Monthly Archives: March 2018

Some drawings / paintings / illustrations from my past on VIMEO (editing by Victor Hugo Cecatto)

 

Leave a comment

Filed under Uncategorized

“Verbo Defectivo” – texto maravilhoso de Guilherme Zelig

Verbo Defectivo

Guilherme Zelig

Percebeu-se a esmo no mundo quando vislumbrou-se sozinha, a ouvir Maria Bethânia cantando uma música de Chico Buarque, o volume baixo no velho rádio herdado da avó, uma edição antiga de Mrs. Dalloway sobre a cama desarrumada e a mão enfaixada com gazes ensopadas de sangue – em decorrência da violenta porrada no espelho que dera durante a tarde.
O uísque já havia acabado. Não tinha dinheiro para mais nada. As contas estavam vencidas e estavam para cortar a luz em alguns dias. Havia mais de quinze dias que não dava as caras na escola em que trabalhava. Abandono de cargo público. Não aguentava aquelas crianças. Não suportava ouvir a voz de mais ninguém. Estava derrotada no jogo da vida.
Uma dor insuportável corria-lhe o corpo. As costas doíam, os cortes de vidro na mão só não eram piores que as dores que sentia em seu interior. A angústia tomava-lha pelo pescoço e sufocava-a com extremo ímpeto. A impotência do ato de se matar fazia-lha, sôfrega, desistir de querer viver também. A inação era seu nome do meio.
Apercebeu-se a fumar o último cigarro que restava no maço e via o sol ir embora detrás de uma nuvem pela janela. Os dias de sol havia muito se tornaram dias nublados para Selma. O terror corria-lhe a espinha a pensar que sobreviveria o dia seguinte e perpassaria pela mesma falta de vontade.
Que insignificante se tornara! Não conseguia terminar de ler um artigo de jornal, não assistia mais a nenhum filme de Fellini completo, não entendia mais o significados do verbos. Selma não se conjugava. Era um verbo defectivo.
Dormiu aquela noite em posição fecal a desejar a inexistência. Acordava toda hora a perceber que ainda estava viva.
A frustração tomou-lha o espírito ao perceber-se pronta para mais um dia ensolarado na manhã seguinte.
Guilherme Zelig

Leave a comment

Filed under Uncategorized

Texto escrito pro meu livro “ENCENADOR DE SI MESMO” (Editora Perspectiva – Jacó Ginsburg 1996) e para o livro MARGINALIA de Marisa Alvares Lima: “Menino, voce esteve com ele?”

Leave a comment

Filed under Uncategorized

“CIRCO de RINS e FIGADOS” (© Gerald Thomas 2005 Escrito para Marco Nanini) Um trechinho:

De Gerald Thomas 2005 Circo de Rins e Figados
Escrito pra Marco Nanini © Gerald Thomas (um pequeno trecho)

NANINI
NAO ADIANTA QUEREREM ME DOPAR. 
ESTOU SEM LINGUA…
E vocês ficam aí, conspirando sobre o meu efeito paradoxal?
Ora, que ridículo!
Tá todo mundo muito confortável,
nas suas casinhas, seus carrinhos,
seus confortos…Todo mundo chupando, e eu sem língua? O que é isso agora?!
Agora é desvendar o código de Da Vinci.

Fabiana Gugli
Meu deus. Nunca vi ele assim, tão radical. De novo, estou achando que não é ele.

NANINI
SOU EU SIM! 
AH.. E se lembra quando eu te falei
(Medico vem com mais uma pílula na mão)

NANINI 
To sem LINGUA doutor.
Isso mesmo, me dopa mesmo. 
Sem língua vai fazer muito efeito mesmo!!! 
Que piada! 
Ninguém aqui mais sabe o que faz!
Sei que o publico AMOU quando sodomizei aqueles cadáveres! 
(NANINI fala pra Fabi)
Meu amor, da uma retocada aqui na maquilagem, que eu tô no auge do meu discurso. Isso! Obrigado.
(Continua)
Então, nada prova nada. 
Prova alguma coisa? 
Nada prova nada. 
Prova alguma coisa, meu amor?
Nada prova nada. 
Vocês aí, prova alguma coisa?

(platéia)
NADA !

NANINI
Muito bem !

Gerald Thomas

Leave a comment

Filed under Uncategorized

Paulucci Araujo performs his version of my Between Two Lines (Entre Duas Fileiras) :)

https://drive.google.com/file/d/1D4-blsBrAi0eQkkK_zm5DKYcQ46Q2oK0

 

 

 

Leave a comment

Filed under Uncategorized

Mileny – my daughter – almost 17 ! Gorgeous !

Leave a comment

March 26, 2018 · 5:39 am

Bete Coelho estréia hoje “O Terceiro Sinal” de Otavio Frias Filho: M.E.R.D.A. pra voce, Bete

Bete Coelho

 

Isso porque o texto de Otavio Frias Filho, diretor de Redação da Folha, é baseado na experiência do jornalista no próprio Oficina. Ali interpretou o personagem Caveirinha em “Boca de Ouro”, de Nelson Rodrigues, numa montagem de 2000 com o grupo do diretor Zé Celso.

O ensaio em primeira pessoa do jornalista foi publicado no livro “Queda Livre” (Companhia das Letras), em 2003, e adaptado ao teatro sete anos depois, com interpretação de Bete e direção de Ricardo Bittencourt, que formam a Cia. BR116, ao lado de Gabriel Fernandes.

Em “O Terceiro Sinal”, o autor descreve a aflição antes da estreia (fez apenas três ensaios), o pânico de estar em cena (quem sabe, pensa ele, seu desempenho passaria batido) e a sensação, para quem atua, de que o tempo é suspenso.

“Ele metodifica e revela esse processo subjetivo da atuação”, afirma Bittencourt.

Também pensa sobre os teóricos da interpretação, como o russo Stanislávski e o francês Diderot, de quem lembra uma frase: “As lágrimas do comediante lhe descem de seu cérebro; as do homem sensível lhe sobem do coração”.

BASTIDORES

“Estar no Oficina é, para o ator, uma situação de muita fragilidade, muita exposição e, ao mesmo tempo, de muita força”, comenta Bete, que protagonizou ali o espetáculo “Cacilda!” (1998).

Assim, a nova versão de “O Terceiro Sinal” aproveita a arquitetura do teatro, com suas estruturas e bastidores à mostra do público —essa exposição era representada nas apresentações anteriores, feitas em tradicionais palcos italianos, por coxias transparentes.

Os camarins de madeira desenhados por Lina para o teatro foram levados para o palco, fazendo as vezes de cenário. “Estamos colocando o Oficina dentro do Oficina”, explica Bittencourt, que é ex-integrante do grupo de Zé Celso.

Além disso, momentos que antes eram apenas narrados pelo personagem de Bete agora ganham uma encenação.

Quando o narrador lembra de colegas de “Boca de Ouro”, por exemplo, o restante do elenco de “O Terceiro Sinal” entra em cena, representando essas figuras. “Antes, a peça valorizava mais a palavra, agora ganha movimento”, afirma Bittencourt.

Tudo é acompanhado por vídeos, tanto reproduções ao vivo do que acontece no palco —o que é praxe em montagens do Oficina— quanto de imagens de arquivo da companhia Zé Celso.

Para os integrantes da BR116, contudo, estar no Oficina não tem apenas um lado afetivo, mas também político.

Eles lembram do imbróglio entre o teatro e o Grupo Silvio Santos, proprietário do terreno vizinho, onde tem planos de erguer torres residenciais. A companhia alega que a construção “encaixotaria” o teatro, que é tombado, e propõe criar ali um parque.

“Estar aqui é um ato político”, diz Bete. “Estou especialmente estimulada a fazer isso neste momento em que o Brasil está adormecido.”

O TERCEIRO SINAL

  • Quando sex. e sáb., às 21h, dom., às 19h; até 20/5
  • Onde Teatro Oficina, r. Jaceguai, 520 tel. (11) 3104-0678
  • Preço R$ 20 a R$ 40
  • Classificação 14 anos

Leave a comment

Filed under Uncategorized

Acabei escrevendo isso….ah porra….O BRASIL DEPOIS DE MARIELLE FRANCO

O BRASIL DEPOIS DE MARIELLE FRANCO

GENTE ! Olhem lá fora: se for de noite e você ainda não for forçado a apagar a luz então nem tudo está perdido. Isso quer dizer que você ainda vive numa relativa paz. É difícil julgar uma cidade ou um pais pelo que se ve ou le na social media. Alias, isso aqui é uma histeria. Tudo cheira a PERIGO / MORTE. CUIDADO!

Não é bem assim.

No Rio, milhões de pessoas, saem de suas casas, vão diariamente ao trabalho, suam, estudam, trabalham, dirigem seus carros, andam, viajam em transportes públicos, no metros ou nos ônibus e barcas, enchem as praias e …sim…eventualmente – arrastões acontecem ASSIM COMO NAS CAPITAIS EUROPEIAS ACONTECEM ATENTATOS TERRORISTAS PORRA !!!!

E o que dizer de Londres, em plena ponte de Westminster ou Borough Brigde ou Berlin no mercado no Natal  ou Nice (o estrago que um simples caminhão faz matando 50 de uma leva) ou o Bataclan em Paris ? Ou em Bruxellas ou sei la onde? Isso quer dizer que não se vai mais em nenhum desses lugares e TUDO isso VIRA UM LIXO?

Obvio que não.

Nenhum lugar é seguro porque o ser humano não é seguro.

Eu vi o World Trade Center ser derrubado ao vivo da minha janela, cacete. Quer mais que isso?

A linda, maravilhosa Marielle Franco morava numa favela. Desde a minha infância (no Rio) quando eu ia comprar pão com a minha mãe (na Ataulfo de Paiva, Leblon, do lado da favela Praia do Pinto), eu via corpos mortos, com as velas em volta. Ora do dono da padaria, ora desse e daquela. Ah sim….e quando eu, de Londres, me juntei a Anistia Internacional pra defender presos políticos brasileiros no Brasil (e exilados, torturados, mortos, executados)…ah, lembram? O Brasil passou por uma DITADURA MILITAR?

Sim, nessa época, se houvesse social media vocês berrariam: “Esta cada vez mais difícil viver nessa bosta de pais”.

É uma MERDA esse assassinato da Marielle. Eu estou aos prantos o dia inteiro. Mas o mundo continua. E o Rio não é essa BESTA que vocês pintam. Voces esquecem o passado.

Esquecem que existe um contexto nacional e internacional e que essa HISTERIA e esse CORREDOR da MORTE chamado Facebook vos leva a crer que não existe amanhã.

Mas existe. A Marielle denunciava um pessoal da PESADA assim como o Luiz Eduardo Soares. É uma merda! Mas eu ainda me lembro da Escuderie Le Coq e do Esquadrão da Morte. Que tal? Eu  mandava telegramas pedindo a soltura de estudantes de esquerda – pegos pelo DOI CODI, OBAN e la vai pedrada.

Quando vocês passam pelo Túnel Zuzu Angel, vocês sabem quem foi ela? Sabem quem foi Stuart Edgard Angel ?

 Arrastado por Dois Jipes do Exercito – em direções opostas (sim), um cano de descarga enfiado na boca, seu corpo mutilado…. Pois esse era o filho de Zuzu Angel.

E Manoel Fiel Filho? Sabem ? Um trabalhador do Grande ABC, pendurado, enforcado – pra parecer suicídio – do lado de Vlado Herzog.

Sabem também o que aconteceu ao pai do Marcelo Rubens Paiva? Ah, ok. Então sabem. Então, quando a Fatima Vale escreve de Portugal, dizendo que lá “é seguro”, vocês tem ideia do que acontecia lá antes ? Digo, lá entre 1926 e 1974 ? – por CINQUENTA ANOS ?  A MAIS LONGA DITADURA DE TODA A EUROPA ! POIS ! E tome Salazar !

Que tal? A luz ainda está acesa?

Ok. Então ainda não existe Guerra Mundial. Então ainda tem voo internacional saindo, a British Airways e a American Airlines e a Lufthansa ainda estão voando e acomodando seu staff em hotéis da orla, não?

Com toda a tristeza do mundo, deem uma respirada, continuem a luta e memorizem as BELISSIMAS PALAVRAS DA MARIELLE – exijam SIM  JUSTIÇA PROS ASSASSINOS  e parem de ficar achando que é o fim do mundo. Mas EXIJAM PAZ no mundo TODOS OS DIAS.

TODOS OS DIAS.

LOVE

Gerald Thomas

Leave a comment

Filed under Uncategorized

O ASSASSINATO DE MARIELLE FRANCO.

Protests are planned across Brazil after a popular Rio city councillor and her driver were shot dead by two men in what appears to have been a targeted assassination.

Marielle Franco was a groundbreaking politician who had become a voice for disadvantaged people in the teeming favelas that are home to almost one-quarter of Rio de Janeiro’s population, where grinding poverty, police brutality and shootouts with drug gangs are routine.

Richard Nunes, Rio’s head of public security, said there would be a “full investigation” into the deaths, which came despite the military taking charge of policing the city last month after a surge in violence.

Two police officials told Associated Press that two men in a car fired nine shots into the vehicle carrying Franco and her driver, Anderson Pedro Gomes. A press officer in the back seat was injured, but survived, the officials said. Both officials said it appeared Franco was targeted.

Franco was a black woman who defied the odds of Rio politics to win the fifth-highest vote count among council members when she was elected in 2016. She was an expert on police violence and had recently accused officers of being overly aggressive in searching residents of gang-controlled shantytowns. A member of a leftist party, Franco was also known for her social work in slums. She was in her first term in office.

 

Leave a comment

March 15, 2018 · 3:17 pm

Julian Beck and I (1985) “Wie wirklich ist die Wirklichkeit ?” (an amazingly revealing article by critic Peter Iden – about my – still new – metalinguisting theatrical format)

From Die Frankfurter Rundschau 13 April 1985

Leave a comment

Filed under Uncategorized

Not bad for 63 ! Nada mal pra 63 ! And boiling in fever / e ardendo em febre !

Gerald Thomas in a photo by Adriane Gomes

Gerald Thomas boiling in fever – photo by Adriane Gomes

Leave a comment

Filed under Uncategorized

A vida antes de DILUVIO ! LIFE before DILUVIO (Gazeta do Povo) 2016.

Leave a comment

March 11, 2018 · 2:25 pm

Adriane Gomes escreve sobre “DILUVIO” : brilhante !

 

DILÚVIO 

AUTORIA  DIREÇÃO E CENÁRIO   GERALD THOMAS

SESC CONSOLAÇÃO 2017

Um menino e seu barco ancoram no Brasil para construir sua nova nau, repleta de artistas, saltimbancos, e entre bichos e carroças, suas rodas e manivelas, entre cordas e pipocas, nasce o pirata e o mostro que ataca sua nau.

Eram dias de muito vento e chuva, nas ruas pessoas com seus guarda chuvas, e suas capas tentam se proteger de um vento tão forte e intenso, mas seus corpos frágeis e desvestidos sofrem ao enfrentar tamanha tempestade.

Todos se refugiam dentro de um barco guiado por um tocador de tambor cheio de poderes incríveis, homens fortes soltam as velas, enquanto um pirata cheio de sentimentos que ainda não sabemos quais, surge nesta tempestade para roubar o barco, hora pirata, hora mostro das águas revoltosas, torna se quase dono dos corpos pendurados, corpos que formam o calabouço “cala sua boca” desse barco, onde escravos o carregam e o servem,  dançam e são também seu entretenimento.

Esse menino olha para essa história e pensa que ela não é mais sua e então entra dentro de um barco japonês para sair apenas no último dia.”

O tocador de tambor dentro da nau.

O tamanho de uma história não é formada por quantos dias ela se torna historia, mas sim pelos acontecimentos. E nesses dias de dilúvio, foram experiências que olhando de fora ate parece uma nova peça de teatro,  dentro da peça “Diluvio” mas dilúvio é linda e emocionante se torna uma nova historia sobre a VIDA DAS PESSOAS ENVOLVIDAS neste Dilúvio dentro da nau do Sesc Consolação.

Quando um artista trabalha em tempo reduzido, e com a missão de entregar em tempo recorde uma obra do tamanho de dilúvio não se sabe o que vem pela frente, a obra de Gerald é conhecida por sua estética, seus jogos psicológicos, por sua escrita em tempo real, ao longo de sua montagem, ele nunca trás pronto, ele cria, e cria a partir do que vê, ou do que ele tem a oferecer de sí mesmo, e isso significa trabalho em crise, corpos em crise, menstruação, ovulação e nascimento em geral envolve sangue… isso mesmo aquilo que rege todas as mulheres todos os meses de suas vidas. “action writing

Foi então que tive meu primeiro sonho com esse homem que me inspirava a criar. O sonho: “Estou em um quarto de hotel, e uma das paredes escorre água, uma banheira transborda escorre água, a água vaza e inunda todo o quarto, Gerald aparece no sonho e me diz que a peça acabou e que é hora de partir.” acordei com o coração acelerado e escrevi um e-mail contando aquele sonho, isso era 2010 e o tempo passou, os anos se foram e tudo mudou. Muitas coisas aconteceram com todos nós desde aqueles anos. Mas houve também o nosso encontro e houve o momento em que eu me desnudei para lamber o seu cú, e beijar todo seu corpo e deixar que todo meu cheiro tomasse aquele quarto de hotel, não estávamos sozinhos, e eu também não se sentia totalmente a vontade, mas precisávamos consumar algo que jamais nos esqueceríamos, mesmo que na minha cabeça, era preciso ter uma experiencia só nós dois, sem nada até mesmo sem Baco. As águas permeiam as emoções, os sentimentos, e os sonhos, foi assim que a minha vida se encontrou com a vida de Gerald e nos reencontramos nesse Dilúvio. Era 2010 e eu estava enlouquecida com o meu mestrado quando por acaso um Diretor famoso curtiu um post colocado no facebook, era um post sobre a Rainha de copas e suas 7 primas invejosas meu processo de Mestrado sobre Arte e Tecnologia, eu estava fazendo os primeiros desenhos e era tudo em aquarela, e ele gostava do que eu pintava. E começamos a conversar e a escrever, e a falar pelo Skype, os assuntos? Arte. Arte. e Arte… e eu fui conhecer mais além da única peça que eu havia assistido: Um circo de Rins e Fígados com o Nanini ou sobre as matérias da Bunda no Teatro Municipal, quando fez Tristão e Isolda, ou sobre a destruição das Torres Gêmeas no Fantástico, e foi assim que eu entrei de cabeça nos desenhos, nos vídeos, nas entrevistas e até que um dia eu comecei a sonhar e a gostar da voz e de tudo que eu aprendia nos emails e nas conversas.

Agora estamos sem 2017  havíamos nos afastado de novo, mas mais uma vez eu sonhei, e nos encontrávamos e nos abraçávamos e eu chorava dizendo que sentia saudades. Resolvi escrever, e ele me convidou para um café, e eu fui as 22 horas, hora que meu trabalho acabava, e ao abrir a porta, eu de novo chorei e nos abraçamos. E minutos depois estamos nús  na cama, eu sangrava e eu era arredia como uma égua selvagem, “uma mulher selvagem, é isso que eu sou” um peixe fora da água, meu corpo não era tocado daquele jeito a muito tempo, e me foder, me comer, e me sentir como realmente eu sou, com toda minha força e fragilidade não era algo fácil, mas eu ainda o amava e ele começou a me ver, me sentir… e eu me sentia amada, quantas mulheres podem se sentir amadas, e trepar e gozar na sua boca como não houvesse amanha, e trepar todos os dias até que seu corpo jorre todas as dores e tristezas guardadas. Foram momentos únicos que eu nunca havia sentido até aquele dia. Eu merecia aquele homem me comendo e me amando loucamente e sentindo minha falta e gostando do meu cheiro, e lambendo cada pedaço de mim. E choramos juntos e rimos juntos e de alguma forma fui acalmando e me abrindo para o Dilúvio de emoções.

Antes de falar da obra Dilúvio é necessário falar do mundo hoje, da guerra de poderes, dos novos ditadores, com seus misseis, do presidente da maior potência do mundo e do circo de horrores que se tem formado desde então, é necessessário falar sobre a guerra da Síria, ou da guerra de informações ou das Fake News, e dos telefonemas mentirosos, ou das pessoas ardilosas que não só roubam como matam os seus próprios. É nesse cenário que nasce dilúvio, e não de auto biografias como muitos descrevem eu seus textos. mas sim de um realidade cruel e ordinária, onde Gerald busca uma saída ou faz poesias com os corpos das suas atrizes, poesias com corpos de mulheres. Sim mulheres… as mulheres. O processo de trabalho foi muito rápido e logo fui convidada para ver um ensaio, a minha primeira percepção sobre a montagem:

Foi no primeiro ensaio de Dilúvio, e ainda o começo de tudo, e tudo me emocionou demais, eu me sentia como aquelas crianças que corriam gritando “pai” era a Síria gritando dentro de Gerald, eu me sentia aqueles corpos, eu me sentia a obra de arte que sangra, obra de arte viva, mas ainda não existia a visão completa desse barco, o pirata começava a aparecer mas ainda estava disfarçado, e ele ou ela ainda não haviam se transformado, apesar de que as pistas surgiam, mas para haver algo com muito “poder” deve se dar “poder” a ele (o processo), e assim tudo vai se criando.

Tenho uma teoria sobre o trabalho do diretor criador e a relação de Caráter, estresse, corpo em risco, e a fragilidade da alma. Tudo isso nos mostra quem realmente somos, e como observadores vamos percebendo a mutação dos artistas, e como as pessoas reagem a todas as mudanças.

Foi nesta toada que fui vendo a naus de Gerald finalmente entrar em alto mar, entre as emoções de uma obra política, entre ficção e realidade, entre passado e futuro, entre as pessoas que junto com ele contam suas historias, fui reconhecendo os segredos e os amores, os olhares entre as atrizes, e os pactos se formando e como é brilhante tudo isso.

O homem do tambor é o ser magico, é o Guia que leva todos ao transe, e o teatro é esse transe onde todos transam e se molhar para encontrar o êxtase, a peça tem esse poder de mutação onde as lagrimas brotam sem que a gente pense. Lidar com uma nau é enfrentar a água que permeia as emoções: lá estava eu assistindo esse processo, e eu me lembro de coisas que eu sentia, eu sentia medo, eu sentia aquele vento bater em mim, sentia vontade de fugir, era aquela criança na guerra, a minha guerra interna, eu não sabia para onde, “pai” eu o sentia dentro de mim, eu queria tanto o meu pai… era tudo a minha volta, era aquele salto no vazio, eu via o mar, eu sempre via as atrizes sendo jogadas no mar. Em alto mar.

 

Era uma vez um menino, era uma vez um vento, tão forte, que levava todos os guarda chuvas… era uma vez um menino e seu barquinho… era uma vez uma historia onde um presidente brinca com seus bonecos de verdade, ele também é um monstro, e somos todos tão frágeis, mas ele tem foguetinhos de verdade e suas historias de mentira, parecem verdade.

Naqueles dias de Dilúvio telefonemas FAKES, segredos de pipocas jogadas com ódio, eu ví cenas do alto de onde via se egos e cenas tão lindas, o que diria Beckett se estivesse lá no alto olhando comigo o que eu via!? há era sobre os gênios, poucos encontram verdadeiros gênios na vida e poucos são chamados de gênio em vida. Mas olha esse cenário, escuta essa trilha e veja essa luz, eu me emocionava, e lágrimas brotavam de dentro de mim, como esse Dilúvio é lindo!

Pássaros negros, voam sob nossas cabeças, telefones tocam, mulheres olham, andam e falam, somos seduzidos o tempo todo.

Se você ao ver Dilúvio  se sentir sozinho, entre as fileiras do teatro, entenda a nossa dor, e muitos segredos que só nos contam quando olhamos uma obra de arte, nas gavetas se guardam corpos, e nos corpos se escrevem historias e cicatrizes.

Dilúvio é esse barco navegando em alto mar onde cada dia o céu te mostra algo novo, você percebe o que você vê?  eu ví meu amor crescer a medida que Dilúvio nascia, e sangrava, e vazando sangue, ainda cheia de esperança, porque: “esperança era sua última esperança mas baixo demais para o ouvido dos mortais.”

E foi assim que eu entendi, o seu corpo é quase morte nesta guerra interna de sobrevivência, onde muros separam homens, onde o ego tenta trucidar um obra, mas não mata, porque a vida é muito forte, onde o ser humano ao receber poder tende a aniquilar seus próximos, onde a exaustão revela o bom coração, e o corpo em risco beneficia a força e a estima.

Quando Gerald expões seus corpos, ele expõe a sí mesmo, ele expõe seus dias de chuva, ele puxa esse barco desgovernado em jardins de guarda chuva quebrados e aprende a não dar valor ao que não tem valor algum. Gerald é transcendente, ele é como um cavalo selvagem porem doce e amável, Gerald não  acredita na realidade do rifle, e sabe que notícias falsas surgem a todo momento, e que possíveis guerra, ou guerras que nunca se findam podem mudar o seu dia mas Gerald em Dilúvio usou toda a “importância de ser fiel ao seu palco”.

Adriane Gomes

Wengen, CH – 7 March 2018

————

A reasonably loose translation of Adriane’s text into English

“A boy and his boat anchor in Brazil to build their new ship, full of artists, mountebanks, and between bugs and carts, their wheels and cranks, between ropes and popcorn, the pirate is born and the monster that attacks his ship.”

It was a windy and rainy day, people with their umbrellas in the streets, and their cloaks tried to protect themselves from such a strong and intense wind, but their fragile and undressed bodies suffer in the face of such a storm.

Everyone takes refuge in a boat guided by a drum player full of incredible powers, strong men release the candles, while a pirate full of feelings that we do not yet know which, appears in this storm to steal the boat, pirate hour, hour show of the it becomes almost the owner of the bodies hanging, bodies that form the dungeon “shut your mouth” of this boat, where slaves carry and serve you, dance and are also your entertainment.

This boy looks at this story and thinks that it is no longer his and then goes inside a Japanese boat to leave only on the last day. ”

The drummer inside the ship.

The size of a story is not formed by how many days it becomes history, but by events. And in those days of deluge, were experiences that looking from the outside until looks like a new play, inside the play “Deluge” but deluge is beautiful and exciting becomes a new story about the LIFE OF PEOPLE INVOLVED in this Deluge inside the SES Consolation.

When an artist works in a reduced time, and with the mission of delivering in a record time a work of the size of the flood, we do not know what lies ahead, Gerald’s work is known for his aesthetics, his psychological games, his writing in real time, over its assembly, it never backs ready, it creates, and creates from what it sees, or from what it has to offer of itself, and this means work in crisis, bodies in crisis, menstruation, ovulation and birth in general involves blood … that’s what governs all women every month of their lives. action writing

The watercolor of the water colors permeate emotions, feelings, and dreams, this is how my life met Gerald’s life and we find ourselves in this Flood again. It was 2010 and I was crazy with my master’s degree when by chance a famous Director liked a post placed on Facebook, it was a post about the Queen of Hearts and her 7 envious cousins ​​my Master’s degree on Art and Technology, I was doing the first drawings and everything was in watercolor, and he liked what I painted. And we started talking and writing, and talking on skype, the subjects? Art. Art. and Arte … and I went to know more than the only piece that I had seen: A circus of Kidneys and Livers with Nanini or about the stuff about the “Case of the of Mooning of the Opera in Rio”, when he staged Tristan and Isolde, or about his appearance live on TV because of 9/11, and that’s how I got my head into  his drawings, his videos, his video chronicles/  interviews till one day I started to dream  like the voice and everything I learned in emails and conversations.

It was then that I had my first dream about this man who inspired me to create. The dream? “I’m in a hotel room, and one of the walls runs water, a bath overflows with water, water leaks and floods the whole room, Gerald appears in the dream and tells me that the play is over and that it’s time to leave. ” I woke up with my heart racing and wrote an e-mail telling that dream, that was 2010 and time passed, the years are gone and everything has changed. Many things have happened to us all since those years. But there was also our meeting and there was the moment when I undressed to lick your ass, and kiss your whole body and let all my scent take that hotel room, we were not alone, and I also did not feel totally but we needed to consummate something we would never forget, even if in my head we had to have an experience just the two of us, with nothing even without Bacchus.

Now we’re out of 2017 we’ve been away again, but once again I dreamed, and we would meet and hold each other and I would cry saying that I missed them. I decided to write, and he invited me for a coffee, and I went at ten o’clock, when my work was over, and when I opened the door, I cried again and embraced. And minutes later we’re naked in bed, I was bleeding and I was like a wild mare, “a wild woman, that’s what I am” a fish out of the water, my body had not been touched that way in a long time or fucked me or  ‘eaten  me up’… I was  feeling like I really am, with all my strength and fragility was not easy, but I still loved him and he started to see me, to feel me … and I felt loved, how many women can feel loved, and climb and cum in your mouth like there was no tomorrow, and climb every day until your body gushes out all the pain and sorrow kept.

These were unique moments I had never felt before. I deserved that man fucking me and loving me madly and missing me and liking my scent, and licking every bit of me. And we cried together and laughed together and somehow calmed down and opened up to the “Emotion Deluge”.

Before speaking about the Deluge, it is necessary to speak about the world today, the war of powers, the new dictators, with their missiles, the president of the greatest power in the world and the circus of horrors that has been formed since then, it is necessary to talk about the war of Syria, or the information war or the Fake News, and the lying phone calls, or the cunning people who not only steal but kill their own. It is in this scenario that deluge is born, not of auto biographies as many describe me their texts. but of a cruel and ordinary reality, where Gerald seeks a way out or makes poetry with the bodies of his actresses, poetry with the bodies of women. Yes women … women. The work process was very fast and soon I was invited to see an essay, my first perception about the assembly:

It was in the first trial of Deluge, and still the beginning of everything, and everything moved me too, I felt like those children running around screaming “father” was Syria screaming inside Gerald, I felt those bodies, I felt the a work of art that bleeds, a work of living art, but the complete view of this boat did not yet exist, the pirate began to appear but was still disguised, and he or she had not yet transformed, although the clues arose, but for there is something with a lot of “power” to give “power” to it (the process), and so everything is being created.

I have a theory about the work of the creative director and the relationship of character, stress, body at risk, and the fragility of the soul. All of this shows us who we really are, and as observers we are realizing the mutation of artists, and how people react to all changes.

It was at this point that I saw Gerald’s ship finally entering the high seas, between the emotions of a political work, between fiction and reality, between past and future, among the people who together with him tell their stories, I recognized the secrets and the loves, the looks among the actresses, and the pacts forming and how brilliant all this.

The man of the drum is the magic being, it is the Guide that takes everyone to the trance, and the theater is this trance where everyone fucks and gets wet to find the ecstasy, the play has this power of mutation where the tears sprout without us think. Dealing with a ship is facing the water that permeates the emotions: there I was watching this process, and I remember things I felt, I was afraid, I felt that wind hit me, I wanted to escape, it was that child in the war, my internal war, I did not know where, “father” I felt it inside me, I wanted my father so much … it was all around me, it was that jump in the void, I saw the sea, I always saw the actresses being thrown into the sea. On the high seas.

Once upon a time there was a boy, there was once a wind, so strong, it carried all the umbrellas … it was once a boy and his boat … it was once a story where a president plays with his real dolls, he is also a monster, and we are all so fragile, but he has real rockets and his stories of lies, they seem true.

In those days of Deluge FAKES calls, secrets of popcorn with hate, I saw scenes from the top of where I saw egos and scenes so beautiful, what would Beckett say if he was up there looking at me what I saw !? there are geniuses, few find true geniuses in life, and few are called geniuses in life. But look at this scenery, listen to this trail and see this light, I was moved, and tears flowed from within me, as this Flood is beautiful!

Black birds, fly under our heads, phones touch, women look, walk and talk, we are seduced all the time.

If you see the Flood feeling alone among the ranks of the theater, understand our pain, and many secrets that only tell us when we look at a work of art, in the drawers they keep bodies, and in the bodies they write stories and scars.

Deluge is this boat sailing on the high seas where every day the sky shows you something new, do you realize what you see? I watched my love grow as the Flood was born, and bleeding, and leaking blood, still full of hope, because: “Hope was your last hope but too low for the mortal’s ear.”

And that’s how I understood it, his body is almost death in this internal war of survival, where walls separate men, where the ego tries to slaughter a work, but does not kill, because life is very strong, where the human being receiving power tends to annihilate their neighbors, where exhaustion reveals the good heart, and the body at risk benefits strength and esteem.

When Gerald exposes their bodies, he exposes himself, he exposes his rainy days, he pulls that unruly boat in broken umbrella gardens and learns not to value what has no value. Gerald is transcendent, he is like a wild horse but sweet and kind, Gerald does not believe in the reality of the rifle, and he knows that false news comes up every time, and that possible war or wars that never end can change his day more Gerald in the Flood used all the “importance of being true to his stage”.

Adriane Gomes

Wengen, CH – 7 March 2018

 

 

 

 

Adriane Gomes de Brito

Artists Management

+55 11 971027122

www.projetosalamandra.blogspot.com

Leave a comment

Filed under Uncategorized

Dedicatória – Acknowledgement – Autobiografia Entre Duas Fileiras. Between Two Lines.

Portuguese and English

Em Nov 2016, foi lançada a minha autobiografia “Entre Duas Fileiras” (ed Record). Acho que nunca a li em Portugues, Aqui está a dedicatoria do livro. Taí. Gostei. Vou posta-la e viver isso que escrevi. 

Dedico este livro a todos os artistas, vivos e mortos, a todos aqueles que defendem uma utopia, já que essa coisa que chamam de “realidade” só nos leva a credos e guerra entre credos, ideologias e guerra entre elas, políticas falidas e corrupções em todas as áreas. Mas existe a arte. E, através dela, entramos em contato com algo que vocês, os leitores, muitas vezes, chamam de “mentira”.

Claro que é uma espécie de mentira porque, enquanto recitamos a “verdade” e fazemos vocês rirem, chorarem etc., estamos vendo os sarrafos que seguram o cenário, estamos vendo toda a fiação, as varas de luz que nos ilumina, estamos vendo toda a movimentação na coxia (ou aqueles técnicos que assistem TV e cagam pra nós enquanto nos esforçamos em dar tudo…).

Sim, então, essa ilusão, a de grudar a retina de nossos olhos num refletor elipsoidal — pra que nossos olhos sejam vistos num tamanho maior do que realmente são e passem a ideia do vazio do vasto univer- so negro… ah, isso tudo é técnica. Técnica, assim como é técnica estar pronto quanto bate o terceiro sinal, às 9 da noite e a cortina abre, e, não importa em qual estado a gente se encontre, temos que dar tudo e passar esse encanto pra vocês, essa utopia que vocês chamam de “ah, ele foi tão verdadeiro, não?”.

Em inglês é melhor: chamamos a arte de representar ou a de in- terpretar simplesmente de “playing” ou de “to play”… ou seja, brincar, assim como uma criança brinca. Só que a criança não ensaia por dois meses essas frases que não são dela, marcações de deixas que não são dela e uma delicada e precisa coreografia que não é dela.

Mas é através desse “playing” que nós, escondidos em papéis assu- midamente falsos e mentirosos, podemos sonhar, talvez até dormir. E, ao dormir, sonhamos que entramos num território utópico que nada tem a ver com essa realidade miserável cotidiana que nos mata horri- velmente, passo a passo, minuto a minuto.

No palco, morremos todas as noites quando o pano fecha e renas- cemos todas as noites quando o pano abre, e rimos e choramos, mas de mentira enquanto nossos corações sentem sempre o contrário daquilo que representamos!

Não é incrível?

O único compromisso que temos é com a utopia, com a vida, em trazer “a vida é um sonho” pra vocês, seja através de uma sinfonia, através de uma tela, através de uma peça ou de solo de dança. Aí sim, Zeus ou Zaratustra fala com todos. É a vez do eterno sublime, do eter- no retorno, e, no final de tudo, quando colocamos as mãos na cabeça e choramos, é a única coisa que importa, fora o sarrafo que segura o cenário e aquele monte de refletores que (para nós, no palco) parecem estrelas que nos cegam mas que, para vocês, nos iluminam. No teatro é quase tudo o contrario do que se parece. Mas paro por aqui antes que eu entre em Pirandello ou em Shakespeare, nosso grande contemporâneo, afinal, essa dedicatória é sobre a Utopia e, portanto, raspa em Thomas More… Mas eu não queria ter ido tão longe.

 

Fui.

Gerald Thomas Wengen, agosto de 2016

 

In English – the language it was written in.

From my “Autobiography” (Between Two Lines). It was published a little over a year ago and, quite frankly, I’ve never actually bothered to read it (why should I ?) . However, here is my ‘acknowledgement’ – or dedication. And now that I’ve finally read what I’ve written, I might as well go and live it.

I dedicate this book to all ARTISTS alive or dead, to all those who have defended a UTOPIA, a dream, life as a dream, and have voiced their lives as a dream and turned their entire thing into the utmost bizarre concept, the most inconceivable of all notions since it is this horrible realism that assails our quotidian—our daily realities. What notion? The reality of life, this nightmare, this horrible assault on our brains and intelligences.

I dedicate this book to all ARTISTS who have taken upon them the duty to go to HELL and put their feet in the mud—or in deep shit and walk the high ropes without a net underneath. Such is the risk because of this ridiculous demand to succumb to credos and credos that lead to wars and wars between credos and (yes!) these unbearable cycles of madness!

It’s all failed, failed again, failed better, but actually failed WORSE and there is ART after all and AFTER ALL through ART, yes, THROUGH ART we—you, reader, and I—can come to grips with what they call the ultimate “lie” or illusion.

Bizarre? Yes.

Of course, we call it a lie because while we proclaim or shout out or even just whisper the lines of some “truth,” we make audiences laugh, cry and reflect, brood and tremor with fear and suspense. At the same time, we, the actors and playwrights, are actually watching the sticks, the 2x4s. While the “shticks” and the plywood hold up the set, we’re looking at all the lighting power cables and all those pipes and, to distract our “truth” even more, we’re actually observing the intense movement of our colleagues and stagehands in the wings.

It’s technique plus the transgression of this technique and a plot to kill this technique, you see? There is no truth here, so they say. I beg to differ. I do beg to differ. Why? Because I’ve always wanted to change the world.

With this weird willpower of wanting to “CHANGE THE WORLD” every day (as Julian Beck said to me every day) and this agony and pleasure of doping and dipping our retinas into this soup of lighting instruments hanging up there on the grid as we perform—caressing our eyes, our pupils, enlarging them so they can be YOUR mirror of horror or pleasure, while those people in the wings don’t give a flying fuck about us, we…get off on the technique and belief that our DREAM and utopia are so MUCH LARGER THAN LIFE!

Is it really all a matter of just good technique? I mean, when the curtain goes up at, say, 7pm and no matter what state you’re in…one simply HAS TO give one’s ALL, one’s BEST for your pleasure and delight and belief only, so that you can leave the theater and say: “WOW, HE WAS SO…REAL TONIGHT, WASN’T HE?”

Yet, it is by playing ( just like a child) that we, hidden behind obviously false, sometimes alarmingly ridiculous, enlarged roles, that we’re able to dream, to dream perchance to…

to sleep…and by sleeping we enter this utopian and bombastic territory that bears no resemblance whatsoever to our miserable minute-by-minute assassination of ourselves.

On stage we die every night when the curtain comes down and are reborn every day when the curtain opens. We laugh and cry and it’s all fake and on cue and, mostly, quite the contrary to what we’re feeling!

Bizarre? Yes.

Our ONLY commitment is with Dame UTOPIA, this strange lady, the lady of All Flowers, the lady Genet described so well, this tramp, this beggar Chaplin inherited as if, as if nothing. And…well, Beckett himself, while staring out his window and saying “I watch the world go by” described so well his utopia “of dying yet again for the last time on earth.” That was their utopia.

Mine?

Mine is to see yet another day, another play, another hour and a half, another line, another two, another few, a few more lines, between them two, say, between two lines.

Gerald Thomas

New York October 2016

BETWEEN TWO LINES

 

 

Leave a comment

Filed under Uncategorized

O GLOBO – Feb 5th, 2018 Tonia Carrero “Diva para sempre DIVA” PDF

Leave a comment

March 5, 2018 · 3:42 pm

O GLOBO – exclusivo – Tonia Carrero: “a diva para sempre diva”

Artigo: Tônia Carrero, a diva para sempre diva

Gerald Thomas destaca personalidade forte e libertária da atriz

 por GERALD THOMAS

Gerald Thomas dirige cena da peça ‘Quartett’, com Tônia Carrero e Sergio Brito – Arquivo

WENGEN, Suíça — A Tônia deve estar feliz da vida: subiu aos céus e está brigando lá em cima com o Sérgio Britto! Voltaram a discutir quem era melhor ou pior, quem era mais ou menos volátil nesse mundo medíocre que deixaram aqui embaixo. “Essa mulher é impossível” dizia ele, Sérgio, durante os ensaios de “Quartett” de Heiner Müller – tradução de Millôr Fernandes – “ela simplesmente não entende nada do que está falando”.“Ele é surdo. Completamente surdo, Gerald!”, berrava Tônia, a respeito de Sérgio. Estavamos todos numa espécie de guarda-móveis, guarda-roupas ou garagem na casa de Tônia no Jardim Botânico, Rio, onde ensaiávamos. O ano era 1986, Rio de Janeiro. A estreia estava perto e íamos inaugurar (acho) o Teatro Laura Alvim.Quando eu não estava em cima de uma estante (aos berros, por causa de um rato!) estavam eles – os dois atores, aos berros, um com o outro. Eu morria de rir. Eles se amavam. O que acontecia fora de cena, na verdade, é o que deveria acontecer dentro da cena.Se eles tinham conhecimento disso? Sim, o Sérgio Britto sim. Choderlos de Laclos havia escrito esse romance epistolar e sexual – “Ligações Perigosas”. Müller pegou a parte mais verborrágica e filosófica da coisa, mais “Tchecov e Hegel” da coisa e a colocou num acirrado confronto teatral. E, entre insultos escatológicos, os dois atores deveriam se amar, se odiando. E, na prática, era mais ou menos isso que acabou acontecendo.Tônia Carrero acabou ganhando o Prêmio Molière. E eu acabei entregando esse prêmio a ela. Muito orgulho! Ela cochichava no meu ouvido: “agora olha para o lado direito meu amor, porque assim você revela meu lado esquerdo” (risos).

Um ano antes, Tônia tinha ido a Nova York ir ver a minha encenação do mesmo “Quartett”, com Crystal Field e George Bartenieff no Theater for the New City, e tinha saído para jantar com o autor e comigo.

Ela e o Sérgio eram aquele rato de teatro que me perseguia naquela casa cheia de criados. “Geraldo!!!!!” (esse era o nome de um dos empregados)….”sirva já um café fresco para o seu xará americano”, ela dizia sorrindo enquanto saía da piscina. Eu chegava horas mais cedo.

“Chega mais cedo. Chega e almoça aqui. A gente conversa sobre o mundo. Sobre Nova York, sobre Paris. Quero ficar suja em cena como a Crystal Field ficava. Quero desmoronar essa figura que criaram para mim, Gerald. Quero me desmontar”, dizia ela.

Mas será que isso aconteceu? Nos anos 2000 encontrei com ela num spa no Rio Grande do Sul. Não, ela não se desconstruiu. E nem havia porque.

Caramba! Que loucura. Ela morreu. Quando recebi a noticia hoje de manhã aqui nos Alpes, fiquei aos prantos como estou agora. Sim, 95 anos. Noventa e cinco anos. Não importa. Ela era divertida, liberal, liberada, desbocada e inteligentíssima. Um “mulheraço” anos luz na frente do seu tempo.

Confessou, na minha entrevista da TV UOL no ano 2000, que fazia sexo a 3 ou a 4 nos anos 50 e 60. O que ela construiu com o Paulo Autran foi uma das mais lindas relações amorosas que existem na historia. Mesmo aqui na Suiça, estávamos sob neve e temperaturas sub zero há semanas. Os céus se abriram hoje, o sol raiou pra recebê-la. Vai meu amor de Laclos. Vai com Deus. LOVE.

Gerald Thomas

 

Leave a comment

Filed under Uncategorized

R.I.P. Tonia Carrero, minha amada.

Tonia minha amada: R.I.P. e vá em paz. Eu te dirigi em “Quartett” de Heiner Müller – premiere brasileira – com o fabuloso Sergio Britto – em 1986, no teatro Laura Alvim, Rio. Vc veio ver a minha estreia americana com a Crystal Field e o George Bartenieff no Theater for the New City em NY. O resto é história. E QUANTAS histórias, TONIA !!! Quantas milhões de gargalhadas, quantas noitadas, quantas tragédias e quantas lágrimas não derramamos (voce e eu e….). Fique em paz finalmente meu amor.
Aos prantos e aos risos, como sempre.
Teu amor de Laclos 
Gerald Thomas

“A partir de 1986, Tônia Carrero parece mudar radicalmente os rumos de sua carreira, deixando de investir em clássicos e textos de resultado garantido, para correr o risco na produção e na interpretação de textos modernos, com encenadores de linguagem investigativa. Sua interpretação surpreende público e crítica em Quartett, de Heiner Müller, dirigida por Gerald Thomas, que ela conhece na Off-off Brodway, em Nova York, e traz para o Rio de Janeiro, recebendo o Molière de melhor atriz. “

Quartett

Quartett with GT directing

Leave a comment

Filed under Uncategorized

Adriane Gomes escreve sobre “Entre Duas Fileiras”

“É impossível chegar ao fim deste livre e não dizer, admirado: como Gerald Thomas escreve bem.” 

Gerald Thomas entre duas Fileiras

Autobiografia
editora Record

“É impossível chegar ao fim deste livre e não dizer, admirado: como Gerald Thomas escreve bem.” Carlos Andreazza

Conseguir escrever sobre este livro me parece quase impossível, dada a trágica emoção que está ainda aqui entalada na minha garganta, e ainda dentro do meu estomago, e depois de semanas eu ainda penso neste menino que segura a mão de sua mãe ao atravessar a rua.

 Este livro não é tão somente a vida de um artista, este livro é uma performance, este livro é uma ficção de verdade, este livro é um quadro, um desenho, um rabisco com traços e assinatura única, onde Gerald desenha sua vida, onde acontece encontros, palavras criadas, performances, dança, e eu choro como criança lendo as linhas, as entre linhas e cada desenho e cena de uma vida real,  engolindo as salivas (o gosto da vida) que enchem a minha boca, porque meu corpo saliva, e meu corpo escorre suor a cada situação entre capítulos, e meus olhos se enchem de lagrimas, e me emociona. Agora pensar em tudo que li, e cada amor e cada mulher amada  e os seus dias em países entre fileiras de gentes nas portas dos teatros por onde ele passou me fazem pensar na minha própria vida.

 Me emociona este começo e este fim sem fim, e quando eu olho pro lado, ele esta aqui, me olhando e me pedindo um café nesta enorme xícara.

Sobre ler livros: nunca consegui ler livros em uma sentada somente, eu preciso ler pagina por pagina, eu preciso ler, eu preciso ler a cada dia, dia após dias, e foi assim que eu me entreguei e me senti parte desta incrível historia da arte, quando me enterrei completamente nos primeiros capítulos onde lí duas vezes seguidas porque aparentemente eu reconhecia aquele começo, sim sou dessas que viu todos os vídeos na biblioteca incompleta e virtual do site de Thomas, sim eu sentei e ainda sento e vasculho cada pedacinho da escrita e dos desenhos deste artista e sou dessas que se apaixonou pela voz, e por cada gesto, anti gesto, e então aquele começo me seduz e me emociona, este começo dos sete dias é como o primeiro amor, é como os seios de uma mulher amada.

É assim que eu me vejo quando o leio, sua escrita me torna  naquele personagem: eu sou a mãe, sou a mulher na calçada, e sou o menino, ele também é o menino que esta na rua e…  de fato eu não posso dizer mais nada alem disso, vocês precisam ler também, mas de alguma forma eu ainda sou essas pessoas e dentro de mim elas estarão sempre vivas desde aqueles dias em que lí por duas vezes esses sete dias.

Seguindo a logica, alguém me diria que é necessário ter cultura ou ser inteligente para ler Gerald Thomas, não creia nisso, qualquer pessoa pode ler e se encantar e depois dar um Google nos nomes citados nos teatros, nos festivais, nas citações, ele te leva a buscar conhecimentos é o vão da fileira que te faz crescer, e você vai ter mais conhecimentos, porque a escrita de Gerald é uma viagem e uma viagem é para todos.

Tenho certeza que falta muitas historias dessa Autobiografia, porque tenho ainda mais dúvidas após ler, a vida entre artistas é como um Jogo de Xadrez, e a cada dia as duvidas ao mover peças se tornam ainda maiores, este livro é para qualquer pessoa que goste de historias, mas principalmente para artistas, que sonham com coisas impossíveis, que buscam esperança, que mesmo tremendo sonham em utopias, e que imaginam, o palco como casa, o palco como sagrado, o palco ao lado das maiores estrelas entre elas Fernanda Montenegro, e todo seu respeito por um ensaio, o palco seu local sagrado, e ele aprendendo com esses mestres se torna tão humilde nas suas escritas que me choca, reconhecer esse Gerald de muitas historias e varias facetas.

E a cada dia que eu olho para sua escrita eu enxergo gentes, e mesmo na minha miopia e confusão interna eu penso no Machado de Assis, eu penso nesse jogo psicológico que o Machadão criava, e como toda humildade e com meu pouco conhecimento, penso que suas escritas tem algo em comum, e que os Deuses me perdoem, mas se você olhar mais de perto, entenderá esse vazio, esse amor, e essa verdadeira paixão pelo jogo (playing), e é nesse sentido que eu vejo nestas escritas algo, esse mesmo algo de diluvio, ou esse algo incomunicável, que as vezes pode ser enfadonho, porem jamais você perdera o desejo de continuar na historia. Não dá pra fechar o livro, não há cartomante, nem historia com fim é um eterno recomeço. Recomeço com novas histórias, com desejo de mudança, como um olhar para esse mundo, e ao acordar ainda deseja mudar o mundo, e isso o angustia, recomeço com desejo de ajudar pessoas todos dias, quando seu telefone começa bem cedo a apitar, e uma eterna angustia de perceber que sozinho ele não vai mudar o mundo. Esse homem do livro nem de perto é o homem generoso, e angustiado ao qual encontro todos os dias ao acordar, esse Gerald do livro é muito mais desencanado e sofre menos, na vida real ou na vida real da sua ficção criativa, Gerald é o menino que desenha sua historia aos cinco anos pensando nas suas angustias e imaginando seu futuro. Ele é o mendigo, o catador de lixo, o peixe no copo mergulhado na água. Algumas historias serão contadas agora e outras amanha, e talvez amanha venham ainda as melhores historias, mas para isso ler essas historias hoje é o começo e começar é o princípio da criação. Para que depois haja recomeços com sabores de inícios.

Adriane Gomes

Leave a comment

Filed under Uncategorized