Por que Sean ainda não foi?
Por Barbara Gancia, Folha de São Paulo
Com interferências minhas, Gerald.
“É fundamental que Sean Goldman seja devolvido com a maior brevidade possível à guarda de seu pai, David”
Barbara – “QUANDO COMECEI A FALAR sobre o caso da guarda pelo me nino Sean Goldman, 9, imaginava que o padrão verde-amarelo de sempre iria prevalecer. Somos um país de torcedores que não entra no mérito da disputa. Para nós, se há um brasuca na parada, é do lado dele que sempre iremos nos alinhar. Já devo ter dedicado uns dez ou 12 posts no meu blog mais uma coluna neste caderno Cotidiano à luta para ver quem fica com Sean, se o pai, David Goldman, ou se o padrasto, João Paulo Lins e Silva, apoiado pela família da mãe. E, até agora, descontando os comentários daqueles que se identificaram como amigos da mãe ou parentes de amiguinhos da escola de Sean, creio que posso dizer com alguma segurança que apenas 20% dos meus leitores apóiam a permanência do menino no Brasil. A maioria das pessoas que me escreveu até aqui para falar do caso se mostrou estupefata pelo fato de o menino ainda não ter sido devolvido ao pai. Alguns chegam a usar a palavra “sequestro” para descrever o ato que o viu subtraído de David Goldman nos Estados Unidos.”
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Gerald- Quando eu comecei a comentar o caso (reproduzindo inclusive o próprio Blog http://www.bringseanhome.org aqui), a resposta também foi “overwhelming”. O maior problema, nesse caso, é a lentidão da Justiça Brasileira. Um juiz dá a sentença. Vai um Ministro do STF e anula! (O Dateline NBC acompanha o David nessas jornadas). De repente, o STF inteiro vai e anula a “última anulada” e devolve ao meritíssimo juiz que fez o ÓTIMO relatório de 82 páginas. Se fosse por ele, Sean já estaria aqui, nos braços do pai, em New Jersey. Isso pode demorar uma eternidade.
O mais surreal disso tudo? O Padrasto, João Paulo, parece não estar dando conta de tudo isso: então o garoto está sendo criado pela avó!!! Isso sendo que ele TEM UM PAI BIOLÓGICO que já fez, pelos meus cálculos, 14 viagens pro Brasil. Sean vive um pesadelo de Garcia Márquez só que reduzido aos seus nove anos. NOVE ANOS de SOLIDÃO!
Sua mãe, Bruna, infelizmente morta, ano passado, JAMAIS deveria tê-lo “seqüestrado” para o Brasil. Sim, foi uma abdução na medida em que ela mentiu pro David. “Eram férias de 3 semanas. David iria encontrá-los no BR no final das férias. Mas ela já mantinha um namoro (que virou casamento) com um poderosíssimo advogado, de uma linhagem de poderosíssimos advogados, chamados Lins e Silva.
Será que o Brasil quer ser conhecido por abduzir menores? Não, acho que não. Vocês também acham que não.
Prossegue o artigo da Bárbara:
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Bárbara – “Acho no mínimo interessante constatar que o meu leitor, que demonstra estar seguindo o caso com grande interesse e proximidade, tenha deixado o ufanismo de lado e resolvido tomar as dores do pai norte-americano em detrimento dos familiares brasileiros. Parece claro que tanto o padrasto quanto a família da mãe levam em consideração os melhores interesses de Sean. Ele é muito bem tratado, conduz uma vida regrada, tem tudo do bom e do melhor e é assistido 24 horas por dia nos 365 dias do ano. Mas a minha tendência é a de concordar não só com a opinião dos leitores do jornal e do blog, como com a decisão do juiz da 16ª Vara Federal do Rio, Rafael de Souza Pereira Pinto, que expediu sentença de 82 páginas sobre o caso. A decisão ressalta: “É fundamental que (…) seja devolvido com a maior brevidade possível à guarda de seu pai, de maneira que a sua readaptação à família paterna possa também reiniciar-se de maneira imediata” e que “chega mesmo ao plano do surrealismo” que uma pessoa sem poder familiar sobre o garoto (no caso, o padrasto) se oponha à entrega da criança ao pai. “Admitir a possibilidade significa abrir perigosas brechas capazes de consagrar verdadeiros absurdos.” Ouso dizer que não existe motivo nenhum para que Sean Goldman continue a viver com um padrasto que enviuvou jovem e que pode e deve voltar a se casar e a constituir família, quando tem um pai que nunca o abandonou ou teve a intenção de abrir mão dele. Quanto à hipótese de que o menino é quem tem que decidir se fica ou não no Brasil, o próprio pai do padrasto, o advogado Paulo Lins e Silva, especialista em alienação parental, poderia responder que essa não é a mais sábia das decisões. Em palestra disponível no YouTube, ele discorre longamente sobre o poder da mãe em uma separação e como, por passar mais tempo com os filhos, ela pode manobrar para colocá-los contra o pai. No caso de Sean, que tem nove anos, quem passa mais tempo com ele é a família da mãe.”
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Gerald- É legal constatar que não se trata de uma campanha somente de “gringos” (como vocês gostam de chamar). São milhares de brasileiros torcendo pela volta de Sean pra cá.
Mas ele vive nesse limbo. Pela lentidão de um Tribunal, jogando a bola pro outro e assim por diante, essa “coisa” poderá demorar anos. Quem sofre? O menino. E ele, ao que parece, já não está bem. Por quê? Porque não tem a figura paterna nem materna por perto. SOFRE DE ALGUNS ANOS DE SOLIDÃO. Mas tenho a certeza de que o Brasil não quer virar Macondo. Macondo, aquele lugar ou estado surreal e perdido, de Gabriel Garcia Márquez.
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Museu do Holocausto, Washington DC
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Eu ia escrever sobre o Holocausto dentro do Museu do Holocausto, anteontem, em Washington DC e os Nazis, etc.. Mas esse assunto é ainda mais surreal. Em pleno 2009 um cara mata um guarda negro do museu, consegue fugir. Os arianos, essa coisa de raça pura, deus me livre! Sei, claro, não sou inocente: sempre teremos esses “losers” e malucos que se preenchem quando seguem alguma suástica ou algum liderzinho de merda. Impressionante.
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Enfim, mais uma vez, nesse blog eu termino: Bring Sean Home. In the meantime, good luck kiddo and don’t let them drive you crazy. We’re all rooting for you.
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Obs: fiquei felicíssimo ao ler a Folha e me deparar com esse artigo da Gancia.
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Gerald Thomas, New York, 12/06/2009
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(O Vampiro de Curitiba na edição)