ganhar o Top Chef ou se o Drug Lord da Rocinha, agora alojado na ladeira dos Tabajaras, em Copacabana, irá sobreviver ou não!

 

Olha, uma sugestão: Vamos investigar a vida de Freeman Dyson.

 

Quem é? O que faz? Venham-me com as respostas. Estou exausto ou então… fica para o próximo artigo, isso é, se não me colocarem num desses eternos pneus que queimam ou se um Top Chef da vida não resolver fazer um prato de inverno meio primavera intitulado “Salada de putos, veados e vagabundos regados a balsâmico”. Ah, estaria me banhando de balsâmico de Modena agora, se o Top Chef fosse gente boa!

 

 

 

Gerald Thomas, 26/Março/2009

 

 

 

(Vamp na edição)

 

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A Cartelização do Mundo

 

New York – Caramba! Com os “cartéis” dominando o mundo, acho que nós, os putos, veados e vagabundos deveríamos tentar rebatizar a globalização para “cartelização” do mundo. Leio que Andrew Cuomo, filho do maravilhoso ex-governador do Estado aqui de NY, Mario Cuomo, e agora o nosso Attorney General, diz que convenceu nove entre dez dos principais recipientes dos bônus do AIG a devolverem  a grana. Algo em torno de 50 milhões de dólares. Nada mal. Nove em Dez. “Nine out of ten movie stars make me cry, I’m alive” (Caetano Veloso… descendo a Portobello Road, no exílio em Londres, Notting Hill Gate…)

Enquanto isso, o cartel mexicano de drogas se estende até à cidade de Sarah Palin, Anchorage! Caramba! Mas também (pensem!) com baleias e neve ao redor não resta muito o que fazer: o sujeito deve andar que nem um zumbi atrás de qualquer tipo de droga, não é? Diferente do Rio de Janeiro, SITIADA pela POLÍCIA E PELOS BANDIDOS!!!! Por quê? Maconha, cocaína e armas! “Seja marginal, seja herói!“, aquela coisa do Helio Oiticica já era! BASTA! Aquilo era naquela época. Soava bonitinho. Era logo depois de Sartre qie havia endossado Jean Genet com Saint Genet e artistas do mundo inteiro (como Warhol, por exemplo, declaravam seu amor pelo underground [ alguns com velvet, outros nao]. O Helio ainda in love com o Cara de Cavalo. Mas agora? Olha a merda que deu! BASTA! Sério. Eles hoje olhariam tudo isso com REPUGNÂNCIA!

Sim,  a cartelização do mundo! E ainda tem gente que defende a tese de que o teatro deve ser feito de “tarjas”. Mas isso é para quem ainda acha que o teatro é o “novo lugar” para ser descoberto. Nós, os veados, putos e vagabundos, que temos uma vivência um pouco mais abrangente,  tentamos nos (des)preocupar com a merda que acontece no mundo, como: a China que toma conta de tudo, as pequenas guerras localizadas e que estão extraindo o pouco de ‘humano’ que ainda resta em nós, as doenças RADICAIS  e que não precisariam existir se todo o dinheiro do mundo fosse gasto nas coisas certas (e não em bônus para CEO corrupto, que agora devolve…vamos ver…), as pequenas guerras frias entre paises como o Irã, a merdalha entre Israel e vizinhos, a merdalha entre os próprios árabes que não se entendem, a merdalha do Afeganistão que voltou a ser um campo de papoula (imagine a polícia do Rio subindo a Ladeira dos Taba-Maha- jahras! Brigando com o Taleban).

Ah, a cartelização do mundo…

Era sobre Descartes que eu escrevia? Não, né? É sobre os escrotos mesmo. Eles não querem deixar nós, os putos e vagabundos, em paz. 

 

PS.- Ontem foi aniversário do Blog: 10 meses de IG. E obrigado pelos quase 600 comentários do Post anterior! 
Ah, não falei em flores e na grande depressão, ou melhor, na CRISE econômica: mas andando na Sexta e no Sábado pelo Village ou Soho e assistindo um ensaio do Philip Glass na City Winery (tudo lotado, sempre, tudo completamente acumulado de gente, e a Dow Jones – the Devil in Miss Jones – estourando novos índices para CIMA) começo a ter minhas dúvidas o quanto é retórica e o quanto não é “remanejamento” dos… cartéis!

  

 

Gerald Thomas

 

 

(Vamp na  edição)

 

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Pena de Vida ou de Morte?

         

New York – Com o post abaixo, o sobre o casamento da Gisele Bundchen com o Tom Brady (colocado no ar num domingo – dia considerado péssimo pelos redatores dos portais), fiquei surpreso com o número de acessos: ficou nas dezenas de milhares. Já escrevi sobre outras celebs (até mais importantes, ou mais populares) e nunca houve uma enxurrada assim. Mas esse fenômeno de ontem e anteontem me despertou uma curiosidade: o extremo vazio em que vivemos e como o preenchemos com ‘outras coisas’. E quais?

Bem, antes de mais nada, por favor, dêem um pulo no novo www.geraldthomas.com (sessão vídeos e “press”). Depois, mais embaixo, explico.

Foi justamente pelo preenchimento do vazio que escrevi a tal matéria sobre Gisele.

Eu dizia mesmo que nada tínhamos que invadir o casamento de Gisele (ou de ninguém). Mas ela nos convidou, pessoa pública que era e – já que havia combinado com as revistas que a cerimônia seria mais uma “photo opportunity” (eu sei bem o que é isso) – não me senti tão invasivo assim. Bem, quem quiser leia a matéria abaixo.

O que mais me interessou foi justamente aquilo que foi “tomando conta do vazio”. Não tendo mais o que comentar sobre o casamento, os amigos do blog mudaram radicalmente de assunto e logo, logo, logo estávamos discutindo a PENA DE MORTE (ou de VIDA).

Ainda escrevo numa noite de Terça-feira, um dia extremante GELADO em NY, coberto da neve de ontem, enquanto sou lido – na maioria por vocês aí, reclamando dos dias mais quentes. Ontem, o DOW Jones caiu tanto, mas tanto, como não havia caído desde 1997. Mais uma notícia alarmante para o Obama herdar de seu criminoso antecessor. Ah, mas como contraponto (e como em qualquer recessão), as pessoas querem diversão, divertimento. Os cinemas estão LOTADOS! NUNCA estiveram tão lotados. Os filmes? Umas merdas. Mas – ao invés de fazerem turismo interno e gastar uma grana – o casal vai ao cinema, compra aquele BALDE de pop corn com manteiga derretida (óleo de canola) e Coca-cola gigante e ainda paga a Baby Sitter. E dá-lhe comédia. E dá-lhe casamento de Gisele em coluna de…

Constatou-se que 15 por cento da população americana, hoje, oficialmente, é hispânica. Legal e ilegalmente, 15 por cento no habla sequer lo inglês. Eu estava discutindo isso com um brilhante intelectual, um autor argentino que mora em Miami de nome Walter. Acaba de publicar um livro que irei resenhar junto com o livro do Denny Yang, “New York – New York” (um brasileiro de origem chinesa que mora em Taiwan e cujo blog está linkado aqui). O Livro do Walter se chama “O guia de deus?” Ou do diabo?

Bem, a questão é punição. Pena capital. “Não é o que vocês estão pensando. Sim, é o que vocês estão pensando…”. É pena de morte, mesmo, que ainda divide essse país mais que a falha de St. Andréas Fault, que divide a Califórnia e que pode demolir  aquele Estado na escala Richter mais que sua economia ou mais que seu demolidor Governador Arnie, de Graz, Áustria.

Ah, sim: pena capital. Pena de morte. É o assunto do dia. Se pegarmos trechos da mais importante literatura (romance ou drama) da história (seja Shakespeare, Goethe (os Gregos) dando um enorme pulo até, digamos, Georges Bataille (a História do Olho), teríamos um bom exemplo de:

“Simone andava por aí nua debaixo de uma roupa branca, insinuando que ela vestia um cinto ou meia vermelha que, em certas posições revelavam sua boceta….Sentou na cara do padre, e depois de mijar nele e ordenar que (….) o enforcasse até que tivesse um forte orgasmo, (….) pegou uma faca e arrancou o olho do padre. Com o olho do padre na mão, Simone então o esfregou em sua boceta…)”

(pequeno trecho de Georges Bataille em “A História do Olho”)

Muitas obras de arte sugerem a morte: são sugestivas nesse sentido. Eu disse “término de vida”. Sim, disse. Desde as obras expostas no Uffici em Firenze (Renascentismo – onde o homem encontra Deus, e portanto sua mortalidade) até a escola Flaminga – Rembrant que disseca cadáveres ou Bosch que zomba da nossa natureza humana e nos transforma no Paraíso Infernal, Milton – Dantesqueano.

Enfim, ao que parte dos amigos do Blog acham sobre a pena de Morte:

 

Jose Pacheco Filho

“Vou sair completamente do assunto.Para e infelizmente de dar noticia de algo abominável e estúpido ocorrido na Bahia. Aqui no nosso Brasil.A ocorrência foi há mais de três meses. Porem só ontem foi amplamente divulgado.Assisti ela televisão.Antes não tivesse visto.A revolta e grande.Contarei a meu modo. Vou procurar me ater ao que assisti e ouvi.

Um casal ele da Nova Zelândia e ela brasileira estiveram em Trancoso (praia famosa do sul do estado) em período de descanso e lazer. Não poderiam imaginar o que os aguardava.E a filha do casal que com eles veio.Uma linda menina de um pouco mais de três anos. Pelas fotos parece um anjinho.Gerald, a mãe notou a falta da filha quando terminou de lavar peças de roupas. Estavam em condomínio fechado.Desses que alugam bangalôs a preços de palácios.Saíram todos em busca e ajudados pelo zelador encontraram a menina jogada entre arbustos e afogada.Não vamos nem nos ater por enquanto no tremendo golpe do já relatado. tem mais desgraça pra frente.Na demorada espera do IML o pai notou que o anus da filha apresentavam sinais de violação.Ai começou um verdadeiro drama para a família conseguir ser ouvida. Nem o delegado local se interessou pele investigação após as denuncias da mãe ( brasileira repito ).Direto no assunto, após interferências inclusive da Interpol e da Policia Federal em conjunto já se sabe que o FDP do zelador foi o assassino violentador.Apertado ele acabou confessando. O miserável também tem uma filha de igual idade da que escolheu como vitima.Confessou na maior frieza.Uma delegada que o interrogou perguntou para ele o que ele mesmo faria se tivessem estrupido e matado a filha que ele tem.O desgraçado respondeu que mataria o culpado.

Não vou escrever mais nada. Não e minha intenção mas acredito que já estraguei o teu dia.Faça as conjecturas que desejares. As minhas eu já fiz.Infelizmente são impublicáveis.Mas no finalzinho eu peço a Deus que nos perdoe a todos. Todos os seres humanos.Entendam com quiserem.

Muito obrigado.

Pacheco.”

 

Peter Punk

Tava falando que que sou contra a pena de morte. Ela torna muito vivo o que pretende exterminar quando eh aplicada. Acho estranho a América( hiper civilizado em tantos aspectos) aplica-la em varias partes. E tbm acho estranhíssimo este culto ao rifle. Eh o culto ao pau de maneira sinistra.A justça tem que funcionar prendendo que tem que. Recuperandoquem tem que.A vida ja contém a pena de morte.E como diz o pedro luís: “Sou a favor da pena de vida/ quem vacilou não pode pular fora.”

 

Aninomyous

Algo mais sobre Boderlines…há diversos casos relatados de gente ‘boder’ ou ‘fronteiriça’, o tal do Champinha que sequestrou um casal, mataram o rapaz e manteve a menina uma semana consigo sob violência, apresentando ela como namorada (e ela em choque não reagia), até que ele foi chamado à delegacia ou algo assim e saiu de lá direto pra onde estava sua vítima e a ‘abriu’ no meio com um facão…terror ao nível de ‘o massacre da serra eletrica ou jason’…os Boderlines e sociopatas são geralmente esse tipo de covardes, mas vou colocar aqui algo sobre os boderlines, porque acho ter algo a ver com a ‘cultura da inversão de valores’ gerando essas monstruosidades:

2) Há alguma relação entre a cultura atual e o “comportamento borderline”?
Os psicopatologistas, desde Pinel, depararam-se com um inédito fenômeno: a violência cega, abrupta, desconcertante em pacientes que não apresentavam um quadro psicótico tradicional. Para aqueles alienistas não era novidade presenciar manifestações de fúria assassina em indivíduos considerados loucos. Mas como compreender tais manifestações em pessoas que mantinham preservadas suas funções de consciência e não apresentavam um dos principais sintomas da loucura, a desagregação progressiva da função de pensamento?
Wilhelm Reich percebeu com clareza essa situação e descreveu-a em seu brilhante estudo sobre os “caráteres impulsivos”. Esses indivíduos com altíssimo grau de impulsividade, descritos na década de 1920, não eram exatamente idênticos aos pacientes que hoje denominamos como “borderlines”, mas Reich observou, naquelas pessoas, vários fenômenos que encontramos atualmente em nossos consultórios. Naquele grupo de pacientes “as exigências impulsivas eram preponderantemente difusas, não eram dirigidas a objetos específicos e não estavam ligadas a situações determinadas”.
Pinel, Reich e vários outros estudiosos ensinam-nos, portanto, que o nascimento do conceito de “fronteiriço” é indissociável da percepção de uma específica violência. Essa violência é muito singular e deve ser diferenciada do sadismo neurótico, do surto psicótico furioso e da raiva em sua expressão bioenergética. Sem essa diferenciação, a estrutura psicopatológica “fronteiriço” perde o sentido.
Por outro lado, o conceito de “fronteiriço” está diretamente ligado à “crise de valores” ou “crise ética” do século XX, e à simultânea pressão do contato profundo. A teoria reichiana ensina que uma das principais funções do encouraçamento humano é, justamente, impedir o contato profundo.
Em minha opinião, o funcionamento fronteiriço está enraizado, em grande parte, nesse contexto, ou seja: entre o incremento da pressão do contato profundo (um verdadeiro “pico” de pressão) e as dificuldades da couraça caractero-muscular de suportar esse “tranco”.
A “crise de valores” já era pressentida, no final do século XIX, por algumas pessoas mais “antenadas”, como, por exemplo, o filósofo alemão Friedrich Nietzsche e o pintor Vassili Kandinsky. No livro O Espiritual na Arte Kandinsky falá-nos com muita clareza daquele “espírito da época” que, nas primeiras décadas do século XX, encontra expressão em vários movimentos artísticos (e, sem dúvida, na vida quotidiana…), balançando e questionando radicalmente os rígidos padrões morais-caracteriais: “Batalha dos sons, equilíbrio perdido, princípios que desmoronam, rufar de tambores inesperados, grandes perguntas, buscas aparentemente despropositadas, impulsos aparentemente dilacerados e nostalgia, cadeias e ligações rompidas, várias reagrupando-se em uma só, contrastes e contradições — eis nossa harmonia”. [O filme “La Dolce Vita”, magistralmente dirigido por Fellini, é um ótimo material para se analisar a passagem do funcionamento neurótico (linear/caracterial) para o funcionamento fronteiriço (impulsividade + depressividade + não-linearidade + vazio de contato)].
Fenomenologicamente pode-se dizer que o funcionamento borderline apresenta um conjunto de características indissociáveis: a específica violência cega à que me referi acima, a pressão do contato profundo, a patologia do vazio, a terrível exigência consigo mesmo e as dificuldades do encouraçamento caractero-muscular em lidar com essa situação.”

Juliano

“Interesse o debate sobre a pena de morte, fiquei surpreso com a posição do Gerald. No Brasil o direito a vida é clausula petrea, portanto, esqueçam pena de morte. No mais nosso sistema judicial é cheio de falhas, muitos inocentes poderiam morrer. Posso asssegurar a vocês que estupradores sofrem bastante na cadeia e muitos são mortos pelos próprios presos. Pena de morte não resolve nada, não podemos nos igualar a esses animais, a lei de Talião, “olho por olho, dente por dente”. Prisões brasileiras são masmorras medievais, ali o cara sofre muito, sem saneamento basico, micoses, doenças dos pulmões, aids, dezenas de presos numa pequena cela. Não tem esse papo do cara com vida boa na prisão, comendo bem e tal. E diferentemente do que fala a midia as penas são durissimas e ajustiça condena muito. Passar 10,20, 30 anos numa prisão braisleira é pior que pena de morte.”

 

Sandra

“Sobre a diferença entre punição e vingança. Interpretei-o da seguinte forma: a pena deve ser apenas a necessária garantir que o criminoso não provoque mais danos. Por esse critério, se pudéssemos garantir que o criminoso não irá cometer o crime novamente, nem para a prisão ele precisaria ir. Esse monstro sobre o qual o Pacheco falou, Mengele, … poderiam ficar livres. Mas… calma lá! Alguém que matou crianças, com requintes de crueldade, ignorando seus gritos de dor, suas súplicas, sua expressão horrorizada,… não fará isso de novo? Só se não puder. Uma pessoa assim é IRRECUPERÁVEL. Então, prisão perpétua para esses monstros. E uma prisão que garanta sua integridade física, a mesma que ele negou a suas vítimas.Mas, honestamente, vocês acham que a morte é uma pena mais dura que a prisão perpétua? Acho que, por impulso, numa briga de trânsito, por exemplo, até uma pessoa muito calma poderia matar. Mas, passados alguns minutos, iria pensar: Meu Deus, o que fiz? E o remorso iria pensar.Mas… estupro… isso é coisa de canalha. Gerald, o que está errado é dar condicional, redução de pena, etc, etc, para esses monstros. No Brasil, achamos que a prioridade é a recuperação do preso, e que TODO ser humano é recuperável. A prioridade deveria ser as vítimas e nem todo o ser humano é recuperável. “

Targino Silva

“A justiça brasileira, com Juizes da Suprema Corte, nomeadospor políticos, não tem condições de decidirem sobre pena demorte. Será um holocausto dos pobres.A pena de morte se faz necessária nesses casos.O grande problema é que a pena não pode ser revertida ea justiça é feita por homens que erram.Como a duvida beneficia o réu, é melhor não ter.Do outro lado a leis brasileiras são muito brandas,de uma certa forma, incentiva o crime.”

 

Por enquanto é isso. O post ficou enorme. Mas não maior que a Vida ou a Morte, ou Deus e O Diabo que o Walter (….) o genial autor argentino de Miami, propõe em seu livro ou naquela vida frágil em que Emile Zola, Dostoyevski, Nietzsche ou Tolstoy tanto batem, batem, nos machucam e relembram que estamos vivos ou, quem sabe, somente fingindo estar vivos (eu não poderia terminar sem uma citação de Beckett: resisti até o fim!)

 

Gerald Thomas

New York – 03/Março/2009

 

 

(Vamp na edição)

 

 

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O Brasil Precisa Voltar a se Enxergar

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“Cross Gender Restrooms”

 

New York – Reconhecemos que uma  sociedade é sofisticada quando ela lida com assuntos considerados “tabus” por outras. Um exemplo: Certas escolas primárias aqui já têm algo chamado “cross gender bathrooms ou restrooms”. O que vem a ser isso? Bem, isso vem a ser um banheiro, ou lugar de trocar roupa, nem para homem nem para mulher. É para aqueles que estão no meio, atrapalhados, atropelados e aprisionados em corpos que os traíram desde que nasceram. “São corpos de meninos, mas cabeças de meninas e vice- versa”. Sim, homossexualidade, mas um pouco mais complicado. Já lidando com ela desde a primeira fase da adolescência na escola, para que não levem pedrada dos colegas na hora de ir mijar ou trocar de roupa: a hora da humilhação de ter que decidir por um ícone ou outro. Aquele homenzinho estéril ou aquela mulherzinha estéril padronizada, estampada nas portas dos banheiros do mundo afora, pode ser apavorante para alguns. Geralmente aquelas figurinhas em azul.

 

Mas, enquanto não quebramos todos os tabus, tentamos lidar com alguns. Claro que os religiosos conservadores fanáticos e evangélicos (bible bashers) dos wastelands desse país afora, desde o Colorado até as Montanhas de Montana, não estão muito felizes com isso, mas, aos poucos, terão que engolir a revolução sexual que começou lá atrás, na década (qual década foi mesmo?), quando as Sufragettes se auto-flagelavam e Collette era seu expoente ou, décadas depois, quando Germaine Greer e Gloria Steinem escreviam seus manifestos e a contracultura ganhava um peso a mais que nada era Flower Power.

 

Mas por que escrevo isso?

 

Bill Clinton dava uma entrevista ontem. Longa entrevista. Não tão animado como eu imaginava. Em sua enorme biblioteca em Little Rock, Arkansas, ele falava de Hillary em sua primeira viagem como Secretária de Estado no Governo Obama. Não, não é sobre isso que quero escrever.

 

Recebo centenas de e-mails. Alguns me divertem profundamente. Alguns eu guardo para futuros estudos. Outros eu encaminho para amigos, muitos deles psicanalistas, como o João Carlos, aí no Brasil.

 

Um desses recorrentes e-mails é de alguém chamada “Lola” (como no filme “Run Lola Run”). É de uma menina alemã que conheci há uns vinte anos e que se tornou amiga, mas que hoje, infelizmente, não sabe mais distinguir um pão de um tijolo ou tijolo de areia, e escreve para amigos imaginários, já que não tem mais ninguém. O caso é meio triste. Mas, como dizemos em teatro, nenhuma tragédia é inteiramente trágica sem ser, ao mesmo tempo, cômica. E existe uma enorme verdade nisso.

 

Depois de traduzir alguns e-mails e longas cartas escritas a mão, num alemão meio gótico (como se estagnada na escuridão do pré-iluminismo), João Carlos do Espírito Santo leu tudo com atenção, e me devolveu algumas idéias interessantíssimas:

 

Medeia estéril 

“Tem mulheres que não ascendem sequer à condição de Medeia, úteros áridos e desertos que não dispõem sequer de filhos para o matricídio, são apequenadas em suas lascívias, são embrutecidas em suas toscas sexualidades, sempre na espera de que o outro as veja, as eleve, as empodere.Sim! Medeias sem filhos, sem a quem castigar, sem a quem assassinar, sem tela de projeção para as próprias  falências, para as incapacidades e as derrotas pessoais.Sem um palco, sem uma clássica tragédia para encenarem e sem expectadores, dão-se a quem em espetáculo?Mulherzinhas que se querem Cacilda, Medeias do raso cotidiano, sem serem amadas porque amargas.São Medeias que fazem do mundo representantes dos seus natimortos filhos, que assassinam ou pelo menos tentam – porque seus atos estarão sempre condenados ao fracasso – destruir tudo o que é sua antítese, não suportam a diferença. E sua antítese está na gênese, na criação, no começo, na relação, na fecundidade, na solidariedade, na alteridade, resgatada como valor, como ética.Sim, meu querido toda Medeia, toda Medeia rasa e rastejante não suporta quem inaugura, quem é marco, quem fecunda, quem move e promove a VIDA! Porque nestes gestos, nestas gestações, revela-se o NADA que são.Medeias capadas, clitóris simbólicos cortados, metafísicas lhe são impossíveis de compreensão porque acovardaram-se do necessário enfrentamento e, tendem, frustradas como são, a querer bloquear o fluxo sanguíneo que alimenta a VIDA!SIM A VIDA! É ISSO QUE ELAS NÃO SUPORTAMÉ PRECISO DIZER: A VIDA! É ISSO QUE NÃO SUPORTAM.”

 

Freud, estudante em Paris, assistindo as aulas do Professor Charcot, escreve em seu diário:  “Curioso como este homem, contrariando a medicina orgânica, se dispõe a tratar destes casos, destas mulheres que, sem nenhuma justificativa orgânica, sem nenhum problema físico não andam, não vêem, falam línguas incompreensíveis, convulsionam, se contorcem, se dão ao espetáculo. Negam a medicina e todos os estudos do corpo, da lógico-físico-química que aprendi em Viena. Que natureza é essa que se insurge contra todas as evidencias? Que corpo é esse que nega a natureza e se impõe como um enigma?”

Freud em Viena, anos depois:  Charcot tinha razão, porém a solução está na decifração da diferença entre o anatômico e o simbólico, entre o biológico e o imaginário.  

Mas o que quer uma mulher? De que desejo ela sofre? Qual  a sua queixa? Oscilam sempre entre TER e SER o Falus. A castração, de que todos sofrem. Existem homens histéricos também, levam, em alguns, a uma busca desenfreada pela reparação do que julgam ter perdido e que só o outro possui o que, por direito, acreditam ser seu, e quando chegam a isso, percebendo o equívoco e o peso de estar na posição fálica, de suportar esse peso, renunciam, gerando a constante e indefinida queixa contra a vida, sempre insatisfeitos, pois querem o que não desejam e desejam o que não querem. Precisam entender que necessidade é diferente de vontade. Não estão satisfeitos dentro de suas peles, acomodadas com os ditames de seus corpos. Os outros, para se livrarem do mesmo dilema, se sacrificam em espírito, negam o corpo e tendem a se manifestar enquanto puro espírito, mera abstração, meros rituais, dissociados de si mesmos. As minhas queridas histéricas – a quem devo minha descoberta da Psicanálise  – me dão exibição, seus corpos são para serem vistos, olhados, alvos de pena e de piedade, de atenção. Meus obsessivos negam seus corpos, sendo puramente pensamentos. 

Triste Fim. 

Continua João Carlos: 

“Começa mais um a semana de moda, mais uma Fashion Week no Rio, em São  Paulo ou em Paris. Ocupa em São Paulo o prédio da Bienal de artes que em sua ultima edição, deixou um andar inteiro vazio, ou melhor, com cinco extintores de incêndio que para muitos desavisados era a instalação de um anônimo e gastaram suas metafísicas e seus conceitos decorados posando de complexos analistas da historia da arte e da sua libertação da representação após o advento da fotografia (Susan Sontag). As passarelas montadas, a primeira fila repleta de celebridades, a musica, o conceito, a inspiração e la vamos nos.Mulheres cabides, descabeladas, desfiguradas, magérrimas, andando trôpegas, apáticas, sob as luzes dos flashes, sobre os aplausos, sob a fome negada, sob  a tirania compensada num reconhecimento patético que durara o tempo do desfile. Meninas em busca do quê?”

GT: Pois é. Pergunto-me e pergunto a todos: Em busca de quê? Lola, coitada, já deve ter cortado os pulsos em Passau, onde mora ou morava.  

No mais, ligando tudo isso ao “cross gender bathroom” e a falta de sofisticação de alguns países em relação a outros, me lembro que criticar o Brasil hoje em dia é sinônimo de anti-patriotismo, é sinônimo de Yankee go home, é a mesma coisa que o Stalinismo em seus dias mais cegos e úmbrios com as caras dele mesmo (e de Marx e de Lênin) enormes, ou a de Fidel em Cuba com aquelas bandeiras a la Rudchenko tornando uma critica construtiva numa máquina de destruição em massa: as pessoas não conseguem mais lidar com a critica. Se sentem rejeitadas. Entram em surto. Piram. Entram em pinóia. Viram uma máquina de movimentos espasmódicos e convulsivos que babam baboseiras porque sua identidade foi ameaçada.

Pergunto-me, sinceramente, se o Brasil não se tornou um país pré-Medeia. Um país (de certa forma) Medeia Estéril. Não consegue ter filhos e, quando consegue, não os mata exatamente, mas os coloca numa posição de limbo confuso, algo entre o absurdo e o a falta de vontade de vencer e ouvir. E ver! Melhor ainda, ENXERGAR!

 

Gerald Thomas

18 Fevereiro 2009

 

(Vamp na edição)

 

 

 

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Estamos Queimados

“MOSES UND ARON”

Gerald Thomas

Imagens disponibilizadas por Patrick Grant no link abaixo:

http://www.youtube.com/watch?v=NBh-7jEtDuw

 cena de moses und aron

Cena da Ópera “Moses Und Aron” (Schoenberg) dirigida por Gerald Thomas.

 

1998

*”MOSES UND ARON”, de Arnold Schoenberg, na Ópera de Graz. De longe o ponto alto da carreira de mais de 20 anos de Gerald Thomas. Com Arturo Tamayo na regência (um maravilhoso colaborador) e um coro extra da Letônia (totalizando 260 pessoas no palco), essa produção foi uma indignação. Custos? Pornográficos demais para se citar na recessão cultural de hoje. O cenário de Guenther Domenic foi um escândalo (especialmente na cena final, em que o monte Sinai se movia como uma aranha. No topo, o próprio Moisés, gaguejando, sem palavras, olhando para a decadência promovida por Aarão, seu irmão, abaixo).

Thomas ambientou a ópera em um estúdio de TV, como se fosse um programa de entrevistas barato como o de Jerry Springer, em que a platéia se manifesta o tempo todo, gritando, interferindo e assim por diante. Gerald Thomas fez um inventário do desconstrutivismo com essa ópera inacabada, colocando em cena todos os ícones da arte do século 20 (de Duchamp a Pollock, Koons, Warhol, Hélio Oiticica e Christo). A iconoclastia também foi a grande questão, simplesmente porque (por razões muito pessoais) Thomas acredita que o século 20 já analisou tudo o que tinha de analisar, destruiu tudo o que tinha de destruir e colocou sob uma lente de microscópio muito precisa todos os cacos do mosaico que possivelmente existiam. Os semiologistas franceses fizeram sua parte. Agora, como disse Karl Loebl brilhantemente em sua revista ao vivo no canal ORF, “Gerald Thomas muito inteligentemente encenou as conseqüências do conflito entre os dois irmãos e tudo o que pode ser lido no meio”. A produção foi elogiada como uma das melhores de todos os tempos e Nuria Nono Schönberg em pessoa estava lá e pareceu muito comovida com o que viu.

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BURN NOTICE – Uma nota achada num cruzamento perigoso!

New York – Caramba! Percebo que não escrevo artigo novo desde Londres, numa Segunda- feira em que a cidade parou por completo: neve, tudo parado. Até trouxe um exemplar de cada jornal e chega a ser engraçado: “FOREIGNERS , bloody foreigners”. Parece que a neve (a mais forte em 18 anos) e o despreparo são tudo culpa dos estrangeiros.

Virou um Monday, Bloody Monday, ou melhor, um snowy Monday. Todo mundo plantado em seus lugares e xingando um europeu do leste. Até os indianos e paquistaneses xingavam os europeus do Leste!

Mas deixemos a xenofobia pra lá. Outro dia me peguei mandando um alemão pra um lugar terrível, tipo Dachau ou Buchenwald. Logo eu! Numa discussão terrível e apaixonada sobre arte e comunicação apela-se e chega-se a denominadores comuns baixos, baixíssimos! Um horror!

Ontem, após dar uma aula na Julliard (atrás do Alice Tully Hall, onde fiz o “Flash and Crash Days” com as Fernandas em 1992), mal consegui atravessar a rua de tanto vento! Metáfora? Nada. Era o vento mesmo nos levando! Era o tempo real atacando nossas peles nessa temperatura quase primaveril, para essa época do ano, nessa Manhattan.

Louco para voltar pra casa e não para o hospital onde está  Ellen Stewart e lidar com médicos e enfermeiras, cada um falando uma língua, cada um falando um dialeto, como se tudo viesse de Punjab ou de… sei lá. Estresse causa isso! O trânsito também causa isso. Vou jogar o celular no lixo! Pronto. Deve ser o início da cura, como disse belissimamente o Billl Mahr ontem no “Larry King Live”, logo antes de sabermos da notícia do crash do avião que levava uma viúva de uma vítima de 11 de setembro. Como falar sobre isso? E como não falar?

 “BURN NOTICE” é o seriado mais legal, mais ágil e mais cínico da TV americana. Leva no USA channel e não em canal aberto (ainda). É impressionantemente ligeiro, deliberadamente charmoso, profundo quando quer ser, e diabolicamente romântico e semi-tropical, já que tudo é baseado na vida de um EX isso e EX aquilo e tudo acontece em Miami. Adoramos os rejeitados que dão banhos no sistema e ainda narram como se deve fazer pra construir armadilhas em torno dele.

 “Mas a vida não começa hoje nem ontem”, eu dizia para os alunos da Julliard. Ria-se muito. E eu com eles.

 “Não,  a arte tem mil e dois precedentes. E nós, 44 presidentes!” Eles ouviam, num telão,  um crítico ao vivo (Karl Loebl, da TV estatal ORF) fazendo uma crítica linda e comovente da minha encenação de “Moses und Aron”*, de Schoenberg (1998, Graz, Áustria), e é justamente aí que o MUNDO pára. Ah, sim: Quando é que o mundo pára? Quando precisamos que pare para uma reflexão do que fizemos. Quando tem gente em volta precisando de nós e nós precisando dela. Quando a arte de hoje virou uma cópia estranhamente boba da arte de ontem. Não, nada morreu. Mas está na UTI, assim como a Ellen.

 

Obama e o pacote de estímulo.

Não, de Obama eu falo mais perto de completar UM MÊS. Será que agüento?  Será que meu coração agüenta?

 “Burn Notice” é um seguimento natural de “Rockford Files” da década de 70, com James Garner, que vem a ser um seguimento natural do detetive Phillipe Marlowe, do escritor Raymond Chandler.

Onde as coisas começam? “Onde nós determinamos que elas comecem”, respondi para uma aluna. Senão enlouquecemos. Estão tentando traçar paralelos loucos entre Obama e Lincoln (sim, mesmo Estado, abolição  da escravidão…) e mesmo com o pacote econômico de FDR.  Mas não há paralelos. Existem cruzamentos. E, como nos mostram os heróis ou anti-heróis da TV, como Michel Western do “Burn Notice” ou James  Garner do “Rockford Files” – como  é da história da arte, como Duchamp e o próprio Schoenberg – cruzar verdades ou criar um futuro virtual  pode ser perigoso.

Pior ainda: pode ser somente uma tática semântica. Pior ainda: pode ser somente uma arma de propaganda.

 

Gerald Thomas

 

(O Vampiro de Curitiba na edição)

 

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É neste Sábado, às 15:00 hs em New York

 

PS: Estamos com problemas técnicos na liberação dos comentários, o que pode vir a causar demora na aprovação. Tenham paciência.

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Ainda sobre o problema técnico, o pessoal do IG está trabalhando:

Caro Gerald,
Realmente o problema do sumiço dos comentários foi só no seu blog. A equipe de tecnologia do iG me diz que a grande quantidade de comentários excedeu a capacidade do sistema que temos para fazer as cópias de segurança periódicas de todos os blogs. A nossa equipe conseguiu recuperar os comentários, mas não todos, por causa do horário da última cópia de segurança. O problema ainda não foi resolvido definitivamente, portanto pode acontecer de novo. Hoje nossa equipe vai começar a instalar uma máquina exclusiva para o seu blog para agüentar o volume de comentários para que o problema não volte a acontecer. A previsão é terminar esse trabalho na segunda-feira.
Abraços,
Caique Severo
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PS do Vamp: Gerald, de New Iork, nos traz noticias nada boas sobre o estado de saúde de Ellen Stewart: Ellen  encontra-se internada e em situação muito preocupante.   

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Philip Glass on Gerald Thomas

Philip GLASS on Gerald THOMAS from Patrick Grant on Vimeo.

 

Composer Philip Glass speaks about playwright, director and long time collaborator Gerald Thomas and his Dry Opera Co. Interview conducted January 2009 by Patrick Grant in New York City.

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Gerald Thomas

 

 

Nascido em 1954, Gerald Thomas passou a vida entre a Inglaterra, o Brasil, a Alemanha e os Estados Unidos, formando-se como professor de filosofia e começando a vida teatral no La MaMa Experimental Theater. Lá, Thomas adaptou e dirigiu 19 estréias mundiais de peças dramáticas e em prosa de Samuel Beckett. No início dos anos 80, Thomas começou a trabalhar com Beckett em Paris, adaptando novas ficções do autor. Destas, as mais notórias foram “All Strange Away” e “That Time”, estreladas pelo legendário fundador do Living Theater, Julian Beck, em seu único trabalho como ator teatral fora de sua companhia.

Em meados dos anos 80, Thomas envolveu-se com o autor alemão Heiner Müller, dirigindo suas obras nos Estados Unidos e no Brasil, e começou uma duradoura parceria com o compositor americano Philip Glass.
 

Philip Glass

 

 

Philip Glass (Baltimore, 31 de janeiro de 1937), compositor americano que está entre os compositores mais influentes do final do século XX. Sua música é normalmente chamada de minimalista, (embora não aprecie esta expressão) caracterizada pela repetição de elementos musicais mínimos. Seu trabalho é influenciado pela música oriental, pelo serialismo e pelo aleatorismo.
Glass é  um compositor muito prolífico tendo produzido inúmeros trabalhos entre óperas, sinfonias, concertos, trilhas sonoras para filmes e outros trabalhos em colaboração com outros músicos. Tem dois filhos e atualmente possui residência no estado de Nova Iorque nos Estados Unidos e na província da Nova Escócia no Canadá. É defensor da causa tibetiana.

 

(Vamp na edição)

 

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O Que Eu Sou e o Que não Sou

LondresPois é! Esta cidade amanheceu soterrada por quase 30 cm de neve. Já ontem a noite o carro patinava pelas ruas como se fosse uma nave desgovernada. Para quem está em plena crise existencial, isso é a própria metáfora perfeita. 

Olha, vou tentar explicar: o blog me reduz. Por favor, não me leiam mal. Mas, sim, ele me reduz. Ao mesmo tempo, eu vivo dizendo aqui que “estou me despedindo do blog, que estou acabando com isso aqui”. 

A razão é simples. Talvez nem tanto. 

Seguinte: Eu sou um ser político. 

Não sou um ser político. 

Bem, não é bem isso. 

Este blog comemorou ontem CINCO anos de existência, contando com o do UOL.  Mas, numa recente entrevista que o Philip Glass deu a meu respeito (linda, deslumbrante, e que o Vamp irá disponibilizar aqui para vocês nos próximos dias), ele me situa dentro do mundo TEATRAL, assim como a Ellen Stewart, a minha MaMa, do La MaMa, também havia feito, a cerca de umas semanas em sua cama de hospital em Nova York. 

O BLOG 

Isto aqui  acabou virando uma tela de Pollock. Mas não lúdica. Não estamos no campo da cultura, como eu havia me proposto. Acabo me vendo no campo das “mundanices” respondendo e atacando coisas e pessoas que são, em última instância, a MENOR das minhas preocupações. 

Me vejo pequeno! 

Sim, me vejo pequeno. Não nasci blogueiro. Sou autor e diretor teatral e , desde que essa entrevista do Philip foi editada, eu tenho pensado o que fazer da vida, qualitativamente. O que fazer? 

Claro que durante esse último ano o assunto era Obama. Eu não poderia deixar de comentar com PAIXÃO aquilo que mais me movia e comovia no campo da política, cultura e comportamento mundial e Barack Obama compreendia tudo isso.  

Mas Obama agora é presidente. Pronto. Já aconteceu. Agora o Presidente Obama completa praticamente 2 semanas desde o seu ‘comando’ na Casa Branca. 

Lula, lulismo, Castro e castrismo, Brown e brownismo, Merkel e merkelismo e ficar reclamando disso e daquilo não é o meu barato.  Tem gente muito mais qualificada para fazer isso.  Entenderam? 

Estou escrevendo “HARD SHOULDER” (Acostamento), um novo espetáculo. E… não posso e não irei mais ficar blogando a favor ou contra aspectos “menores” de governos locais. Sim, é isso. Daqui de Londres eu poderia estar comentando o que o mais recente PLOT da MI5 contra os paquistaneses extremistas-islâmicos tem… Mas não vou. Poderia falar do ETERNO debate local sobre a ETERNA luta contra o a UNIÃO EUROPEIA em que Edward Heath jogou o Reino Unido… e que hoje traz para cá uma quantia desproporcional de romenos, de croatas, de búlgaros, enfim, do Leste Europeu e que ‘não estavam no contrato’ quando Heath (Primeiro Ministro nos anos 70) queria ligar a ilha ao ‘continente’ (significando França, Alemanha, Itália e olhe lá!!!!).  MAS, mais uma vez, não vou falar disso. UFA! 

Então, este artigo é um artigo de alguém em plena crise. Quando o Vamp quiser escrever sobre problemas políticos locais, tá ótimo. Vocês comentam, pulem em cima, se rebelem, mas, por favor, prestem atenção na assinatura do artigo: ele é ele e eu sou eu. 

Nem de Obama eu falo mais.  

Nem sei exatamente sobre o que escreverei até maio próximo. Sei que de política estou de saco repleto. E porquê? O motivo é simplérrimo: é só voltar para Londres para se ter uma sensação de que o tempo parou. 

Encapsulou-se o tempo. Deu-se um pulo para trás. São as mesmas reclamações conservadoras ou trabalhistas de sempre e sempre… 

Mas eu não sou um sujeito do “sempre e sempre”. 

Prefiro ser do NUNCA e nunca. Ou na linha do Risco, sem rede embaixo. Afinal é teatro, ou não? Estou mais para Lewis Carroll ou Borges do que para esses Saramagos que resmungam e resmungam. 

Tenho um dia enorme pela frente. Estou de bem com a vida: acreditem. Londres me faz bem, me “aterra” apesar de ser o lugar da Madness of King George e do avô de Mick Jagger! E no mais, obrigado a todos vocês por terem me aturado por esse tempo todo! 

Vou tentar me mover nessa cidade nevada e, debaixo do braço, alguns livros ‘basicos’: “Náusea”, “1984” (acreditem se quiser) e outros menos conhecidos como “O que fazer?”

 

Gerald Thomas

2 Fevereiro 2009, Londres

 

PS do Vamp: Sempre que entrarem no Blog teclem “F5” para atualizar a página, pois a mesma não está atualizando automaticamente.

 

 

(O Vampiro de Curitiba na edição)

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Stop The Bleeding + Gerald Thomas faz palestra em NY

STOP THE BLEEDING 

CHEGA DE SANGUE

New York – Que loucura! Sento aqui numa Terca-feira de manhã e penso que já passou uma semana desde que o Presidente Barack Obama estava lá no Capitolio, alguns minutos passados de meio dia, mão sobre a bíblia e: Pimba! O mundo se mexeu, lágrimas de alegria e ondas de calor contagiaram o planeta.

No entanto, algumas poucas mínimas pessoas no mundo continuam discutindo “se” Obama isso ou “se” Obama aquilo: ora bolas! Ele é e pronto! Será que alguns mortos vivos estão mais mortos do que vivos? Que chatice!

Ontem à noite foi ao ar uma entrevista exclusiva pela TV Al Arabiya em que Obama fala claramente sobre o caminho louco e nada lúcido que Israel e os Palestinos estão tomando nessa constante guerra sem fim. Falou também que o plano dos Saudis tem um prazo (aliás, era uma vez uma aliança entre a dinastia Bush e os Saudis)  e ele está se esgotando e que é melhor voltar para mesa de negociações!

Jobs. Foi o PIOR dia no mundo dos JOBS! Não do Steve Jobs (talvez no dele também), mas no plano de empregos: 70 mil empregos se foram, bem, pra cucuia hoje neste país! Mais 70 mil desempregados graças às administrações anteriores e uma economia cuja moradia tinha o endereço fixo: nos 7 pecados capitais.

Enfim, de volta à semana passada (túnel do tempo): Fechando Guantânamo e dizendo na cara de Bush que “aqui na América não se torturara mais”. Que mensagem essa! Quer dizer: então “se torturou!” Então admite-se que torturaram. 

Isto, em si só, já é um passo. Mas quem ainda tem ‘reservas’ quanto ao fechamento do pedaçinho da ilhota Cubista, ou se torna um cidadão americano ou afaste de mim e se cale-se! “Ah, não seja tão cínico! Todo mundo tem o direito de opinar! ” E tem mesmo. Mas as besteiras que são ditas…”vão direto se aliar a Al Qaeda…”, dizem vozes do além.

Não, não vão! Quando a gente lê essas bobagens, essa ‘nivelagem de tabloide’ geralmente nao vem de consultores como o Peter Bergen. O Bergen é o maior especialista em ‘counter intelligence’ e já teve o desprazer de sentar numa toca com o Bin Laden. Sabe tudo. E mais! Segundo pesquisas dele (aliás nada mais do que mero senso comum), não existe essa “lenda” dos caras (ex-terroristas) simplesmente se juntarem novamente a grupos de onde vieram por um único e simples motivo (e é simples mesmo) :

Depois de tanto tempo sob ‘comando ou domínio americano’ esses sujeitos simplesmente seriam vistos como infiltrados e qualquer um, seja no Afeganistão ou no Paquistão, ou seja onde for, olharia para eles com uma tremenda desconfiança! ÓBVIO, não é?????? Pombas!

O mundo ainda tem mais pra Rush Limbaugh do que imaginei. Deus me livre! 

Quem é ele? Naveguem, meus queridos! Naveguem e vejam o tamanho do inferno republicano e seus vícios Oxy-Contin e outros dopaminadores! Ah, e falando em travessuras: O ex-reverendo Ted Haggard! Hetero CONVICTO e pego no flagra com outro homem e depois mais outro homem, e cheirando methanfetamin, seu império evangélico trilionário e republicano veio abaixo. Claro! 

Mas chamá-lo de gay, jamais!!! Jamais!!! Com ele e sua mulher a coisa tem que ser semântica, entende? É “same sex attraction”. Bem, perdeu tudo. Está procurando emprego. A filha da Nancy Pelosy (representante do Partido Democrata na nossa House) fez um documentário pro HBO sobre a boneca e, bem… vamos assistir com compaixão! Sim, faz UMA SEMANA que o mundo se livrou daquela imagem. Qual? A melhor mesmo, a melhor de todas naquela Washington DC (fora um lindíssimo sentimento “Woodstockiano”, sem a nudez ou as drogas ou a lama), foi a de um Dick Cheney saindo, indo numa cadeira de rodas: um inútil, um aleijado, um Hamm de Beckett, um canastrão, um Dr. Strangelove, um amputado! E nem Clov do lado tinha. Hamm tem que ter Clov do lado. Esse é o verdadeiro FIM DE JOGO!!! (Notem que Ham= presunto + Clove= cravo, quando um é enfiado no outro e entram no forno, dão uma bela refeição de Natal. Canastrão também está implicado e Clov deriva de Clown). Cheney, portanto, na posição do comandante aleijado por “caixas que movia em sua casa” (só faltava estar cego), estava na cerimônia como um mendigo clownesco amputado do meu dramaturgo predileto irlandês! I HAVE A DREAM… agora virou I’M LOOKING at REALITY and it’s GREAT!

Continuamos sendo um país de sonhadores. Mas aqui, ao contrário dos outros lugares, lutamos pelos sonhos com… todos os artifícios. Chega a ser kafkiano: 

Bernie Maddof é um dos lados criminosos da “coisa”. Somos todos sonhadores (sufixo: dores). E cometeremos os mesmos erros e acertos sempre, não? Sempre. É uma questão cíclica, ciclotímica, histórica, histriônica, natural, naturalista, representada, interpretada, diplomática, irada, irrigada, ironizada e, quem sabe, às vezes… um periodozinho de TRÉGUA!

 

Gerald Thomas

(cumprindo o contrato, batendo ponto e batendo no ponto!)

 

 

 

(O Vampiro de Curitiba na edição)

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O Recalque dos Brasileiros

NEW YORK – Eu sei que não é fácil viver afastado do mundo. Sei como é difícil “tentar” estar envolvido e, no entanto, não estar. Imagino como deva ser enfurecedor. 

Digo, frustrantemente enfurecedor. O conflito em querer ter o poder e não tê-lo é difícil. Olhar para as grandes nações do mundo e sempre ter que imitá-las, importar seus produtos, “fazer tudo igual, mesmo com anos ou décadas de atraso” acaba virando um recalque. Sim, um furor de racalque. 

Do que eu falo? Desse blog, óbvio. E de alguns comentaristas e do Brasil como país, como nação, sempre tentando meter seu bedelho em tudo. Digo, opiniões impressionantes a respeito de tudo, quando não sabem nem onde fica a porra do Yemen, ou sua história. 

Uma nação conquista sua história com INDEPENDÊNCIA, sangue, e formula sua CONSTITUIÇÃO através de uma, duas, três ou mais Revoluções. São sanguinárias essas guerras internas, os conflitos internos, e, principalmente, a luta que se trava entre grupos de interesses e a moral da grande maioria silenciosa e os os direitos civis, e a liberdade INDIVIDUAL vai ganhando um preço! Um preço alto. 

Poucos de vocês (desculpe se os insulto) têm vida vivida (empírica)  em terras estrangeiras de PRIMEIRO MUNDO e tudo que conhecem já lhes chega em segunda mão! E vem destilado, babado, cagado, amerdalhado, assim como os (des)editores bem entendem, já que ninguém entende porra nenhuma: é sentindo o cheiro das esquinas e comprando no coreano que fica aberto 24 horas e cortando legume na calçada de NY que se conhece uma cidade, e não pelos seriados de TV. 

Resumido: Vocês aí no Brasil discutem e se arrastam, mandam “Ministro” (eita demagogia populista de merda) para “mediar” a crise entre Israelenses e Palestinos (óbvio que o cara não chegou nem perto ou sentou em poltrona alguma… ). Enfim, o Brasil é um país que se ARRASTA há décadas, há séculos, mas NUNCA CHEGA LÁ. É o tal GIGANTE DOPAMINADO, dopado. Antigamente, dizia-se “adormecido”. 

Hoje (antes isso não fosse verdade), infelizmente, não tenho mais esperanças em que ele acorde!  Ou roubos, a malandragem instituídas e a… 

A CULTURA do COITADINHO… me ouviram? A cultura que apadrinha o coitadinho…

E que, na verdade, ODEIA O VENCEDOR, mas adora dar um tapinha nas costas daquele que PERDE, porque se identifica com aquele QUE PERDE…. gente… que merda! Que merda! 

E, no entanto, vocês acham que sabem alguma coisa sobre a Commonwealth Britânica ou como os EUA estão enterrado até os dentes em todos, digo TODOS os conflitos Regionais MUNDIAIS porque, dede Reza Palevi até o Saddam Hussein, até Bin Laden, todos foram,de uma forma ou de outra, oportunizados por uma administração da Casa Branca ou por outra para conter os Russos ou os Iranianos ou os não sei quem, dependendo do jogador de xadrez da hora e de quem estava com a rainha na mão certa. 

O Brasil não está nesse meio. Não é um jogador mundial de política! É O PAÍS QUE DETESTA O (assim chamado) “IMPERIALISTA” . Amam nos odiar (me coloco agora como americano, apesar de ser brasileiro também!), mas DEPENDEM DO CONSUMO de produtos importados dos poros até o CHUÍ (Marilena inclusa). 

O BRASIL é um país que acaricia o PERDEDOR, é um país que tem ÓDIO do resto do mundo que ATROPELA a economia globalizada por pura falta de competência! Até a India está na frente e a Coréia do Sul, por exemplo… ah, essa já deu o pulo do gato há tanto tempo que exporta tecnologia!  

A única coisa sobre a qual  vocês podem MESMO ( e com AMBIÇÃO de Phd!) é sobre a PORRA DA NOVELINHA DAS 8, DAS 9, DAS 10, DAS 11, DAS 12, DAS 13, DAS 14, DAS 15…  

Ou sobre a impunidade dos salafrários que não vêem o olho da Justiça NUNCA porque num país que não se auto-respeita não existe JUSTIÇA! Existe JUSTIÇAMENTO, ou como dizia-se nos porões do DOI-CODI, “desaparecimento”. Mesmo nos anos Bush que, graças a deus tem 4 dias contados, a pior prisão (Guantânamo) não rivaliza com uma delegacia de polícia comum em, sei lá, preencha a lacuna!  

Recalque brasileiro por não fazer parte do G8, do G9 e querer inventar um G20 ou cadeiras como um idiótico Sarkozy sorridente aterrisando nas praias cariocas afirmando que o Brasil deveria fazer parte do Conselho da ONU? Que porra de ONU !  Talvez a melhor coisa que Israel fez foi bombardear aquela merdinha de esconderijo de ONU que não existe mesmo (moro do lado do prédio feio, ridículo e corrupto chamado UN, aqui na 1 Avenida!) 

Fazer parte de uma nação de verdade é fazer parte de um VERDADEIRO RISCO. VOCÊS NÃO SABEM O QUE É ISSO.  VOCÊS SEQUER TÊM UM EXÉRCITO DE VERDADE. MARINES, ESTOU FALANDO DOS MARINES OU DA US NAVY, CARALHO! 

O que um brasileiro sente quando olha para um soldado marchando em 7 de setembro? Nada. Não sente nada. Vocês não têm história. E se têm, não se orgulham dela. Por isso grudam esses olhos vesgos na televisão e vivem a vida DOS OUTROS, vivem no NOSSO CENÁRIO, FINGEM ODIAR , MAS ENCHEM NOSSAS RUAS, NOSSOS RESTAURANTES, COMPRAM NOSSOS PRODUTOS E POR QUÊ? 

PORQUE NÓS INVENTAMOS TUDO! 

Basta um mero exemplo para explicar a miséria estúpida em que vocês vivem: olhem o metrô de São Paulo e olhem o tamanho de São Paulo. E olhem a data dos metrôs das outras capitais mundiais. Não preciso dizer mais nada, preciso? 

E  vocês são um bando de reclamões opinativos.

Ociosos, retóricos, opinativos. Merecem um divã com pregos ou espinhos! Ah, e antes de me virem com respostas levantadas pelo Google (inventado aqui), lembrem-se que TUDO surgiu aqui, a não ser Confúcio ou Sófocles. Até a Bossa Nova veio do Jazz e o Chorinho veio do Blues, seus racistas inconformados com a terra que não brota. Só queima, queima, queima e entra em vossos pulmões para virar, digamos assim… rancor cancerígeno.

Gerald Thomas – NEW YORK, 15/01/2009

 

(O Vampiro de Curitiba na edição)

 

 

16/01/2009 – 16:34
Enviado por: Jose Pacheco Filho
Diverti-me tanto esta tarde ao ler todos os comentários já postados que estou pensando em continuar ficando sós na janela e apreciando.
Salvo brilhantes exceções a maioria confirma as palavras do Gerald.
Nem ao menos param para pensar no que escrevem e mandam para a moderação as asneiras escritas. O pior é que talvez se julguem os verdadeiros donos da verdade.RsRsRS.
O Gerald é e nasceu para ser teatrólogo. Seus textos são como peças que sua mente vai criando e usando o material que ele recolhe no dia a dia.Deve servir de tudo.Pessoas,tipos ,situações,acontecimentos e falas.E aqui no blog,principalmente as falas que são enviadas por escrito.
Gerald ao que eu saiba não é um ator. É antes de tudo um criador e diretor.Dirige e exige que o ator faça exatamente como ele imagina que deva ser a fala e principalmente a postura do dirigido.
Este blog funciona para ele (penso eu) como um celeiro de astros aos quais ele (o autor-diretor) conduz para o lado que ele mesmo deseja.
Seu amor pelo Brasil é evidente e só não percebe que não deseja enxergar senão somente seu ponto de vista pessoal.
O artigo forte lido as pressas leva os exaltados nacionalistas de araque e desejarem jogar pedras na Geni de plantão (no caso o Gerald) e mandam brasa destilando seus recalques e ódios contidos.
Calma porra. Pense antes de vomitar suas fraquezas e inibições.
Leia com auto-critica.Veja o lado bom da critica.
Só critica quem ama. Quem não ama despreza e esquece.
Quem critica com honestidade deseja consertar e melhora.
Gerald está tentando construir e não destruir.
Quem gosta de destruição é terrorista.
Ataque o terrorista. Talvez aquele que está dentro de você.
E aplauda quem merece.
Eu aplaudo o Gerald e outros que aqui souberam ler a mensagem que um autor e diretor escreveram.
Obrigado.
Pacheco.
___________________________________________
Sim, Reinaldo Pedroso, se eh pra me ofender, FORA CARA. Fora.

Contrera: tenho que ler teus comentarios com calma, porque te adoro e tenho que ler com calma e te responder com calma.

Mesma coisa com Tene Cheba que me entendeu mal. Desculpe Tene, acho que vc nao me entendeu direito e um emai pessoal ira resolver isso.

Ezir, mesma coisa.

Quanto ao resto, estou exausto. Vim de uma reuniao e tenho que resolver o que fazer aqui: estamos , OBVIAMENTE, num impasse.
Obviamente num impasse.

alias, desde que a Ellen Stewart me falou “what is this thing you’re writing for….a blog? You must keep on writing for the theater.”

e eh isso mesmo que eu vou fazer.

Paulo Francis – certa vez – falou assim: “Nao vou ficar recebendo ordem de fedelho!” Ele se referia a um periodo da Folha.

Passou. Francis evoluiu. Virou outra coisa.

A Folha evouliu , virou outra outra coisa.

Hoje me perguntaram : “Voce nao vai escrever sobre o aviao que caiu ai em NY?”

eu respondi: NAO SOU REPORTER!!!

me perguntaram em seguida: Voce vai pra posse do Obama? Vai escrever?

Vou pra posse do Obama sim: ESCREVO O QUE QUISER. SOBRE O QUE QUISER. OU QUEBRO MEU CONTRATO COM ESSA PORRA AQUI.

Sim, escrevi um texto sobre o que muitos brasileiros pensam sobre o Brasil.

Se eu tivesse escrito um Texto sobre os Estados Unidos, ah ha ha ha ha ha, talvez os Petistas estivessem construindo estatuas pra mim hoje, de bronze, prata ou OURO.,

Querem saber? Hay gobierno, soy contra. Mas existem sim algumas nacoes mais bem resolvidas. Querem que eu meta o PAU nos rednecks e nos hillbillies daqui? Sem nenhum problema’

Alias, o blog, juntando com o do UOL, em 1 de fevereiro FARIA 5 anos. Ja nem sei o que eh NAO TER UM BLOG.

ENFIM, PASSEI UM ANO OU UM ANO E MEIO

METENDO O PAU EM JOHN McCAIN e todos os Republicanos

no GOP inteiro.

Sofri ate nas maos do Vamp, perdi leitores

Ganhei outros

“Fui livrado” de um site (gracas ao bom deus) de um site (gratuito) que opera – de operar mesmo, no pior sentido) da Florida, mas de brasileiros, da pior especie.

2008 foi um ano pessimo. Pro final foi ficando melhor.

Volto pras minhas encenacoes!

e pra um OTIMO ano Obama
e,

um mundo melhor: espero.

e, sinceramente?

com mais respeito. Um pelo outro. Onde quem le, entende que a leitura as vezes atinge o nervo que o escritor nao enxerga cirurgicamente de PROPOSITO. NAO EH PROPOSITAL.
Jamais trataria o meu leitor assim, propositalmente. Pra que? e Por que?
Nao faz sentido? Mas a critica dura? Ela eh valida sim senhor. E foi atraves dela que movimentos como a Bauhaus e os poetas concretos, os Maravilhosos irmaos Campos atravessaram propriedades inteiras de “wasteland”, ou seja, de terreno baldio…
que vem a ser…
justamente aquilo que o escrtitor ou o poeta nao esperam atingir (mas atingem ao que me parece) no momento de fragilidade UNICA ao se posicionarem perante ao mundo em CRISE num momento da virada crucial de suas vidas

A todo pessoal do IG que tem sido do caralho: meu muito obrigado. Muito obrigado mesmo!
LOVE
Gerald Thomas

16 January 2009

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Os Dois Baracks e Uma MaMa

                                              

 

 (Foto de Gerald Thomas, do celular)

Há cerca de um mês estava tudo tranquilo. Quer dizer, tranquilo…Nunca nada, ever, está tranquilo. Mas Ellen Stewart, a fundadora do La MaMa ETC (Experimental Theater Club, que cunhou esse termo, ‘teatro experimental’), estava em seu apartamento, no 5 andar acima do teatro onde comecei minha carreira ‘oficial’ com as peças de, bem, vocês sabem de quem. De um irlandês famoso, o mais genial: Sam Beckett. E, até semana passada, nosso presidente Barack Obama ainda estava no Havaí de férias e o bombardeio entre Israel e o Hamas ainda não havia começado. Não era Natal ainda. Jesus ainda não havia nascido.

Bem. Os dois Baraks, ou Baracks, saíram de seus refúgios e Ellen Stewart entrou, em estado grave, para o hospital, para o refúgio de uma UTI. Algum paralelo? Talvez. Ontem, ao visitar a minha mamma, a pessoa a qual devo toda minha vida teatral, ela me dizia: “temos dois Baraks, dois Baracks, você precisa escrever sobre isso. E precisa escrever sobre como os judeus sefaradins são perseguidos por vocês!”

Eu, Mamma? Eu não persigo….

“Você, é maneira de dizer… vocês ashkenazis”

Ela se referia aos milhões de judeus Yemenitas, Etíopes e Somalianos ou  Egipcios ou Iraquianos e aqueles nascidos em solo “palestino” de cor escura. “São tratados como nós, negros, éramos, ou ainda somos, pelos brancos, aqui e no mundo”.

Sim, Ellen sabe tudo sobre racismo. Vinda de Chicago para New York nos anos cinqüenta pra trabalhar como estilista na loja Sack’s Fifth Avenue, ela tinha que entrar pela porta dos fundos. Era a única estilista negra. Lutou, berrou, esperneou e ralou até que chegou onde chegou: Fundadora do mais reconhecido teatro experimental do mundo, aquele que trouxe (da Polônia) Jersy Grotowsy e Tadeuz Kantor ou, do mundo, Peter Brook, Kazuo Ono, ou de paises confinados,  ou reduzidos a trapos, dezenas de artistas do palco  pra cena do East Village e deu ‘voz’ pra companhias como o ‘Mabou Mines” (de onde surgiu Philip Glass), e tantas milhares de outros, como Sam Sheppard ou até Robert de Niro e Bob Wilson….Ellen é, como diz Harvey Firestein (autor de “Torch Song Trilogy”), “Ellen é responsável por 80 por cento do que está nas telas e nos palcos americanos” (entrevista a Vanity Fair de anos atrás).

Estamos confinados.

Até semanas atrás, Ehud Barak, ministro da defesa de Israel e ex- Primeiro Ministro (deposto em 2000 ou 2001, não me lembro), era considerado um homem praticamente morto na vida política israelense. Ele é membro do mesmo partido trabalhista (o de Golda Meir e Ben Gurion, o fundador do Estado de Israel)…. ah, e, by the way, Barak é sefaradim , portanto não muito popular entre os “brancos” como Benjamin Netanyahu, também ex-primeiro ministro, educado aqui nos States, um perfeito sotaque inglês americano, um cara que era visto jogging em Central Park, digo, o Natanyahu.

Bem, ninguém está mais falando assim de Ehud Barak agora, nesse momento. Essa guerra contra o Hamas ou contra os palestinos, depende de como vocês queiram ler, é uma guerra ‘tida como pessoal’. Paralelos com George W Bush e o Iraque? Sim, já que o Pai, George Bush “Senior”, dono da guerra Desert Storm deixou o ditador Saddam Hussein, intacto? “W” foi lá e, crau! Estamos onde estamos. E a dívida? E a dívida humana?

Paralelos? Ontem, conversando pausadamente com a Ellen (nome da minha mãe biológica também), no hospital – (e não riam) – “Beth Israel”, ao sair para comprar uma barra de chocolate pra ela, perguntei pra alguns médicos judeus orthodoxos o que achavam do atual conflito: “DISGUSTING ! “Em tantos anos de intelligence gathering, deveria se achar uma outra maneira de desmantelar um grupo terrorista como o Hamas”. Já outro me dizia…”Crush them all” (massacrem, amassem todos!).

Barak está todo prosa: vestido com seu casaco de couro ele está respeitadíssimo entre seus pares no Knesset (parlamento) Israelense. Barack Obama está morando provisoriamente num hotel em DC. Faltam 12 dias para sua inauguração. Todo prosa, e com razão, ele está com seu terno e gravata tentando dar um jeito na economia americana que está um trapo: parece uma dessas fotos que se vê saindo de Gaza. Me desculpem pela péssima analogia, mas era evidente que um paralelo gráfico teria que ser feito.

Ellen Stewart apertava minha mão. Dificuldade em respirar. Mão enfaixada pelas injeções de insulina, etc. Ás vezes encostava a cabeça no meu ombro. Essa cena me é comum há três décadas, afinal, essa é a pessoa que me deu a vida no palco e comemora NOVENTA anos de idade. E me diz….”genocídio de crianças eh imperdoável…sob qualquer circunstancia….e a perseguição entre vocês….”. A enfermeira interrompeu. Era hora dos procedimentos médicos. Saí do quarto. Fiquei em pé no corredor pensando nessa mulher que passou metade de sua vida profissional amando Israel, montando um teatro lá.

Hoje, com o ataque do Hesbollah, ela já está em casa, sempre com a televisão ligada. “Gerald, escreve o que você tem que escrever, mas escreve para o palco. Não entendo isso de Blog que você fala”.

Essa é uma homenagem a Ellen Stewart.  Essa é uma homenagem a todos os que têm uma opinião, seja ela qual for. Mas cuidado: para se ter opinião mesmo, deve se saber onde, porquê e quando. E não arrotar ou reciclar bobagens.

Gerald Thomas

PS: Este artigo só faz sentido se lerem  antes “Israel Sexy”, no post abaixo, com seus quase 700 comentários.

 

(Vamp na edição)

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Harold Pinter: O Silêncio do SILENCIADOR

 

O SILÊNCIO dos Silêncios.

  

New York – Este ano de 2008 ainda tinha que engolir mais um! Justamente o dramaturgo que fazia do silêncio a sua pausa dramática. Nascido em Portugal, de uma família judia com o nome de Haroldo Pinto, Pinter chegou na Inglaterra cedo. Como todos os bons playwrights “ingleses”, ele também era um outsider. Stoppard, ainda vivo e muito vivo, nasceu na república Tcheca. Beckett (de quem Pinter se diz “aprendiz”) era irlandês, Shaw, igualmente, da ilha vizinha à Inglaterra e assim por diante.

Mas o que importa tudo isso? Ah, os silêncios nas peças de Harold Pinter. Sim, eles nos causavam um certo desconforto. Causavam na platéia dos anos 60 e 70 um enorme, digo, enorrrrme, desconforto. Justamente por ser um outsider, Pinter via a aristocracia Britânica criticamente, mas queria desesperadamente fazer parte dela.

Em seu casamento quase doentio com Lady Antonia Fraser (cujos livros vendiam mais que os dele), Pinter conseguiu subir de “classe”, algo importantíssimo numa sociedade dividida em classes, em bairros “posh” ou “working class“, em sotaques, como a de Londres, que em si só tem cinco distintos sotaques, acentos, variados.

Harold Pinter, em THE SERVANT – raramente colocado no palco – dá um show do que é um texto hegeliano. Sim, um pouco de Beckett. Um pouco de “Fim de Jogo “(se insistem, se “ele”, o próprio Pinter queria moldar seus textos a partir de Beckett, do mestre de quem ninguém escapou nesse século XX que passou) Por que Hegel? Escravo, senhor, aquelas coisas: o poder do não dito, o “desdito”, o “mal-dito”… uma relação de poder não resolvida entre classes (na Inglaterra de hoje e sempre da qual Edward Bond e David Hare e Alan Bennett também escrevem).

Pinter não mantinha vínculos com Portugal. Nao falava mais o português. Stoppard também nada tem a ver com os Tchecos ( a não ser recentemente, quando decidiu rever suas raizes). Beckett saiu da Irlanda, mas mesmo encrustrado em Paris – e tentando escrever em francês – Samuel Beckett nunca abandonou a língua Joyciana que vem a ser, essencialmente, um irlandês onomatopéico. Nelson Rodrigues sempre foi um brasileiro apaixonado. Mueller um alemão que olhava na direção dos gregos e de Shakespeare e de seu mentor, Brecht. Como se vê, o século XX foi pontuado por autores que deixaram sua marca por algo “unique” e, no entanto, semelhante. O quê? O Bairrismo!

Quando eu ouvia dizer que havia um Pinter sendo montado fora de Londres (fora do Royal Court, pra ser preciso) eu achava muito estranho. Nada contra. Mas sua linguagem era, essencialmente, londrina, assim como a de Nelson é, essencialmente, brasileira: dificil de ser traduzida ou entendida por outras culturas.

Eu não conheci Harold Pinter. Mas ouvi Backett falando várias vezes sobre ele. Não eram elogios, propriamente. Nem reclamações, tão pouco. Eram desabafos. Alan Schneider, o diretor que me deu muita dor de cabeça quando eu queria colocar no palco, aqui no La MaMa, a prosa de Beckett nos anos 80, foi atropelado em Londres por um Ciclista (que eu chamo de Godot) ao depositar no correio do bairro de Hampstead (o bairro onde eu moro quando estou em Londres) uma carta para Beckett. Como americano, esqueceu de olhar pra direita e, pum! Veio um Godot e o atropelou. Mas, o que se conta, nos meios teatrais, é que Schneider estava encenando Pinter no Everyman Theater – um pequeno teatrinho lá no alto do morro do bairro chique. E seu elenco… bem, deixa pra lá… estamos em pleno Natal… SILÊNCIO!!! PSIU! Atores olhando uns pros outros por 3 minutos. Tensão total. Um homem morto na rua, atropelado: trata-se do diretor. Golpe do autor? Do autor de “THE ACCIDENT”? Seria demais !

Pinter-Schneider – Beckett. Hummm! Certa vez, bêbado como um tatu, o autor dos silêncios que “liam a introversão dos sentidos daquilo que não se dizia um pro outro explicitamente, mas, no olhar, se expressava e se ofegava” (Terra em Trânsito, GT 2007), quebrou um salão de barbeiro inteiro ao saber de um “affair” de Antonia Fraser. Depois se acalmou. Ele próprio estava com a sua amante.

Ah, a Londres de Mayfair, de Belgravia!!!

Cancêr no esôfago também consumiu Heiner Mueller. Prêmio Nobel… hummm…. Beckett o recusou, Pinter o aceitou. Hoje, além de ser Natal, não é um bom dia para críticas. Rest in peace and in your final silence Mr. Pinter, I hope you’ll find that there isn’t such tremendous noise to disturb youI mean, there is an extremely noisy silence right at this very moment. Yes, there is. Throughout the stages of the world your name is being called out. Can you hear it? Can you hear it? We’re calling out your name.
Farewell, Mr. Pinter or should I simply say, have a good Homecoming.

Gerald Thomas, New York.
On The Day Christ was born.
2008

PS: abaixo desse post: o vídeo de “UM CIRCO DE RINS E FÍGADOS” com Marco Nanini onde Pinter é mencionado junto com Genet, Beckett e outros dramaturgos.

PS 2: Por que será que tanto Beckett quanto Pinter decidiram morrer no Natal ou perto do Natal?

Estranho… muito estranho! Pelo menos Pinter não nasceu no dia da Páscoa, como Sam.

 

(Vamp na edição)

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COCAÍNA E EXTREMOS NÃO TÃO SIMPÁTICOS

Hoje este blog comemora seis meses aqui no IG. Esse último artigo, o de baixo, teve um acesso de mais de 17 mil pessoas, resultando em quase 800 comentários aprovados (coisa, aliás, sem precedentes). Dos mais insultosos aos mais carinhosos, acho que nunca vi ou vivi nada igual. Escrever sobre o Brasil (consideram alguns brasileiros) é escrever CONTRA o Brasil. A noção de  ‘crítica construtiva’ parece que caiu por água abaixo, junto com essa onda de analfabetismo e xenofobia que o pais adotou. Muito bem.

 

Esse artigo precisa ser linkado ao de baixo, “negros-2”, onde falo nada mais do que a Folha confirma hoje num caderno especial (e copio trechos aqui).

 

Outros assuntos: BlogNovela: “ O Cão que insultava Mulheres, Kepler the dog”.

 

O Cão que Insultava Mulheres, Kepler, the dog.

 

Pouco a pouco volto a reorganizar minha vida aqui em NY. Estranho isso. Alguns comentários deixados no texto “negros-2” são tão extremamente venenosos e recheados de FÚRIA que me pergunto sobre a patologia ou psicose do internauta que o deixa ou endossa tal comentário. E o resultado que isso traz, digo, o respaldo: Rimos muito, eu e amigos meus, quando lemos em voz alta alguns desses repetidos comentários. Sério. Não causam mais nenhum impacto, crianças!

 

O que ouvimos do palco, no final de um espetáculo, vindos de uma platéia escura, são aplausos ou vaias. Mas jamais saberemos a “verdade” do que realmente se passa na cabeça do espectador (Shakespeare escreveu a respeito) além daquela formalidade, digamos, protocolar. Mesmo depois de 30 anos de teatro e ópera pelos “mundos” afora, a quarta parede aqui dentro já foi quebrada há tanto tempo e se há um espelho do meu ego, esse já foi quebrado há décadas também. E por quê? Por causa de uma coisa simples, frágil, singela, singular… que chamo de AUTO-PROTEÇÃO.

 

Como assim? Sim, nós nos expomos. Claro. Damos a cara a socos e pontapés alheios quando escrevemos textos e encenamos/escrevemos espetáculos NOVOS (que não são REPETIÇÕES de textos clássicos, fáceis de serem remontados e remoídos e remoídos e regurgitados…). Mas, e dai?

 

E daí que nada disso importa. Teatro não importa. Arte não importa. O que importa é que a Ford Motor Company e os outros, como a GM, estão perto de fechar suas portas. E isso sim terá um impacto MUNDIAL (incluindo nosso querido Brasil que não aceita criticas…) Assim como numa peça teatral, a cortina fecha, o drama chega ao epílogo… e os grandes heróis de uma era não estão sabendo mais lidar com os tempos modernos de Chaplin e… pum, caem no chão! E, com isso, milhares, digo, milhões de empregos no mundo se evaporam. Milhares de famílias dignas viram homeless. Brincamos demais por tempo demais. Brincamos de Alan Greenspanismo, dessa desregulamentação! E esse será o preço. A coisa não começou ontem, não começou com Bush. Nada tem a ver com ele: tem a ver com Reagan/Thatcher que mandaram ver na desregulamentação e… a free market economy e a invasão japonesa e coreana e… agora o xeque-mate!

 

Então? COCAÍNA! Álcool. Drogas em geral. Dopamina. Neurotransmissores em confusão, serotonina em déficit, egos pedindo arrego. E uma pequena correção a fazer quando assisti meu grande amigo Reinaldo Azevedo no Jô, num link online (atrasado, coisa de mês atrás, quando o Reinaldo foi lá no programa). Disse o Reinaldo que essa coisa de “afro-americano” é besteira porque os brancos seriam o quê? Seriam “Euro-americanos”?

 

Sim, meu mais querido Rei. Aqui nos EUA a gente se classifica de Ítalian-American, Lithuanian-American ou simplesmente diz, mesmo já sendo terceira geração nascida aqui: I’M GREEK ou I’m Irish. Por isso, talvez, mantemos uma grande tradição das raízes de onde viemos. Talvez, por isso, mantemos um grande vínculo com os idiomas que nossos avós e pais falavam. E, no lado oposto da moeda… por isso talvez tenhamos GUETOS: I am Cuban (sendo ele americano, como Rick Sanchez da CNN, já nascido aqui). I’m Russian ou Italian ou Chinese ou seja lá o que for. E nesse seja lá o que for, ou que Ford, lendo a VEJA da semana passada no vôo de volta pra cá, não me choco com a reportagem feita com o Fábio Assunção.

 

Me choco com a hipocrisia feita em cima da reportagem. Sim, as redações , não especificamente da Veja, cheiram, se drogam, assim como em qualquer outro departamento da sociedade, e escrevem sobre algum ídolo da TV que se droga. Metalinguagem melhor, mesmo, somente seria um cego descrevendo uma paisagem.

 

Mas esquecem também que Jimi Hendrix morreu aos 27 anos. Causa oficial: engasgou em seu próprio vômito. Mas quem estava vivo naquela época (e eu estava) via que a tragédia estava pra acontecer: assim como toda sociedade que não sabe mais lidar com os xingamentos, vaias ou aplausos que recebe, porque TUDO TEM O MESMO SOM DO CONSUMO ou do FRACASSO DO CONSUMO, ou seja, o som do EPÍLOGO, Hendrix se deixou levar.

 

E foi o mesmo com Cazuza cuja “droga já vinha malhada” ou com Clapton sobre a mesma cocaína “she don’t lie, she don’t lie… cocaine!” e Joplin, Jim Morrison ou Sigmund Freud que, por assim dizer, a introduziu ao mundo clássico, neo-clássico, hostil da psicanálise.

 

Mas Rimbaud e Genet e, ah, claro!, Manoel Bandeira e Sérgio Porto e Vinicius de Moraes eram grandes fãs do pó! Pra não falar da cena intelectual de Paris dos anos da Belle Epoque onde era chamada de Café Blanche… Não, nada a ver com o Tennessee Williams, mas as reportagens freqüentemente esquecem Cole Porter que fazia a apologia da mesma! Estranho isso. Estranho esquecer Miles Davis, Porter, Ellington, Charlie Bird Parker, etc.. Mas tudo bem. Estranho não citarem a beat generation como Bill Boroughs ou Tim Leary que é conhecido, entre os não tão íntimos, como o “Papa das Drogas“.

 

Ou grupos inteiros de teatro que fazem a apologia de outras drogas para que se entre em “outro estado”. Qual estado? O de Israel? Sim, talvez tão provisório ou tão recente quanto o estado de Israel. Talvez não seja por acaso que a “designer drug” ecstasy tenha nascido nas festas RAVE em Israel. Estranho isso. Mas pensem na clausura, na cerca em volta, na quarta parede em tempo real daquele país que nasceu com seus kibutzes marxistas numa situação quase artificial em 48 e está sempre num regime tão frágil entre o existir e o não existir, eis a questão! 

 

Quem já não brincou, madrugada adentro, fazendo sexo-fantasia para quebrar tabus? Bem, eu brinquei. Não tive que lutar muito para sair, como os programas INTERVENTION querem mostrar dramatizando o drama. Mesma coisa foi com o terrível assassino CIGARRO: parar é só parar! É só parar dizendo assim: PAREI!

 

Mas… veneno, como diria Prospero para sua bruxinha preferida, a Sycorax, é algo temporário, e que, mais cedo ou mais tarde, estará matando ou ACORDANDO as pessoas através da HIPOCRISIA. Essa mesma hipocrisia xenofóbica que não permite mais que se fale mais criticamente do Racismo no Brasil e essa mesma hipocrisia que deixa que se venda bebidas alcoólicas aos montes em supermercados e cigarros aos montes, mas que se é obrigado a manter a “droga ilegal” em estado de ilegalidade, para que alguns lobbies ainda consigam pensar em leis e para que algumas ramificações das polícias, as várias, controlem o tráfico.

 

Tudo velado. Economia velada, vícios velados, governos velados e uma economia falida num sistema que (agora) se repensa. Que bom! Sou capitalista. E o capitalismo sempre teve que se repensar. Karl Marx, se lido a sério, examina o problema da mais-valia e acha necessário mesmo que o “tratamento de choque” na sociedade industrial que ele foi examinar na Inglaterra precisa mesmo ser reestruturado. E isso quebra muito ego. E ego precisa de psicanálise. Muita análise precisa de droga. Muita droga é legal. Muita droga legal também leva ao mesmo “escapismo” que a ilegal. Muita droga legal nos leva a crer que estamos CONTENDO as compulsões que queremos ter porque TUDO em volta está CAINDO aos PEDAÇOS. Tudo bem, se a farsa é pra ser farsesca, qual o problema em torná-la uma Comedia Dell’Arte? Para que minimizá-la e sorrir amarelo e ficar em constante ESTADO de DENIAL – de negação – dizendo para nossa quarta parede interior: “Não somos um país racista. Esse Gerald é uma merda mesmo, volta pro seu pais!”

 

Da FOLHA DE SÃO PAULO:

 

“Elite preta” se divide sobre extensão do preconceito

 

Para herdeiro, racismo ficou “mais velado’: diretor de banco diz que cor não importa

 

MARIO CESAR CARVALHO


DA REPORTAGEM LOCAL 



 

“O racismo não está diminuindo, só está ficando mais velado.

E racismo velado é pior”.
Carlos não é uma exceção entre quatro executivos negros ouvidos pela Folha, todos bem-sucedidos. Só um diz que nunca sofreu preconceito.
”Já me confundiram com motorista na porta de restaurante, mas bastou o cara olhar um pouco para pedir desculpas”

 

(quem quiser ler a excelente matéria do Mario, está na Folha de hoje)

 

“Ainda sou exceção”, diz Lázaro Ramos

LAURA MATTOS


DA REPORTAGEM LOCAL 



 

Para Milton Gonçalves, 74, que sempre lutou por personagens fora dos estereótipos e criou polêmica ao aceitar seu atual papel de político corrupto em “A Favorita”, até hoje “o negro aparece na TV só para dar uma cor local”. “É como a TV americana, que põe um apresentador branco, um negro, um latino e um asiático.” Ele avalia que a TV “está estagnada”. “Os protagonistas de Taís e Lázaro são conquistas, mas nada que tenha alterado. Com é que o fato de eu fazer um corrupto ainda causa irritação? Por que não podemos ser vilões?”
Joel Zito Araújo também acha “uma bobagem” discutir se o negro pode ou não interpretar vilões. “Minha crítica é a ausência de atores negros em papéis positivos. E os negros ainda continuam naquela cota de sempre de 10% do elenco.”
Para o cineasta, “a televisão piora a realidade do negro, que ainda é raramente incorporado. Para equilibrar um peso enorme da representação histórica, a TV deveria até retratar o negro de forma mais positiva porque certamente tem o papel de transformar a realidade”.
Ruth de Souza, primeira protagonista negra da teledramaturgia, em “A Cabana do Pai Tomás” (1969/70), novela sobre escravos, resume a questão com a sabedoria de quem chegou aos 87 anos, mais de 60 de uma carreira com consagrados papéis: “A TV conta histórias, e o negro tem que participar normalmente, como de todos os segmentos da sociedade”.

47 pontos
foi a audiência de “Da Cor do Pecado”, a maior já registrada pela Globo às 19h desde o Plano Real até hoje.

 

(quem quiser ler mais, está na Folha de hoje)

 

Bem, já está enorme essa matéria: mas também, querem o quê? Depois de 350 mil acessos em 6 meses e com um post que me rendeu mais de 700 comentários por eu ter dito que a HIPOCRISIA era o maior problema seja na questão do racismo, das drogas, em lidar com a morte, em lidar com seu melhor amigo, ou o mensalão, ou com POLÍTICA, ou tentar entender a natureza do ser humano… Seis meses de Blog no IG, quatro e meio no UOL e agradeço a todos. Vamp, obrigado por essa batalha diária. Quem está desse lado sabe como não é fácil. A todos no IG meu muitíssimo OBRIGADO. Juro que não sei se tenho forças pra manter o ritmo, mas sempre disse isso. Meu trabalho é contra a BURRICE, contra a FALTA DE CULTURA dentro da FALTA DE CULTURA e enquanto houver aqueles que não sabem quem foram Ovídio, Homero ou Shakespeare e berrarem do fundo de suas almas umas cretinices difíceis de serem curadas, eu não recomendo os REHABS que o Fábio Assunção frenqüenta (deus o queira bem!). E por quê? Porque, assim como no teatro, um rehab é como uma redação de jornal, revista, ou empresa qualquer: por trás o que existe não é o real interesse na recuperação de ninguém. O que existe é a propagação de alguma imagem. E essa imagem, infelizmente, está com falência múltipla de órgãos e justamente por causa dessa falência as pessoas têm sempre, ou quase sempre, a chamada RECAÍDA: WALL Street está aí para confirmar que CAÍMOS PORQUE SOMOS HIPÓCRITAS E GOSTAMOS MESMO É DE XINGAR OS OUTROS. E quando levantamos, assim como Ícaro já tentou, e Howard Hughes também, caímos de novo!

Por ora, chega!

MIL BEIJOS de uma gélida New York City

 

Gerald Thomas

(em homenagem ao meu mestre Samuel Beckett)

 

( O Vampiro de Curitiba na Edição)

  

  

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Barack Obama – O novo presidente dos Estados Unidos da América

MAIS FORTES SÃO OS PODERES DO POVO!

New York- Não sei se conseguirei chegar até o fim deste post. Me desculpem. Lutei muito. Muitos lutaram e levaram muitos insultos por suas convicções e muitos foram objetos de gozação!

EUA é lugar de racista“, daí pra baixo.

Mas aqui ainda estamos em 4 de novembro de 2008. Tenho 54 anos de idade e, se fiz algo de importante na minha vida, foi participar dessa campanha! Tenho amigos íntimos que não concordam comigo. Tudo bem.

Não vou continuar a escrever…

O espirito Republicano não poderia mesmo ganhar. Por quê? Porque agora mesmo há pouco estavam com os ollhos e ouvidos fechados ouvindo uma banda de country music, telas de TV  e seus iPhones apagados em estado de DENIAL, dançando e cantando em seus headquarters em Phoenix, AZ. Assim, como se o mundo não existisse ou como se a vitória fosse fato consumado. Assim tem sido a gestão Bush, e por isso se distanciou tanto de todos que até McCain pediu que não aparecesse. Mas o GOP está mesmo out of touch.

Essa também é a metáfora perfeita para administração Bush: OUT of TOUCH.

Temos que tomar cuidado para não cairmos em euforia. Cautela é a palavra, pois agora é o primeiro e não o último dia de uma longa, perigosa e árdua jornada para Obama e Biden! Vão herdar a pior economia já vista. Vão herdar uma guerra horrenda que ninguém quer: e o voto mostrou isso. Digo, o voto mostrou que ninguém mais quer a guerra no Iraque, ninguém mais quer essa brincadeira com o dinheiro e esse outsourcing desvairado. Sim, muita coisa vai mudar. Mas o quê? Confesso que assim como muitos no partido democrata, estou pra ver. Não sei. Mas os danos deixados pela administração Bush levarão anos para serem desfeitos. Muitas ruínas. Muito Beckett e Heiner Mueller para reerguer, assim de um momento para o outro!

Chega. Chega de preconceito racial. Temos um negro na Casa Branca! Agora o mundo segue o exemplo, espero. Não preciso dizer mais nada. Quero comemorar no silêncio da minha alegria silenciosa. Ainda não é momento de grandes explosões. Os EUA já tiveram grandes líderes negros, brancos, tortos, não tortos, de ascendência irlandesa, protestantes e católicos (JFK).

Só posso agradecer a todos que tiveram fé!

Agradeço a todos que tiveram fé! Aos detratores, a resposta desse país fala mais alto, mas mesmo assim meu muito obrigado àqueles que me trataram durante esse ano inteiro como se eu fosse uma criança que nada sabe, que não entende lhufas de política, como se eu não fosse um politcoholic. Sou. Obcecado, louco, quase um doente mental, confesso!

McCain, depois de uma campanha vergonhosa, a smear campaign (até hoje, dia da eleição) agora fala manso. Ele mesmo adotou o slogan “CHANGE”. Não adiantou. Claro. Agora fala até da avó de Obama que não viveu para ver esse dia e, sim, nos comove.

Aqui, nesse país, mesmo em guerra, somos civilizados. Temos a tradição de lutar com luvas e com a retórica mas, no final do dia, nos damos as mãos! Talvez no BR, como diz o Reinaldo, as pessoas não entendam isso. Eis a diferença enorme entre os dois paises.

Um enorme beijo para todos. Eu não poderia estar mais feliz. E não poderia estar mais preocupado.

O mundo não acaba aqui. Começa aqui. Hoje é o primeiro dia. Agora começa uma longa e interminável escada.

Do fundo do meu coração agradeço, sem mágoas. Não é uma revolução, não se trata disso. Mas uma tremenda evolução. Existem três léguas e quarenta anos de diferença entre uma coisa e outra e estou com um nó na garganta! Me perdoem, mas agora vou desligar.

LOVE

Gerald Thomas, nessa data histórica e, deus do céu!, como estou orgulhoso do meu país!

Update: O Presidente Obama falou: digno, lindo. De certa maneira não enfatizou o fato de ser negro. Enfatizou o enorme trabalho pela frente. Congratulou McCain e disse que iriam trabalhar juntos. Agradeceu a todos, o Axelrod, Howard  Dean, Michelle (sua mulher), Biden, todos.

Continuo: as multidões em Chicago, aqui em NY em todos os pontos dos EUA são sem precendentes! Entramos numa nova era.

O telefone aqui não pára de tocar, e-mails não param de entrar.

1- A luta pelas liberdades civis da década de 60 chega aqui à fruição! As coisas não nascem do dia pra noite. Grassroots movements: Oprah e Jesse Jackson na platéia aos prantos é, de fato, contagiante. This is the best of the United States of América.

2- Não houve vaias quando ele mencionou McCain. Mas quando McCain mencionou Obama, houve vaias.

 

 

(O Vampiro de Curitiba na edição) 

 

 

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Born to be wild

GeraldEasy Ryder

A avó de Obama acaba de falecer. Será um sinal?

Querem saber? Hoje andei por lugares estranhos. Fui a NYPD (polícia) e NYFD (brigada do fogo) e a alguns hospitais que atendem emergência (EMS). Por quê? Porque não acredito em intelectuais que reportam escrevendo das ruas de NY se achando o máximo. NY não é exemplo de nada. Aqui não é interior, aqui não tem grupos de linchamento, aqui não temos Ku Klux Klan. Nem mesmo a Arian Nation. Quer dizer, procurando bem, temos até isso, esse lixo humano. Os EUA tiveram um compositor, um grande compositor, o Aron Copland. Ele compôs para os landscapes – para a vastidão – para os desertos e paras as montanhas americanas. E ali se esconde o mistério que vota amanhã. Quem reporta de lá? Tem alguém com coragem de meter o focinho ali? DUVIDO!

Interessante essas HORAS que precedem a eleição. Todo mundo com o seu na mão! Como o Peter Fonda em Easy Rider quando os rednecks queriam meter-lhe a bala na cabeça porque dirigia livre a sua Harley Davidson.

Eu não agüento mais de tão nervoso. Chamo isso de a “ELEIÇÃO da minha vida”: óbvio, não preciso explicar porquê. Nunca vi os times da tv tão excitados, desde Jack Cafferty (mal humorado, geralmente) até Donna Brazile (chata!). Estão todos pilhados!

Na fila do WholeFoods Market, aqui em Union Square, levei um empurrão. Ah, mas não vou contar de quem ou porquê. Deixe que em outro momento, ou então no palco eu conto. Chega de especulação!

MUITO OBRIGADO A TODOS.

FOI LINDO

E boa sorte pro mundo.

LOVE

Gerald

(Vamp na edição)

um dos momentos MAIS emocionantes de toda a campanha foi o endosso do General Colin Powell no MEET the PRESS pra Obama. O video esta no arquivo desse blog.

Eis o transcript em ingles. Um dia, quem sabe, alguem o tera em portugues: pra quem duvida da beleza de como funciona ,,,,(deixa pra la) leiam e tirem suas proprias conclusoes:

GEN. POWELL:  Yes, but let me lead into it this way.  I know both of these individuals very well now.  I’ve known John for 25 years as your setup said. And I’ve gotten to know Mr. Obama quite well over the past two years.  Both of them are distinguished Americans who are patriotic, who are dedicated to the welfare of our country.  Either one of them, I think, would be a good president.  I have said to Mr. McCain that I admire all he has done.  I have some concerns about the direction that the party has taken in recent years. It has moved more to the right than I would like to see it, but that’s a choice the party makes.  And I’ve said to Mr. Obama, “You have to pass a test of do you have enough experience, and do you bring the judgment to the table that would give us confidence that you would be a good president.”

And I’ve watched him over the past two years, frankly, and I’ve had this conversation with him.  I have especially watched over the last six of seven weeks as both of them have really taken a final exam with respect to this economic crisis that we are in and coming out of the conventions.  And I must say that I’ve gotten a good measure of both.  In the case of Mr. McCain, I found that he was a little unsure as to deal with the economic problems that we were having and almost every day there was a different approach to the problem.  And that concerned me, sensing that he didn’t have a complete grasp of the economic problems that we had.  And I was also concerned at the selection of Governor Palin.  She’s a very distinguished woman, and she’s to be admired; but at the same time, now that we have had a chance to watch her for some seven weeks, I don’t believe she’s ready to be president of the United States, which is the job of the vice president.  And so that raised some question in my mind as to the judgment that Senator McCain made.

On the Obama side, I watched Mr. Obama and I watched him during this seven-week period.  And he displayed a steadiness, an intellectual curiosity, a depth of knowledge and an approach to looking at problems like this and picking a vice president that, I think, is ready to be president on day one. And also, in not just jumping in and changing every day, but showing intellectual vigor.  I think that he has a, a definitive way of doing business that would serve us well.  I also believe that on the Republican side over the last seven weeks, the approach of the Republican Party and Mr. McCain has become narrower and narrower.  Mr. Obama, at the same time, has given us a more inclusive, broader reach into the needs and aspirations of our people. He’s crossing lines–ethnic lines, racial lines, generational lines.  He’s thinking about all villages have values, all towns have values, not just small towns have values.

And I’ve also been disappointed, frankly, by some of the approaches that Senator McCain has taken recently, or his campaign ads, on issues that are not really central to the problems that the American people are worried about. This Bill Ayers situation that’s been going on for weeks became something of a central point of the campaign.  But Mr. McCain says that he’s a washed-out terrorist.  Well, then, why do we keep talking about him?  And why do we have these robocalls going on around the country trying to suggest that, because of this very, very limited relationship that Senator Obama has had with Mr. Ayers, somehow, Mr. Obama is tainted.  What they’re trying to connect him to is some kind of terrorist feelings.  And I think that’s inappropriate.

Now, I understand what politics is all about.  I know how you can go after one another, and that’s good.  But I think this goes too far.  And I think it has made the McCain campaign look a little narrow.  It’s not what the American people are looking for.  And I look at these kinds of approaches to the campaign and they trouble me.  And the party has moved even further to the right, and Governor Palin has indicated a further rightward shift.  I would have difficulty with two more conservative appointments to the Supreme Court, but that’s what we’d be looking at in a McCain administration.  I’m also troubled by, not what Senator McCain says, but what members of the party say. And it is permitted to be said such things as, “Well, you know that Mr. Obama is a Muslim.” Well, the correct answer is, he is not a Muslim, he’s a Christian.  He’s always been a Christian.  But the really right answer is, what if he is?  Is there something wrong with being a Muslim in this country? The answer’s no, that’s not America.  Is there something wrong with some seven-year-old Muslim-American kid believing that he or she could be president?  Yet, I have heard senior members of my own party drop the suggestion, “He’s a Muslim and he might be associated terrorists.” This is not the way we should be doing it in America.

I feel strongly about this particular point because of a picture I saw in a magazine.  It was a photo essay about troops who are serving in Iraq and Afghanistan.  And one picture at the tail end of this photo essay was of a mother in Arlington Cemetery, and she had her head on the headstone of her son’s grave.  And as the picture focused in, you could see the writing on the headstone.  And it gave his awards–Purple Heart, Bronze Star–showed that he died in Iraq, gave his date of birth, date of death.  He was 20 years old. And then, at the very top of the headstone, it didn’t have a Christian cross, it didn’t have the Star of David, it had crescent and a star of the Islamic faith.  And his name was Kareem Rashad Sultan Khan, and he was an American. He was born in New Jersey.  He was 14 years old at the time of 9/11, and he waited until he can go serve his country, and he gave his life.  Now, we have got to stop polarizing ourself in this way.  And John McCain is as nondiscriminatory as anyone I know.  But I’m troubled about the fact that, within the party, we have these kinds of expressions.

So, when I look at all of this and I think back to my Army career, we’ve got two individuals, either one of them could be a good president.  But which is the president that we need now?  Which is the individual that serves the needs of the nation for the next period of time?  And I come to the conclusion that because of his ability to inspire, because of the inclusive nature of his campaign, because he is reaching out all across America, because of who he is and his rhetorical abilities–and we have to take that into account–as well as his substance–he has both style and substance–he has met the standard of being a successful president, being an exceptional president.  I think he is a transformational figure.  He is a new generation coming into the world–onto the world stage, onto the American stage, and for that reason I’ll be voting for Senator Barack Obama.

 

 

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Na TPM das eleicões dos EUA + Brasileiro vence a Maratona de NY(leiam também matéria abaixo desta: Halloween mais polítco da História)

Stand up and fight my friends, defend your country, fight on, never stop fighting, fight for America, God Bless America!”

John McCain estava aos berros em Virginia nos últimos surros, urros e sussurros dessa campanha eleitoral. Mas “stand up and fight” de quem e do que, pergunta-se? Levantar e lutar contra si mesmo ou contra os números que o desfavorecem nas estatísticas?

A campanha do terror não está funcionando, obviamente. As malditas pesquisas estão sendo ignoradas por um zangado McCain cujo desespero agora está mais nítido que nunca. Seus discursos, hoje, o fizeram cair mais 4 pontos nas enquetes.

Bate-boca

Começando  conversas com pessoas em diversas partes da cidade  e até mesmo aqui, no prédio onde moro, uma delas foi enfática e procurei ouvi-la: “Vou votar nele, no McCain, porque tenho medo de mudanças. Não tivemos mais nenhum ataque doméstico desde o 11 de Setembro [2001]”.

“Mas o que o senhor me diz sobre o equívoco de invadir o Iraque e a morte de 100 mil civis iraquianos e mais de 4 mil soldados do nosso país?”, perguntei. “Acho que temos de tomar todas as precauções possíveis…” No meio de sua resposta, o saguão do prédio começou a se encher, e as pessoas se intrometeram na hora.

“Isso é um absurdo. Tenho vergonha de ser do mesmo país que você!!!”, berrava uma senhora de uns 60 , com um back up de adolescentes vestidos da festa de Halloween de ontem, ou de um concerto de rock.

“Guerra era uma palavra do passado e paz não era somente uma utopia, mas era a realidade. Temos que voltar a ter essa realidade” , a grande maioria do grupo de senhores e jovens berravam.

Existem grupos de negros que sequer admitem a possível derrota de Obama. Eles vivem, e com toda razão, o sonho quase impossível de Dr. Martin Luther King Jr.

Sábado foi somente o ensaio. Faltava ver o que a festa/protesto de ontem nos traria. Eu iria para  Dumbo, um dos  bairros de Brooklyn mais, digamos, “artísticos”.

Nesse pós-Halloween, eu queria ver qual seria a fantasia deles ou se simplesmente estariam olhando para o skyline de Manhattan com aquele famoso efeito de distanciamento brechtiano, chacoalhando as cabeças, o que, aliás, vem a ser muito saudável numa hora dessas.



Estamos em plena TPM da terça-feira que vem. Vai ser um deus-nos-acuda. 


Gerald Thomas

(Vamp, na edição)

 

A ELEIÇÃO DO CRASH

BARACK OBAMA OU JOHN MCCAIN. 
EM DOIS DIAS, UM DELES SERÁ ESCOLHIDO O SUCESSOR DE GEORGE W.BUSH, EM MEIO À MAIOR CRISE ECONÔMICA NOS EUA DESDE A GRANDE DEPRESSÃO DOS ANOS 30

O estouro da bolha de créditos podres, que invadiu a economia real, precipitou a radicalização da disputa política na superpotência. McCain, 72, começou a campanha como representante da ala moderada do governista Partido Republicano, mas vem adotando discurso mais conservador à medida que pesquisas apontam que a crise tende a favorecer o rival Obama, 47, do Partido Democrata, de oposição a Bush. Há décadas a eleição para o cargo mais poderoso do mundo não apresenta opções tão díspares nem ocorre em momento tão delicado. Este caderno apresenta os dilemas que serão enfrentados pelo próximo ocupante da Casa Branca, as posições programáticas que podem definir o futuro governo e a expectativa mundial em relação à eleição. 

 

PS: Que DIA!!!! UFA! MARILSON GOMES DOS SANTOS VENCEU A NEW YORK CITY MARATHON

COMO SE AS EMOCÕES NÃO BASTASSEM NESSA TPM PRÉ-ELEIÇÃO, AINDA VEM UMA NOTICIA DESSAS AQUI DO CENTRAL PARK !!!! DIA LINDO AQUI, E NENHUM PORTAL BRASILEIRO PARECE GIVE A DAMN!

GERALD

A Maratona de Nova York é uma das competições mais importantes e tradicionais do atletismo. Mais de 38 mil pessoas participaram desta edição (38.377).

Marílson fez o tempo de 2h08min44, correndo pela primeira vez abaixo dos 2h09min58 que ele tinha obtido na Maratona de 2006 – ano do seu primeiro título.

“Hoje eu provei que em 2006 não foi sorte”. “Este circuito é muito favorável para mim. Me lembra a minha casa”, declarou Marílson, que fez muita festa quando cruzou a linha de chegada, vibrando muito com a bandeira do país e com a sua esposa Juliana.

O marroquino Abderrahim Goumri liderou durante grande parte da prova, com Marílson sempre correndo entre o pelotão de elite. 

No fim, Goumri se desgarrou do pelotão, tendo Marílson em seu encalço. Mas nos minutos finais e a menos de 2km da chegada, em um belo “sprint”, o brasileiro não tomou conhecimento do rival e venceu a prova, com o marroquino em segundo com o tempo de 2h09min07. O queniano Daniel Rono terminou a prova em terceiro com 2h11min22.

“Nunca perdi as esperanças. Quando entrei no Central Park, os torcedores me inspiraram a continuar correndo e vencer a corrida”, disse Marílson.

Os outros dois campeões da Maratona de Nova York que disputaram a prova, o queniano Paul Tergat e o sul-africano Hendrick Ramaala, terminaram em 4º e 12º, respectivamente. 

No feminino, a britânica Paula Radcliffe conquistou o bicampeonato da prova, ao vencer com o tempo de 2h23min56. 

A russa Ludmila Petrova foi a segunda colocada com 2h25min43, seguida pela norte-americana Kara Goucher com 2h25min53.

Com agências internacionais, atualizada às 16h23

 

 

A Shifting LandscapeMap  

A Shifting Landscape

The Electoral Map

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O Halloween mais político de toda a história!

 

Halloween é uma data onde se fantasia daquilo que você quer, ou daquilo que você mais odeia! Poderia se dizer que hoje, a cada 31 de outubro, a nação americana mostra de fato a sua cara (escondendo-a). Estranho. Mas o Carnaval brasileiro também não é assim? Ou o de New Orleans, quando não levam um Katrina na cara? Ou o de Veneza, em preto e branco. Se fôssemos ao pé da letra, racismo e tudo, esse Halloween deveria ser a cara do carnaval de Veneza. Preto e Branco. 

Esse é o dia (ou a semana) onde se “expurga” as bruxas, ou os espantalhos, colocando máscaras, rufando tambores, sendo aquilo que se é, sendo aquilo que não se é.

Quem faz teatro sabe disso muito bem: fazemos isso todos os dias nos ensaios. Fazemos isso todas as noites durante as apresentações!

Andando agora por certos bairros de Manhattan vejo gente fantasiada segurando seus cachorros (também fantasiados – nem o osso é um osso!), esperando a parada, o desfile, assim como Didi e Estragon esperavam a aparição daquele “messias prometido” e que não chegava nunca: Godot. O desfile sai mais tarde no West Village e atravessa a cidade, como todos os anos. Essa eleição parece que não vem NUNCA e mexe com os nervos de TODOS. Deus me livre! Tá todo mundo doido.

Já vi McCains, Obamas, Super-homens, Sarah Palins e milhares de combinações entre uns e outros, até gente vestida de Wall Street, tinha. Ou seja, vestida de nota de Dollar queimada!!! A tradicional caveira – fantasia muito comum nesta data – está meio desaparecida. Ou será que ela virá mais tarde, depois da eleição, de forma realista? Ai meu deus! Pára de pensar bobagem, GT!

Em época de eleição as pessoas fazem questão de AFIRMAR aquilo que são, ou aquilo que NÃO são. Difícil dizer. Afinal, quando alguém se veste de caveira, ela seria o que durante o ano? E quando ela se veste de Super-homem? Ela seria o anti-herói durante os dias infelizes dos meses que nos conduzem até aqui?

Numa nota mais lógica e menos analítica (já encheu o saco isso) até o Larry Eagleburger, que trabalhou para a administração Bush (pai) disse que Sarah Palin não está preparada para ser vice-presidente. Ou seja, numericamente, agora só restam mesmo QUATRO Secretários de Estado do Partido Republicano que apóiam Palin! Os outros todos afirmam que essa mulher, enfim, não presta. Olha que loucura!

Colin Powell, cuja entrevista no Meet The Press ainda está disponível nesse blog, foi um dos primeiros a endossar Obama e dizer que ela não está preparada. Meu carteiro, o Salvatore, que ama Giuliani, acha que as pernas de Palin são mais sexy que as de Joe Biden.

Essas piadas são ótimas num dia como esse, onde os gheists estão soltos, onde Mephisto vai ter que procurar suas botas e Fausto estará reescrevendo seu papel – escondido atrás de uma máscara de, digamos, Idi Amin Dada! Esqueceram dele? Sim, tem muita gente morta ou morta viva endossando muita gente!

CUIDADO! Se você andar na Upper West Side de Manhattan, onde fica o museu de História Natural e muita carcaça de Dinossauro, ou o Dakota, o prédio onde morava John Lennon, Lauren Bacall e Leonard Bernstein e onde Polanski filmou o “Bebê de Rosemary”, uma mulher velha andava com um rádio sintonizada na National Public Radio a toda altura: “Eu não aguento mais: fico olhando as pesquisas de dez em dez minutos”.

Mas Nova York não é termômetro. Al Gore está na Florida fazendo campanha. Aliás, campanha aqui é invisível: não tem bandeiras nas ruas, não tem lambe-lambe. Clean. Clean.

Tão clean quanto “Esperando Godot”, de Beckett, que estréia com Patrick Stewart e Ian McKellen num teatro do West End Londrino, o Heymarket. Tá vendo? O mundo está perdido mesmo! Beckett na Broadway londrina. Pela lógica então…

Gerald Thomas, enfiado numa abóbora (Pumpkin)

 

(Na edição, O Vampiro de Curitiba)

 

 

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Violência BRUTAL

Violência BRUTA

Ou BRUTAL.

Não pode ser normal. Meus amigos “estrangeiros” que estão chegando aqui para uma série de eventos me perguntam: ”Como está aí? Como é São Paulo?  O que devo vestir?”

Fico quieto aqui no meu canto e reflito um pouco.

1-   Polícia atacando polícia. Humm, será que conto isso pra eles? “Listen guys, down here two separate forces of the police are at each others throats, with FULL FORCE, tear gas, bombs, etc”.

2-Duas polícias diferentes? “WHAT?

2-   Ah, como os carabinieri e os polizzia na Itália? Sei lá, difícil de explicar. Se eles não conseguem se entender, como a população os entenderia? Ou como eles entenderão a população?

3-   Ou falo daquela garota mantida pelo seqüestrador… Não, melhor não falar nada sobre isso. Quero falar bem sobre São Paulo. Quero dizer que isso aqui é um prosseguimento da Bauhaus, que, se Gropius estivesse vivo, se orgulharia disso aqui. Ou Corbusier. Ou gostaria que Peter Eisenman e Gehri dessem um pulo aqui para fazer uma intervenção arquitetônica, misturar os vivos com os quase vivos.

4-   Mas… fora o Hotel Unique, a aquitetutura daqui é simplesmente a MAIS convencional das cidades modernas. Careta mesmo! Até Shanghai é mais moderna, mais criativa e não tem esses malditos postes, postes, postes, postes com os fios expostos, tranformador à vista e mais fios, fios, fios e poste, poste  e poste! Nem o Rio, Zona Sul tem mais isso.

5-   Mudo de assunto, então? “It’s a cool city, man!” Pode-se andar de noite na rua sem problemas. Catzo! Pode nada. Tem que se VOAR do lugar para onde se está para o carro e do carro para dentro de um recinto fechado. Muito carro BLINDADO aqui. Lojas: BLINDA-se em 48 horas! Que vida bela!

NENHUMA CAPITAL de lugar nenhum é assim. Nova York, onde moro, saio na rua as 3 manhã para fazer compras na Deli. Sei lá, coisas como açaí orgânico. Pão, coisas que não tenho saco pra comprar de dia, no meio da muvuca. Desço a pé uns 12 quarteirões, da 23 até o East Village, e não me passa pela cabeça olhar para trás.

Ontem, na 9 de julho, um motoqueiro morto, estirado no chão. O motorista de táxi nordestino dizia: “Ótimo, menos um”! Assim, com essa frieza.  Ótimo? Menos um? É isso que o brasieiro quente… REPITO… ”quente” virou?

Hoje estréia nos EUA o filme de Oliver Stone sobre George Bush. Chama-se simplesmente “W”. Vi trechos. Stone, às vezes acerta em cheio, às vezes erra feio, assim como eu e você. Stone, nesse filme, afirma que “W” mudou o mundo pra sempre e que essa esfera jamais vai se recuperar dos danos deixados pela dupla Cheney-Bush. Até McCain está afirmando: “I am NOT “W”. Somente ele sabe o que quer dizer com isso.

O skype toca: “Então, que roupa devo levar?”

Não sei, digo eu. Um dia faz 35 graus e não há ar para respirar, uma secura… uma poluição, um barulho de ônibus, dos escapamentos, os bip bip bip dos motoqueiros e os snif snif snif dos garotos cheiradores de cola nos faróis, semáforos/sinais de trânsito. Olha, paulicéia… Vocês estão de parabéns!

Daqui da janela vejo antenas e mais antenas.

Refúgios altos e helicópteros de pessoas que tentam se elevar além dos índices do DOW JONES.  Lá embaixo, uma população que dorme nos cantos, abaixo dos BAIXOS níveis do DOW JONES. Enquanto o Lula fala besteiras em Moçambique ou em algum alambique e tenta perpetuar sua história no poder, eu me lembro de que Hitler, Stalin e Franco e os grandes ditadores se perpetuaram através de juventudes, melhor, de movimentos juvenis que criaram (Hitler Jugend, por exemplo). Algum anão espanhol me lembrou disso.

Acho que um dia São Paulo acorda para São Paulo. Aliás, eu acordei para São Paulo faz tempo. E… e o quê? Aprendi que só há mesmo uma maneira de amá-la. É através da atonalidade. Através dos “pingos” do Pollock, dos traços mal traçados de qualquer movimento artístico da deformidade que, sim, tem a sua beleza.

Num dia cinza como o de hoje, Sampa fica ainda mais feia, digo, seu espelho a reflete ainda mais bela.

Gerald Thomas

 

 

(Vamp, na edição)

 

Ps. do Vamp: Caros, os comentários permanecem daquele jeito: Uns entram como se tivessem sido postados (do verbo postar)  com uma hora de antecedência. Outros não. Às vezes as respostas aparecem antes das perguntas.

Portanto, antes de começar a rogar pragas para o moderador (no caso, eu) por seu comentário não ter entrado, verifique se ele não está lá em cima. Vamos tentar organizar o caos!

 

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Gabeira

Gabeira

Se eu tivesse que comparar o Gabeira a qualquer “ser” ou personagem teatral da História dramatúrgica, sinceramente? Não conseguiria. Não existem paralelos.

Esse homem é um ser iluminado, em todos os sentidos. Já foi tachado disso e daquilo pela direita, pela esquerda, por cima, por baixo, já foi chamado de viado, de cachorro, de tudo: no entanto está de pé, assim como a cultura cigana.

“Bury me Standing” de Isabel Fonseca, escritora Americana, (acho que ainda) casada com o autor inglês Martin Amis… enfim, “Bury me standing” vem de me enterrem de pé!, um velho comando, ou dizer, ou expressão usada pelos nômades que, de tempos em tempos, sofrem um holocaustozinho em diversos paises.

Pela lógica, Fernando Gabeira jamais poderia estar onde está agora, ou seja, vencendo e glorioso. Já o odiaram por ter voltado do exílio usando uma sunga mínima (um insulto pra esquerda), já o insultaram por querer se “intrometer” a defender causas que não lhe diziam respeito, como os negros e os homosexuais. Talvez, seguindo essa mesma lógica, talvez o Gabeira seja a única e REAL ponte que cubra esse “canyon” ridículo que ainda insiste em dividir  pessoas entre direita e esquerda. Gabeira parece aquele que já atravessou o Checkpoint Charlie da (ex) Alemanha Oriental para a Ocidental com um sorriso na cara como se quizesse dizer: GENTE IMBECIL! Criando MUROS! Criando MURALHAS! Criando barreiras!  O Gabeira que eu conheço pessoalmente há… há (ufa! 30 e poucos anos) sempre foi um LIBERTADOR!.

Mas vejam só que engraçado: certa vez, como correspondente da Folha em Berlim, ainda casado com a Yame, Gabeira vem para cobrir uma ópera que eu estava dirigindo em Stuttgart (Perseo e Andrômeda – John Neshling fez a crítica para o mesmo jornal – 1990).  Pegou o trem, era inverno, tudo atrasou, chegou afobado… pediu uma tomada para plugar o computador. Naquela época não era internet ainda. Mandava-se matéria para uma central, sei lá como…

Mandou a coluna. Jantamos. Pegou o trem de volta para Berlim.

Anos antes disso: nos encontrávamos com muitíssima freqüência num restaurante macrobiótico no Leblon. Mastigávamos e mastigávamos e mastigávamos… Ruminávamos e ficávamos nos perguntando por que diabos um restaurante macro (um sobrado) ficava justamente em cima de um açougue!!!!!

Anos antes disso: Gabeira no exílio e eu sentado em Londres na sede da Amnesty International. Ele já não querendo muito contato com o “Que é Isso, Companheiro?”

E assim que o filme foi lançado, nos cruzávamos e, ambos de bico calado. A Nanda fez o filme, acompanhei de perto a tragédia filmada de um livro tão legal.

Fui em sua casa certa vez na Lagoa. Depois se mudou pro Bairro Peixoto, gravei uma entrevista.  E tivemos um ÓTIMO debate sobre terrorismo, logo assim que voltei de NY após os ataques de 11 de setembro.

O Rio não pode AFFORD NOT TO, não pode se dar ao LUXO DE NÃO TER o Gabeira, sendo o Rio o que ele é.

E por quê? Porque um é  a cara do outro! Se você tenta pegar o Gabeira com ecologia ele te devolve algo sobre supercondutores. Se você quer falar sobre política ele te responderá alguma coisa na linha da cultura eclética dos pós-semiólogos egípcios. Se você colocá-lo na mira em relação a qualquer assunto ele te devolve dez sobre os quais você simplesmente nada sabe ou sabe pouco.

E essa é justamente a natureza do carioca: a do samba, a do segundo surdo que entrecorta o samba e cria aquele falso desequilíbrio que faz com que a avenida inteira se sinta na ponta do pé e dance a noite inteira e rebole sem saber como está rebolando.

Ah… você está pensando… Farra? Não senhor! Essa é justamente a ARTE do equilíbrio de um EXIMIO político com vivência INTERNACIONAL pronto para enfrentar uma cidade aos pedaços, mas, nem por isso, menos cosmopolita.

E se você pedir um simples abraço ao Fernando, ele vai abraçar a Lagoa inteira!!!!

Gabeira, LOVE as always, Gerald!

 

 

 (Vamp, fã do Gabeira, na edição)

 

Matéria do Fernando Rodrigues (Folha) de Sábado:

FERNANDO RODRIGUES

O pânico derivado NOVA YORK – A boataria dominou os mercados ontem. Ford e GM tiveram de negar que estivessem falindo ou pedindo concordata. A Casa Branca precisou declarar desinteresse pelo plano de decretar feriado nos mercados financeiros. O presidente norte-americano praticamente pediu clemência às Bolsas de Valores num depoimento infeliz e ineficaz na TV. Nada adiantou. Ontem a Bolsa de Valores de Nova York fechou sua pior semana nos seus 112 anos de vida. Os papéis despencam há oito pregões consecutivos. A semana acumulou uma desvalorização de 18%. Já se pode usar, sem medo de errar, a expressão “crash” (quebra) dos mercados. É importante registrar esse momento, pois as quedas recentes eram ainda sempre menores em algum sentido do que as registradas em anos passados. A diferença agora parece ser o total descontrole dos agentes reguladores nos Estados Unidos, a incompetência e a tibieza política de George W. Bush e a globalização completa do mercado de ações. Em nenhum dos outros “crashes” o mundo estava tão integrado. Mesmo no início da década, quando explodiu a bolha das empresas “pontocom”, tratava-se de um setor específico. Havia ramificações, mas nada comparável à explosão dos chamados derivativos. Há na praça US$ 531,2 trilhões de contratos de derivativos. Grosso modo, uns 500 “Brasis”. Em 2002, o total era de US$ 106 trilhões. Não se sabe exatamente o quanto, mas uma parcela gigantesca desses papéis não vale nada. Esse é o DNA do atual colapso financeiro. Se as reuniões do G7 e do G20 não chegarem a um consenso neste fim de semana sobre como tornar esse tipo de mercado mais regulado, nada adiantará injetar dinheiro nos bancos. Será como enxugar gelo. Não há US$ 531 trilhões disponíveis para que todos os derivativos sejam honrados no mundo. 

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O DEBATE – Obama e McCain e vejam essa entrevista…


Primeira parte da entrevista com a Judith Malina

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David Blaine, o mágico, Obama e McCain

New York- Olha, vou te dizer: não é à toa que o mágico-trickster agora resolveu ficar de cabeça para baixo por um número X de horas. Não é ele que está de cabeça para baixo. É o mundo que está. Blaine, de cabeça pra baixo, deve estar vendo o mundo da forma certa!

A que me refiro? Ah, sim, ao debate Obama e McCain em Nashville, mediado por Tom Brokaw, que me “deu” as notícias por mais de 20 anos pela NBC News até que se aposentou.

McCain, um chato sem galochas: “my friends, isso, my friends, I know how to do it!” Quem apela para “meus amigos, meus amigos, eu sei como fazê-lo!”, é porque não tem amigos e, certamente, não tem IDEIA de como fazer porra nenhuma.

McCain se refere a Osama Bin Laden. Essa frase vinda do Senador do Arizona chega a ser CRIMINOSA porque se ele REALMENTE soubesse onde está o terrorista saudita, então está escondendo algo de ordem de segurança nacional. Sim ou não? Pensem comigo!

Esse anãozinho chato pacas (inacreditavelmente ruim e… pros brasileiros que não entendem inglês, parace um Lula, que não fala o idioma bem, não articula bem, é monocórdio… ai que saco: “yes, my friends, I can do it….and we fellow Americans….”

NAO PEGA MAIS!!!!

Não comento mais sobre debates. Voto e espero o resultado das eleições. Não agüento mais especulações! Tem muita gente LUCRANDO de quatro em quatro anos especulando e espectorando e peitando – como se fosse totto lotto – com quem ganha mais!

Só que o mundo está nas mãos desses dois!

Já ouviram falar da Bauhaus? Suas diversas fases? O impacto que ela teve na arquitetura mundial? O impacto que ela teve na política mundial? Sim? Não?  Estudem. Enfiem o nariz nos livros ou no Google ou se alienem de vez já que, segundo alguns, estamos entrando numa tremenda depressão financeira. A maior de todas desde… Desde quando mesmo? Desde a última. Sim, desde a última. Estou com a maior diarréia desde… bem, desde a última.

Já eu prefiro outra explicação: O Capitalismo é uma enorme bolha flexível. Enormemente flexível. Ela quaaaaaase estoura pra um lado… quaaaaase estoura pro outro, mas não estoura. Estourar, ela não estoura nunca.  Essa bolha está feita para agüentar todo o tipo de pressão e todo tipo de jogo porque essa é justamente a natureza do capitalismo: o risco.

Teatro também é feito de risco. A VIDA também é feita de risco. Saindo da porta ninguém mais sabe se veremos aqueles que amamos. Tudo pode acontecer. É do que somos feitos, não é? Ah, a corrida do ouro… Ah, a Guerra Fria… Ah… McCain nos chama de “peacemakers” do mundo. Mais de meio mundo nos enxerga como INIMIGOS.

Obama estava certo em relação ao Iraque: seríamos vistos como “liberadores” no início e, logo depois, essa loucura sem fim, e sem planos de ter um fim, está nos custando Rins e Fígados e os Olhos da Cara! E uma divida que não podemos pagar. A divida humana.

Pior ainda seria a estagnação: Onde nada acontece. Uma vida sem risco. O que vocês achariam disso? Bom? Duvido.

“We can work together as Americans”, diz o anãozinho republicano. O que ele quer dizer com isso? Nada. Retórica política. Ou será que, se eleito, ele vai convidar 300 milhões de pessoas para o Oval Office? É tanta imbecilidade que não dá pra agüentar!

Os massacres da humanidade, os holocaustos, as emboscadas culturais foram onde a humanidade fez a curva de forma errada. Deu errado. O carro bateu no meio-fio. No entanto, esses somos ‘nós’ em nossos piores momentos. Ruanda somos nós, Kosovo somos nós, Darfur somos nós, Auschwitz somos nós, os de dentro e os de fora. Todos somos nós, os que viraram cinzas e os que faziam o Hitler salut. Somos podres. E somos podres por causa do fator RISCO. E a Bauhaus era boa disso. E David Blaine também!

É impressionante como sabemos pouco sobre a nossa história. É impressionante como escolhemos esconder that the biggest Fear is Fear Itself e outras frases-chaves que atravessam nossas cabeças porque, obviamente, fica sendo muito mais conveniente olhar o olho do outro como se fosse a História do Olho, de George Bataille. Esse sim, um conto pra lá de erótico, beirando a pornográfico, mas se formos olhar fundo no fundo do fundo, ele não passa de um retrato de um escritor quando jovem olhando a crueldade sensual de um mundo religiosamente organizado e enfileirado para as suas grosssas grosseirias e pronto para vê-las de cabeça pra cima, ao contrário do mágico David Blaine, que está sempre de cabeça pra baixo!

Gerald Thomas

Logo após o debate em Nashville, Oct 2008

 

(Vamp, na edição)

 

 

 

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FAUSTO SILVA, VOCÊ VENCEU, PARABÉNS!

Fausto Silva, Chacrinha e… o grande circo.

New York – Pronto. Agora pensei o seguinte sobre a matéria da Judith postada no sábado: quase ninguém teve o que dizer ‘fundamentalmente’ sobre o que ela falou. Digo, sobre a vida que ela leva, levou e a mensagem que ela trasmite para o mundo. Quando penso nos programas dominicais do Faustão ou do falecido Chacrinha (absolutos vanguardistas no que fizeram), penso no que o mundo virou, ao contrário do que Judith Malina prega. Por quê? Difícil explicar. Mas tentarei.

Pensem naquela “melange” de gente no palco falando, berrando ao mesmo tempo. Pense naquelas meninas dançando e na confusão geral que se dá durante a tarde de domingo.

Agora, pensem nos Blogs, eles berrando, cada blog uma aberração, uma berração, um berro, uma verdade. Uma sinfonia pra lá de atonal, uma cacofonia pra lá de qualquer coisa que  o ouvido humano possa suportar. A mobilização urbana está insuportável. A mobilização política puxa a sardinha para o lado demagógico que quer e que lhe mais convém.

Um apoiador de McCain pode agora usar o jargão de Obama “CHANGE” da mesma maneira como um sucessor de Pinochet, no Chile, pode falar em liberdade de imprensa. Assim como os irmãos Castro, em Cuba, podem se considerar o Triunfo da Vontade exibindo o filme-mor do Terceiro Reich, de Leni Riefenstahl. Nada realmente faz sentido nessa moral perversa desse milênio que entrou. Nada.

ESTAMOS AGENDADOS.

ESTAMOD IBOPE-Ados.  Quem ganhou? O mundo cão! Viva o Faustão! Viva o Abelardo Barbosa!

Ontem, após o “60 Minutes”, na CBS, deixei sem querer a TV ligada. Pra quê? Entrou no ar “THE AMAZING RACE”.  O grupo de idiotas (acho que tudo pré-scripted) acontecia no Brasil, entre Salvador e Fortaleza.

Os Brasileiros eram mostrados como perfeitos imbecis, desdentados, táxis péssimos (até certo ponto verdade) e os americanos competidores eram mostrados como outro bando de imbecis que pronunciavam a capital do Ceará… “Furrleteeza”! Claro, ninguém tem a obrigação de saber onde está.

Se eu despachasse um bando de brasileiros pro Iemem do Norte, ninguém saberia pronunciar a capital: um horror: Mas a televisão é isso. As gravíssimas acusações engraçadas de Andy Rooney sobre o que é essa porra da AIG ou Goldman Sachs, e o que fazem com o “dinheiro dele”, e o que é essa merda de “bailout” são seguidas por um bando de imbecis tentando pegar táxis em aeroportos no norte/nordeste brasileiro.

Viva Faustão!

E Num Law & Order Criminal Intent na TNT ou A&E ou sei lá qual, um tal de vilão chamado Dupont estava com uma namorada brasileira, pronto para dar o golpe dos golpes e embarcar para o Brasil.

Quantas vezes já vimos esse filme? E o quanto dele está certo?

Eu poderia escrever algo mais sério, como a demonstração dos cegos aqui na Rua 23, que me impediram de ver o “BLINDNESS”, do Meirelles. Mas não vou. Retribuo generosidade com generosidade e mesquinharia com mesquinharia.

Ontem, comemorei quatro anos sem fumar! Oba!

Ontem, comemorei um ano desde que voltamos do festival de Córdoba e estávamos nos preparando (ensaiando) no hotel Staybridge em Sampa para abrir o evento “Satyrianas” na Praça Roosevelt, amarrando Alberto Guzik e um outro que desapareceu da minha vida por livre e espontânea opção, depois de aprontar aqui em NY. Nunca falei disso publicamente, mas um dia… Um dia, nada. Que um dia porra nenhuma! Viva o Alberto que está escrevendo magnificamente “Um Crítico”.

Quanto ao mundo? Ah, sim, ele. Hoje foi a Europa que se fudeu. Efeito Dow Jones. “The devil in Miss Jones”, aquele filme pornô que andava lado a lado com DEEP THROAT – com Linda Lovelace. Engolir tudo. Assim estamos, me parece. Como Linda Lovelace. Engolindo tudo!

Deep Throat também era o informante de Bob Woodward e Carl Bernstein do Washington Post e que acabaram com a vida de Nixon ao revelarem o escândalo de Watergate.

Hoje? Não tem mais GATES. So tem o Bill Gates dando uma ótima entrevista a tarde para um paquistanês cujo nome não me lembro… CNN dominical. Ótima. Micro and soft. Deve ter sido a mulher dele que deu o nome, depois que o Bill se despiu e ela viu o dito cujo.

Viva o Faustão! Você é a encarnação de “Fausto”, de Goethe. Já te disse isso na Churrascaria Rodeio de São Paulo e te direi sempre. Você está nas Vanguardas das Vanguardas porque o barulho que você provococa quando não deixa ninguém ser ouvido, quando fala é exatamente igual aquele que acabo de ouvir agora do lado de fora do meu banco, aqui na primeira Avenida, quando um policial da NYPD era verbalmente abusado por um camelô que dizia: “You motherfucker, se você me multar, eu vou lá e mato toda a tua família, teus sobrinhos, tua lua e teu sol. Yor son and yor SUN“.

O que ele quis dizer com isso, Faustão?

O que ele quis dizer com isso, Abelardo?

Mas funcionou! O policial se mandou.

O Brasil é humilhado por esses “game shows”. Mas não se preocupem: os particpantes são mais humilhados ainda.

Um humilhando o outro. Mundo cão! Mas tudo de mentirinha até que a primeira bala seja realmente MORTAL.

Gerald Thomas

Inicio de outubro. The Race is ON!

PS: Ih, esqueci de comentar o melhor do 60 Minutes: um soldado da DELTA FORCE que tentava catar o Bin Laden la nas montanhas em Tora Bora! mas nao conseguia porque, na medida em que…bem, deixa pra la. Quem viu, viu. Fica pro proximo post!

  

(O Vampiro de Curitiba, na edição)

 

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Gerald Thomas entrevista Judith Malina

 (Especial para a Folha de São Paulo)

São Paulo, sábado, 04 de outubro de 2008

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“Temos de rir”, diz Judith Malina

 

Diretora do Living Theatre vem ao Brasil receber medalha por reparação pelo fato de ter sido presa durante a ditadura

Além da homenagem, Malina também dará aulas para atores na Casa das Artes de Laranjeiras, no Rio de Janeiro  

Fabiana Guglielmetti
 

Judith Malina, diretora do grupo Living Theatre, que estreou peça baseada em Edgar Allan Poe em Nova York, durante entrevista

GERALD THOMAS
ESPECIAL PARA A FOLHA

Confesso que meus joelhos estavam trêmulos quando o “yellow cab” me deixou na esquina da East Houston com Clinton Street, em Nova York. Andei alguns passos, e tomei fôlego para ir até os “headquarters” do Living Theatre. Vi a preparação de “Eureka”, adaptação de texto de Edgar Allan Poe que estreou nesta semana no espaço do grupo, e subi ao segundo andar, onde mora Judith Malina, sua diretora. O Living Theatre foi um dos grupos de teatro mais influentes do mundo. Sem a filosofia deles, não teríamos hoje o Oficina, no Brasil (leia ao lado). Sim, é triste sim, porque a última vez em que nos vimos, em maio, ela estava deitada numa esteira no meio da sala, dezenas de pessoas ao redor. Seu companheiro de 40 anos, Hanon Reznikov, havia morrido no dia anterior. Eu tinha ido ao enterro em Paramus, Nova Jersey. Ela nos olhava como se seu mundo fosse acabar ali. O mundo da última beat iria acabar sem deixar um último berro, um último manifesto: Hanon morreu abruptamente, de um derrame, aos 57, de repente. Durante o enterro, eu não parava de olhar pra essa jovem alemã pequena, de 82 anos, que também me olhava e cochichava em meus ouvidos “What went wrong, Gerald?” (O que deu errado, Gerald?). Ambos olhávamos o caixão em que o corpo de Hanon cozinhava num calor de 32ºC e meus olhos iam pra tumba de Julian Beck (1925-1985), o primeiro marido de Judith, líder e fundador do Living Theatre, também enterrado ali. Eu estava no enterro do Julian em 1985. Ele morreu durante a turnê de um espetáculo meu, a “Beckett Trilogy”, em que atuou, pela primeira vez fora do seu Living. Beck e Beckett, onde um homem ouvia sua própria voz em três fases diferentes de sua vida no passado. As filas no La MaMa davam voltas no quarteirão: o povo sabia que ele estava com câncer terminal. Eu fazia o meu meta-teatro e eles vieram dizer o seu adeus. Um homem quase morto ouvindo vozes do passado: era de levantar a pele! Na semana passada, subindo as escadas pro apartamento, depois de seis meses sem vê-la, encontrei-a bem humorada, às vezes aos prantos, jovial, energética e divertida. Levantou num pulo. Algumas várias lágrimas durante a entrevista. Judith Malina receberá a Ordem do Mérito Cultural do Ministério da Cultura brasileiro na próxima terça, em cerimônia a ser realizada no Teatro Municipal do Rio, com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do ministro da Cultura, Juca Ferreira. Em 1971, membros de seu grupo foram presos acusados de participar de atividades subversivas. Leia abaixo trechos da conversa com Malina.

 
JUDITH MALINA – Ainda não posso ser deixada sozinha. Nunca fui deixada sozinha desde o Julian, que me colocava três refeições por dia na mesa… Não sou bipolar, mas sou exagerada, você me conhece, tenho energia demais e preciso exercitá-la

GERALD THOMAS – Mas todos te vêem como uma super-mulher. A batalhadora, quase invencível.


MALINA
– Que nada. Sou inútil pra coisas práticas. Não sei lidar com coisas reais, atender um telefone, nunca precisei escrever um cheque, não sei o que é uma conta de luz.

THOMAS – E o espetáculo, “Eureka”?


MALINA
– Estamos fazendo essa produção com garra e com zero tostões.

THOMAS – Mas com vocês foi sempre assim…


MALINA
– Mas agora vendemos todas as pinturas de Julian e não sei como continuar. Você sabe que as coisas pioraram no mundo do teatro.

THOMAS – Nem me fale!


MALINA
– Aqui e no mundo inteiro. Precisamos berrar mais do que nunca. Ou seremos enterrados vivos. Estou indo pro Brasil receber uma medalha de honra de reparação de danos. Gosto muitíssimo do Brasil. Aliás, é o país de que mais gosto. Brasil primeiro, Itália depois e, sei la qual é o terceiro.

THOMAS – Você vai dar workshops na Casa das Artes de Laranjeiras…


MALINA
– Porque sinto que os atores brasileiros têm fome de saber. Te abraçam com tudo e se jogam sem medo. Nos outros lugares estão com muito medo. Eu sou sobrevivente de guerra e me pergunto: “medo de quê”?

THOMAS – Te conto: ator hoje tem medo de falar de como perdeu a virgindade, a caretice é enorme. Crêem que a história começou ontem.


MALINA
– Não que sejamos nostálgicos. Mas existe uma geração que deletou ou não absorveu toda uma cultura de demonstração, de contracultura, de agitprop. Por isso quero escrever meus diários e o que Erwin Piscator me ensinou.

THOMAS – Uma condecoração no Brasil substitui o tempo que você ficou presa?


MALINA
– Nada vai tirar aquilo da minha memória. Foi horrível, por isso esse diário da prisão é importante (leia ao lado).

THOMAS – No início da década de 60, o teu teatro revolucionou o mundo. Na década de 70, você estava confinada numa prisão em Minas Gerais. Hoje, você tem liberdade para viajar e berrar. Mas adianta?


MALINA
– Quero abraçar o mundo com as pernas, com os braços. Amo tudo isso, amo estar viva e percebo que o mundo inteiro é um fracasso. Temos de rir.

 GERALD THOMAS é autor e diretor teatral 


 

  Judith Malina e Gerald Thomas 

   
   

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Reinaldo Azevedo e seu livro maravilhoso: "O País dos Petralhas"

“O Pais dos Petralhas”

 Juro que eu não sabia qual posição tomar quando eu mesmo me propus a fazer uma espécie de resenha do livro  “O Pais dos Petralhas”. Primeiro: conheci o Reinaldo através de circunstâncias extremamente estranhas: uma briga entre os dois blogs. Logo em seguida, uma enorme amizade, digo, enorme e uma empatia que já dura quase um ano.

Pior, ou melhor, eu mesmo pedi para que o Reinaldo me enviasse seu livro. Portanto, estou longe, muito longe de ser um desses “críticos imparciais” (coisa, aliás, que não existe!). Nos dois dias em que eu esperava o livro pela Fedex, de São Paulo para cá, NY, eu já sabia que iria adorar o que estava “ancorado” lá dentro daquele pacote. Simples. Adoro o que ele escreve.

E por quê? Porque leio o seu blog  todos os dias. Além de ser direto e indireto (essa balança poucos conseguem, ou conseguiam, como Bernard Levin, Koestler, Francis) ele é sanguinariamente vil quando quer. Persegue e é perseguido.

“O Pais dos Petralhas” é um “must” absoluto pelo seguinte: seja o leitor de… (ai meu saco!)  ‘esquerda’ ou de ‘direita’ (termos defuntos na minha opinião, hoje, em 2008): o livro é uma compilação de posts do blog e conta uma história “trágica” (a da política nacional brasileira sob o regime xenofóbico e desastroso do PT), e engracadissimo também.

Exemplo de um post: “WEIS NÃO É UM, MAS SETE (10/12/2007)

“…Lembram-se daquela passagem de Memórias Póstumas de Brás Cubas, a do “almocreve”? Weis vive implorando que eu lhe dê alguns trocados. Já fui tentado a jogar tostões em seu chapéu. Quando, no entanto, penso em sua figura diminuta, em sua constrangedora irrelevância, em sua arrogância sem lastro, em sua disposição para a serventia, em sua inclinação para lustrar os sapatos do poder – já que precisa ficar na ponta dos pés pra puxar o saco – ignoro-o. A exemplo de Brás Cubas, vou diminuindo o valor da esmola. Até que não reste nada.”

Essa passagem, tão ácida quanto quase todas, aparece na página 47.

Ou: “O marxismo é uma variante da preguiça… ” (do post Bodas Bárbaras, pág 99). “Os Discípulos de um Homem chamado Nair” ou “Estamos na Sarjeta” (pág 143)

-“Tenho aqui em mãos uma preciosidade. Trata-se do que poderia ser definido como a carta de princípios de uma estrovenga chamada  “O Direito Achado na Rua”. Foi publicado pela editora UnB e elaborado pelo núcleo de Estudos Para a Paz dos Direitos Humanos. Paz? Si vis pacem para bellum, já ensinava o ditado latino. Se queres a paz, prepara a guerra”.

Pois! Reinaldo está em guerra permanente. Mas não é à toa: Seus  inimigos, um governo sujo, corrompido, etc, parece estar ficando cada vez maior.

Sua crítica é ácido sulfúrico puro, mas… Mas? Sua base é a literária, a filosófica e a moral. Qual moral? Você irá perguntar. Difícil descrever, mas prefiro descrevê-la como sendo uma “moral matemática”, uma moral de senso refinadíssima. Melhor ainda: se formos investigar a fundo suas críticas, enxergaremos um ser humano doce. “O quê?”, pergunta algum leitor irado. Sim. Eu disse doce. O “ser” atrás da critica é um tremendo apaixonado. Isso transparece de forma quase nítida e nitzscheana em seus escritos. Doce sim, apesar de estar numa constante batalha.

O livro é imperdível! Eu, um confesso ignorante em política brasileira, estou me tornando um mestre depois dos posts diários de Reinaldo Azevedo. Esse livro é uma grandiosa amostra do que são esses posts. Se eu pudesse, faria uma enciclopédia de TUDO que ele escreveu ou tem escrito, pois assim como numa peça de Shakespeare, cada palavra um significado e um labirinto, cada labirinto, três séculos de significados. Reinaldo Azevedo é, sem duvida, o mais brilhante cronista político brasileiro. “O Pais dos Petralhas” é uma amostra compilada dessa mais que perfeita perfeição.

Gerald Thomas

September 21, 2008

 

 

Do blog do Reinaldo Azevedo

Uma “moral matemática”

Gerald Thomas, que tem seu blog hospedado no iG, escreveu um texto sobre O País dos Petralhas. Reproduzo, abaixo, alguns trechos:
Juro que eu não sabia qual posição tomar quando eu mesmo me propus a fazer uma espécie de resenha do livro O Pais dos Petralhas. Primeiro: conheci o Reinaldo através de circunstâncias extremamente estranhas — uma briga entre os dois blogs. Logo em seguida, uma enorme amizade, digo “enorme”, e uma empatia que já dura quase um ano.
Pior, ou melhor: eu mesmo pedi para que o Reinaldo me enviasse seu livro. Portanto, estou longe, muito longe, de ser um desses “críticos imparciais” (coisa, aliás, que não existe!). Nos dois dias em que eu esperava o livro pela Fedex, de São Paulo para cá, NY, eu já sabia que iria adorar o que estava “ancorado” lá dentro daquele pacote. Simples. Adoro o que ele escreve.
(…)
Sua crítica é ácido sulfúrico puro, mas… Mas? Sua base é a literária, a filosófica e a moral. “Qual moral?”, você irá perguntar. Difícil descrever, mas prefiro descrevê-la como sendo uma “moral matemática”, uma moral de senso refinadíssima. Melhor ainda: se formos investigar a fundo suas críticas, enxergaremos um ser humano doce. “O quê?”, pergunta algum leitor irado. Sim. Eu disse doce. O “ser” atrás da critica é um tremendo apaixonado. Isso transparece de forma quase nítida e nietzschiana em seus escritos. Doce sim, apesar de estar numa constante batalha.
(…)
Para ler a íntegra, clique aqui

 

Por Reinaldo Azevedo | 05:37 | comentários (8)

 

 

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