Monthly Archives: September 2010

Por que montar Beckett? Zero Hora 22/09/10

Por que montar Beckett ? Bem, a resposta poderia simplesmente negar a pergunta em si. Mas, sim, vale a pena respondê-la, acho. Vamos por partes então.

Se olhamos a obra de Samuel Beckett como se fosse uma estrutura sólida, uma dramaturgia aristotélica, damos com os burros n’água. Por outro lado, se focarmos a peça (especialmente) Happy Days, podemos perceber que tudo é altamente simbólico. Sim, Beckett transforma um vagabundo em filósofo e, ao mesmo tempo, transforma uma idéia de Verlaine (Oh, lês beaux jours) numa clínica de lunáticos que discursam e discursam e portanto descartam Descartes. Justamente. “Se penso que existo, não devo existir. Mas se existo realmente, posso desistir de existir”. Lógico, não? Mas e o humor? E por que rimos dos jogos de palavras? Porque eles fazem nossa pele tremer com a veracidade de que a linguagem – e somente a linguagem –  é o nosso único fio condutor para justificar nossa existência aqui nesse “tempoespaço”.

Então, o que resta?

Restam nossos “disjectos”, nossos objetos, nossas “coisinhas” (que Winnie retira da bolsa enquanto pondera). Sim, nossos restos resumidos em pequenas coisinhas que acumulamos e que ficam quando nós partimos ou morremos.

Assim como em Fim de Jogo, onde o cego e paralítico Hamm (que ouve a voz da humanidade toda, como o som negro do universo), depende  (como se fosse uma dependência bíblica e química) de Clov: aquele que anda e fica de pé o tempo todo, não senta nunca e somente enxerga tons de cinza e tem um enorme medo dessa mesma humanidade que Hamm “ouve”.

Foneticamente, Hamm soa como presunto ou como canastrão. Foneticamente, Clov soa como cravo encravado nas costas de um presunto pronto para ir para o forno na época de Natal. Sim, forno. É aí que eu queria chegar.

Não existe (nem em Happy Days ou em Fim de Jogo) uma intenção de jogar a criatura humana dentro do seu erro mais brutal: o de questionar suas existências. Ao contrário, as criaturas estão todas lá. O que falta é sempre algo que viria de fora, um Godot que não aparece nunca, um vento que promete, mas nem brisa vem, um cão amigo que nunca chega para guiar seu dono cego.

Os personagens são vítimas, assim como nós, na plateia, somos vítimas do destino ou de “algo maior” que nos rege. Samuel Beckett é um autor mágico que usou 80 mil referências e, no entanto, aboliu, deletou, apagou as preposições que as uniriam. Então somos vítimas de referências que precisam de referências, e isso torna tudo um enorme exercício de metalinguagem.

Na maior parte do tempo, ela se transforma em algo que não conseguimos e não devemos explicar. É mais ou menos como a dor de cabeça. “Mas eu não sou provedor de aspirina”, diria Beckett. Metáfora não se cura com aspirinas.

Beckett, antes de mais nada,  é para ser lido com simplicidade.  Não que a obra seja “simplista”. Óbvio que não é isso. Mas há um exagero de acadêmicos e de alguns diretores que defendem suas teses ou  encenam suas peças. Eles pecam por lerem simbolismo grandioso demais, significados propositadamente escondidos em demasia. Não. No Symbols where none intended. (1)

Mas é obvio que o intelectual irá ler o simples nome de um personagem ou pesquisar uma certa região na França citada e chegar às suas próprias conclusões sobre Vocluse ou outras regiões produtoras de vinho, quando, na verdade, o autor somente fez um jogo fonético que lhe parecia apropriado naquele momento.

Por que montar Beckett então?

Porque ele reflete nossa lúcida instabilidade e vulnerabilidade como nenhum outro autor.

A obra de Beckett é, antes de mais nada, lúcida, superlúcida e nem um pouco absurda.

Ela nos revela nossas eternas repetições e rodas e redemoinhos do pensamento que vêm a ser nossas vidas. Beckett expõe, como se fossem feridas abertas, o quão ridículo, estranho e engraçadíssimo todo esse tormento pode ser.

E temos que rir.

All moans and groans from the cradle to the grave. (2 )

Beckett foi esfaqueado por um árabe em Paris em 1938 e  – no julgamento – o quase assassino  não tinha respostas: “Não sei. Não sei porque fiz isso”, dizia o réu em detrimento da própria causa.

Eu diria que todos os personagens de Beckett depõem contra si mesmos. Até mesmo Winnie, quando quase completamente soterrada num mar de lamúrias estranhissimamente engraçadas e – literalmente – a ponto de não conseguir mais respirar.

Se Not I nos mostra uma boca que fala e fala e fala e engasga somente quando se percebe parte de um organismo maior,
(Un)Happy Days mostra o que todas as peças de Beckett nos mostram: um ser em frangalhos BUSCANDO A ESPERANÇA.

Afinal, não é isso? A possível vinda de Godot não seria a solução para o dilema de Didi e Estragon?  Os pais de Hamm (Nagg e Nell, ambos morando dentro de latas de lixo) não são a própria miséria buscando esperança?

Winnie soterrada até o pescoço, em Happy Days, não é diferente. Para não ter o derradeiro ataque de nervos que a derrube (assim como derrubou Willie, seu marido), ela olha o mundo assim como todo miserável olha o mundo.

Através de uma fresta meio aberta da veneziana, vemos Beckett  em Rockaby (Cadeira de Balanço) buscando alguma coisa numa vida que já se foi: “FUCK LIFE”, dizia Billy Whitelaw. One blind up, fuck life, (3) assim como nas histórias curtas Enough ou em Imagination Dead Imagine (“Um lugar, aquele de novo, aquele não, não aquele de novo e agora então? O quê? Alguém dentro do espaço? Não, isso de novo não.”)

Beckett sugere uma vida torturada. Nada intelectual ou absurda como Martin Esslin e outros imbecis o tentam categorizar, Sam fala das coisas mais simples e sempre quase no fim do caminho.

Eu disse quase no fim do caminho:

“I’m unhappy. But not unhappy enough” (Theater 1). ( 4 )

E arranca gargalhadas do público. Mas quem mais ri dessas máximas são públicos de países que passaram por ditaduras e altíssimas repressões ou o (chamado) povão, cuja vida é árdua, árida e imensamente com imaginação. Ou então, em países do Primeiro Mundo, quem ri mais alto de I can’t go on. I’ll go on (5) são os espectadores menos privilegiados, aqueles que lutaram em guerras ou que voltaram delas e não se encaixam mais no sistema.

As cenas entre Pozzo e Lucky não poderiam ser mais ilustrativas nesse sentido. Não somos somente castigados a levar as cestas básicas que o Senhor nos deu. Hegelianamente, somos também castigados e chibatados por sermos seres pensantes, mesmo que esse pensamento venha em desordem ou desarmonia social.

Tom Bishop era um austríaco que dava aulas de Francês aqui em NY na New York University e na Alliance Francaise. Era um dos melhores amigos de Beckett e tinha um poodle com o nome do autor.

Num café, o poodle não se sentia confortável (aliás, o poodle estava super certo: nenhum cão deveria ser amarrado na cadeira enquanto os donos conversam.) E o poodle começou a latir. E latir alto !

“SHUT UP Beckett”, berrava de volta o Sr. Bishop certo dia em Paris, sentado na frente do nosso querido autor em pleno café na Place D’Italie, que ouviu  (atônito) a ordem de Bishop. E ambos, cão e autor, se calaram. Mas não por muito tempo.

Beckett gostava de anedotas. Suas peças e sua prosa nada mais são do que anedotas em vários atos e vários quartos e espaços vazios que nunca serão preenchidos porque somos, como raça humana, fadados a “falhar. Falhar de novo. Falhar melhor”. Somos nossa pior companhia. Não aguentamos a solidão. “Você está deitado de costas no escuro e a sua própria voz é a sua única companhia”. Beckett pode ser visto como um autor cruel, engraçado, existencialmente saturado e dantescamente macabro. Mas o fato é que, se perguntarmos “por que montar suas peças”, a resposta é mais que evidente: ele é a própria representação do nosso espelho quebrado, despedaçado num canto escuro qualquer dessa nossa vida estranha com seus murmúrios e grunhidos, do berço até o tumulo.

Gerald Thomas

Nova York, 10 de setembro 2010

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Beuys fez a obra mais apaixonante da atualidade. Folha de Sao Paulo (24/09/10)

Artista alemão acreditava na utopia da arte coletiva e transformadora

GERALD THOMAS
ESPECIAL PARA A FOLHA, DE LONDRES

Duchamp mudou o mundo com pouquíssimas obras e um bom manifesto.
No século 20 ainda era possível pensar que arte mudaria o mundo.
O legado de Marcel Duchamp (1887-1968) é inegável e vive até hoje. O inventor do “já inventado” (ready mades) nos conduziu para uma arte mais fria, mais analítica: a arte da demolição dos conceitos sagrados.
No caso de Joseph Beuys (1921-1986), tem-se o cúmulo da utopia: “A Universidade Livre Internacional, o Projeto Defesa da Natureza”. Se Duchamp inventou a roda de bicicleta, Beuys faz o mesmo com o vinho, cujas garrafas tinham a sigla da “Universidade Livre Internacional”.
Seus “múltiplos” tornaram-se os veículos de propaganda da “Organização pela Democracia Direta por Plebiscito”. Sim, há humor. A questão é onde procurá-lo.
Duchamp deu em Andy Warhol (1928-1987) e parou na Alemanha, onde deparou-se com um enigma: Beuys. Beuys foi também um militar, um piloto e destruidor prático, e não somente de conceitos. Pilotou aviões da Luftwaffe até que foi abatido.
Dado como morto, acabou saindo vivo da aeronave e, caído na neve, foi enrolado em banha e feltro. Sobreviveu. Claro que a sua “assinatura” no mundo acabou sendo a banha, o feltro, tudo sempre embrulhado e com o sinal da Cruz Vermelha.
“A Revolução Somos Nós” ou “Arte=Capitalismo” (com 40 múltiplos e 20 vídeos), é a maior retrospectiva de Beuys no Brasil. São 250 obras de um artista que acumulou mais de 5.000 títulos. Mas como se julga um artista que fez parte do Terceiro Reich e, décadas depois, foi aceito e aclamado pelos EUA?
Suas performances como “Eu Gosto da América e a América Gosta de Mim”, de 1974, deixam claro essa relação de amor e ódio: Alemanha x EUA. Não há como não enxergar a arte pós-Duchampiana como política/humorística. A arte de Beuys é tão política quanto a de Warhol.
Beuys é direto. Warhol mais sutil. Beuys é um filósofo, pintor, escultor, antropósofo, um estudioso da história. Warhol, não. Beuys acreditava na transformação social como “A” grande obra humana, necessariamente coletiva e essencialmente plástica. Warhol, americano, era menos dogmático e disse que “todos têm direito a 15 minutos de fama”.

CARTAZES
Convenhamos: quem foi piloto da Luftwaffe tem que se reinventar, ou reinvent-arte. Dominador da palavra concreta, (inseparável da obra de Beuys), os cartazes condensam e multiplicam a visibilidade de toda sua criação. Aqui, nessa exposição, vemos seu “arsenal de propaganda”. A complexidade de Beuys se resume em cartazes como “Conclamação à Alternativa”, “Beuys Luta Boxe pela Democracia Direta”.
Ou pela capa da revista Spiegel: ” Joseph Beuys: O Maior de Todos” com sua cara estampada em letras enormes. O artista fica ele mesmo exposto ao ridículo.
“Interessa-me a distribuição de veículos físicos, porque me interessa difundir ideias que contêm a radical mudança política”. Está aí um artista alemão, no melhor e pior dos sentidos.
Não existe na história recente alguém cuja obra é tão apaixonante: pode-se ficar lá dentro dela tendo pesadelos ou sonhos lindos.
Um dia, a arte e a política se juntarão. Aliás, já se juntaram. A retórica quase circense dos chefes de Estado e a nossa descrença perante eles, finalmente, deram na “Equação Beuys”.
Será que todos nós teremos que pilotar aviões, ser abatidos e cobertos por toucinho? O futuro não dirá!


GERALD THOMAS é diretor e autor teatral.

JOSEPH BEUYS – A REVOLUÇÃO SOMOS NÓS

ONDE Galpão Sesc Pompeia (r. Clélia, 93, tel. 0/xx/11/ 3871-7700)
QUANDO de ter. a sáb., das 10h às 21h.; dom., das 10h às 20h; até 28/11
QUANTO entrada franca

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Kafka. Purely and simply Kafka

kafka

During his lifetime, Franz Kafka burned an estimated 90 percent of his work. After his death at age 41, a letter was discovered in his desk in Prague, addressed to his friend Max Brod. “Dearest Max,” it began. “My last request: Everything I leave behind me . . . in the way of diaries, manuscripts, letters (my own and others’), sketches and so on, to be burned unread.” Of course he left that for Brod to do, knowing full well that it would never happen. Or else, why not burn it himself? Clever tricks over trucks that only masters are capable of.

Franz Kafka

Less than two months later, Brod, disregarding Kafka’s request, signed an agreement to prepare a posthumous edition of Kafka’s unpublished novels. “The Trial” came out in 1925, followed by “The Castle” (1926) and “Amerika” (1927). In 1939, carrying a suitcase stuffed with Kafka’s papers, Brod set out for Palestine on the last train to leave Prague, five minutes before the Nazis closed the Czech border. Thanks largely to Brod’s efforts, Kafka’s slim, enigmatic corpus was gradually recognized as one of the great monuments of 20th-century literature. Nobody like him. No literature like his.

In fact, Metamorphosis was the very first book to have transcended from the human form into the least desirable living creature: A BUG, Gregor Samsa, and all that on PAGE ONE. Others kept on trying but never quite reached a term that would become known as ‘kafkaesque”. Brecht and Beckett did. Something is “brechtian” or “beckettian”. But the way we all relate to Kafka is through his majestic way of describing our lost battle against the bestial machine of government and bureaucracy and the STATE in general.

Gerald

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Larry King leaves CNN after 25 of nightly shows. (Folha de Sao Paulo)

Sem Larry King, ficaremos todos órfãos

Apresentador marco da televisão americana anuncia aposentadoria já com ar cansado e com baixo ibope


NÃO ME PARECEU JAMAIS QUE LARRY KING QUISESSE ENTRAR PARA A HISTÓRIA COMO INTELECTUAL […] SUSPENSÓRIOS. ESSES SIM, TÊM ENORME EGO E CRIARAM ESTILO


GERALD THOMAS
ESPECIAL PARA A FOLHA, DE LONDRES

“Antes de começar o programa de hoje, quero dividir com vocês uma notícia pessoal. Há 25 anos, eu sentava nessa mesa entrevistando o governador de Nova York, Mario Cuomo, e essa seria a primeira edição de “Larry King Live”. Agora, décadas depois, conversei com a CNN e disse que gostaria de dar um fim ao programa diário e noturno. Eles graciosamente aceitaram minha proposta e vou poder me dedicar à minha esposa e estar presente na “little league” de beisebol dos meus filhos.”
Foi com essas palavras que o rei dos reis começou a despedida do cult e culto “Larry King Live”.
Começando num pequeno estúdio de vidro da CNN no World Trade Center, o sr. Larry, 77, hoje me parece cansado e com baixíssimo ibope. Larry King para mim era como uma voz paterna.
Noite após noite, podia contar com sua presença, com suas obsessões (celebridades, crimes, sátiras e “o” poder) e ficava sabendo sobre o que acontecera no mundo através de sua introdução.
Sim, King nos levava aos advogados diretamente envolvidos com o caso de O. J. Simpson, ou até a mansão de um Marlon Brando inflado, que o beijou na boca, depois de cantarem juntos e emocionarem meio mundo ao quebrarem todas as regras daquilo que um programa de entrevistas deveria ser.
King é um curioso. Nem todos os televisivos o são. Também é justo e nos dava horas de críticos e analistas como Bob Woodward ou Michael Moore. Ou os primeiros-ministros estrangeiros e “presidentes ocultos” em buracos no Iraque. Todo mundo se confessava diante dele.
Ao contrario de David Letterman ou Jay Leno, King tem escuta. Seu interesse pelo mundo é incansável. E agora? Vai acabar? E vamos ter de aguentar Piers Morgan? O inglês chatíssimo do “America’s Got Talent”? Como vou viver? Talvez deva me casar com Ozzie Osbourne e dar adeus à sanidade mental.
Não me pareceu jamais que Larry King quisesse entrar para a história como intelectual ou cunhador de pensamentos profundos. E está aí a beleza da sua (aparente) falta de ego. Suspensórios.
Esses sim, têm enorme ego e orgulho e criaram um estilo.
Judeuzão do Brooklyn, NY, King começou a vida como radialista em Miami e levou um “pontapé” para a frente quando Sinatra apareceu por ali há mais de 50 anos. E foi no “Larry King Live”, na CNN, que vimos Sinatra pela última vez.
Muitas vezes, o público gruda na TV porque King entra em detalhes do “tecido americano”, ou seja, da Constituição, dos “pais fundadores” da América, quando entrevista juízes da Suprema Corte ou um evento como o massacre de Columbine merece noites de atenção.
King também dá voz a Moore e a outros críticos da sociedade americana. Na TV do “mundo”, ninguém é justo, poucos têm escrúpulos e a maioria é fabricada por agências da Madison Avenue.
O que distingue King dos outros (com a exceção de Letterman), é que Jerry Seinfeld se despedindo (também em seu programa) ou Jerry Lewis carrancudo (tentando explicar que inventou a comédia -esquecendo-se de Chaplin, Keaton, Jacques Tati e tantos outros) merecem o que foi chamado de “King’s shoulder”, ou seja, “ombro do rei”.
Depois de um longo discurso a respeito da genialidade do convidado (feita por ele mesmo), King não olha mais para o entrevistado, chama o intervalo comercial e volta com perguntas do público, geralmente agressivas. Irreverente, simpático, antipático, envolvido, rasteiro, grosso e ingênuo, gênio e dono de um “timing” invejável, Larry King se despede do mundo com a pior desculpa: “Preciso de mais tempo com minha família” (depois de sete casamentos). Sem bandas tocando, sem adereço além da mesa e de umas cadeiras, ficaremos todos órfãos.
Eu? Ficarei órfão mais uma vez. Já perdi toda a minha família e agora vou perder o representante e o embaixador da figura paterna.

GERALD THOMAS é diretor e autor teatral.

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