Monthly Archives: October 2015

A War of Titans (Coffee Paintings)

ONE KNIFETWO KNIVESTHREE KNIVES

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My Mother.

Ellen Lilly Renate Sievers

Ellen Lilly Renate Sievers

She always came home late and livid from these mysterious meetings at Praça Antero de Quental in Leblon where she sat for about an hour with this downtrodden man who’d tell her the saddest possible stories.

And, at the end of each sitting or session (yes, let me call them sessions), he would draw a sketch on some rough yellowish aging drawing pad. She would stare at it and be horrified and he would then proceed to tear it up and completely destroy it. She’d get up and run home.

I caught her once as she came home. My mother, that is. She was sweating and her heart was almost coming out of her mouth. She leaned against the closed door behind her with her body weight and….almost fainting in a fit…

Mum, what’s happening?”

They’re taking everything from him. They’ve robbed him for years. He’s a destroyed man.

And she burst into tears.

I had no idea what of whom she was referring to.

These bastards. I must denounce them. I must DO something for him. I must. I must”, she said, while drawing the curtains, making our living room darker and darker, as if she wanted us to live in some kind of a bunker. as if she wanted us to live in some kind of a bunker. On such occasions, my mother did resemble (to an extent, Carol Burnett).

Mum, what’s happening? Who is this person?

It’s best if you didn’t know” “No, but wait. Maybe you should know a thing or two about him. He’s a genius. An inventor. He invented the Hovercraft decades before it was ever built. They stole the idea from him, as they always do. He invented the uranium centrifuge, decades before it was ever built and used. They stole it from him, as they always do. He is a ruined man.

And he never did anything to protect his intellectual property?”

He couldn’t. He was always under threat.”

But from whom? By whom?”

By everyone! Geniuses are under threat. Even from themselves. He is a man in pieces, son. A ruined man, falling apart every day, almost disappearing. I feel so deeply for him, so strongly for him, so strongly…”

Oh, and yes, he is your biological father!

At that moment, my knees disappeared and she kept on talking like a maniac and, running around the apartment hiding things, wrapping documents in layers of plastic and keeping external drives in Ziplocks in case of….in case of….I was stunned.

She handed me am old and yellowish piece of paper, almost at the point of non existance.

Here. Read this”, she said, trembling.

But there’s nothing written on this, mother!”

 I know. That’s what frightens me. You must hold it very briefly over a flame. But VERY briefly and from a distance or it’ll catch fire

I lit up a candle and held the paper and, indeed some letters began to form. But, suddenly, the entire paper was in flames and I couldn’t control it.

“You see? I TOLD YOU !!! Told you not to hold it too close to the fire! And now? Gone. All gone”

The room was dark. I could barely see her. I could only hear her. But it was pretty clear to me what was on that burnt piece of paper.

Gerald Thomas

 

 

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Centésimo aniversário de A Metamorfose de Kafka (texto original, encomendado pela Folha de S Paulo)

My poster for the Kafka Trilogy, 1987. Mixed media.

My poster for the Kafka Trilogy, 1987. Mixed media.

A Metamorfose” – 100 years old today.

Gerald Thomas – Folha de S Paulo

GREGOR SAMSA FAZ CEM ANOS HOJE

Kafka é uma confusão. É todo Austro-Húngaro que é o todo Tcheco e que é todo Eslavo e que é todo uma Praga. Praga mesmo! Praga dessas que as pessoas rogam para si mesmas ou contra as outras, de guetos a guetos povoados por judeus miseravelmente tristes ou ciganos horrivelmente deprimidos, todos imersos numa “Mittle-Europa” e seus eternos e intermináveis conflitos étnicos onde um bairro fala alemão e execra o que fala turco que execra o que fala albanês e assim por diante. No meio disso tudo, um magrelo chamado Franz Kafka.

Era 1915, uma época quase igual a de agora. Claro, havia uma Primeira Grande Guerra Mundial em andamento, mas de resto, quase tudo igual. Hordas de refugiados pegando embarcações pra lá e pra cá. Hordas tentando marchar para fora das zonas de conflito e morrendo nos trilhos, morrendo nos campos, morrendo de fome e de ódio e morrendo porque eram de uma raça e não de outra, morrendo porque acreditavam num deus e não no outro. A coisa gira mas muda pouco.

Kafka escreveu A Metamorfose porque não aguentava mais o emprego como corretor de seguros e o horrendo ritual de ter que temer o chefe, o Chefe dos Chefes, os Chefes invisíveis e os absurdos horários estipulados por essas entidades. O céu eternamente cinza, as roupas cinzas, as peles mais que cinzas, tudo sempre frio e antipático e anti-semítico e a Europa naquele estado de que ninguém aguenta mais.

Kafka deu um BASTA ! “CHEGA! Não aguento mais a vida de humano, porra!”. Pronto. Foi isso. Ao contrario de “Cotidiano”, de Chico Buarque (Todo dia ela faz tudo sempre igual/ Me sacode as seis horas da manhã/Me sorri um sorriso pontual/E me beija com a boca de hortelã), o personagem de A Metamorfose teve uma über crise, mandou o mundo dos humanos a merda e transformou-se num repugnante verme.

Franz Kafka odiava seu pai, odiava sua vida, odiava a si próprio. Pode-se enxergar o “kafkianismo” em varias etapas da nossa sociedade quando ela se torna insuportável, sufocante, burocrática e aterrorizante. Talvez o personagem “Joseph K” de O Processo, em que ele é preso por crimes que não cometeu e não consegue provar sua inocência, morrendo no final, ou na mais que cruel Colonia Penal, em que o condenado sofre torturas na própria carne com maquinas gravando em sua pele os crimes que havia cometido.

Kafka é o mais genial dos autor de todos os tempos. E não é difícil explicar por que.

Dependendo em que idioma você o le, Kafka é o único autor que transcende a natureza humana até a mais baixa e nojenta condição de verme, logo na primeira pagina. Ele consegue isso em uma só pagina.

Tive contato com A Metamorfose aos nove anos de idade, ou um pouco depois. Meu pai lia para mim, em alemão. Não é a toa que eu nunca mais consegui dormir desde então. Décadas mais tarde, já sentado na Biblioteca do Museu Britanico, li-o em inglês, fiz comparações, sai puto (como sempre saio quando os tradutores traem os autores) e fui “kafkear lá pela Great Russell Street.

Vinte anos para a frente e me deparo com a proposta de montar a minha Trilogia Kafka. Caramba! E agora? Bete Coelho, Daniela Thomas, Luiz Damasceno e a ‘troupe’ da Cia de Ópera Seca ali sentados diante do enorme desafio. Tres adaptações que sairiam do Brasil, viriam para Nova York e iriam terminar justamente em Viena.

Por que será que complicam tanto algo que, na verdade, é tão simples? Saco! Die Verwandlung nada mais é do que A Transformação, pombas. Por que então misturar Ovídio com leves insinuações Homéricas no meio? Pra quê? Pra que transformar um “verme” num besouro (ou barata), se verme é um termo alegórico que se aplica a humanos quando se sentem o ‘fim da picada’?

Seja como for, o que ficou na história é que Gregor Samsa é uma barata. Melhor para mim, pois o pôster do espetáculo acabou sendo o corpo de uma barata tendo um bico de pena como cabeça. E isso mata a charada: a barata que escreve. Mas a sintaxe está errada pois perpetuei o erro e mantive a ideia da barata ou besouro quando o “BASTA, PORRA! NAO SOU MAIS UM DE VOCES !!!!!, o berro de independência de Gregor, está mesmo mais para um desses vermes que se arrastam e deixam uma gosma, do que para a ideia de barata.

A Metamorfose é um romance miseravelmente triste em que o autor não se esconde atrás de nada. É Kafka ali o tempo todo. E quando, quase no final do livro, o pai irritado de Gregor, joga uma maçã nele para afugentá-lo, a fruta gruda nas costas do bicho e apodrece nele, nas costas dele. Esse é um dos momentos mais tristes do livro e é nesse momento que conseguimos ouvir a tosse de Franz Kafka e enxergar o seu repúdio em estar vivo. Vivo e, no entanto, morto. Morto e, no entanto, não morto o suficiente para ser declarado um “falecido”.

A Metamorfose, mais do que qualquer outro livro de Kafka, ou mais do que qualquer outro livro na história da literatura, é um testamento de que a única forma de comunicação entre seres humanos é através da extrema crueldade, da tortura mental e da dor física. A escrita de Kafka nos faz ranger os dentes, mesmo que se leia esse livro pela vigésima vez e no quinto idioma. E é também, além de tudo, o maior tratado de que nascemos e estamos aqui, mas não sabemos por quê. E a única forma de provarmos que estamos vivos é carimbando diariamente um livro que reza que a única forma de existência é através da desistência, é através da constatação de que os portões se fecham para nós, que nossas luzes se apagam e que aquela imensa dor que sentimos, essa puta dor, só tenderá a piorar a cada dia, pior e pior, e cada vez pior até que consigamos atingir a transformação final, ou seja, a Metamorfose.

Gerald Thomas,

Autor e diretor teatral.

 

 

 

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DANILO SANTOS DE MIRANDA

Danilo Santos de Miranda

Danilo Santos de Miranda

 

Um recado praqueles que acham que a media social é uma via de mão UNICA: estão REDONDAMENTE enganados. Essa porra aqui não é só pra ficar fotografando comidinha e bebidinha e suas lindinhas carinhas !!! Essa PORRA AQUI não é um ETERNO e entediante desfile dessa merda de SELFIES !!!. Até QUANDO O VOSSO SACO VAI AGUENTAR é um mistério. Mas o Facebook, o Twitter, Instagram e essa fantasia toda serve também pra

D I VU L G A R e botar a boca no trombone sobre coisas ruins e pra denunciar podridões etc..

Mas serve também pra falar bem, MUITO BEM, MAS MUITO BEM MESMO, serve pra ELOGIAR e elogiar quem merece ser elogiado como o Danilo Santos de Miranda por exemplo, que toca o SESC SP desde 1984 – e que, sem ele, NAO HAVERIA TEATRO NO BRASIL. Ou Melhor, não haveria o melhor teatro, o mais inovativo, o mais eclético, a arte de risco, qualquer que seja ela; VIVA ESSE HOMEM, cacete. Ovação de pé pra ele!

Gerald Thomas

http://cultura.estadao.com.br/noticias/musica,nos-nao-somos-o-ministerio-da-cultura-paralelo–diz-diretor-do-sesc,1781007

http://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/2015/09/1679210-com-arrecadacao-de-3-a-4-menor-sesc-sp-reduz-programacao.shtml

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Ferreira Gullar – O mais brilhante artigo sobre o PT (Folha de S Paulo)

ferreira gullar

Carta aberta

Desculpe se em vez de uma carta pessoal escrevo-lhe na página de um jornal, tornando público o que tenho a lhe dizer. A razão disso é que o assunto que pretendo abordar nada tem de íntimo. Pelo contrário, diz respeito a todos nós. Trata-se de sua posição em face de tudo o que está acontecendo neste nosso país governado, há quase treze anos, pelo seu partido, o PT.

Entendo que você, a certa altura da vida, tenha acreditado que Lula era um verdadeiro líder operário e que, como tal, conduziria os trabalhadores e o povo pobre na luta pela transformação da sociedade brasileira, a fim de torná-la menos injusta.

Era natural que fizesse essa opção, uma vez que lutar contra a desigualdade sempre fez parte de seus princípios. E muita gente boa, antes de você, também pusera sua esperança neste novo partido que nascia para mudar o Brasil. Alguns dos mais notáveis intelectuais brasileiros fizeram a mesma escolha que você.

É verdade também que, com o passar dos anos, essa convicção se desfez: Lula não era o que eles pensavam que fosse, e o seu partido não se manteve fiel ao que prometera. Mas você, não, você continua confiando em Lula e votando em todos aqueles que Lula indica, ainda que não os conheça ou, o que é pior, mesmo sabendo que não são nenhuma flor que se cheire.

Sei que há petistas mais cegos que você, como aqueles que foram às ruas para tentar impedir a privatização da Telefônica, alegando que se tratava de uma traição ao povo brasileiro. Lembra-se? Pois bem, a privatização foi feita e, graças a ela, o faxineiro aqui do prédio tem telefone celular. Mas, quando alguém fala disso, você muda de assunto.

Sei muito bem que política é coisa complicada. A pessoa defende determinada posição do seu partido, discute com os amigos, briga e, depois, aconteça o que acontecer, não dá o braço a torcer.

E, às vezes, chega ao ponto de defender atitudes indefensáveis, mas que, por terem sido tomadas por Lula, você se sente na obrigação de justificar. Por exemplo, quando Lula abraçou Paulo Maluf, quando se aliou ao bispo Edir Macedo, fazendo do bispo Crivela ministro do seu governo e quando viaja à custas da Odebrecht.

Não sei o que você diz a si mesmo quando, à noite, deita a cabeça no travesseiro. Como justificar o mensalão? Você poderia acreditar que Delúbio, tesoureiro do PT, tenha armado toda aquela patranha, sem nada dizer ao Lula, durante os churrascos que preparava para ele, todo domingo, na Granja do Torto. Tinha de acreditar, pois, do contrário, teria de admitir que Lula foi o verdadeiro mentor do mensalão.

Custa crer como você consegue dormir em meio a tanta mentira. E pior é agora, no chamado petrolão, que é o mensalão multiplicado por dez, já que, enquanto naquele a falcatrua era de algumas dezenas de milhões de reais, neste chega a bilhões. E, mesmo assim, consegue dormir? Não é para sacanear, mas você ainda repete aquele lema em que o PT dizia ser “o partido que não rouba nem deixa roubar”?

Quero crer que, pelo menos nisso, você se manca, porque as delações premiadas deixaram claro que ele não apenas deixa, como rouba também.

E a Dilma, que Lula tirou do bolso do colete e fez presidente da República, sem que antes tivesse sido sequer vereadora? Não chego a considerá-la paspalhona, como a chamou Delfim Neto, embora, com sua arrogância, tenha arrastado o país à bancarrota em que se encontra agora. Essa situação crítica a obrigou a adotar um programa econômico que sempre rejeitou e combateu.

Mas, ainda assim, tem o desplante de dizer que esta crise é apenas uma transição para a segunda etapa de seu plano de governo. Noutras palavras: a primeira etapa foi para levar o país à bancarrota e a segunda, agora, é para tentar salvá-lo. Ou seja, estava tudo planejado!

Não me diga que acredita nisso, camarada.

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HAPPY 86 MINHA LINDA E ETERNA EX SOGRA E MAIOR ATRIZ DO MUNDO, FERNANDA MONTENEGRO !

FERNANDONA E GT

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October 17, 2015 · 5:57 am

Eta POVO BOBO!!!!

Eu não sei se vocês realmente brincam de brincar ou se iludem de se iludir. Mas, vem cá. Quando é que vocês irão se dar conta de que não é tirando “fulano” do poder ou votando no próximo XYZ é que ”Ah AGORA VAI DAR CERTO!!!” Ah, agora vai dar certo. “ELE, ELE Vai CONSERTAR essa MERDA”. Puts. Que maneira TORTA de pensar.

VEM CA: vocês beberam o elixir da bobeira ou da estupidez total?

Ou ficam ai disfarçando porque não QUEREM enxergar a desgraça que reside o fato do Brasil não ter fundações (aquelas estacas que seguram um prédio) e, por isso, CULPAM “ela” e endossam “ele” só pra, anos depois, xingarem “ele” e endossarem uma outra “ela”? E assim por diante…

Acho que vocês vivem uma espécie de sonho ou pesadelo CIRCULAR, Dantesco, e não se dão conta.Sejam sinceros: vocês REALMENTE ACHAM que, removendo xxx e colocando xxxx, elegendo mais um xxxx vão REALMENTE RESOLVER OS MILHARES DE PROBLEMAS QUE O BRASIL TEM DESDE…..DESDE SEMPRE? JURAM? ACHAM MESMO?

Fico besta ! O Brasil é um pais construído do andar TERREO pra cima. Não tem porão. Não se vive (com dignidade) num “basement”, por exemplo. Quando tem “subsolo” é, geralmente, garagem de prédio antigo. Não existe INFRAESTRUTURA e muito menos RESPEITO pela lei (cada um cria a sua! ).

E vocês ainda ficam ai sacaneando as figuras que estão no poder sem perceber que, na verdade, com isso, estão sacaneando a si próprios ? Afinal, esse poderzinho de merda foram vocês mesmos que criaram, cacete !

“É tudo sempre um escândalo! É tudo sempre um escândalo! É tudo sempre um escândalo!

”VOCES é que são um escândalo!

Voces é que permitem que esses “ESCANDALOS” aconteçam debaixo de seus narizes e só fazem fofocar no Facebook e por ai nos corredores dos ‘escandalos’ !!!

Voces estão num beco sem saída, berrando em ouvido de surdos, rodopiando como peões perdidos e ainda creem em uns e outros que se dizem “lideres” de alguma coisa ou de outra! É impressionante como vocês são cegos e TEM VERGONHA DE ADMITIR ISSO.

Gerald Thomas

 

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The Entire ‘Thinker’ inside another Skull (Rodin’s Thinker inside Yorik), by Alexandre Antunes.

RODIN IN A SKULL

By artist ALEXANDRE ANTUNES

“Ego Trip”

Stencil / Radiografias 

2015

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BASTA!!!!

Portugues – To pasmo! Pasmo! Me entrego, escrevo, ajudo, ajudo a muitos, me abro, dou conselhos, faço lista de livros, dou opinião sobre a progressão cultural sobre o que me perguntam… dou grana pra ONGs que vão da de apoios políticos até Heifer ou Wounded Warrior ou….E o que? Alguma vez algum “OBRIGADO?” NUNCA!. Silencio. Silencio TOTAL. To pasmo. Pessoas magoadas. Sempre magoadas com isso e aquilo. É IMPRESSIONANTE!!!!

English – I’m baffled. Baffled! I give myself completely. I write letters of recommendation, I help people, I give solicited and NON solicited advice, I advise youngsters on lists of which books to read, music / composers to listen to, I follow their cultural progress and….I contribute $$ from Heifer to political orgs to NGOs or The Wounded Warrior and? AND? And nothing ! EVER A FUCKING “THANK YOU ?” . Silence. Just a total and complete fucking silence. That’s the return. People are always HURT no matter what! NO MATTER FUCKING WHAT, people are always hurt and I, it seems, am always in the ‘owing’ position’. Isn’t that incredible? IT’S AMAZINGLY SAD AND….( always a good lesson to be learned. Keep yourself to yourself!).

IMG_9386Gerald Thomas

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De William Oliveira (um dos textos que me deixou aos prantos, de imediato)

Ela tem cheiro de Teatro Municipal. Não o cheiro do teatro em si, mas do burburinho do intervalo entre as apresentações. Aquela mistura suficientemente sóbria e embriagada que define uma classe – a dominante.

Ele a conheceu numa triagem de psicoterapia. Na verdade ela foi a terapeuta responsável pela avaliação dele, pela denúncia do sintoma que revelaria a patologia dele e com a qual a categoria dela continuaria dando sentido a própria existência. “Ganham dinheiro com a nossa angústia”, ele riu entredentes ao se lembrar da fala de um personagem do filme russo Stalker.

Ela precisou de ajuda para se sentar na frente dele; ele poderia ter encarado isso como uma fraqueza da parte dela, mas estava desesperado demais para ponderar sobre um analista ideal e infalível.

Sete sessões depois, ele sugeriu que ela estaria sendo maternal com ele, e ela alertou que ele seria um sujeito obcecado por atenção. “Inclusive a dela?”, ele ensaiou questionar, percebendo a ironia da situação.

Ela, evidentemente, está a favor do status quo. Ele, por outro lado, por achar que não cabia no status quo, procurou alguém que pudesse convencê-lo que sim. Ou adaptá-lo ao sim.

Ele, afinal, já está com 32 anos e tem medo de não conseguir mais amigos, até porque esses eventuais futuros amigos vão se assustar quando constatarem que ele não tem amigos. Ou quando começarem a contar histórias sobre os outros amigos e chegar a vez dele e ele ser obrigado a mudar de assunto. Ele não tem histórias para contar e espera poder aprender na terapia como transformar o simplório em consagrado e ter assim várias histórias para contar. Para vários amigos.

Ela, como manda o figurino, certamente tem histórias para contar. Suas e dos outros – que ela, ele suspeita, vai relatar de maneira sub-reptícia. Seus potinhos de porcelana no banheiro (como uma cenografia de casa de avó) e um quadro de Klimt (o mais significativo e óbvio deles, é verdade) são alguns itens que dizem muito a respeito dela. E revelam a história exatamente como ela quer contar para ele.

Mas ele não quer contar a história nos termos dela, embora ela o interrompa com frequência em despudorados comentários que se findam num suspiro sorridente. Surge aí sempre um pestanejar de ansiedade, como se ela tivesse acabado de atirar inúmeras verdades para o ar e ele precisasse se levantar rapidamente para equilibrá-las nas mãos como um malabarista de neuroses existenciais.

Ele pensa que ela fez questão de ser a terapeuta dele depois da triagem. Ela disse que passaria a ficha dele para a direção da clínica e de lá eles o remanejariam a um profissional apropriado. Mas quando a secretária da clínica mencionou no começo do telefonema, alguns dias depois e ligeiramente hesitante, que coincidentemente a terapeuta dele teria o mesmo nome da profissional responsável pela sua avaliação, ele imediatamente constatou que a vida dela deveria estar realmente sem grandes sobressaltos emocionais. Afinal de contas, que tipo de paciente ela devia ter que a fizesse criar este estratagema só para atendê-lo? Sujeitos cujo maior padecimento é não sofrer de qualquer tipo de padecimento.

Foi fácil então para ele concluir que sua dor muito provavelmente era a mais genuína com a qual a terapeuta poderia ter se deparado. Até porque, ela tinha cheiro de Teatro Municipal.

O personagem que ele interpreta para ela a cada sessão é o de um moleque tímido e de olhos fugidios. Ela sorri quando ele cita um verso de um poema de Baudelaire (“A dignidade me entedia”) e parece incrédula quando ele sentencia que o matrimônio é um coma social no qual ele esteve imerso por dez anos.

Para ele tudo é uma questão de repressões malfeitas ou aplicadas pela metade. Para ela tudo é uma questão de não se repetir eventos e obsessões. O jogo dele é o do poder; o dela, o de um estoicismo abstrato que cita o bolero de Ravel como metáfora da vida.

A narrativa dele não chega a ser original: negro, ele foi o clássico filho da empregada cuja educação se viu financiada pelos patrões. Como consequência, teve acesso a artigos que não necessariamente poderia adquirir por conta própria, mas acabou disciplinado a respeitá-los como tabus. Assim, ao contrário do pivete que rouba da burguesia para satisfazer seu capricho por um tênis Nike, ele aprendeu a experimentar o desejo como algo vago, irregular e desnecessário. Ele até poderia assistir à tv da sala de estar, mas era adequado que se mantivesse sentado no tapete, e não no sofá, e saísse de fininho toda vez que algum dos patrões pusesse a chave na porta de entrada anunciando sua chegada.

O consultório dela exibe prateleiras submersas numa camada cinzenta e seca de poeira. Ele tem vontade de perguntar se ela está precisando de uma faxineira e conjectura o absurdo que seria sugerir sua mãe como diarista – embora a ideia se apresente maravilhosamente promissora em termos de quiproquós narrativos. A mãe dele, que jamais saberia lidar organicamente com a dor dele, limpando eficientemente a sujeira sólida da alcova onde uma vez por semana ele e tantos outros vomitam suas sujeiras emocionais.

De fato, sem sombra de dúvida, ele é o paciente mais interessante que essa terapeuta poderia ter encontrado.

William Oliveira

 

 

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