Monthly Archives: February 2009

Arte e Estado Não se Misturam

 New York – Tem datas que não nos falham. Nossos mestres, nossos grandes mestres, ou momentos como o assassinato de JKF, a crise dos mísseis, a foda do “Último Tango em Paris”, a queda do muro de Berlin e, por exemplo, o tiro que o ditador da Romênia, Nicolae Ceaucescu levou na frente das câmeras de TV. Para o espanto de todos, aquilo foi chocante. Mesmo para aqueles que, como eu, haviam feito demonstrações nas ruas contra o Nixon e a guerra do Vietnam e queríamos ver os Stalinistas todos atrás das grades, eu, um pacifista por natureza, fiquei assustado com aquele tiro.

 

Por que digo isso? Por causa do tempo/espaço onde estamos e ocupamos quando algo dessa magnitude acontece. Assim como a morte repentina e precoce do “monstro sérvio” Milosevic (numa cela em Haia), a morte de Ceaucescu me marcou porque eu ensaiava o meu “Sturmspiel” no teatro estatal da Baviera em Munique com um vasto elenco. Todos comentamos o evento naquele dia. Alguns extras eram romenos. Eu tinha uma namorada (mezzo soprano) chamada Ruxandra Donose, que vinha de Bucarest e cuja família havia sofrido nas mãos do ditador. E, no teatro, Andrej Serban, havia sido “resgatado” por Ellen Stewart, anos antes. Décadas antes. Ainda jovem. Senão, teria entrado nos fornos da ditadura daquele terrorista no poder.

Tudo isso pra introduzir um belíssimo artigo de Caetano Vilela sobre ARTE e ESTADO. OS DOIS não se misturam. Quando um quer entrar no outro não HÁ MAIS ISENÇÃO POSSÍVEL.

Mesmo de forma mais branda (no teatro estatal de Munique – no meu caso no Cuvillies Theater), a pressão de Klaus Everding, (secretário de cultura de toda a Baviera na época), já era uma interferência gigantesca. O Muro de Berlim ainda não havia caído. Ainda vivíamos a guerra fria. Enfim, ao belíssimo artigo de Caetano:

Do Blog do Caetano Vilela:

Que ‘movimento’ é esse? (ou: sou Artista e não Educador-Ativista)

 

Ao trabalho camaradas, organizem um movimento e façam a máquina produzir!
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“Nós artistas de uma hora para outra nos transformamos todos numa espécie de ‘ativistas humanitários-culturais’! Não basta a ‘nossa causa’ é preciso ter “contrapartida social” para isso e aquilo e agora também nos exigem “medidas preventivas contra o impacto ambiental negativo”… que ‘po*&%$%a’ é isso? Tudo agora tem de ser carbon free, sustentável, ecológico, etc.
E eu digo: “é só uma pecinha de teatro senhor!”, “é apenas uma ópera madame!”, “é só um showzinho presidente!”

Qual o papel do Artista na burocracia contemporânea deste rosário sem fim ‘pseudo politicamente correto’? Produzir/Poluir?
Tá certo também que parte da ‘classe’ exigiu seu reconhecimento depois de palestras, encontros e ‘sufrágios democráticos’ (contando os braços erguidos ‘a favor’) num movimento batizado de “Arte contra a Barbárie” (!), resultando dentre outras aberrações ‘excludentes’ num tal “Fomento para as Artes”.
É isso então, lutaram contra a ‘barbárie’ (seria o ‘capitalismo do teatrão’), ganharam o ‘fomento’ e hoje são todos ‘ativistas’ de plantão defendendo o seu espaço (físico) alugado produzindo pouco para pouquíssimos (às vezes até muito para ‘muitíssimos’, mas não faz diferença), fazendo muito barulho para não largarem o ‘osso fomentado’.
Viraram ‘educadores’, plantaram sementes (paúba?), reciclaram seus programas (ou ‘pogrom/погром’) em troca de quê?

Nem prêmios nos credenciam mais. Um Shell (poluidora?) desacreditado vale hoje muito menos do que o antigo Molière (passagem para Paris ida e volta sem nenhum dinheiro!). Prêmios também viraram ‘contrapartida social’ das empresas que usam artistas como mico de circo: Prêmio Bravo, Contigo, Coca-Cola, etc… nenhum deles trazem público e muito menos prestígio.
A indiferença é triste e gritante.

O resultado do que se busca é o contrário, o teatro brasileiro está fomentando o emburrecimento do seu público. Falarei apenas do teatro, já que se abrir o verbo para defender a ‘classe lírica’ serei acusado de defender a ‘barbárie’ produzida pela alta elite! Mal sabem eles que faço ópera ao ar livre em Manaus para mais de 20 mil índios encantados! Seria isso uma ‘medida contra o impacto ambiental negativo’ aceitável? Aliás são 20 mil índios que deixaram de ligar os seus televisores e foram à praça (a pé ou com transporte público movido a energia alternativa!) pública assistir a um espetáculo lírico. Essas coisas enlouquecem críticos da Alemanha, Espanha, EUA, França, etc… todo ano e são publicadas em todas as mídias mas parece que o burocrata por trás do ministério da cultura além de surdo e monoglota é insensível ao reconhecimento do ‘inimigo estrangeiro’. Hummm, acabei falando!

Sou ARTISTA e não EDUCADOR, minha função é outra; deveríamos passar ao largo da catequisação da luta de classes que este governo inflama.
Que as EXCEÇÕES destes casos possam produzir mais e PENSAR este País!
Poucas vezes encontramos um diálogo aberto e honesto nos espetáculos apresentados em São Paulo, comunicar não é mais a razão de estrear um espetáculo, tudo se resume a um sindicalismo frouxo e burro. A obra já não fala por si (que me perdoe Adorno), é preciso fazer um ‘movimento’ (que me perdoe Caetano Veloso)! Uma geração inteira de artistas que começou a respirar após a ditadura ainda está bastante imatura para lidar com certos valores de liberdade e capitalismo (que me perdoe Marx).
Desconhecem princípios sobre a ética (que me perdoe Espinosa) e banalizaram o mal (sorry Hannah Arendt).

Ao final deste governo, nós artistas, nos juntaremos aos milhões de ‘assistidos’ por todas as ‘bolsas sociais’ e nos tornaremos mendigos por anos e anos de uma política populista e melíflua que demorará muito (dependendo dos próximos e próximos governantes) para ser extirpada e repensada.
Claro que quem sofrerá com isso será a Arte, muito antes dos artistas, mas estamos falando de algo supérfluo, não é mesmo?!”

 

(Vamp na edição)

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Obama e o Carnaval Brasileiro

 

Miami — Enquanto os brasileiros estão pulando seus últimos momentos de Carnaval e fazendo réplicas de Teatro Municipal na Marquês de Sapucaí (seria interessante, também, ver um contraponto: a Marquês de Sapucaí dentro do Municipal – e por sua vez, com uma réplica do próprio Municipal – criando um labirinto de Escher, infinito e ensurdecedor), os Estados Unidos da América estão no TRABALHO!

  
O Presidente Barack Obama falou ao membros do Congresso e Senado e Convidados especiais. Não era exatamente uma State of The Union Address apesar de ter a cara do State of the Union Address. Foi, certamente, o mais EMOCIONANTE discurso de qualquer presidente EVER que já vi ou já ouvi nesses 54 anos em que habito esse planeta.

 

Barack Obama fala normalmente. Não se trata de oratória. Não tem aquele canto, aquela projeção desnecessária que político adota uma vez que se percebe político (assim como ator que se percebe ator!).

 

Enquanto o País em crise permanente (o Brasil) festejava mais um longo e badalado feriado, Obama e os EUA foram à luta. O Brasil pré-Medeia, ou quase Hamlet, só fica na terra do “quase”. Aqui é o seguinte:

 

Desde que assumiu a liderança no dia 20 de janeiro, Obama vem lutando pra passar suas idéias. E não são poucas.

 

Hoje ele as delineou por 52 minutos na frente de seus inimigos republicanos e amigos democratas. E, ao contrário dos eternos panos quentes brasileiros onde NUNCA HÁ CRISE, aqui o Presidente é justamente o PRIMEIRO a dizer que estamos na PIOR recessão desde a Grande Depressão (1929). Mais ou menos como colocar a réplica do Teatro Municipal dentro do Teatro Municipal e assim por diante!

 

“Nós nos reconstruiremos, nos recuperaremos e os Estados Unidos irão emergir mais forte que antes”, dizia Obama, de pé, diante de Nancy Pelosi e seu vice Joe Biden. “Ninguém mexe com o Joe” (nobody messes with Joe!), citando uma frase de Mean Streets de Martin Scorcese. Temos um presidente culto, educado. Santo Deus, que diferença!

 

Até os republicanos apertaram sua mão quando fez sua entrada triunfal! E como foi triunfal! Pois é, que loucura!

 

Os jornais de amanhã trarão detalhes explícitos sobre o discurso. Não estou aqui para isso. Mas me impressiono, SIM, e me emociono, SIM, com alguém que tem a coragem e tem princípios de admitir os erros do passado sem (necessariamente) ter que perseguir aqueles que cometeram esses erros.

 

A América está caindo para trás da China e da Alemanha, do Japão e outras nações em termos de produção de energia limpa.

 

Será que ele esqueceu do Carnaval Brasileiro? Não se produz energia limpa no carnaval brasileiro? Afinal, são 6 dias sem se produzir porra nenhuma. E produzir porra nenhuma é… no mínimo, limpo. Não é?

 

Ah, claro. Tem esse bostinha do Bobby Jindal, de Louisiana, que os republicanos inventaram agora. Sarah Palin não deu certo, fez o partido de idiota total, então agora o GOP pegou uma pessoa de “pele escura”. Não são curiosos esses republicanos? Pois ele se pronunciou logo após o ovacionado Obama. Não tem importância. Já eram 11 da noite na Costa Leste. Ninguém ouviu, nem eu.

 

Claro, Obama tomou conhecimento do descontentamento do público sobre o bailout (salvamento) para os bancos, para indústria automobilística, etc.. Mas anunciou um FIM, num tom quase ditatorial que – com dinheiro PÚBLICO do contribuinte –  os CEO’s desses bancos estariam com suas fichas transparentes de agora em diante e SEM JATINHOS PARTICULARES. FIM. FIM DE UMA ERA.

 

FIM DE PARTIDA.

 

Ah, sim, e em falar em fim de partida (já que ele foi o único senador a votar CONTRA a invasão do Iraque), hoje, mais uma vez, ele colocou seu plano de SAÍDA das tropas de lá. Não disse quando. E isso me preocupa cada vez mais. Pois parece cada vez mais longe.

 

Ah, claro. Falou que NOS ESTADOS UNIDOS NÃO SE TORTURA MAIS! (ovacionado até pelos militares presentes – e não eram poucos!). Referia-se ao fechamento da base de Guantánamo!

Ou seja: admitiu hoje, como em outras vezes, que JÁ SE USOU O MÉTODO DE TORTURA!

 

“Foi em momentos de crise profunda que esse País se ergueu. Na Guerra Civil  nos colocamos nos trilhos. Na Depressão dos anos 30 construímos nossas autoestradas, foi numa crise que colocamos o homem na Lua! Não temos mais o DIRETO de ver a garotada cair fora das escolas porque cair fora das escolas significa cair fora dos Estados Unidos (Quitting América).”

 


Forte este último parágrafo para alguém que caiu fora da escola e aprendeu tudo sentado na vida ou numa biblioteca ou nos palcos de teatro… foi um pouco ditatorial, mas sei do que ele está falando. Ele fala (indiretamente) do nível baixíssimo do sistema educacional em que se chegou aqui. Fala (indiretamente) do outsourcing, da exportação da força de trabalho, do fato de que os USA inventaram a energia solar,  mas quem fabrica a pilha é a Coréia do Sul ou a China e isso é enfurecedor!!!!! E ele fala também, assim como nenhum líder brasileiro tem CULHÃO de falar, porque o povo brasileiro não tem CULTURA pra ouvir que a ERA FORJADA da GUERRA FRIA acabou: “Nao usamos mais armas da época da guerra fria. Então, fim! Fim disso”.

 

Ovação

 

Assim, dessa mesma maneira, ele foi ovacionado quando respirou, olhou um por um nos olhos e disse: “olha aqui… podemos divergir em vários pontos. Afinal, política é isso. Mas eu tenho a certeza absoluta de uma coisa: somos todos cidadãos americanos nessa sala. Todos amamos esse país. Todos queremos que a América seja um sucesso”.

 

Gerald Thomas

 

 

 ( O Vampiro de Curitiba na edição)

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Toalhas Imundas de Miami

Heath Ledger e Evian

Miami e Florida Keys

– Confesso: Eu tenho problemas quando saio de NY ou Londres. Quando ainda estou no primeiro mundo mas vejo todos de shortinho e sandalhas havaianas… algo está errado. No entanto, sempre volto pra cá. Fazer o quê? Bem, o fato de darem todos os prêmios para um ator (coadjuvante) recém morto é bem indicativo de uma cultura desesperada. Sim, desesperada.

Os “Academy Awards” estão passando agora na ABC, mas não estou vendo. Geralmente vejo. Geralmente me divirto. Mas, sinceramente, visto desse ponto de vista estratégico da terra de Juan, Jose, Hidalgo essa América Latina toda misturada a essa Tel Aviv se casando na praia (sempre na praia) – e trabalhando ao mesmo preço que a meninada do Slumdog Millionaire – as coisas não me interessam mais.

Sei que vocês estão apressados. Para vocês aí no Brasil já é praticamente Segunda-feira de Carnaval. Eu só penso na ‘minha’ Mangueira. Espero que ela ganhe, mas nem os jornais brasileiros online tenho lido.

Fato curioso: tendo conversado com alguns ultraconservadores Republicanos que votaram naquele velhinho de 71 anos oponente do Obama (cujo nome nem me lembro mais) sobre os primeiros 30 dias do nosso novo presidente no poder, todos eles se mostravam extremamente entusiasmados.

Estranho, né? Já que estou num Estado conhecido por ser tradicionalmente Republicano e refúgio conhecido de Cubanos no exílio, etc…

Mas mais estranho ainda são os franceses que inundam a cidade e pedem Evian ou Perrier. Ou os Italianos que pedem San Pellegrino ou Panna. Ou os Japoneses que vão comer sushi com Sapporo no Delanos. Ou todas essas nacionalidades que vão no Joe’s Crab Córner e ignoram a tradição do lugar (Stone Crab) e pedem um bife ou uma lagosta vinda do estado de Maine (nordeste daqui!!!!) Será que o brasileiro chega aqui e pede uma Minalba? Ou uma água Prata?

LIMPAR para SUJAR

Ouvi essa pérola de uma chambermaid do hotel, num leve sotaque haitiano. “Rehab pra esse pessoal de Cinema é como essas toalhas sujas que arrastamos pra fora dos quartos todos os dias. É o mesmo ciclo todos os dias. Limpamos as toalhas e deixamos elas frescas e dobradinhas nos quartos dos hospedes todos os dias e, pra quê? Só para recolhermos elas IMUNDAS no dia seguinte.

É, Rehab é mesmo uma ilusão.

São aquelas toalhas ricas que entram. Algumas não saem. Outras saem e ficam limpas um tempo. Outras voltam para a lavanderia logo, logo. Miami é um dos lugares onde isso está escarrado na cara!

Tenham um ótimo Carnaval!

A estimativa para mortes por overdose para esse fim de semana em Miami: 25 jovens entre 18 e 25 anos e 10 assassinatos relacionados a drogas.

 

Gerald Thomas

  

PS: Parece que os espíritos todos se retiraram. Foram-se. Quero dizer, os de LUZ. Aqui embaixo somente os EXÚ! Os outros só voltam na Páscoa. (minha versão: O QUE ELES QUEREM MESMO, SÃO OS OVOS DE CHOCOLATE DAS CRIANÇAS!!!!!! ninguém me engana não!!!!!)

 

 (O Vampiro de Curitiba na edição)

 

 

 

 

 

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O Brasil Precisa Voltar a se Enxergar

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“Cross Gender Restrooms”

 

New York – Reconhecemos que uma  sociedade é sofisticada quando ela lida com assuntos considerados “tabus” por outras. Um exemplo: Certas escolas primárias aqui já têm algo chamado “cross gender bathrooms ou restrooms”. O que vem a ser isso? Bem, isso vem a ser um banheiro, ou lugar de trocar roupa, nem para homem nem para mulher. É para aqueles que estão no meio, atrapalhados, atropelados e aprisionados em corpos que os traíram desde que nasceram. “São corpos de meninos, mas cabeças de meninas e vice- versa”. Sim, homossexualidade, mas um pouco mais complicado. Já lidando com ela desde a primeira fase da adolescência na escola, para que não levem pedrada dos colegas na hora de ir mijar ou trocar de roupa: a hora da humilhação de ter que decidir por um ícone ou outro. Aquele homenzinho estéril ou aquela mulherzinha estéril padronizada, estampada nas portas dos banheiros do mundo afora, pode ser apavorante para alguns. Geralmente aquelas figurinhas em azul.

 

Mas, enquanto não quebramos todos os tabus, tentamos lidar com alguns. Claro que os religiosos conservadores fanáticos e evangélicos (bible bashers) dos wastelands desse país afora, desde o Colorado até as Montanhas de Montana, não estão muito felizes com isso, mas, aos poucos, terão que engolir a revolução sexual que começou lá atrás, na década (qual década foi mesmo?), quando as Sufragettes se auto-flagelavam e Collette era seu expoente ou, décadas depois, quando Germaine Greer e Gloria Steinem escreviam seus manifestos e a contracultura ganhava um peso a mais que nada era Flower Power.

 

Mas por que escrevo isso?

 

Bill Clinton dava uma entrevista ontem. Longa entrevista. Não tão animado como eu imaginava. Em sua enorme biblioteca em Little Rock, Arkansas, ele falava de Hillary em sua primeira viagem como Secretária de Estado no Governo Obama. Não, não é sobre isso que quero escrever.

 

Recebo centenas de e-mails. Alguns me divertem profundamente. Alguns eu guardo para futuros estudos. Outros eu encaminho para amigos, muitos deles psicanalistas, como o João Carlos, aí no Brasil.

 

Um desses recorrentes e-mails é de alguém chamada “Lola” (como no filme “Run Lola Run”). É de uma menina alemã que conheci há uns vinte anos e que se tornou amiga, mas que hoje, infelizmente, não sabe mais distinguir um pão de um tijolo ou tijolo de areia, e escreve para amigos imaginários, já que não tem mais ninguém. O caso é meio triste. Mas, como dizemos em teatro, nenhuma tragédia é inteiramente trágica sem ser, ao mesmo tempo, cômica. E existe uma enorme verdade nisso.

 

Depois de traduzir alguns e-mails e longas cartas escritas a mão, num alemão meio gótico (como se estagnada na escuridão do pré-iluminismo), João Carlos do Espírito Santo leu tudo com atenção, e me devolveu algumas idéias interessantíssimas:

 

Medeia estéril 

“Tem mulheres que não ascendem sequer à condição de Medeia, úteros áridos e desertos que não dispõem sequer de filhos para o matricídio, são apequenadas em suas lascívias, são embrutecidas em suas toscas sexualidades, sempre na espera de que o outro as veja, as eleve, as empodere.Sim! Medeias sem filhos, sem a quem castigar, sem a quem assassinar, sem tela de projeção para as próprias  falências, para as incapacidades e as derrotas pessoais.Sem um palco, sem uma clássica tragédia para encenarem e sem expectadores, dão-se a quem em espetáculo?Mulherzinhas que se querem Cacilda, Medeias do raso cotidiano, sem serem amadas porque amargas.São Medeias que fazem do mundo representantes dos seus natimortos filhos, que assassinam ou pelo menos tentam – porque seus atos estarão sempre condenados ao fracasso – destruir tudo o que é sua antítese, não suportam a diferença. E sua antítese está na gênese, na criação, no começo, na relação, na fecundidade, na solidariedade, na alteridade, resgatada como valor, como ética.Sim, meu querido toda Medeia, toda Medeia rasa e rastejante não suporta quem inaugura, quem é marco, quem fecunda, quem move e promove a VIDA! Porque nestes gestos, nestas gestações, revela-se o NADA que são.Medeias capadas, clitóris simbólicos cortados, metafísicas lhe são impossíveis de compreensão porque acovardaram-se do necessário enfrentamento e, tendem, frustradas como são, a querer bloquear o fluxo sanguíneo que alimenta a VIDA!SIM A VIDA! É ISSO QUE ELAS NÃO SUPORTAMÉ PRECISO DIZER: A VIDA! É ISSO QUE NÃO SUPORTAM.”

 

Freud, estudante em Paris, assistindo as aulas do Professor Charcot, escreve em seu diário:  “Curioso como este homem, contrariando a medicina orgânica, se dispõe a tratar destes casos, destas mulheres que, sem nenhuma justificativa orgânica, sem nenhum problema físico não andam, não vêem, falam línguas incompreensíveis, convulsionam, se contorcem, se dão ao espetáculo. Negam a medicina e todos os estudos do corpo, da lógico-físico-química que aprendi em Viena. Que natureza é essa que se insurge contra todas as evidencias? Que corpo é esse que nega a natureza e se impõe como um enigma?”

Freud em Viena, anos depois:  Charcot tinha razão, porém a solução está na decifração da diferença entre o anatômico e o simbólico, entre o biológico e o imaginário.  

Mas o que quer uma mulher? De que desejo ela sofre? Qual  a sua queixa? Oscilam sempre entre TER e SER o Falus. A castração, de que todos sofrem. Existem homens histéricos também, levam, em alguns, a uma busca desenfreada pela reparação do que julgam ter perdido e que só o outro possui o que, por direito, acreditam ser seu, e quando chegam a isso, percebendo o equívoco e o peso de estar na posição fálica, de suportar esse peso, renunciam, gerando a constante e indefinida queixa contra a vida, sempre insatisfeitos, pois querem o que não desejam e desejam o que não querem. Precisam entender que necessidade é diferente de vontade. Não estão satisfeitos dentro de suas peles, acomodadas com os ditames de seus corpos. Os outros, para se livrarem do mesmo dilema, se sacrificam em espírito, negam o corpo e tendem a se manifestar enquanto puro espírito, mera abstração, meros rituais, dissociados de si mesmos. As minhas queridas histéricas – a quem devo minha descoberta da Psicanálise  – me dão exibição, seus corpos são para serem vistos, olhados, alvos de pena e de piedade, de atenção. Meus obsessivos negam seus corpos, sendo puramente pensamentos. 

Triste Fim. 

Continua João Carlos: 

“Começa mais um a semana de moda, mais uma Fashion Week no Rio, em São  Paulo ou em Paris. Ocupa em São Paulo o prédio da Bienal de artes que em sua ultima edição, deixou um andar inteiro vazio, ou melhor, com cinco extintores de incêndio que para muitos desavisados era a instalação de um anônimo e gastaram suas metafísicas e seus conceitos decorados posando de complexos analistas da historia da arte e da sua libertação da representação após o advento da fotografia (Susan Sontag). As passarelas montadas, a primeira fila repleta de celebridades, a musica, o conceito, a inspiração e la vamos nos.Mulheres cabides, descabeladas, desfiguradas, magérrimas, andando trôpegas, apáticas, sob as luzes dos flashes, sobre os aplausos, sob a fome negada, sob  a tirania compensada num reconhecimento patético que durara o tempo do desfile. Meninas em busca do quê?”

GT: Pois é. Pergunto-me e pergunto a todos: Em busca de quê? Lola, coitada, já deve ter cortado os pulsos em Passau, onde mora ou morava.  

No mais, ligando tudo isso ao “cross gender bathroom” e a falta de sofisticação de alguns países em relação a outros, me lembro que criticar o Brasil hoje em dia é sinônimo de anti-patriotismo, é sinônimo de Yankee go home, é a mesma coisa que o Stalinismo em seus dias mais cegos e úmbrios com as caras dele mesmo (e de Marx e de Lênin) enormes, ou a de Fidel em Cuba com aquelas bandeiras a la Rudchenko tornando uma critica construtiva numa máquina de destruição em massa: as pessoas não conseguem mais lidar com a critica. Se sentem rejeitadas. Entram em surto. Piram. Entram em pinóia. Viram uma máquina de movimentos espasmódicos e convulsivos que babam baboseiras porque sua identidade foi ameaçada.

Pergunto-me, sinceramente, se o Brasil não se tornou um país pré-Medeia. Um país (de certa forma) Medeia Estéril. Não consegue ter filhos e, quando consegue, não os mata exatamente, mas os coloca numa posição de limbo confuso, algo entre o absurdo e o a falta de vontade de vencer e ouvir. E ver! Melhor ainda, ENXERGAR!

 

Gerald Thomas

18 Fevereiro 2009

 

(Vamp na edição)

 

 

 

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Estamos Queimados

“MOSES UND ARON”

Gerald Thomas

Imagens disponibilizadas por Patrick Grant no link abaixo:

http://www.youtube.com/watch?v=NBh-7jEtDuw

 cena de moses und aron

Cena da Ópera “Moses Und Aron” (Schoenberg) dirigida por Gerald Thomas.

 

1998

*”MOSES UND ARON”, de Arnold Schoenberg, na Ópera de Graz. De longe o ponto alto da carreira de mais de 20 anos de Gerald Thomas. Com Arturo Tamayo na regência (um maravilhoso colaborador) e um coro extra da Letônia (totalizando 260 pessoas no palco), essa produção foi uma indignação. Custos? Pornográficos demais para se citar na recessão cultural de hoje. O cenário de Guenther Domenic foi um escândalo (especialmente na cena final, em que o monte Sinai se movia como uma aranha. No topo, o próprio Moisés, gaguejando, sem palavras, olhando para a decadência promovida por Aarão, seu irmão, abaixo).

Thomas ambientou a ópera em um estúdio de TV, como se fosse um programa de entrevistas barato como o de Jerry Springer, em que a platéia se manifesta o tempo todo, gritando, interferindo e assim por diante. Gerald Thomas fez um inventário do desconstrutivismo com essa ópera inacabada, colocando em cena todos os ícones da arte do século 20 (de Duchamp a Pollock, Koons, Warhol, Hélio Oiticica e Christo). A iconoclastia também foi a grande questão, simplesmente porque (por razões muito pessoais) Thomas acredita que o século 20 já analisou tudo o que tinha de analisar, destruiu tudo o que tinha de destruir e colocou sob uma lente de microscópio muito precisa todos os cacos do mosaico que possivelmente existiam. Os semiologistas franceses fizeram sua parte. Agora, como disse Karl Loebl brilhantemente em sua revista ao vivo no canal ORF, “Gerald Thomas muito inteligentemente encenou as conseqüências do conflito entre os dois irmãos e tudo o que pode ser lido no meio”. A produção foi elogiada como uma das melhores de todos os tempos e Nuria Nono Schönberg em pessoa estava lá e pareceu muito comovida com o que viu.

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BURN NOTICE – Uma nota achada num cruzamento perigoso!

New York – Caramba! Percebo que não escrevo artigo novo desde Londres, numa Segunda- feira em que a cidade parou por completo: neve, tudo parado. Até trouxe um exemplar de cada jornal e chega a ser engraçado: “FOREIGNERS , bloody foreigners”. Parece que a neve (a mais forte em 18 anos) e o despreparo são tudo culpa dos estrangeiros.

Virou um Monday, Bloody Monday, ou melhor, um snowy Monday. Todo mundo plantado em seus lugares e xingando um europeu do leste. Até os indianos e paquistaneses xingavam os europeus do Leste!

Mas deixemos a xenofobia pra lá. Outro dia me peguei mandando um alemão pra um lugar terrível, tipo Dachau ou Buchenwald. Logo eu! Numa discussão terrível e apaixonada sobre arte e comunicação apela-se e chega-se a denominadores comuns baixos, baixíssimos! Um horror!

Ontem, após dar uma aula na Julliard (atrás do Alice Tully Hall, onde fiz o “Flash and Crash Days” com as Fernandas em 1992), mal consegui atravessar a rua de tanto vento! Metáfora? Nada. Era o vento mesmo nos levando! Era o tempo real atacando nossas peles nessa temperatura quase primaveril, para essa época do ano, nessa Manhattan.

Louco para voltar pra casa e não para o hospital onde está  Ellen Stewart e lidar com médicos e enfermeiras, cada um falando uma língua, cada um falando um dialeto, como se tudo viesse de Punjab ou de… sei lá. Estresse causa isso! O trânsito também causa isso. Vou jogar o celular no lixo! Pronto. Deve ser o início da cura, como disse belissimamente o Billl Mahr ontem no “Larry King Live”, logo antes de sabermos da notícia do crash do avião que levava uma viúva de uma vítima de 11 de setembro. Como falar sobre isso? E como não falar?

 “BURN NOTICE” é o seriado mais legal, mais ágil e mais cínico da TV americana. Leva no USA channel e não em canal aberto (ainda). É impressionantemente ligeiro, deliberadamente charmoso, profundo quando quer ser, e diabolicamente romântico e semi-tropical, já que tudo é baseado na vida de um EX isso e EX aquilo e tudo acontece em Miami. Adoramos os rejeitados que dão banhos no sistema e ainda narram como se deve fazer pra construir armadilhas em torno dele.

 “Mas a vida não começa hoje nem ontem”, eu dizia para os alunos da Julliard. Ria-se muito. E eu com eles.

 “Não,  a arte tem mil e dois precedentes. E nós, 44 presidentes!” Eles ouviam, num telão,  um crítico ao vivo (Karl Loebl, da TV estatal ORF) fazendo uma crítica linda e comovente da minha encenação de “Moses und Aron”*, de Schoenberg (1998, Graz, Áustria), e é justamente aí que o MUNDO pára. Ah, sim: Quando é que o mundo pára? Quando precisamos que pare para uma reflexão do que fizemos. Quando tem gente em volta precisando de nós e nós precisando dela. Quando a arte de hoje virou uma cópia estranhamente boba da arte de ontem. Não, nada morreu. Mas está na UTI, assim como a Ellen.

 

Obama e o pacote de estímulo.

Não, de Obama eu falo mais perto de completar UM MÊS. Será que agüento?  Será que meu coração agüenta?

 “Burn Notice” é um seguimento natural de “Rockford Files” da década de 70, com James Garner, que vem a ser um seguimento natural do detetive Phillipe Marlowe, do escritor Raymond Chandler.

Onde as coisas começam? “Onde nós determinamos que elas comecem”, respondi para uma aluna. Senão enlouquecemos. Estão tentando traçar paralelos loucos entre Obama e Lincoln (sim, mesmo Estado, abolição  da escravidão…) e mesmo com o pacote econômico de FDR.  Mas não há paralelos. Existem cruzamentos. E, como nos mostram os heróis ou anti-heróis da TV, como Michel Western do “Burn Notice” ou James  Garner do “Rockford Files” – como  é da história da arte, como Duchamp e o próprio Schoenberg – cruzar verdades ou criar um futuro virtual  pode ser perigoso.

Pior ainda: pode ser somente uma tática semântica. Pior ainda: pode ser somente uma arma de propaganda.

 

Gerald Thomas

 

(O Vampiro de Curitiba na edição)

 

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TUDO SOB CONTROLE

Hotel em chamas na cidade de Pequim
 
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ARTIGO DE SAMUEL BUENO ESPECIAL PARA O BLOG DO GERALD

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 “Estou em férias em nossa amada pátria tropical e, para comentar, minha estada novamente me serve para confirmar minha antiga convicção de que este país é realmente uma dádiva maravilhosa da natureza, na maior parte de nosso território o clima é agradável, a comida em geral muito boa, a população é saudável, o idioma melodioso, etc e tal. Ao mesmo tempo, porém, constato que a sociedade brasileira continua profundamente insana e está piorando em alguns aspectos, embora melhore a olhos vistos em outros. Com tantos anos morando no exterior, confesso que já estava meio desacostumado com a maluquice “espontânea” que permeia toda a vida brasileira.

 

Ainda que meu dia-a-dia no país em que resido seja a defesa dos direitos humanos dos ´brazucas´, alguns em situação social bem precária, e me tenha habituado a tratar com um amplo espectro de problemas sociais, confesso que não estava preparado para o “baque” da atmosfera de permanente confusão e violência potencial que se respira hoje em algumas cidades do Patropi. O que ouvi e presenciei em apenas uma semana entre Brasília e São Paulo supera as descrições que me acostumei a ler na imprensa lá fora sobre a criminalidade rampante, acidentes de tráfego, incúria das autoridades, burradas e mau-caratismo de algumas figuras que fazem as manchetes do Jornal Nacional, etc. Para mim é muito chocante, por exemplo, que, apesar de tantas denúncias de casos anteriores, mais e mais pessoas neste país continuem a morrer de intoxicação alimentar, eventualmente agravada por impericia médica ou contaminação bacteriana hospitalar. Estranho também que fraude e corrupção persistam sendo uma espécie de “método” de escalada social, sobretudo em ãmbito político, enquanto com malemolência seus efeitos se espalham e multiplicam, em diferentes formas, como péssimos exemplos para outras áreas, sem que isso desperte uma repulsa ativa da maioria da população comum, para não mencionar que em princípio deveriam acarretar a certeza de sanções daqueles que teriam por obrigação prevenir e punir tais comportamentos. Estupefato, escuto relatos sobre assassinatos que provavelmente ficarão para sempre impunes, sobre grupos de estilo mafioso que impõem regras em vários campos de atividades, sobre parlamentares de passado criminoso que são guindados por seus pares a postos em que um mínimo de ética seria pré-condição inescapável para ocupar o cargo – e minha conclusão é de que ninguém quer, de fato, mudar nada ou corrigir o que quer que seja, o escândalo diário serve apenas como espetáculo. Muitas são as denúncias, mas noves fora não resultam em nada. E tudo isso em meio a uma crise econõmica global cujas labaredas começam a lamber a estabilidade precariamente alcançada pelo país na última década …

 

Em contraponto a esse quadro impressionista de horror, no entanto, a impressão que recolho visualmente é de que a sociedade brasileira avança e está melhorando, sim, apesar de tudo, graças a gente vibrante, intelectualmente preparada e acima de tudo interessada em construir um ambiente civilizado nestes trópicos. É verdade, os desafios são imensos, há uma juventude pobre e sacrificada que se sente economicamente excluída, da qual saem os kamikazes da criminalidade para atacar sobretudo uma classe média consumista e endividada, enquanto as elites doidivanas prosseguem em sua loucura moral, pisoteando com seus privilégios os mais elementares padrões da decência, mas há igualmente progressos sociais significativos, muitos dos quais viabilizados pelo governo Lula, que teve a sabedoria política de não mexer naquilo que herdou da era FHC e estava dando certo, mas alterou perceptivelmente o enfoque dos programas sociais. O resultado é que, apesar das respectivas contradições e inconsistências, a gestão pública no Brasil se aprimorou sob o regime petralha, daí o entusiástico apoio das massas. Não obstante, com a crise financeira tantas vezes anunciada, mas que parece ter pegado a todos de calças curtas, as incertezas sobre o amanhã aumentam agora exponencialmente. 

 

O Brasil é dialético demais, seus contrastes são agudos demais, como poderemos saber quais serão as sínteses que nos reservará a história? Será que vamos nos submergir fundo por causa do tsunami financeiro mundial ou a atual conjuntura vai alavancar a definitiva emancipação econômica do país, com afirmam alguns amigos meus da esquerda ufanista? A direita está exageradamente quieta porque está intimidada pelos avassaladores índices positivos de popularidade de nosso supremo mandatário ou porque prefere matreiramente fingir de morta, deixando o previsível desgaste dos duros tempos que se avizinham para quem suceder o atual presidente? Muitos devem estar sentindo saudades daqueles projetos salvacionistas que no passado ofereciam conforto aos mais atemorizados diante das preocupantes nuvens que se condensavam no horizonte… 

 

De minha parte, não tenho mais certezas, elas ficaram em passado distante de minhas experiências existenciais, perdi as ilusões revolucionárias mas ainda estou à busca de uma utopia aplicável para sonhar um futuro melhor para o Brasil, já que a meu ver as “tradicionais” não têm a mínima chance de servir para explorarmos prospectivamente uma transfomação efetiva de nossa realidade… O país é de uma complexidade e esquizofrenia tal que não pode ser reduzido a formulações triviais ou ser explicado por sistematizações teóricas esquemáticas. Aqui vamos ter de reinventar todas as ideologias sociais, ou não haverá mesmo jeito de consertarmos o que os doidos de nossos avós nos legaram.” 

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Samuel Bueno

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10/0220:29hs

Sistema de blogs do iG enfrentou problemas técnicos
Instabilidade de três semanas afetou colunistas e leitores

Caique Severo

O sistema de blogs destinado aos colunistas e colaboradores do iG enfrentou problemas técnicos em alguns dos seus servidores nas últimas três semanas.

Muitos blogs não foram impactados, mas para alguns o serviço encontrou-se intermitente: os colunistas afetados não conseguiram publicar novos textos regularmente, os usuários não puderam postar comentários e até mesmo os blogs ficaram inacessíveis em alguns momentos. Neste momento, o serviço foi restabelecido e funciona bem.

Pedimos desculpas e paciência a nossos usuários e colaboradores.

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Caique Severo
Diretor de Conteúdo

 

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( Vamp na Edição)

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É neste Sábado, às 15:00 hs em New York

 

PS: Estamos com problemas técnicos na liberação dos comentários, o que pode vir a causar demora na aprovação. Tenham paciência.

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Ainda sobre o problema técnico, o pessoal do IG está trabalhando:

Caro Gerald,
Realmente o problema do sumiço dos comentários foi só no seu blog. A equipe de tecnologia do iG me diz que a grande quantidade de comentários excedeu a capacidade do sistema que temos para fazer as cópias de segurança periódicas de todos os blogs. A nossa equipe conseguiu recuperar os comentários, mas não todos, por causa do horário da última cópia de segurança. O problema ainda não foi resolvido definitivamente, portanto pode acontecer de novo. Hoje nossa equipe vai começar a instalar uma máquina exclusiva para o seu blog para agüentar o volume de comentários para que o problema não volte a acontecer. A previsão é terminar esse trabalho na segunda-feira.
Abraços,
Caique Severo
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PS do Vamp: Gerald, de New Iork, nos traz noticias nada boas sobre o estado de saúde de Ellen Stewart: Ellen  encontra-se internada e em situação muito preocupante.   

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Philip Glass on Gerald Thomas

Philip GLASS on Gerald THOMAS from Patrick Grant on Vimeo.

 

Composer Philip Glass speaks about playwright, director and long time collaborator Gerald Thomas and his Dry Opera Co. Interview conducted January 2009 by Patrick Grant in New York City.

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Gerald Thomas

 

 

Nascido em 1954, Gerald Thomas passou a vida entre a Inglaterra, o Brasil, a Alemanha e os Estados Unidos, formando-se como professor de filosofia e começando a vida teatral no La MaMa Experimental Theater. Lá, Thomas adaptou e dirigiu 19 estréias mundiais de peças dramáticas e em prosa de Samuel Beckett. No início dos anos 80, Thomas começou a trabalhar com Beckett em Paris, adaptando novas ficções do autor. Destas, as mais notórias foram “All Strange Away” e “That Time”, estreladas pelo legendário fundador do Living Theater, Julian Beck, em seu único trabalho como ator teatral fora de sua companhia.

Em meados dos anos 80, Thomas envolveu-se com o autor alemão Heiner Müller, dirigindo suas obras nos Estados Unidos e no Brasil, e começou uma duradoura parceria com o compositor americano Philip Glass.
 

Philip Glass

 

 

Philip Glass (Baltimore, 31 de janeiro de 1937), compositor americano que está entre os compositores mais influentes do final do século XX. Sua música é normalmente chamada de minimalista, (embora não aprecie esta expressão) caracterizada pela repetição de elementos musicais mínimos. Seu trabalho é influenciado pela música oriental, pelo serialismo e pelo aleatorismo.
Glass é  um compositor muito prolífico tendo produzido inúmeros trabalhos entre óperas, sinfonias, concertos, trilhas sonoras para filmes e outros trabalhos em colaboração com outros músicos. Tem dois filhos e atualmente possui residência no estado de Nova Iorque nos Estados Unidos e na província da Nova Escócia no Canadá. É defensor da causa tibetiana.

 

(Vamp na edição)

 

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O Que Eu Sou e o Que não Sou

LondresPois é! Esta cidade amanheceu soterrada por quase 30 cm de neve. Já ontem a noite o carro patinava pelas ruas como se fosse uma nave desgovernada. Para quem está em plena crise existencial, isso é a própria metáfora perfeita. 

Olha, vou tentar explicar: o blog me reduz. Por favor, não me leiam mal. Mas, sim, ele me reduz. Ao mesmo tempo, eu vivo dizendo aqui que “estou me despedindo do blog, que estou acabando com isso aqui”. 

A razão é simples. Talvez nem tanto. 

Seguinte: Eu sou um ser político. 

Não sou um ser político. 

Bem, não é bem isso. 

Este blog comemorou ontem CINCO anos de existência, contando com o do UOL.  Mas, numa recente entrevista que o Philip Glass deu a meu respeito (linda, deslumbrante, e que o Vamp irá disponibilizar aqui para vocês nos próximos dias), ele me situa dentro do mundo TEATRAL, assim como a Ellen Stewart, a minha MaMa, do La MaMa, também havia feito, a cerca de umas semanas em sua cama de hospital em Nova York. 

O BLOG 

Isto aqui  acabou virando uma tela de Pollock. Mas não lúdica. Não estamos no campo da cultura, como eu havia me proposto. Acabo me vendo no campo das “mundanices” respondendo e atacando coisas e pessoas que são, em última instância, a MENOR das minhas preocupações. 

Me vejo pequeno! 

Sim, me vejo pequeno. Não nasci blogueiro. Sou autor e diretor teatral e , desde que essa entrevista do Philip foi editada, eu tenho pensado o que fazer da vida, qualitativamente. O que fazer? 

Claro que durante esse último ano o assunto era Obama. Eu não poderia deixar de comentar com PAIXÃO aquilo que mais me movia e comovia no campo da política, cultura e comportamento mundial e Barack Obama compreendia tudo isso.  

Mas Obama agora é presidente. Pronto. Já aconteceu. Agora o Presidente Obama completa praticamente 2 semanas desde o seu ‘comando’ na Casa Branca. 

Lula, lulismo, Castro e castrismo, Brown e brownismo, Merkel e merkelismo e ficar reclamando disso e daquilo não é o meu barato.  Tem gente muito mais qualificada para fazer isso.  Entenderam? 

Estou escrevendo “HARD SHOULDER” (Acostamento), um novo espetáculo. E… não posso e não irei mais ficar blogando a favor ou contra aspectos “menores” de governos locais. Sim, é isso. Daqui de Londres eu poderia estar comentando o que o mais recente PLOT da MI5 contra os paquistaneses extremistas-islâmicos tem… Mas não vou. Poderia falar do ETERNO debate local sobre a ETERNA luta contra o a UNIÃO EUROPEIA em que Edward Heath jogou o Reino Unido… e que hoje traz para cá uma quantia desproporcional de romenos, de croatas, de búlgaros, enfim, do Leste Europeu e que ‘não estavam no contrato’ quando Heath (Primeiro Ministro nos anos 70) queria ligar a ilha ao ‘continente’ (significando França, Alemanha, Itália e olhe lá!!!!).  MAS, mais uma vez, não vou falar disso. UFA! 

Então, este artigo é um artigo de alguém em plena crise. Quando o Vamp quiser escrever sobre problemas políticos locais, tá ótimo. Vocês comentam, pulem em cima, se rebelem, mas, por favor, prestem atenção na assinatura do artigo: ele é ele e eu sou eu. 

Nem de Obama eu falo mais.  

Nem sei exatamente sobre o que escreverei até maio próximo. Sei que de política estou de saco repleto. E porquê? O motivo é simplérrimo: é só voltar para Londres para se ter uma sensação de que o tempo parou. 

Encapsulou-se o tempo. Deu-se um pulo para trás. São as mesmas reclamações conservadoras ou trabalhistas de sempre e sempre… 

Mas eu não sou um sujeito do “sempre e sempre”. 

Prefiro ser do NUNCA e nunca. Ou na linha do Risco, sem rede embaixo. Afinal é teatro, ou não? Estou mais para Lewis Carroll ou Borges do que para esses Saramagos que resmungam e resmungam. 

Tenho um dia enorme pela frente. Estou de bem com a vida: acreditem. Londres me faz bem, me “aterra” apesar de ser o lugar da Madness of King George e do avô de Mick Jagger! E no mais, obrigado a todos vocês por terem me aturado por esse tempo todo! 

Vou tentar me mover nessa cidade nevada e, debaixo do braço, alguns livros ‘basicos’: “Náusea”, “1984” (acreditem se quiser) e outros menos conhecidos como “O que fazer?”

 

Gerald Thomas

2 Fevereiro 2009, Londres

 

PS do Vamp: Sempre que entrarem no Blog teclem “F5” para atualizar a página, pois a mesma não está atualizando automaticamente.

 

 

(O Vampiro de Curitiba na edição)

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