Monthly Archives: December 2023

OS 10 melhores espetáculos do ano, segundo O Estado de São Paulo (Dirceu Alves Jr.)

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December 31, 2023 · 7:05 pm

70 Primaveras para GT

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“TRAIDOR”, the only play to receive two mentions on the same night … and there was also “G.A.L.A.”

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Mais DESTAQUES e nomeações pra TRAIDOR e “G.A.L.A.”

Sei que vou me tornar redundante aos poucos mas….não tenho como não registrar. “TRAIDOR” e “G.A.L.A.” @fabigugli escolhidos – nessa ordem pelo Gustavo Zeitel @gustavozeitel da Folha, Celso Cury @guiaoff (maravilhoso vanguardista que SABE o que é lutar pela ARTE ! – aliás, como ninguém ! Insisto: Em teatro não se faz nada sozinho. É lindo como o termo “parceria” ou (em inglês: “collaboration”) se aplica a essa arte esplendida chamada teatro que – pra mim, é a arte das ARTES. Graças a Zeus, fui formando uma aquipe de pessoas fantásticas com o passar dos anos. Estão marcadas aqui algumas delas. Óbvio que existem algumas maçãs podres no meio delas também. Onde não há, não é? Mas….. é final de ano e o teatro do absurdo mais absurdo acontece amanhã e depois: Papai Noel desce de chaminé etc etc. Talvez esse seja o teatro mais absurdo de todos e o Boal nem levou o crédito. Beijo em todos. Bom fim de ano pra todos!
Obrigado @sescvilamariana @sescbelenzinho @platoproducoes @doralicelion @samuelkavalerski @wagnerpintowp @f.pa7 e toda a turma que faz parte integral do meu trabalho. Mais tarde dou a ficha técnica de todos. #fabigugli #geraldthomas1 #gala #traidor #teatro🎭 #premio

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Folha e as melhores de 2023 d “TRAIDOR”

“TRAIDOR” está entre as melhores peças de 2023, segundo a Folha @folhailustrada e ontem a Fabiana Gugli @fabigugli foi indicada a melhor atriz (APCA) por “G.A.L.A.” .

Obrigado a todos. “My heart is below my belt right now” (autor desconhecido) quando recebeu o Nobel de literatura (não, não foi o Beckett e nem o Dylan)

#melhoresdoano#traidor#direcao#autoria#autor#geraldthomas#peçateatral#teatro#drama#folhadesaopaulo @sescvilamariana @sescsp

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É assim que prefiro me lembrar de Marco Nanini

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FABIANA GUGLI indicada para MELHOR ATRIZ – PELA APCA (nominated for BEST ACTRESS by the Theater Critics Association of São Paulo) for “G.A.L.A.” – 2023

FABIANA GUGLI @fabigugli indicada a MELHOR ATRIZ para o prêmio APCA por “G.A.L.A.”, (dois anos consecutivos, ano passado foi por F.E.T.O.) de Gerald Thomas, produção Dora Leão @platoproducoes LUZ @wagnerpintowp som alemartins assistência @samuelkavalerski @doralicelion Figurino João Pimenta @joao_pimenta no SESC Belenzinho @sescbelenzinho. Nada como terminar o ano (triste, horrendo, exilado) com uma noticia BOA, refrescante. #melhoratriz #atriz #teatrobrasileiro #sescsp #criacaonacional #geraldthomas #geraldthomas1 #arte #inovacao #parceria #atrizextraordinaria

G.A.L.A. ASTONISHING PHOTOS SETTON

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“HUNTING SEASON” (escrevi com 18 anos) mas é mais pertinente do que nunca.

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SAMUEL, SERGIO AND VICTOR e APOLLO

SAMUEL KAVALERSKi

Quando fui chamado pra trabalhar com @geraldthomas1, fui pesquisar. Entre muitos vídeos de desbunde estético, esbarrei num vídeo singelo em que a Fernanda Montenegro conta de um dia em que Gerald passou a madrugada com ela num hospital da Alemanha. Ela, com o pé quebrado, conheceu naquela noite o que chamou de uma lado humano, amável e generoso por trás do monstro que todo mundo temia. Um lado que, segundo ela, pouca gente conhece.
Além da grande honra e do enorme aprendizado que foi estar ao lado dele como assistente na montagem de Traidor, eu tive a SORTE de conhecer esse lado, esse Gerald. Ele sempre me observou com sensibilidade e foi de uma generosidade sem tamanho comigo.
Nunca convivi com alguém tão paradoxal. Nesse processo de muitas palavras, essa é uma que sintetiza (e dessintetiza) Gerald: PARADOXO. Paradoxo TOTAL. Paradoxo caminhante, falante, gestante. Paradoxo tomador de cafés e tocador de baixos e tambores. Paradoxo estético. Paradoxo comportamental. Paradoxo ético. Paradóxicoléxico!
Eu, muitas vezes, tentando ser eficiente na minha função me perguntei: Meu Deus! Como colocar em ordem o absoluto INORDENAVEL?! Qualquer aula de Gestão de Projetos Complexos ficou no chinelo!
Esses dias conversei com ele sobre o Contardo Caligaris, seu amigo íntimo. Contardo me contou pelo YouTube que a gente só é diante do outro. Eu, sempre insatisfeito com a banalidade da vida, tive a gradessíssima oportunidade de me ver diante desse PARADOXAL outro.
LOVE YOU GT.
Você me fez amar melhor a mim mesmo. Isso se chama confiança.

SERGIO MARIA


@espetaculotraidor
 !!!!!
Realmente , grande espetáculo- concebido ; idealizado , elaborado da genialidade artística de @geraldthomas1 .
Única pergunta que não quer calar : Onde está o Gerald Thomas … porquê esteve sempre presente à todos os seus espetáculos constantemente e foi cerceado do direito de poder acompanhar sua última cria ???
Onde estará hoje na última apresentação de tamanha Obra ???
Onde está , senão junto a sua companhia que escolheu, montou e deu a eles e a todos nós, mais um brilhante e epifanico espetáculo ?
Longe … fico Indignado com o que fizeram , motim repleto de canalhas , que ao invés de se posicionarem como Homens … preferem escolher um culpado e colher os frutos solitariamente… como Ratos 🐀 que são! É na hora da tempestade que se descobre quem são os marinheiros e quem são os ratos.

VICTOR BERNARDELLI

Queria encerrar esse domingo, mais um entre tantos, apesar de ser um domingo véspera de natal, para deixar o meu mais puro carinho, afeto, paixão por esse ser absurdamente distinto. Quero dizer que é onde existe as maiores adversidades, que Gerald mostra sua força e ressurge como fênix. Podem fazer o que quiser, podem falar o que quiserem, a mídia e grupos mal intencionados, mas Gerald sempre encontrou e encontrará um jeito de renascer e fazer com que cada dia seja mais precioso. É justamente nas injustiças, nas dificuldades e questionamentos que esse querido dramaturgo consegue extrair as melhores ideias, consegue dissertar os melhores sonhos e assim fazer arte da mais excelente qualidade.

Calhordas ! Jamais chegarão a grandeza e honestidade do senhor Thomas, porque como artista, ele tem algo que falta muito nos pseudo artistas de hoje, emoções a flor da pele para viver e compartilhar. Te adoro, te desejo sempre renascimento, te desejo sempre boas ideias e saiba que você foi a minha melhor descoberta esse ano, poder partilhar com você tantas coisas advindas dos meus estados emocionais é um privilégio. Não sou muita coisa, não sou quase nada, mas posso oferecer minha compreensão, compaixão, amor, respeito e empatia. Adoração não, acredito que você não queira isso. Gerald tem muitos admiradores, o que de fato ele precisa nesse momento, é de pessoas que venham de forma simples e que acolha o que ele tem a ofertar.

Brasil não compreende a sua forma grandiosa, a grandeza que tens a criar a cada minuto, mas um dia talvez irá , se não, basta os que gostam de você compreender. Um dia quero falar essas olhando bem a fundo, tirando toda a timidez, tirando toda a ansiedade , na calma, apreciando cada minuto do privilégio de poder trocar saberes com você. Conta comigo hoje e sempre, perto ou distante. O que é a distância entre João pessoa e New Paltz, quando os afetos podem ir o mais longe possível? Renasça sempre cada vez mais. @geraldthomas1

APOLLO FARIA

APOLLO FARIA

Hoje encerramos a temporada do espetáculo “TRAIDOR”.
Fui convidado pelo @geraldthomas1 p o elenco e encarei muitos momentos de aprendizado, muitos obstáculos, desafios que nos exigia a sermos artistas fora do nossa vaidadezinha cômoda de fazer tudo oq já sabe. Lberdade/criatividade artística como cerne.
E o resultado, depois dessas cores, sabores e muita fumaça em fundo escuro, foi surpreendente.
Gerald pariu o texto – a base dessa viagem ao mundo em 60min. A estética, a direção. O peso da identidade artística do espetáculo vem da digiral “Thominiana” .
TRAIDOR é um calabouço da cabeça de um ator ( em cena Marco Nanini) que na verdade funde-se e revela muito da cabeça do próprio Gerald, assim como um filho revela o DNA do pai.
Tenho q agradecer q façamos ainda hoje um teatro tão profissional, com tanta complexidade, intelectualidade e humor dramático, nesse país do “grupo de teatro faço tudo o que posso- assim é que dá- paciência”.
Te agradeço, Gerald, por ser um pouco dessa tinta que fez surgir por densas pinceladas essa obra de arte, que dá continuidade á sua prole.
Pra artistas como eu, um grande período da nossa vida é buscando ou cavando ( eu cavo à unha) cada oportunidade Vc abre as portas, cria universos para artistas nos quais vc acredita q possam transitar, mesmo quando há forças contrárias. como viloes internos .
Que bom que chegamos ao final de uma temporada de sucesso.
Que venham mais projetos.
Cabeças geniais, com elenco talentoso, com a cenografia sempre brilhante do @f.pa7 , com a luz estonteante do @wagnerpintowp , a makeup intensa de @leilaturgante , as fotos reveladoras de @carloscabera_ , e a iluminada assistência de direção do @samuelkavalerski q deu respirações ao elenco como numa traqueostomia de urgência. E tantos outros..
Viva o teatro ideal – irreal, porém à um palmo do nariz – nos desafiando a alcança-lo com nossos egos inflados, nossas vaidades ardentes, e nossos pensamentos traidores, mas que atravessando como a uma corda bamba, alcançamos o lado de lá, onde há um porto que nos faz seguros. Uma segurança feita de arte, união, amizade, perfeição e obstinação.
Love G. e quipe.


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“TRAIDOR” por Marcio Okayama (brilhante)

Estou sob fortissimo impacto desse comentário / postagem / critica / resenha feita por alguém que aprendi a admirar, amar (quase endeusar)há duas, três semanas: Marcio Okayama, um MEGA MEGA músico. Olha só que lindo o que ele escreveu sobre TRAIDOR:

Escreve o Marcio:


@marciookayama : “A arte é onde encontramos o ponto de fuga, a expressão que dá sentido ao existir..o caos nosso de cada dia….
Dentre as bênçãos que a providência nos apresenta, estou tendo uma interação maravilhosa com um dos maiores ícones e embaixadores desta interface entre os céus do sonhar e existir terreno.. Mr. @geraldthomas1
Fui abençoado com a oportunidade de assistir um dos últimos dias de sua mais recente obra
O Traidor …
No meio deste intregno que passamos tanto coletivo quanto no foro íntimo, em relação a crise nas infinitas terras( lembram fãs da DC?)
Om Co Tô? Quem Co Sô? Prom Co Vô?… O Ethos de empurrar com a barriga ou surtar na pós pós pós modernidade…
Minhas preces aos deuses da microfonia, das cores, das luzes, das sombras…ao Hendrix, ao Buda…áo Miles…a São Francisco…ao Ultraman…encontraram resposta no sempre sagrado ato das artes cênicas…
Pete Townshend ( meu santo Padroeiro) sempre falou que o artista tem de ser espelho da plateia…
Assim foi hj..me senti acolhido, aliviado, provocado e principalmente com senso se pertencemento graças a magia do nosso mago Gerald, canalizada pelo nosso maior lorde da arte , Mr Marco Nanini . Como minha tia Yassu Frossati sempre falou, um grande filme ou peça, é aquele que nos faz voltar pra casa com a sensação de trazer algo físico
Para mim hoje posso afirmar que minha casa existiu naqueles 50 minutos no Sesc Vila Mariana…

Te peço a benção maestro Gerald!

Marcio Okayama

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Declarações de Nanini sobre Gerald e vice versa no SP-TV de Thiago Crespo

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from “HUNTING SEASON” (quando o teu passado te bate na cara e te dá uma rasteira….) Tradução do meu Temporada de Caça (escrito quando eu era muito muito jovem.

HUNTING SEASON pag 60 no livro Circo de Rins e Figados publicado pelas Edições SESC em 2019. (Hunting Season…eu escrevi aos 18 ou 19 anos, ainda em Londres)

TEMPORADA DE CAÇA

(escrevi aos 18 anos)

@Gerald Thomas

Que limitado parece aos que recém chegaram!

Que tipo transmite o tipo que canta, que faz tratados do tipo que atende àqueles que balançam ao contralto. Que autor sou eu, doravante, para sujar e sentir a montante sua sina sobre ele. Do tipo que canta, tenho certeza, ou que apenas distingue

“ruidosos” os colegas estritamente atados ao grito e ao piso e lá para sempre.

Para sempre!
O que é isto que domino que eleva essa profissão à SEM PROFUNDIDADE, ao MUITO PROFUNDO, AO LONGE e que os impede de ver que é o ATUAR, enfim, que (pausa) me lembra tão profundamente
Constritivo repentino nesta idade à qual parece que cheguei.

Ó, Senhor!
Oh, Senhor, quão grande TANTOSOU tão perspectivamente cena alguma há de duvidar minha mestria nos disfarces! SIM!
É contemporâneo, assim afirma, portanto
o que faço eu?

Grotesco, Meu Senhor, Grotesco!
Ao chão e lá para sempre ajoelhei-me diante de Ti, observei em profundo desconforto as orders do romance. Implorei por tempo para libertar-me enquanto representavam; gemi ao obedecerem a última chamada ao palco, duas horas, então a queda, no que já fora minha melhor peça.

Aquela que concebi incrivelmente quando palavras progrediam e eu não e o tempo encontrou a mim e mim não conseguia, Tarzan e Jane já satisfizeram a todos quando depois falaram então mim, que aquela dor surgiu em meu nome e esmagado senti as linhas que haviam cedido, Pelos Céus não, não mais cedem.

Todavia, uma tempestade se ergueu para sempre chão
e corou o Tarzan fora de mim, disto, nós todos que vimos transformados em minhas palavras pensamentos gigantes, de onde fiz parte,

Por favor! palavras de truques, sem artifícios, não,
pelos céus, prove que portões dizem respeito a Senhores que ganham e não ganham este autor quando ele chega aos bastidores.

Entenda e não me culpe se a trama que
alguns esqueceram a mim foi atribuída, embora
por estranho que pareça, àqueles que não
conseguiram estavam no estrangeiro em batalha alvejados e embora dezenas batalhem firme com a verdade que possamos considerar tão profunda, Ó, Tu, Senhor,

O campo de batalha, “QUE NOJO” eles hão de
gritar, pelo vidro no qual sem ele,
definia, ou não definia, as beiradas magras do
romance.

De uma vez o alívio escapou-se do ato que
concebeu o que aconchega, tal como eu não, daqui que então procedeu a finalizar um feito e criticar meu modo de jogar areia e
ARRANHAR  A SUPERFÍCIE DE SUA BATALHA.

Sincero, Teu Senhor, sincero!
Tenho que confessar disfarces como mistérios
surgiram quando seus planos confiados eu havia previsto de fato!

“UM TRATADO”, proclamaram eles!
“SÓ PALAVRAS”, sustentei por uma imagem

eles acreditam em mim correto.

“UM TRATADO”, proclamaram eles!
“SÓ PALAVRAS”, sustentei por uma imagem

eles acreditam em mim correto.
“SÓ PALAVRAS”, ressaltei de novo, por algum tempo,

Mas muito em vão… Assim, tratados se tornaram
e minha voz, em total vergonha distanciada de mim
e de onde eu estava, um humor talvez pequeno,
irrastreável, uma bola que rola sem rumo daqui
para lá, para tentar de novo, desta vez com ironia.

Ó, tal é o que se afirma! Assim em vão,
os tempos que tive quando Alonso veio com afagos
de carinho, embora tão pequenos, tão grandes para aquele grande salão, e a altitude agora parece apenas uma arremetida
de onde devem estar os conceitos que agora
regem minhas peças e virão ao palco, um exército
ocupa este local, sem movimentos, em ira por ser,
mas lenta uma cena no centro do palco corrói o
torcer de seu tempo.

Que limitado parece este cerco aos que recém chegaram… que ESTRANHO seria viver fora do chão enquanto mutilações de todo tipo parecem rarefazer o ar lá fora…

Ó, tal é o que se afirma!

______________

A PARTE QUE CABE A TRAIDOR (parece sob medida)

Grotesco, Meu Senhor, Grotesco!
Ao chão e lá para sempre ajoelhei-me diante de Ti, observei em profundo desconforto as orders do romance. Implorei por tempo para libertar-me enquanto representavam; gemi ao obedecerem a última chamada ao palco, duas horas, então a queda, no que já fora minha melhor peça.

Aquela que concebi incrivelmente quando palavras progrediam e eu não e o tempo encontrou a mim e mim não conseguia, Tarzan e Jane já satisfizeram a todos quando depois falaram então mim, que aquela dor surgiu em meu nome e esmagado senti as frases que haviam (com)cedido, Pelos Céus não, não mais (com)cedo.

Todavia, uma tempestade se ergueu para sempre chão
e corou o Tarzan fora de mim, disto,
nós todos que vimos transformados em minhas palavras pensamentos gigantes, giKants de onde fiz parte,
 por favor! palavras de truques, sem artifícios, não, pelos céus, prove que portões dizem respeito a Senhores que ganham e não ganham este autor quando
ele chega aos bastidores.

Entenda e não me culpe se a trama que
alguns esqueceram a mim foi atribuída, embora
por estranho que pareça, àqueles que não
conseguiram estavam no estrangeiro em batalha alvejados e embora dezenas batalhem firme com a verdade que possamos considerar tão profunda, Ó, Tu, Senhor,
o campo de batalha, “QUE NOJO” eles hão de
gritar, pelo vidro no qual sem ele,
definia, ou não definia, as beiradas magras do
romance.

De uma vez o alívio escapou-se do ato que
concebeu o que aconchega, tal como eu não, daqui que então procedeu a finalizar um feito e
criticar meu modo de jogar areia e
RASPAR A SUPERFÍCIE DE SUA CONTENDA.

Sincero, Teu Senhor, sincero!
Tenho que confessar disfarces como mistérios
surgiram quando seus planos confiados eu havia previsto de fato!

“UM TRATADO”, proclamaram eles!
“SÓ PALAVRAS”, sustentei por uma imagem

eles acreditam em mim correto.

“UM TRATADO”, proclamaram eles!
“SÓ PALAVRAS”, sustentei por uma imagem

eles acreditam em mim correto.
“SÓ PALAVRAS”, ressaltei de novo, por algum tempo,

mas muito em vão… Assim, tratados se tornaram
e minha voz, em total vergonha distanciada de mim
e de onde eu estava, um humor talvez pequeno,
irrastreável, uma bola que rola sem rumo daqui
para lá, para tentar de novo, desta vez com ironia.
Ó, tal é o que se afirma! Assim em vão,
os tempos que tive quando Alonso veio com afagos
de carinho, embora tão pequenos, tão grandes para aquele grande salão, e a altitude agora parece apenas uma arremetida
de onde devem estar os conceitos que agora
regem minhas peças e virão ao palco, um exército
ocupa este local, sem movimentos, em ira por ser,
mas lenta uma cena no centro do palco corrói o
torcer de seu tempo.

Que limitado parece este cerco aos que recém chegaram… que ESTRANHO seria viver fora do chão enquanto mutilações de todo tipo parecem rarefazer o ar lá fora…

Ó, tal é o que se afirma!

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RODRIGO FONSECA ESCREVE SOBRE “TRAIDOR”

CINEMATEATRO

Com ‘Traidor’, Gerald Thomas se sganzerla e nos oxigena

DEIXE UM COMENTÁRIOEM COM ‘TRAIDOR’, GERALD THOMAS SE SGANZERLA E NOS OXIGENA

RODRIGO FONSECA
Nos tempos em que era colunista do Caderno B do Jornal do Brasil, de 2001 a 2003, Gerald Thomas foi assistir a “Storytelling” (“Histórias Proibidas”), dramédia pontuada a cinismo que rendeu uma indicação ao Prix Certain Regard de Cannes a Todd Solondz, um dos pilares das narrativas indies dos anos 1990. Solondz dizia: “Gosto da ideia das diferentes possibilidades que estrelas podem oferecer a um personagem. Abre todo o tipo de análises combinatórias que não existem no dia a dia, uma vez que, na vida real, só temos uma vida para viver”. Sua reflexão é análoga ao que Marco Nanini brada na peça “Traidor”, em cartaz em SP, no Sesc Vila Mariana, fazendo-se de marionete de si. O que Gerald (em ebulição) arranca do astro (e de um ente por ele encarnado) é uma espécie de palíndromo de si mesmo. É uma persona que, de trás pra frente, de frente pra trás, opera como um espelho distorcido das convicções que outrora teve. Fala em “primavera”, mas esse sujeito cênico se encontra no outono de suas próprias crenças, um outono crepuscular. Vale lembrar de Solondz outra vez, pois de seus filmes mais significativos, com tramas que se olham e se repelem, chama-se “Palindromes” (indicado ao Leão de Ouro de 2004).
Solondz explodiu com “Bem-vindo à Casa de Bonecas” (1995) e “Felicidade” (1998) quando Gerald já era “O” Gerald, tendo defenestrado a moral das artes cênicas em nosso país à força de “Carmem com Filtro” e “Eletra Com Creta”, lançados em 1986. Porém, com a humildade dos gigantes, Gerald via em Solondz um norte. Via nele a estrada dos tijolos amarelos para um País de Oz similar àquele em que os movimentos cinemanovistas – da Nouvelle Vague de Truffaut, Agnès Varda e Godard, até a Nova Hollywood, de Scorsese – deram à arte. A estrada da inquietude. Uma inquietação nietzschiana, conjugada ao aforismo do bigodudo germânico segundo o qual: “Temos a arte para não morrer de verdades”. Talvez por isso, “Traidor” seja um ensaio sobre a mentira.
Numa cenografia distópica de Fernando Passetti, reativa a uma concepção visual do próprio Gerald (qual um Grito de Munch), o espetáculo mais nutritivo da atual temporada dos palcos nacionais, vitaminado a ironia (e a Nanini), discute qual é o sentido de “traição” nos tempos de fake news. Nos tempos de delações premiadas. São tempos em que todo o saber depende de tutoriais de YouTube. São tempos de “chucrute no bumbum” (como de diz na peça), ou seja, de alívios passageiros, sem êxtase, sem a epifania da transcendência. Não por acaso, numa Tebas de Édipos sem olhos, de Jocastas sem filhos, o texto gargarejado por um ator sem papéis, mas na plena consciência de si, evoca a KGB, a Guerra Fria. Evoca perigos reais e imediatos que, um dia, foram concretos, presenciais, ditongos, tritongos e pronominais. O perigo de hoje deixou de ser sinestésico (não tem volume, nem largura, nem altura) e passou a ser virtual.
“Traidor” assume como personagem um ator chamado Nanini que, um dia, em 2005, fez uma peça seminal chamada “O Circo de Rins e Fígados” (talvez um dos últimos monumentos da nossa dramaturgia), sobre a busca a um homem chamado João Paradeiro. Cerca de 18 anos após aquela experiência libertadora, sobraram àquele rapsodo apenas dúvidas e a percepção de que o Mal, no século (o atual), seja o coletivo das redes sociais que nos cancela e destila ódio em teclas (ou touch screen). Ela fala da Amazon e inventa(-lhe) corruptelas geográficas, como a Pernambook e a Maranhon. São especulações catastrofistas. Cita-se Nietzsche – o Frederico de “O Nascimento da Tragédia” – para justificar o alarmismo de Nanini. Nietzsche deu a dica ao dizer: “O idealista é incorrigível: se é expulso do seu céu, faz um ideal do seu inferno”. Logo, o Nanini da peça é um ativista platônico, um Fedro que come linguiças no banquete com as ideias… ideias sem congruência, sem vértice. Não por acaso, ele admite: “Sou viciado em drogas. Sou viciado em chorar. Sou viciado em perder. Sofro de Brasil”.

Se o Brasil sofrido por “O Circo de Rins e Fígados” era tropicalista, com Nanini a brincar de Zé Trindade, o Brasil de “Traidor” é “Terra em Transe”. No maior filme já feito neste país, premiado com a Láurea da Crítica de Cannes em 1967, Jardel Filho se estatelava ao dizer: “Mas o que vai ser dos jornalistas? O que vai ser dos intelectuais? O que vai ser de mim?”. O Nanini esmerilhado por Gerald se sganzerla, qual um Bandido da Luz Vermelha, cobrando a inexistência de aristas de estetoscópio, e diz: “Apesar do tempo parecer do contra, chega de traidores”. Aquela basta, um tanto saturado, é o berro de um Gerald cansado da mesmice, mas, nunca, nunquinha, de guerra. Sua força como dramaturgo e encenador é inesgotável, como se percebe numa peça que se finge de analgésico (pelas gargalhadas que arranca), mas, revela-se uma vacina contra as alienações nossas de cada dia, contra um pathos sem ethos, para evitar a fadiga. Gerald evoca um deus, Carlos Drummond de Andrade, o itabirano que dizia: “Meu nome é tumulto e escreve-se na pedra”. Com “Traidor”, Gerald tumultua a inércia criativa desta pátria e se escreve, uma vez mais, na rocha glauberiana da excelência.

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‘TRAIDOR’ – TEXTO ORIGINAL @Copyright Gerald Thomas NYC 2023

FOTOS: CARLOS CABERA

TRAIDOR valendo NOVEMBER 16, 2023

@Gerald Thomas para Marco Nanini 2023

ABERTURA   Maestro + Lanternas + Boneco…………………………………………………………………………… 1

NANINI

As caixas contêm documentos importantíssimos e coisas estranhérrimas. Um brasileiro que viveu na clandestinidade em Nova York durante quase sua vida inteira conseguiu os papéis definitivos de que o governo americano estava por trás do Golpe de 64. Mas vieram também multas de trânsito. Muitas multas de trânsito, somando algo em torno de seis mil dólares ! E uma proposta bizarra: esse brasileiro queria usar o meu apartamento para reconstruir aqui a maquete de Brasília, para saber o que tinha dado errado! Ora bolas, que absurdo! Deixa eu ver: documentos supersecretos, essa loucura de reconstruir aqui uma maquete do plano piloto, multas… Ah, sim… e rolos e mais rolos de papel higiênico!

Agora os invasores são virtuais. Eu ainda sou real. Daqui a pouco entram aqui as tropas do Instagram e do Facebook e do Tik Tok e do Kway. Sim, eu sei… pode parecer ridículo mas estão ACABANDO COMIGO…. Especialmente a…Amazon….Imaginem…. Daqui a pouco vem a Pernambüc e a Maranhön ARRASAR ESSE CAMPO DA INTERPRETAÇAO E AI FUDEU TUDO.

Tudo bem, Nietzsche não tem nada a ver com isso. Mas EU tenho. Ou melhor, tem sim. (chora) Nietzsche TEM TUDO A VER COM ISSO.

NANINI chorando, aos berros

NÃO AGUENTO MAIS. NÃO AGUENTO MAIS. EU NÃO AGUENTO MAIS.

NÃO AGUENTO MAIS. NÃO AGUENTO MAIS. EU NÃO AGUENTO MAIS.

VOZ FABI

NÃO, MAIS FALSO, MAIS FALSO. ESTA REALISTA DEMAIS.

NANINI chorando, aos berros

NÃO AGUENTO MAIS. NÃO AGUENTO MAIS. EU NÃO AGUENTO MAIS.

VOZ FABI

MAIS FALSO. ESTÁ REALISTA DEMAIS. NÃO, VOCÊ AINDA ESTÁ ME CONVENCENDO. MAIS FALSO!

NANINI

NÃO AGUENTO MAIS. CHEGA!!!! PARA COM ISSO!

NANINI

“A GENTE SE EMOCIONA SIM”

“A GENTE SE EMOCIONA SIM”

“A GENTE SE EMOCIONA SIM”

“A GENTE SE EMOCIONA SIM”

TENHO SIM A MINHA INTERPRETAÇAO, a minha própria visão, a minha própria versão…..o meu próprio canto  SOBRE O NASCIMENTO DA TRAGEDIA” COMO ? O QUE? O NASCIMENTO DA TRAGEDIA” SIM.

“A GENTE SE EMOCIONA SIM” “A GENTE SE EMOCIONA SIM” O NASCIMENTO DA TRAGÉDIA” DE NIETZSCHE. NIETZSCHE ! QUEM ? NÃO SABE? NÃO LEU? NÃO DEU? AH OK. TENTOOUTRO.

FABI

Olha pra ele

Nanini

Não consigo

FABI

Vamos, olha

Nanini

Não quero

FABI

OLHA AGORA !!! Já!

Nanini

Não posso

FABI

Você PRECISA olhar

Nanini

Eu tentei….

FABI

E ? E então?

Nanini

Eu admito

FABI

Ele admite, isso já é alguma coisa.

NANINI

Eu admito que não consigo. Esse boneco é muito fake. Deus me livre.

Nunca sei ao certo pra quem estou falando. Por isso, erro, troco de lado, me envolvo em intrigas. Por que? Porque fiquei assim.

Virei um poço de comoções. Não tenho time, não torço pra ninguém, não tenho moral,

FABI

Agora é diferente! Golpe”

NANINI

GOLPE? , Você falou GOLPE? Golpe maior … ele foi dado em mim, sentido por mim e golpe emocional, entende? Porque comigo é tudo aqui dentro. Tudo aqui dentro. As luzes se apagam mas eu continuo. Ó, assim: destruído. Destruído.

FABI

Mas…. Agora é diferente! Mas… agora é diferente

NANINI

DIFERENTE DO QUE?

FABI

“Agora é diferente !” “Está pior que nunca!”. O Instagram é pior que as fogueiras da Inquisição? O Facebook é pior que o Terceiro Reich.

NANINI

Meu Deus! Acho que o WhatsAPP vai causar o crash em 2023 que vai ser pior que o CRASH de 1929 e a fila da fome, a fila do pão, do pau, da pedra, do fim do caminho é um resto de toco, é um pouco sozinho É um caco de vidro, é a vida, é o sol, É a noite, é a morte, é um laço, é o anzol… Mas eu sei que isso que ele diz tem um fundo de verdade. Talvez a coisa aqui esteja mesmo pior que nunca porque estamos, por assim, dizer, vivendo justamente dentro dessa poça de emoções. É um mistério. Talvez ele saiba algo que eu não sei.

Eu preciso de lágrimas artificiais, entendem?

Eu preciso CHORAR!!!!

Fritar um ovo + Exausto de tanto consultar”

NANINI

Eu não consigo mais fritar UM ÚNICO OVO sem abrir um tutorial do YouTube de culinária dos GRANDES CHEFS e também dos Pequenos Chefes – chego perto do suicídio porque não sei fazer mais nada sem consultar, consultar, consultar, consultar, consultar, consultar, consultar, consultar, consultar, consultar, consultar… Eu fico EXAUSTO. EXAUSTO. EXAUSTO. EXAUSTO. EXAUSTO.

Exausto de tanto consultar. Exausto de tanto consultar. Exausto de tanto consultar. Exausto de tanto consultar. Exausto de tanto consultar. CHEGA!

NANINI

Eu ficava por HORAS com o ouvido grudado na parede tentando escutar a trepadado vizinho. E também ficava HOOOOOORRRAAAAS na frente do buraquinho da porta de entrada certo de que a polícia iria invadir. Eu havia guardado os corpos mumificados ali perto junto com os guarda chuvas porque eu sabia que aquilo tinha valor. Valor arqueológico.

Passo dias e noites acordado pensando em como minha mãe se sentiu nos últimos minutos da vida dela, naquele iate, naquela orgia, servindo aqueles homens e depois, sendo amarrada a uns pesos, uns pedaços de concretos e uns guarda chuvas e … lançada ao mar.

Nada nessa história faz sentido. Nada. O corpo da minha mãe NÃO foi jogado ao mar. Digo, não foi jogado – como se diz – pra fora do barco. Não havia barco onde morávamos. Não morávamos no litoral. Não tinha praia.

Aquela placa naquela palmeira “Ana Cecilia tirada de nós brutalmente e jogada ao mar….” Nada disso faz sentido! Todos

os dias eu sou lembrado de algo que NÃO ACONTECEU!

FABI

Nesse momento, Nanini recebe um papel antigo, o abre perto de uma vela, percebe que é a foto da sua mãe, o corpo da mãe amarrado no fundo do mar.

NANINI

“QUE PESADELO ! Meu Deus que pesadelo ”UM GUARDA CHUVA MUMIFICADO NO FUNDO DO MAR E UMA PESSOA AMARRADA A ELE! . SIM, eu entendo que essa foto mostra uma mulher e que essa mulher talvez represente a figura da minha mãe. Mas mãe. Mas não é ela. Não é ela. Eu sei como ela morreu. O pior é que… durante esses anos todos eu sempre soube. Eu sempre soube.

O que quer dizer isso? Sempre esses símbolos! Que chato isso!

NANINI para plateia

Vou precisar da ajuda de vocês. Esse espetáculo aqui é PHODA! P. H. O. D. A. PHODA! Não pensem que é brincadeira. Olha só como o autor começa: com Nietzsche. Pois é! Não podia escolher um filósofo mais fácil de se soletrar? Tipo ….hmmm…. Schopenhauer – deixa eu ver…. é …..S…C….E…. H…. não, me confundi…deixa eu ver então….. ARISTOTELES. Pronto. Mas vem logo com N. I. E. T. Z. S C. H. (ah minha gente: olha só: TZSCH – olha essa combinação … TZSCH… TZSCH !!! E não vou nem falar das despesas dele: cada rasgo nas calças jeans dele! Custam uma FORTUNA. Cada um, pelo menos 2 mil dólares. Manda fazer um lá na Italia e outro em Londres, uma loucura! Sei, super super super modestoele. Depois dá essa frase pra gente falar: “A GENTE SE EMOCIONA SIM” “A GENTE SE EMOCIONA SIM”

“Querem tentar?”

FABI

E essa frase?

Nanini

“A GENTE SE EMOCIONA SIM ?”

FABI

É da peça anterior: Um Circo de Rins e Figados.

Nanini

Sim. Muita coisa mudou. Mas a invasão não. Essa não mudou. Mudaram os invasores. AQUELA PORTA? AQUELA PORTA?

Não vai me perguntar sobre Nietzsche ? Nada? Nem uma única palavra?

Nanini

Me ajudem por favor. Ajudem esse ator. A essas alturas eu já sou a soma de todos os outros atores.

Ok, vamos por partes.

VOCÊS ENXERGAM AQUELA PORTA ?????

ENXERGAM? Ai meu Deus. OK. Tamo Junto. Tamo Junto.

NANINI Sentado na cadeira atores sentados em volta – PSIQUIATRAS

Sim, já é MUITO!! MUITO. …eu admito. Sou viciado. Sou. Sou viciado. Sou viciado. Sou. Sou viciado. Sou. Sou viciado. Sou viciado. Sou. Sou viciado SIM ! Sou viciado. EM TUDO !

Sou viciado no amor, sim, no amor, só pra dizer que me nutro de ODIO, sou viciado em carência, quer dizer, tenho carência – já não sei mais a diferença, sou viciado em sexo, mas sou brochae amo tudo sou… ah, em sexo… amo ele por total, TODO tipo de sexo, sou viciado em violência só pra poder posar como pacifista. Quero a destruição ! Só pra poder posar como um construtor e um desconstrutor – AMO a destruição, a construção, a belle époque e a nouvelle vague ! E amo o cinema novo e o teatro iconoclástico, de plástco, tudo quebrado, tudo… tudo morto, tudo queimado, tudo fodido, tudo aos FRANGALHOS, tá me entendendo, que tudo que se foda, sou viciado em drogas e no jogo, em TODO tipo de jogo, bota na roda que eu jogo, sou VICIADO EM PERDER. EU SOFRO DE BRASILMINHA GENTE! EU PRECISO PERDER. …..

então quando eu ganho eu jogo até conseguir perder porque eu sou viciado em CHORAR, sou viciado em vaia, sou viciado em bebida porque eu quero ser sóbrio e sou viciado em me olhar no espelho E ME AMAR e sou viciado em REMEDIO, qualquer remédio: está escrito assim ó: REMEDIO: eu engulo. Caguei. CAGUEI e engulo e ligo pra um de vocês porque eu sou viciado em VOCÊS. (pros psiquiatras)

(Pro público)

Sou viciado em VOCÊS.

CHEGUEI AQUI ESTOU !!! aplauso minha gente! – obrigado !

NANINI – COMERCIAL 1

ESSA AQUI é PRO PÓS-OPERATÓRIO, PRO PÓS SUPOSITÓRIO …é praqueles QUE NÃO SE ARREPENDEM!!! ME ENTENDERAM ! Multi-uso ! Multi-uso !

NANINI com o salsichão na mão

…. Curioso não é?. Peguei essa linguiça debaixo da cama. Foi deixado pelo hóspede anterior num hotel resort em Punta Cana, na República Dominicana. Mas isso não perde a validade das desconfianças/dúvidas. Ao contrário.Eu dou uma ENORME importância a elas porque fui testemunha da remoção do corpo desse hóspede, pelos guarda vidas locais, daquele mar calmo, super calmo, parecia um tapete… um tapete persa…um tapete iraniano… Meu Deus. Entendi tudo. Entendi tudo. Era parte de um complô. Um assassinato dentro do hotel. Os terroristas, as metralhadoras, bombas e para-pentes. MEU DEUS DO CÉU!

MEU DEUS DO CÉU!  EU E S C A P E I !!!! Ou será que esse é o outro lado? Será que esse resort é o próprio inferno? Será que RESORT significa INFERNO ? Vamos analisar as letras: sim, em algum idioma, R E S O R T deve significar INFERNO!

PROCISSAO

NANINI

OK OK OK !!!! EU DEDURO SIM. DEDURO. EU DEDURO SIM ! DEDURO!

Sou um TRAIDOR !

Aprendi no melhor estilo da KGB, no auge da Guerra Fria. “Querem saber sobre o SUJEITO A OU B e o que eles sabem sobre o URANIO PROCESSADO na UCRÂNIA PROCESSADA E PALESTINA VARRIDA ?

SIM, SIM, sou um TRAIDOR

Sou um TRAIDOR no melhor estilo da KGB, no auge da Guerra Fria.

e depois? Depois eu vendo a informação pra’quele que paga mais.

“A GENTE SE EMOCIONA SIM”

“A GENTE SE EMOCIONA SIM”

“A GENTE SE EMOCIONA SIM”

“A GENTE SE EMOCIONA SIM”

INTELÚDIO   Stokowski – regência (Bach)

NANINI

Eu tento ser convincente. Pra quem Pra quem? Pros exércitos da Pernambüc e a Maranhön que estão se aproximando. Estão chegando.

Não era O Chico Mendes. Esse já estava morto. Eram os clones.

Era um bando de Chico Mendes. Eu descobri, quer dizer, esbarrei, ou seja, sem querer, isso é, numa pesquisa singela que eu estava fazendo sobre o Nascimento da Tragédia, a ORIGEM da Tragédia – essa mesmo, de Nietzsche – lá na Amazônia…quando de repente eu vejo nada mais nada menos que uns 20….não…. 20 não…uns 30…não, 30 não. Uns 40… não 40 não…

FABI

DIZ LOGO PORRA

Ah sei lá, não sei se toda beleza de que lhes falo, sai tão somente do meu coração. Em mangueira a poesia num sobe desce constante, anda descalça ensinando, um modo novo da gente viver, de cantar, de sonhar, e de sofrer.

INTELÚDIO   Samba/barulho / rock / tudo somado.

CENA 9 – Continuação

Navegar é preciso, viver não é preciso ” Não tinha Chico Mendes nenhum.. tinha lata de salsicha. Mas isso não posso falar.

“Navegar é preciso, viver não é preciso “. Há anos, décadas eu penso nessa frase, tento decupa-la, tento incorporá-la… tento vivê-la  mas confesso! Eu não a entendo! “Navegar é preciso, viver não é preciso”.  Não entendo! Ah ….Navegar… sim!!! Como morrer ! Será que é como isso aqui? Será que já morri? Será que esse aqui já é o outro lado? Cadê todo mundo?

Há tanto tempo, o tempo, não é? Eu sempre fui compreensivo. Tentei ser. Não machuquei ninguém. Tentei pelo menos. Se machuquei, perdão. Não foi a minha intenção. Não sei porque estou dizendo tudo isso aqui meu Deus. Não cabe! Sempre fui carinhoso, compreensivo, paternal, sempre elogiei, sempre eduquei, nunca espanquei…. quer dizer teve uma vez ou outra mas era …

Eu sempre fui compreensivo. Tentei ser. Não machuquei ninguém. Tentei pelo menos. Se machuquei, perdão. Não foi a minha intenção. Não sei porque estou dizendo tudo isso aqui meu Deus…Navegar é preciso. Aqueles tubarões…

Aqueles tubarões….arrancaram TUDO de mim.       são de minha criação…eu os criei…eram meus filhos.        me traíram, me morderam, me foderam, me morderam, fugiram, correram e agora? E agora eu? Eu?

Agora… um dia eu conto pra vocês o que aconteceu quando fui comprar um bolo. Ah…. Ah… mas que loucura foi aquilo ! que loucura aquele bolo !!!! Pois é ! Não é que eu descobri que metade da minha vida estava ali dentro? Sim, ali naquele bolo? Sim, é possível sim. Mas os tubarões não tem nada a ver com isso. Sim, sim… acontece na vida de muita gente. Muitas pessoas tem suas vidas escondidas em bolos. É um refúgio considerado bastante natural no Vietnã, no Camboja, na Tailândia e…bem…. Era uma vez um bolo. Ah, deixa pra lá. O fato é que EU ABRI ESSE BOLO !!! “MEU DEUS DO Céu… eu tinha enterrado todo o meu passado ali dentro daquele bolo!!!!

Ah, vocês continuam tão jovens ! Que Maravilha! Eu embalsamei vocês vocês TODOS dentro desse bolo com molho de fios d’ovos e  crème de chantily! Vocês são O MEU bolo e eu sou o bolo de vocês.

CENA 10   COMERCIAL 2

NANINI

É com chucrute no bumbum é que se vai….

É isso ai….

É só linguiça da preguiça.

É pros vivos !!!

É a Canja dos Aspargos !

Essa linguiça tem história aí! Tem história.

Andou por aí. Deu a volta no mundo.

Conversou com Cabral. Conversa com você também. Entendeu?

De noite na cama, quando tá todo mundo de costas pra você… ? Você lambuza bem ela e CRAU !!!

É com chucrute no bumbum é que se vai….

É isso ai….

CENA 11   COMERCIAL 3

NANINI

Não vou, não vou e não vou fazer mais um desses comerciais ridículos ! Eu descobri TUDO ! Você acha que vai me tapear com chucrute no bum bum ? Ora? Essa linguiça não tem nada a ver com Chico Mendes  e nem com Punta Cana. Tem a ver com….

Tira isso tudo de mim, tira essa cozinha daqui…

Isso tudo é pra “afastar” o personagem da sua GENESIS, e, portanto… de sua “verdade tropical”.  É isso. Eu já fiz o curso “Mergulho Submarino Gaivota Tchecov Grotovski Teatral, um tempo depois eu me matriculei num outro curso também na Polonia, chamado “Piscina Seca” e fiz também um curso de dicção, fiz aula com a fona-audiologa, a fonóloga, a telefona…, a telefona-audióloga. 

Mas jamais imaginei que fosse tão profundo. Jamais imaginei que fosse ficar “mergulhado” tanto tempo. Jamais imaginei que eu tivesse que engolir TANTA água pra encontrar meu personagem, ora! E logo água salgada ! E com cacos de moluscos !

Fui ovocionado de pé. E agora eu tenho que fica aqui, fazendo esse comercial ridículo!

Isso aqui me corroi o coração, tira a minha olma. A Olma, que é a alma da olma. É. A alma da Olma, entendem?  A alma da Olma ! Digo a Olma da Alma.

“Você leu Nietzsche, leu Carlos Drummond de Andrade, leu Mário de Andrade, leu Oswald de Andrade? Fez o filme com o Joaquim Pedro de Andrade; EPA!

Existe algum outro sobrenome no brasil?

INTERLÚDIO Alçapões

CENA 12   Esplendorosa Primavera

NANINI

Sejam bem-vindos a esplendorosa primavera da minha vida. Sim, sejam bem- vindos ao terceiro segundo da primeira etapa do quinto episódio do século vinte um. Como eu calculei isso? hmm é complexo. Nem eu mesmo sei justificar e nem adianta perguntar muito. Calculei e pronto!. Esse espaço é meu. Faço o que eu quiser. Essa frase não é minha. Roubei de Shakespeare. Sim, do Próspero da Tempestade.

Mas essa voz é minha. Até certo ponto, claro. Somos quem somos, até certo ponto. Isso também não é meu. É…de algum francês. Ou alemão. Como veem, nada em nós é totalmente original. Mas nada é inteiramente falso também. Estamos no meio. Do que? É assim ! O Século 21. Bem vindos a essa ZONA ! Aos poucos vamos perdendo o que há de melhor. E de pior. Pelo menos a gente não queima mais nas fogueiras! Quer dizer, tem essa coisa do clima esquentando é uma loucura mas… pelo menos ele esquenta pra todos não é? E olha COMO tem esquentado !!! Isso chega a ser algum consolo ? Óbvio que não !  Isso também não é meu ! É de Kafka !

CENA 13   Telefone + Não consigo mais

NANINI ao telefone

Desculpa. Não consigo fazer mais. Mas vou fazer mais. Não consigo dar mais! Mas vou dar mais, entende? Eu não consigo ser o ATOR, AUTOR, ROTEIRISTA E VÍTIMA DESSA TRAMA. Me sinto pequeno, esmagado pelo universo de informações. E logo eu que transitei por todas as áreas. Olhem como fiquei.

Fiquei assim. Sou um poço de emoções…

CENA 14   Mefisto-Fausto + Vitaminas

NANINI
Gente, vamos ser honestos. Sério. Eu vou parar com essa coisa de dizer “A GENTE SE EMOCIONA SIM”. É truque. É bobagem. É efeito. Sim, sim A GENTE SE EMOCIONA SIM” mas não precisa ficar afirmando isso na frente das crianças não é ?

A humanidade precisa de duas coisas: de médicos e…. da ARTE.

Eu preciso de um médico que…. me… leve ao infinito desconhecido.

Eu preciso de um médico, eu preciso da arte. Eu preciso de um artista e de um médico. Eu preciso de um artista com um estetoscópio. Eu preciso de um artista que pinta com um estetoscópio.

E, desde pequeno, começou essa confusão. O psiquiatra me receitava cálcio pros ossos. O osteopata, antidepressivos. O nutricionista mandava eu me injetar com ketamina e eu não decoro nome nenhum então eu fui parar no…..

Proctologistae ele invariavelmente mandava eu mostrar a bochecha e eu perguntava “e o cu”? Ele me chicoteava e me receitava Antioxidante Q, Antioxidante Z, Antioxidante R, Antioxidante T, Antioxidante X e Antioxidante G e Antioxidante H e Vitamina E, e Vitamina C, e Vitamina B e Vitamina B 12, e Bloqueador de Homocysteina e Bloqueador de parafina e Bloqueador de cloroquina, e Bloqueador de Pancreatina,

Eu sempre respondia assim ó:

“Vamos com calma, eu não sou tão rápido doutor.”

Ele não riu, me deu um tapa na cara e eu gostei!!! E por que é que gostei? e marquei três sessões de analise que sempre achei ser algo anal mas me enganei só que aqueles três ERAM ENTENDEM? ANAL-gistas, entendem?

Me deitavam naquele divã e CRAU !!! Então eu fui ao cardiologista e ele examinou minhas fezes e me deu chicotadas, me levou pra um estábulo e eu (Nanini faz sons de cavalo).

Não, não. Minha odisseia é exaustiva gente. Exaustiva.

Minha solidão está tão medicada, tão embrulhada, entende ? e eu já tão dividido em tantos alguéns que logo depois de comer um bolo e tomar um café, ao invés de pedir ajuda, berrar HELLP, SOCORRO, AYUDA ME e dizer “ESTOU SOZINHO PORRA, ME AJUDA”… eu sorrio e continuo o meu passeio e aperto a mão de quem quer que SEJA, ou ESTEJA e digo (meio assim, sem saber) “precisamos sim compor uma programação, uma equitação complexica, digo, uns cavalos de força étnica, uma agenda democrática, tudo muito belo, lindo, digo complindo, compelindo…”

……e vejo no olhar deles o meu grau de loucura crescente, o meu coração se partindo, indo, se dividindo…ai meu Deus, o que é que eu estou dizendo?

…..Será que não há ninguém desacompanhado no meu discurso horrivelmente triste?

CENA 15   FINAL

Sempre sempre sempre na defensiva né? A gente sempre tem um medo do caralho e quer ficar se protegendo…se protegendo

até que ele disse assim.   Ele tirou o óculos e olhou fundo nos

meus olhos e disse assim

“E agora, quem é que você vê? Hem? Quem?”

– Eu respondi “vejo uma criança frágil bancando ser forte, vejo um adolescente fingindo ser um adulto completo, vejo um ser amável agindo como se fosse um tanque de guerra com seus canhões apontados pro mundo e para todo o mundo. E pra que? E por que?

“Eu não vou te deixar. Não vou te deixar e não vou te abandonar. Sempre estivemos juntos e não há motivos para continuarmos assim. juntos. Mas olhe pro mundo. Apesar de tudo, apesar de

todas as coisas, apesar do tempo parecer ser do contra, faça que ele aja a teu favor. A nosso favor. Faça isso! Faça isso por nós”

“Hem? Faça isso por nós, faça isso por nós. Que tal transformar a história da humanidade numa história de sucesso? Já chega de traidores. Chega”

Enquanto ele dizia essas últimas palavras…sabe….essa última frase, a cara dele ia desaparecendo lentamente e eu ia percebendo que, na verdade ele era EU. Era comigo que eu estava falando.

FIM

 

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Nanini – ‘TRAIDOR’ no programa METROPOLIS (TV Cultura)

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“BRAVO” magazine by Gabriela Mellão: TRAIDOR

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MARCO NANINI CHAMA AO PALCO O AUTOR E DIRETOR GERALD THOMAS (espetáculo “TRAIDOR”)

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“TRAIDOR” no SP / TV – reportagem de Thiago Crespo

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Arnaldo Bloch sobre “TRAIDOR”

Agora que Gerald Thomas está no Piauí posso enfim ter também o distanciamento necessário para, impressionisticamente, falar de sua peça, “Traidor”, escrita e dirigida por ele, e que dá sequência à parceria com  Marco Nanini, iniciada há mais de década, com “Um circo de rins e fígados”. Thomas está no árido e fascinante Piauí, dando um ‘workshop mucho loco’ enquanto a peça continua em cartaz em São Paulo, no opulento Sesc Vila Mariana até o dia 17 de dezembro.

Por distante que pareça, Gerald está em cada fala, em cada inflexão, em cada expressão do genial Nanini. Não é fácil ser Nanini e expressar Gerald sem perder a substância absoluta que é ser Nanini —  ainda mais, com Gerald no Piauí. Ele(s) consegue(m).

São esses os passos em falso que dá o teatro, passos de saltimbanco, cambalhotas pluriespaçotemporais. É assim que nossos corpos e nossas vozes se veem no mundo fragmentado em que vivemos, no qual é difícil formar uma frase sem que outra sentença se imiscua entre as vírgulas, as sílabas, os hifens e os himens de nossa memória.

 É esse personagem trágico, no sentido grego mesmo, que vemos, ainda que Nietzsche se imiscua o tempo todo na protogênese da palavra como explicador universal de toda vontade de poder… explicar.     

Lembro-me do Lobão falando pra Caetano: “Chega de verdade”. Eu acrescentaria: “Que saudade da saudade…”. É ela que tenta se inserir no discurso de Nanini, sem conseguir espaço, pois estamos cá espremidos nesse hiperatual que corresponde a um vazio total de ideias e de possibilidades.

 Assim, Nanini-Gerald titubeia à procura de (re)formar a linguagem depois de termos voltado ao pré-humano, tentando, de novo, dar nomes às árvores e alertar o vizinho de que uma onça vem aí.   

“Traidor” é sobre o quanto traímos a espécie na ilusão de sua viabilidade e o quanto perdemos o lugar de fala “primevo”. O quanto deixamos de respeitar o ritmo e os ciclos do Planeta, na vã esperança de controlar a morte, aquela que é certa e sincera como uma carreira de cocaína jaggeriana: ela não mente.

 Ela vem. Gerald vai, Nanini fica, mas a arte vai e vem, no mesmo lugar, aqui e agora, como diria Gil, cristalizado no centro orbital do palco.

Hey hey, dee dee, take be back to Piauí! E  oremos por São Paulo, que é o túmulo mas também a ressurreição de tudo que samba, como Nanini na impagável cena da linguiça, em que se traveste num Brasil cambaio, irreconhecível, tartamudeante, pós-retro-tétrico-picalista, rumo ao…

Isso tudo vai passar, Gerald. E esse jogo vai virar.

Arnaldo Bloch é jornalista, escritor, tradutor e roteirista. Autor de “Os irmãos Karamabloch”.

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