Monthly Archives: April 2016

Roberto Piva – um homem além da genialidade.

Comments Off on Roberto Piva – um homem além da genialidade.

Filed under Uncategorized

MANIFESTO # 2 for workshop in MILAN

The huge coffee big bang (GT 2003 London)

The huge coffee big bang (GT 2003 London)

 

MILAN Workshop MANIFESTO

I wish it were enough to state that we are all lost (in space and in all directions) in the arts and all that “bla bla bla” (as I so often do!).Unfortunately, it is not. I mean, fortunately, it’s not.

“Fail. Fail again. Fail better” (Samuel Beckett).

-It’s also easy to keep on looking back into the past, into our tunnel of references and carry on repeating them without knowing that we’re merely creating a spiral of bestialities and eternal repetitions, doomed to resonate only within a smaller and smaller circle of people.

And that is, precisely that, what is happening with the experimental arts, experimental theater – and / or the avant garde in general.

So, within this context (knowingly awkward and especially difficult and from the very bottom of a deep hole), the question is :  what would be the adequate means to address the theater these days? I mean it in a very practical way. But in every praxis, there is a strong, strong, concrete and yet flexible philosophy in course behind.

We have been crying our eyes out and laughing our way through the centuries on the stages of the world.

Is this enough? NO, not enough!

In the ages of cynicism and cyber cynicism of the internet and the extreme cruelty of terrorism, we’re living a crossgender era of post this, post that – post/ post-hyper-modernism and people just can’t stand the breaking down of every particle of every atom of every icon of every “almost biblical” aspect of ‘post destructive’ and cynical art.

I believe it’s time TO REBUILD again.

What form of acting is it that represents us today? Do we have it? Do we need to find it?

Yes, we need to dig deep and find it be it through metaphors or a language we do not know yet.

We’re open.

Gerald Thomas

New York

April 28, 2016

DATES: https://www.facebook.com/events/553159424855172/

– Saturday 4 June 2016 time 11h-18h

– Sunday 5 June 2016 hours 11h-18h

– Saturday  11 June 2016 hours 11h-18h

– Sunday 12 June 2016 hours 11h-18h

– Saturday  18 June 2016 hours 11h-18h

– Sunday 19 June 2016 hours 11h-18h

 

 

 

 

 

Comments Off on MANIFESTO # 2 for workshop in MILAN

Filed under Uncategorized

Bete Coelho in my adaptation of Kafka’s “The Trial” (1987) (seen here at the Wiener Festwochen, filmed by ORF)

Bete Coelho – como Josef K – na minha Trilogia Kafka (1987 – 1989 )em seus dias de Cia de Opera Seca (aqui em Vienna) Wiener Festwochen /

Actress Bete Coelho as Joseph K in my Kafka Trilogy, seen here at the Wiener Festwochen, Vienna as documented by the state TV ORF

 

Comments Off on Bete Coelho in my adaptation of Kafka’s “The Trial” (1987) (seen here at the Wiener Festwochen, filmed by ORF)

Filed under Uncategorized

Versão atualizada em 28 Abril depois da recusa da Folha ! Meu deus do céu. A provincia a-BUNDA em Nelson de Sá e seu Shakespeare provinciano !!

SHAKESPEARE

 

Aqui está a versão que a Folha não irá publicar:

Razões dadas pela FOLHA : “Voce ja tinha publicado artigo semelhante em seu blog”
Eu; “Dois pesos, duas medidas. Fiz o mesmo na época dos ataques em Paris em Novembro do ano passado quando publiquei a “Carta ao presidente Françøis Hollande” 

Eis a nova versão:

No caderno especial da Folha de sábado passado, sobre Shakespeare e Cervantes, temos o Sr. Nelson de Sá, mais uma vez falando besteira. Poderia ter escrito um belo artigo sobre Shakespeare mas, infelizmente se guia por estatísticas.

Acho que, a essas alturas da internet, Google, etc, todos sabemos que números enganam, enquetes – sejam elas quais forem, raramente são realmente representativas daquilo que pretendem retratar. São, no mínimo superficiais, rasas e eu diria, falsas. Não importa a fonte. A Gallup erra e erra feio !

Mas o Sr. De Sá afirma – com base nessas esdrúxulas e miseras estatísticas (sabe-se lá porque), que o Brasil, a China e a India acham o Shakespeare mais “relevante” que a própria Inglaterra ou o Reino Unido !!!

No inicio tive uma crise de risos porque, ai ai ai, o homem escreve tão mal, mas tão mal que a tal “linearidade” que ele tanto busca nas minhas encenações, talvez, quem sabe, ele devesse fazer uma imersão na ilha de Prospero e de Sycorax para checar se o português dele não está desfalecendo com a sua capacidade de escrever um texto realmente impactante (ou mesmo linear – já que se trata de um jornal…). Já a Sylvia Colombo escreveu com o coração e as vísceras sobre Cervantes, de forma linda e impactante, no mesmo caderno. Que contraste ! Nossa!

Ao ler o Nelson de Sá, a minha reação inicial foi a de gargalhar. Logo depois me deu raiva. Raiva dele não conseguir ter a paixão pra retratar o mais eclético mais poético dos autores de todos os tempos e, ao contrario disso, divido-lo, esquarteja-lo e expo-lo na prateleira das estatísticas, como se estivéssemos num morgue, num Instituto Médico Legal. Graças a Deus, nesse caso, a Folha não é lida pelo mundo afora. E, ao mesmo tempo, pena. Pena porque são justamente esses erros brutais – como se um médico legista primário não soubesse sequer dissecar um, corpo, que tornam a Folha um jornal de província.

Então, voltando ao lado absolutamente tragicômico do que foi cometido ali, que eu pergunto:

 Quer dizer que os brasileiros dessa tal “enquete” acham o Shakespeare mais relevante do que os ingleses? Será que esses brasileiros sequer “leram”, “ouviram” ou  “assistiram” (alguma vez na vida) alguma única peça de Shakespeare? Claro que não. Será que eles tem um único livro dos trabalhos completos de Shakespeare em casa? Ou uma única peça? Ou os sonetos? Duvido. É tudo da boca pra fora. O mesmo vale para os Chineses e os Indianos. Tudo da boca pra fora!

  • Existe aí no Brasil um Globe Theatre, como no South Bank do Thames de Londres ? Existem nesses países citados uma cidade equivalente a Stratford-upon-Avon que sedia uma tal de “ROYAL Shakespeare Company”??? Ah, me poupem !
  • Eu nem me meteria a discutir tudo isso não fosse o artigo de Nelson de Sá a aberração que foi. Mas foi.

 PS: Shakespeare em tradução, mesmo na tradução de sua eterna viúva – a Barbara Heliodora – ou as poucas de Millor Fernandes – nunca chegariam aos pés do original. Pode-se dizer que esse vem a ser o problema com qualquer coisa escrita em verso ou mesmo prosa. O mesmo ocorre com Goethe e assim por diante. Guimarães Rosa também soaria estranho em inglês. Até as tentativas de verter Nelson Rodrigues pro inglês, falharam.

Existe uma única exceção (parcialmente feliz) é o PANAROMA de Finnegans Wake, de Joyce, feita por Haroldo e Augusto de Campos. É um curto apanhado, uma visão geral sobre um amplo tratado linguístico, revolucionário, talvez o mais difícil escrito até hoje. (sim, é Pana-Roma mesmo!)

No fundo, fico com pena. Juro. Participei (e com muito orgulho) do caderno especial comemorando o centenário de Kafka. Foi lindo. É uma tremenda pena ver um caderno especial tornado nada especial por alguém que abusa dessa fraude que se chama de estatística como base para fincar suas frágeis estacas como resenhista, critico ou seja lá o que ele anda fazendo hoje em dia.

Gerald Thomas

New York – 25 de Abril de 2016

Jan Kott - Polones - o dramaturgo que influenciou Grotowski e Peter Brook a nada tem de Brasileiro, Chines ou Indiano

Jan Kott – Polones – o dramaturgo que influenciou Grotowski e Peter Brook a nada tem de Brasileiro, Chines ou Indiano

Harold Bloom - A invenção do Humano (parte de uma quebra cabeças interessantissimo proposto por Bloom - Cidadão Norte Americano)

Harold Bloom – A invenção do Humano (parte de uma quebra cabeças interessantissimo proposto por Bloom – Cidadão Norte Americano)

Até bons atores / atrizes como Bete Coelho precisam de um boa direção (ou condução) como essa, boas épocas de vasta produção nossa de Cia de Ópera Seca (1989) Hamlet, leitura

 

Shakespeare NYTIMES

 

 

Comments Off on Versão atualizada em 28 Abril depois da recusa da Folha ! Meu deus do céu. A provincia a-BUNDA em Nelson de Sá e seu Shakespeare provinciano !!

Filed under Uncategorized

Two of the most memorable (drawings, paintings) of mine – from the early 1980’s…

Drawing for the New York Times OpEd Page - based on Buckminster Fuller's Geodesic Globe -

Drawing for the New York Times OpEd Page – based on Buckminster Fuller’s Geodesic Globe –

"New York over two cups of coffee" - a poster which sold - and sold.... (all done with coffee and rubber stamps and pencil -

“New York over two cups of coffee” – a poster which sold – and sold…. (all done with coffee and rubber stamps and pencil –

Comments Off on Two of the most memorable (drawings, paintings) of mine – from the early 1980’s…

Filed under Uncategorized

A tiny teaser of a tiny passage from my forthcoming novel: “The Lost Case of a Brief Case”

 

Gerald - photo by Marcos Rosa

Gerald – photo by Marcos Rosa

People really have no idea of what it means to be alone. I mean, to be famous and alone. I mean, to be a public persona and to have to suffer alone the endurance of being alone, of having your silent screams be unheard alone by the person you love alone and only love alone but have only loneliness to comfort you… People have no idea.

Is she coming to see me?

Will she come back one last time to see me? What will she look like? And what will I look like to her?

There’s a slight chance that she might. Just a slight chance. But, even if she does, what will it mean? Will it mean that she will stay or will it mean that she will just say hello and leave again and steep me further into this black hole I entered twenty years ago when she first left me?

So, if she’s coming to see me, who will she be? I mean, this time around?

If so, what will she say when she sees me like this?

Will she want to have sex? Will she want to fuck? Does she still have those daring tattoos on her or has she now turned into a man, a black man, after all these years?

Or won’t she say anything and just stare me in the eyes and look at me down on the ground as I’ve been for so long?

Yes, longing for that phone call that never comes, longing for that email that never comes. It means longing for a long time.

Twenty years is a long time by any definition. And it means, dealing with the pain that comes with longing, every year another measure for measure. And the unanswered questions that come with when one listens to Heitor Villa Lobos’s Bachianna’s Number Four… No, fuck Villa Lobos.

I met her when we were both very young. She was a pianist and a performer for Pina Bausch’s Tanztheater company in Wuppertal . She loved the adventures of flying through the air and falling. She loved getting injured. She loved falling and failing. And falling and failing again.

Yes, she loved getting injured.

She loved it when I injured her during sex and then held her, cuddled her and said a meager ‘sorry’. The sorry came with a mild strong mild and even stronger slap on my face almost too soft and too strong and too soon as if to admonish me… Oh you know, it’s all a prearranged soft core porn aimed at the middle classes. I never bought into that.

Okay, so here is how I see things: I am convinced that everyone (I mean, EVERY ONE) is obsessed with sex. I might have been one of them.

Screen Shot 2014-06-15 at 6.23.51 AM

I see it in human behavior and in how ‘classes, amasses, stashes of people, ‘human mountains’, so to speak, when sitting together and chatting, will end up surrendering their utmost fantasies and they are all sexual … sexual whispers. I see this extraordinary display of sexuality in women and men when taking a selfie or posting on Instagram or Facebook. Their apparent soliloquy is a sexual invitation to the invisible, the indivisible, the lavish thought of bathing in sperm – like Cleopatra and it was in such dark minded juice we were all conceived in.

I see it in wrestling. I see it in boxing and, especially in this….”ultimate fighting” thing (uh) All that blood is highly gay sex blood. Highly gay! HIGHLY CHARGED and almost arousing.

I see it when people look at each other, I mean the silent majority – stripping one another naked, nude, in the middle of the streets. Humans ‘lick’ one another while passing them by.

I see it in all the married ladies I’ve fucked and whose real pleasure was in being fucked up the ass to ‘get back’ at their spouses who, in turn, were doing the same. The entire world is at a ‘fornication point’ and intentional betrayal, intentional seduction, intentional  fetishes, from the Egyptian monotheists to the Greeks to Sade and to God knows what.

Yes, God knows what.

And she, who is due here at any minute, knows it better than anyone else I’ve known.

Gerald Thomas

April 21, 2016

Picture 9

The above is a scene from my play “Gargolios” – with my LondonDry Opera Company, 2011 / 2012 tour.

Comments Off on A tiny teaser of a tiny passage from my forthcoming novel: “The Lost Case of a Brief Case”

Filed under Uncategorized

My Historical and hysterical fight Fernando Arrabal (in 2006)

ARRABAL AND GT FIGHTING

Comments Off on My Historical and hysterical fight Fernando Arrabal (in 2006)

April 15, 2016 · 3:02 pm

Victor Cecatto’s animation of my paintings….

Comments Off on Victor Cecatto’s animation of my paintings….

Filed under Uncategorized

Workshop in Italiano…

TAC Teatro & Giulio Valentini presentano:

GERALD THOMAS A MILANO
“Due anni fa ebbi la fortuna di vedere lo spettacolo – Entredentes – nel teatro Sesc Consolação di Sao Paulo, e da quel momento cominciai a raccogliere notizie sullo straordinario regista che lo aveva concepito: così incontrai per la prima volta Gerald Thomas!
Contravvenendo a quanto affermato dal critico teatrale brasiliano Alberto Guzic, secondo il quale critici e spettatori sono spesso così impegnati ad amare o odiare la sua opera da non comprenderla veramente oltre la cortina fumogena strutturale e allegorica che lui è solito costruire, ogni singolo elemento di quello spettacolo mi seguì per mesi. La struttura politico-mitologica del tutto, i tic ossessivi dello straordinario attore Ney Latorraca, i monologhi poetici e paradossali di Maria de Lima continuarono di tanto in tanto a tornare in riflessioni e ricordi condizionando da quel giorno in poi il mio sguardo teatrale. Da quello spettacolo ebbi il sogno di conoscere di persona Gerald Thomas e magari partecipare a un suo workshop e quel momento è arrivato!”
Giulio Valentini

Dal sito ufficiale di Gerald Thomas:
“Mi aspetto che la maggior parte di voi sia esausta. Dopo anni e anni di sperimentalismo, post-modernismo, la retorica del teatro post-iconoclasta, tutti voi percepite come il nostro fantastico mondo stia cadendo a pezzi. Beh, non siete soli.
Quando ho iniziato a lavorare con Samuel Beckett (faccia a faccia), nel 1984 a Parigi, anche lui aveva questa percezione. Avevo 33 anni e il “New York off off Broadway” era fresco e fiorente. C’erano gruppi come la Mabou Mines, Richard Foreman, The Wooster Group, Bob Wilson e altri ancora (solo per citare 5 isolati sulla Second Avenue, tra la East 10th Street e East 4th Street).
Ora, decenni più tardi, e dopo aver lavorato in più di 17 paesi, scritto 84 opere teatrali, messo in scena 20 opere “moderne”, 13 opere tradizionali e aver lavorato con i migliori tra i migliori (come Julian Beck, Philip Glass, Heiner Müller ecc…), mi siedo qui in preda alla disperazione, pensando a ciò che io possa fare per recuperare quella ‘freschezza’. Dalle email che ricevo e dalla mera intuizione, sento che molti sono come persi e/o rigurgitando vecchio materiale.
Ecco la domanda: ” come artista, che cosa hai da dire?”
Questo è il punto cruciale. Molte persone vogliono solo ‘esprimersi’ come se la nostra professione fosse una mera terapia occupazionale. Ma non lo è. E’ talento ed è un talento unito a un fantastico controllo del sistema emozionale, capace di rendere l’artista molti passi avanti rispetto al resto dell’umanità, capace di far vedere a lui ciò che gli altri non possono vedere. No, non è chiaroveggenza e non è nemmeno una sfera di cristallo: è arte.
“Come artista, che cosa hai da dire?”
Ebbene nel mio laboratorio, vi chiederò questo più e più volte. No, non c’è bisogno di avere una ‘missione’. Ma è necessario avere una motivazione, una “causa”.
E’ indispensabile anche che si conosca il più possibile il mio lavoro. Dopo tutto, io non insegno un teatro generico, io insegno il “Teatro di Gerald Thomas”, un teatro che è stato raccontato attraverso cinque libri e in tanti corsi post laurea in tutto il mondo.

Ecco un link vorrei vedeste:
https://vimeo.com/105034878
Per il resto, ci sono centinaia di video di mie produzioni online su:
http://geraldthomas.net/
www.geraldthomas.com
“And welcome to the world of risk taking!”
LOVE
Gerald Thomas

DATAS: https://www.facebook.com/events/553159424855172/

– Saturday 4 June 2016 time 11h-18h

– Sunday 5 June 2016 hours 11h-18h

– Saturday  11 June 2016 hours 11h-18h

– Sunday 12 June 2016 hours 11h-18h

– Saturday  18 June 2016 hours 11h-18h

– Sunday 19 June 2016 hours 11h-18h

Comments Off on Workshop in Italiano…

Filed under Uncategorized

A Gota D’Agua !

Quase sem conseguir respirar, no fim do dia, assim como quase no fim do mundo ou no fim da vida, ainda chega um email de uma amigo que me diz assim:

Conheci tantas pessoas nesses anos que tem muita mágoa de você.

Mesmo durante os três períodos que trabalhamos juntos, eu sempre ouvia, sempre:

“O que você está fazendo com o Gerald!?” 

“Vocês são tão diferentes!” 

“Não sei como vc aguenta…”

“Cuidado com ele…”

e com um riso de ironia: “Boa sorte!”

Conheci tantas pessoas nesses anos que tem muita mágoa de você.

Mesmo durante os três períodos que trabalhamos juntos, eu sempre ouvia, sempre:

“O que você está fazendo com o Gerald!?” 

“Vocês são tão diferentes!” 

“Não sei como vc aguenta…”

“Cuidado com ele…”

e com um riso de ironia: “Boa sorte!”

  • Realmente !!!!!

Gerald

Comments Off on A Gota D’Agua !

Filed under Uncategorized

Naum Alves de Sousa

NAUM

Naum Alves de Souza.

Tem dias em que a gente fica realmente sem palavras. Hoje (domingo), acordei aqui em NY e ouço uma voz triste me dizendo que o Naum havia morrido.

— COMO ?

—-Pois é, triste né?

Pior que triste. Existem algumas pessoas em nossas vidas que são mais importantes e mais preciosas que as milhares de outras e… o Naum… (nossa! Não sei onde começar!).

Faz pouquíssimo tempo, Naum e  eu trocávamos recados pelo inbox do Facebook, sempre nos divertindo sobre alguma coisa ou outra. Claro, amigos ha mais de 30 anos…..É…não sei onde começar !!!!

Naum meu querido: você foi uma das pessoas mais divertidas e mais apoiadoras (nos momentos mais difíceis) que ja tive. Ao mesmo tempo, todos nós sabemos os maus momentos pelos quais você passou – faz uns quinze anos (ou algo assim) quando estava mal, sem grana e tal.

Eu te devo MUITO. Te devo muita gargalhada, muito sorriso, muita “lição de vida”, te devo jantares maravilhosos – vc e ao Viola lá em Pinheiros (quando o Guzik ainda estava vivo) e….

Ah, não dá pra escrever enquanto as lagrimas escorrem. Tá foda. Um beijo. Fique em paz. O que mais dizer?  Um beijo na boca, outro na testa e…..(já que foi você que me recomendou a Lapinha – Lar Lapeano de Saude, Paraná) , lá na época de EletraComCreta…..eu só posso te desejar um repouso digno. Digno do REI que você foi. Te amo.

Voce foi uma das pessoas mais lindas que já conheci.

No inferno ou no céu, nos reencontraremos querido.

LOVE YOU

Gerald

Comments Off on Naum Alves de Sousa

Filed under Uncategorized

Workshop for actors in Milan, Italy.

Workshop in Milan

I expect that most of you must be exhausted. After years and years of experimentalism, post-modernism, post-iconoclastic theater rhetoric, you all must feel that our fantastic forum has finally fallen apart.

Well, you’re not alone.

When I started working with Samuel Beckett (face to face), in 1984 in Paris, he too felt this way. I was 33 years old then and the New York off off Broadway scene was fresh, thriving and blossoming. We had groups like the Mabou Mines, Richard Foreman, The Wooster Group, Bob Wilson and countless others (only to mention 5 city blocks on Second Avenue, between East 10th Street and East 4th Street).

 

beckett_thomas

 

Now, decades later, and after having worked in more than 17 countries, written 84 plays, staged 20 ‘modern’ operas, 13 ‘traditional operas’ and worked with the best of the best (like Julian Beck, Philip Glass, Heiner Müller and so on…), I sit here in despair, thinking of what to do in order to recuperate this ‘freshness’. From the emails I receive and from mere intuition, I feel that everyone is just as lost – and / or regurgitating old material.

Here’s the question: “as an artist, WHAT IS IT THAT YOU HAVE TO SAY?”

This is the crucial point. Many people just want to ‘express themselves’ as if our profession were a mere occupational therapy. But it’s not. It’s a talent and it’s a talent mixed with a fantastic control of the emotional system, capable of being steps ahead of the rest of humanity, capable of seeing what the others cannot see. No, it’s not clairvoyance and neither is it a crystal ball: it’s ART.

 as an artist, WHAT IS IT THAT YOU HAVE TO SAY?”

In order to do my workshop, I will ask you this over and over again. No, you don’t need to have a ‘mission’. But you need to have a cause.

It is also IMPERATIVE that you know as much as possible about my work. After all, I don’t teach the generics of theater. I teach the Theater of Gerald Thomas, this one that has, up to now been taught through five books and in so many post graduate courses around the world.

Here’s a link I would like you to see:

https://vimeo.com/105034878

As for the rest, there are hundreds of videos of my productions online on:

http://geraldthomas.net

www.geraldthomas.com

And welcome to the world of risk taking !

LOVE

Gerald Thomas

 

For dates, places and submission of bios / CVs , please contact : 

info@giuliovalentini.it

ADDRESS of the theater in Milan

TACteatro

Via Ponte Nuovo, 51
Milano
DATES : https://www.facebook.com/events/553159424855172/

– Saturday 4 June 2016 time 11h-18h

– Sunday 5 June 2016 hours 11h-18h

– Saturday  11 June 2016 hours 11h-18h

– Sunday 12 June 2016 hours 11h-18h

– Saturday  18 June 2016 hours 11h-18h

– Sunday 19 June 2016 hours 11h-18h

Comments Off on Workshop for actors in Milan, Italy.

Filed under Uncategorized

Eu não nasci ontem, porra!

 

My illustration for the OpEd page of the New York Times, circa 1982 - false impressions.

My illustration for the OpEd page of the New York Times, circa 1982 – false impressions.

Eu não nasci ontem, porra!

Quando vejo multidões urrando a favor de um politico, eu gelo! Pode ser o politico que for, eu gelo. Pode ser Bernie Sanders, pode ser Dilma, pode ser Churchill, pode ser quem for: eu gelo. Eu gelo e fico pensando “caramba, que gente louca…..berram, urram a cada 2 ou 4 anos em torno de promessas que jamais serão cumpridas, utopias que cairão como um castelo de cartas amassadas, etc”.

Políticos ? O que vem a ser isso mesmo? É um cara ou uma mulher que discursa e aperta mãos e quer votos. E mente.

As Igrejas, as religiões são iguais.

Os advogados são, em suma, iguais.

A indústria farmacêutica é igual.

Todas as industrias que produzem “coisas” que estragam de propósito e… ah… são iguais.

Eu acredito no teatro. Por que? Porque nos mentimos. Nós mentimos “de verdade”. Essa é a nossa profissão. Nunca dissemos que aquilo que está no palco é verdade. É farsa.

Mas é a mais pura verdade.

E vocês? Se torcem e contorcem por causa de um e outro que…..ah, me POUPEM !!!!!

Não nasci ontem. Minha família foi parcialmente exterminada em campos de concentração.

Gerald Thomas

Depois de 3 dias no Facebook

More than 1 thousand likes and more than 200 shares

More than 1 thousand likes and more than 200 shares

 

 

 

 

 

 

 

Comments Off on Eu não nasci ontem, porra!

Filed under Uncategorized

Another night in the City of the mingled lights. Dr. Faustus lights the lights!

GERALD CITY LIGHTS

GERALD CITY LIGHTS

Comments Off on Another night in the City of the mingled lights. Dr. Faustus lights the lights!

Filed under Uncategorized

RODA VIVA, TV CULTURA, 1988 – se eu soubesse lá o que sei hoje…

Tem que se esperar um bom bocado até que aparece o momento em que me perguntam sobre a minha participação na Amnesty International (International Secrecretariat, London), a favor de EXILADOS, TORTURADOS, DESTERRADOS, INCOMUNICADOS, MORTOS PELA DITADURA BRASILEIRA. 

mas, PRA QUEM TIVER PACIENCIA,alí está

 

 

Aqui está o transcrito:

 

Gerald Thomas: Bom, na época, eu trabalhava na Anistia, mas na sede que é chamada de Secretariado Internacional, que é em Londres, não é? Eu estava um pouco livre da tortura. Vim aqui algumas vezes levantar dados, mas acho que até meio incógnito, na época. Eu não sei, por uma…

Antônio Carlos Ferreira: É, tudo naquela época era meio incógnito.

Gerald Thomas: Meio incógnito, é. Passava pelos Lusíadas, não é? Ou pelas receitas culinárias [refere-se às notícias de jornais durante o regime militar que, quando censuradas, davam lugar a receitas e trechos de obras como Os Lusíadas, por exemplo, com forma de protesto]. Eu me sentia dentro de um vatapá, às vezes. Era uma coisa engraçada. Eu estava fazendo teatro lá e estava pintando, e, um dia eu abro o jornal que eu lia, que era The Guardian, que é um jornal meio liberal na Inglaterra e vejo uma enorme reportagem sobre desaparecidos no Brasil. Eu já não estava em contato com o Brasil há muitos anos nessa época. E fiquei absolutamente assustado com aquilo, porque eu achava… Eu tinha noção de que estava acontecendo isso, mas o Chile era a grande coisa na época, não é? Setenta e cinco mil executados em um estádio de futebol. Pinochet, aquela ditadura horrível. Esse era o parâmetro que se tinha no mundo. Então, a América Latina estava mais ou menos coberta pelo… Pela preocupação da Europa e dos Estados Unidos em relação a essa vítima chamada Chile. Resolvi ligar para a Anistia Internacional e perguntar se o departamento que lidava com o Brasil estava munido das pessoas necessárias e disse, já no telefone, que falava perfeitamente bem o português, que era um pouco brasileiro e que podia colaborar. No dia seguinte, eu estava no telex e não saí de lá. Fiquei quatro anos dentro da Anistia Internacional. Foi um dos piores governos aqui, era um… Desaparecimento… diariamente […] Convergência Socialista [grupo de esquerda da época que, mais tarde, militou dentro do PT e, posteriormente, originou o Partido Socialista dos Trabalhadores Unidos (PSTU)], pessoas que […] enfim, grupos inteiros desapareciam e reapareciam. A sede do PCdoB [Partido Comunista do Brasil] foi invadida e pessoas como Pedro Pomar [(1913-1976) fundador do PCdoB e redator-chefe do jornal A Classe Operária. Foi executado pela repressão no dia 16 de dezembro de 1976], foram assassinadas. Elza Pomerati ou Monserati, eu não me lembro…

Antônio Carlos Ferreira: Monnerat.

Gerald Thomas: Monnerat [militante comunista e guerrilheira no Araguai]. Rholine Sonde Cavalcante em Itamaracá e Carlos Alberto… Olha, os nomes voltam de repente. E eu, eu senti…

Antônio Carlos Ferreira: E você fazendo os relatórios.

Gerald Thomas: É, entrando em contato com o Superior Tribunal Militar, almirante Hélio Leite, na época. Escrevendo por telex direto para ele e com todas as oitenta. Na época, eram oitenta e nove centrais da Anistia no mundo mobilizando pessoas para que mandassem telegramas pedindo a soltura urgente dessa pessoa. Uma coisa que se chamava Campaign for the Abolition of Torture (CAT) – Campanha pela Abolição da Tortura – que tinha que ser relâmpago. Você acaba não saindo da Anistia, vinte e quatro horas do seu dia são dedicadas àquilo. Eu percebi que era a única pessoa, então, que estava lidando com o Brasil efetivamente. E descobri que, como essa época era muito repressiva, existiam muito poucas… Existia muito pouca noção, por exemplo, de pessoas aqui em São Paulo, em relação ao que estava acontecendo em Ponta Porã, Mato Grosso e Ceará. E eu comecei a centralizar informações que, mais tarde, de uma forma muito legal, virou o Comitê Brasileiro da Anistia (CBA) – Ira Maia e Eli [Borges], Raimundo Moreira no Rio. E enfim… São Paulo também, com o Cardeal [Paulo Evaristo] Arns. Aqui em São Paulo, o jornal Movimento, enfim, tudo isso levou a um congresso de exilados e banidos brasileiros em Roma em 1979, o que, por acaso, casualmente, foi coincidir com a promulgação da [Lei da] Anistia em 1979. E meu trabalho acabou e eu voltei para o teatro.

Antônio Carlos Ferreira: Nesse tempo todo, você ficou fora do teatro.

Gerald Thomas: Não. Eu, na medida do possível, eu fazia teatro também. Mas, às vezes, eu ficava, literalmente, vinte e quatro horas dentro da Anistia Internacional porque, na medida em que ia saindo um telex, eu pelo rádio amador, recebia a notícia de que uma outra pessoa tinha sido presa ou espancada. Vladimir Herzog que morria, Manoel Fiel Filho [metalúrgico] que morria também. E…

Mario Prata: Gerald. Eu queria te fazer uma pergunta sobre um, dois, três, quatro, cinco, seis, sete brasileiros. Você quer os sete de uma vez, ou…

Gerald Thomas: …aquela chamada metralhadora!

Antônio Carlos Ferreira: Um a um, bem curtinho.

Mario Prata: Não. Bem curtinho. Chacrinha [(1916-1988) apresentador de programas de auditório para a televisão, criador de um estilo único e inconfundível]?

Gerald Thomas: Eu desconheço.Sei da fama que ele tem, vi um programa de televisão, mas não convivi os anos em que o Chacrinha foi extremamente importante. Eu só sei disso através de textos do Caetano, do Jorge Mautner, do Gilberto Gil, do Hélio Oiticica.

Mario Prata: Está legal. Está. Essa aqui vai ser difícil você falar pouco, mas, em todo o caso. José Celso [(1937-), ator e dramaturgo, criador do Teatro Oficina de São Paulo]?

Gerald Thomas: Eu acho o José Celso, uma pessoa que cabe perfeitamente dentro deste país, e infelizmente, cobram dele a realização teatral. Acho que cabe neste país uma pessoa que só fala desembestadamente e revoltadamente contra coisas e a favor de outras. Como o Glauber nos últimos anos da vida dele. Eu acho que cabe perfeitamente isso.

Mario Prata: Xuxa [apresentadora de programa infantil].

Gerald Thomas: silêncio…

Mario Prata: Nunca viu?

Gerald Thomas: Até já passei os olhos, mas, te confesso que não acho nada. Acho que… sempre brinco assim: se a cultura brasileira desaparecer, não adianta nada continuar a Xuxa, não é?

Mario Prata: Nelson Rodrigues [(1912-1980) importante e polêmico dramaturgo, jornalista e escritor. Dentre suas obras, pode-se destacar Vestido de noiva,Engraçadinha, Perdoa-me por me traíres, encenadas por diversas gerações de atores brasileiros].

Gerald Thomas: É um dos maiores gênios da dramaturgia do mundo e, por isso, vou montar os textos dele em Nova Iorque, é um dos…

Mario Prata: Vai montar o quê, Gerald?

Gerald Thomas: Eu vou montar Dorotéia, Anjo negro, Senhora dos afogados eÁlbum de família; que são as quatro peças definidas pelo Sábato Magaldi [crítico teatral] como místicas.

Mario Prata: Caetano Veloso [compositor e cantor. Precursor do movimento Tropicalista]

Gerald Thomas: Um absoluto gênio.

Mario Prata: Sarney [presidente do Brasil entre 1985 e 1989].

Gerald Thomas: O oposto do Caetano Veloso.

Mario Prata: Obrigado.

Antônio Carlos Ferreira: Então, mais um: Philip Glass, com quem você está trabalhando…

Gerald Thomas: É, eu trabalho…

Antônio Carlos Ferreira: …que fez a música da trilogia.

Gerald Thomas: É, eu trabalho com o Philip. Eu tenho uma relação muito de perto com o Philip. É muito difícil eu vê-lo como figura, é uma questão de dividir apartamento, casa e trabalho em conjunto, mas se eu estivesse um pouco do lado de fora disso, na terceira pessoa, o Philip é o maior revolucionário da música moderna, na medida em que Stockhausen [(1928-2007) compositor e um dos fundadores da música eletrônica] e John Cage [(1912-1992) compositor de percussão. Buscava sempre experiências sonoras diversas. Inventou, por exemplo, o piano preprado onde se introduz objetos entre as cordas do instrumento, como pedaços de papel, madeira, metal etc para que produzissem efeitos sonoros diversos. É considerado o criador do happening. Uma de suas peças mais conhecidas é 4’33’ (1952), com quatro minutos e 33 segundos de silêncio] não existem, nem nunca existiram de verdade. São músicas que ninguém consegue ouvir. São conceitualmente, importantíssimos. Colocar um microfone ligado dentro da água, ou três cachorros passeando em cima do piano, fazem um comentário vivo e importante, crítico. Aliás, é o que eu tento fazer em teatro, entende? Essas pessoas, um comentário auto-incestuado, autofágico com a música em si. O Philip conseguiu o melhor dos dois mundos, conseguiu ser absolutamente emotivo e criar a revolução estética da música ao mesmo tempo.

Kleber de Almeida: Gerald, o seu trabalho como ilustrador em jornal, tem alguma importância em sua vida?

Gerald Thomas: É o que me sustentava durante muitos anos.

Kleber de Almeida: Só para sustentar, não é?

Gerald Thomas: É, porque jornal é uma coisa que está enrolando peixe no dia seguinte. Eu vi os meus desenhos, várias vezes, enrolando peixes no dia seguinte.

Antônio Carlos Ferreira: Não diga isso, porque todos nós aqui sobrevivemos graças a esse papel, que embrulha peixe no dia seguinte.

Kleber de Almeida: O jornal também que é interessante…

Gerald Thomas: É o New York Times

Kleber de Almeida: Também não estaria embrulhando peixe com um jornal qualquer.

[risos]

Gerald Thomas: A melhor experiência, a melhor coisa de ter trabalhado para um jornal foi participar do news room [redação] , diariamente e ver como é que funciona aquela loucura toda. Um jornal real, quer dizer, que tem correspondentes no meio de Singapura ou no meio de Jacarta, ligando direto, relatando os fatos; não transmitindo Reuters, UPI [United Press Internacional], Agence France Pressessas coisas todas. É o “caoticismo” das oito horas da noite, chamado deadline dohold press [segurem as prensas], do stop press [parem as prensas], você saber que uma primeira página é feita em cinco minutos e ela pode mudar se o Reagan morrer [presidente dos Estados Unidos no ano desta entrevista, 1988] ou o Gorbatchev morrer [substituiu Andrei Gromyko na presidência da União Soviética em 1988]. É uma coisa fascinante e eu tentava, dentro disso tudo, fazer com que uma sombrinha saísse bonitinha e que fosse retícula e não fosse traço e brigava na sala de velox [sala de montagem da ilustração para o jornal; e o velox, possivelmente, se tratava de um tipo de papel fotográfico]. Mas foi fascinante nesse sentido, só que depois de cinco anos cansa, cansa profundamente.

Vivien Lando: Gerald…

Antônio Carlos Ferreira: Queria o que Vivien?

Vivien Lando: Eu queria te acoplar três perguntas aqui. A primeira é a seguinte: você quer ser célebre?

Gerald Thomas: Eu já sou célebre.

Vivien Lando: Você é célebre?

Gerald Thomas: Ora! Para quem essas pessoas todas estão olhando?

Vivien Lando: Vai ver que é…

Gerald Thomas: São para o… Agora, lhe digo mais, devem ser para contradição de cor que estão olhando.

Comments Off on RODA VIVA, TV CULTURA, 1988 – se eu soubesse lá o que sei hoje…

Filed under Uncategorized

Por Carlos Andreazza – O VICIO DO GOLPE

O VÍCIO DO GOLPE

Não me aprofundarei no significado político e cultural da jabuticaba por meio da qual artistas populares se tornaram intelectuais, pensadores do Brasil. O fato é que Chico Buarque esteve novamente – terá alguma vez saído? – no centro do debate público brasileiro. Ele talvez não tenha culpa. Mas não será à toa. Quem mais poderia bordar de saudade a última – única – bandeira dos desesperados, os nostálgicos de uma ditadura contra a qual achar nova existência?

Refiro-me à banalização da palavra golpe, este coringa militante, fetiche da camaradagem nacional, refúgio derradeiro dos que buscam formas – direi românticas, porque sou um homem bom – de disfarçar, de camuflar a defesa de um corrompido Partido dos Trabalhadores.

Pois de outra coisa não se trata – a própria presidente da República dá o tom do delírio calculado: instrumentalizado em estandartes generosos contra o tal golpe, contra o impeachment e a favor da Constituição (que não subscreveram) e do Estado Democrático de Direito (de que muitos tomaram conhecimento ontem), tem-se, a rigor, a defesa do PT, de Dilma Rousseff, de Lula, de um projeto profissional de poder e, portanto, das barbaridades reveladas, por exemplo, na delação de Delcídio do Amaral.

Se existe desespero na origem do uso corrente e vulgar da palavra golpe (há um a cada esquina, de fazer corar as carolas alarmistas de 1964), existe também – sobretudo – método. Ao aplicar esse recurso, tão velho quanto eficiente, exerce-se controle social e exercita-se uma ferramenta de dominação-sedução pela memória, ainda que distorcida, papel para o qual Dilma Rousseff, ex-guerrilheira, é perfeita; um movimento que, agora pela difusão do medo, tenta restaurar e reservar para si um inimigo contra o qual encenar um herói – ocasião em que até o Chico Buarque político faria sentido.

Afinal, qual desinformado quer estar a favor – quer correr o risco de estar a favor – de um golpe de estado?

Mas o Brasil é outro. Felizmente.

Já lá se vão 52 anos. A desgraça de 1964 está morta e enterrada. (Os vivos estão no poder.) As forças armadas, sucateadas, não têm dinheiro sequer para o lanche dos recrutas. (O exército parece ser sindical, conforme indicam os R$ 35 bilhões arrombados da Petrobras.) O país tem instituições democráticas sólidas. (E nada houve até agora, na crise em curso, que escapasse dos trilhos da República.) A imprensa é livre. (E a que não é, no bolso do governo, tampouco é imprensa.) O Chico agora é o César. (Caso em que – oh! – ressinto-me do Buarque.) A juventude que vai às ruas e pede impeachment – dispositivo constitucional, registre-se, celebradíssimo quando contra Fernando Collor – nada deve ao regime militar e despreza a meia dúzia de cavalos que clama por intervenção militar. (Melhor seria que se prestasse atenção, no coração das manifestações populares, na interessante ascensão de um verdadeiro movimento liberal brasileiro.) E, no entanto, claro: golpe! (Botão que se aciona ao primeiro aperto, ao raiar da voz do contraditório: golpe!)

De quem? Para quem?

Onde está Carlos Lacerda? Será Michel Temer vice-presidente à revelia de Dilma Rousseff e de seu partido? Onde está Magalhães Pinto? E Eduardo Cunha, terá ascendido à condição de presidente da Câmara no governo de quem, anabolizado por integrar a base aliada corrompida de que gestão? Juscelino, onde está? É Renan um inimigo do partido? Cadê os malditos ianques? (Go home!)

Não se precisa refletir muito para concluir qual seria o único grupo organizado – organizadíssimo – capaz de dar um golpe hoje neste país. Não é decerto a Rede Globo. Certamente não a Editora Abril. Seguro é que nunca antes na história brasileira tantos bilhões – dinheiros públicos e progressistas, por óbvio – foram desviados para financiar, criativa e patrioticamente, a defesa do Estado Democrático de Direito.

Carlos Andreazza, 24 Março 2016

 

Comments Off on Por Carlos Andreazza – O VICIO DO GOLPE

Filed under Uncategorized