obrigado, gerald, querido.
Contrera
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Eu, brasileiro, confesso
Minha culpa, meu pecado
Meu sonho desesperado
Meu bem guardado segredo
Minha aflição
Eu, brasileiro, confesso
Minha culpa, meu degredo
Pão seco de cada dia
Tropical melancolia
Negra solidão
Aqui é o fim do mundo
Aqui é o fim do mundo
Aqui é o fim do mundo
Aqui, o Terceiro Mundo
Pede a bênção e vai dormir
Entre cascatas, palmeiras
Araçás e bananeiras
Ao canto da juriti
Aqui, meu pânico e glória
Aqui, meu laço e cadeia
Conheço bem minha história
Começa na lua cheia
E termina antes do fim
Aqui é o fim do mundo
Aqui é o fim do mundo
Aqui é o fim do mundo
Minha terra tem palmeiras
Onde sopra o vento forte
Da fome, do medo e muito
Principalmente da morte
Olelê, lalá
A bomba explode lá fora
E agora, o que vou temer?
Oh, yes, nós temos banana
Até pra dar e vender
Olelê, lalá
Aqui é o fim do mundo
Aqui é o fim do mundo
Aqui é o fim do mundo
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Ja vi esse filme! Estavamos em pleno palco do Cine Odeon, no Rio. Ontem, segunda, 27 para comemorar ninguem menos que o genial, meu idolo Glauber Rocha (nao eh a toa que tenho um espetaculo – 1994 – chamado UnGlauber e o atual chamado Terra em Transito). Na mesa de "debates" (debates porra nenhuma: uma mesa de clichés politicos e demagogicos! "o povo" pra la e "o povo" pra ca, era o que se mais ouvia. Enfim, nessa mesa estavam L C Barreto (a quem eu carinhosamente chamo de "chefe" e Orlando Senna que tem cara de PODER – que medo! (!!!) e Erik Rocha, o genial filho de Glauber, o Digno, maravilhoso Zozimo Bubul e um diretor de Cabo Verde, cujo nome nao me recordo.
Fui chamado pela Paula Gaitan para ler o texto de Glauber "tricontinental" e assim o fiz. Depois disso me calaram!
Eis que de repente comeco a ouvir, da mesa e adjacencias: "o inperialismo americano" nao nos deixa…..ou entao: "todas as salas de cinema do pais DEVERIAM estar exibindo Glauber"
Perai! Perai! CINEMA Obrigatorio??????? Ja vi esse filme. No Terceiro Reich foi assim. Leni Riefenstahl. Sim, todos de bracos erguidos, punhos fechados ou palmas ao ar, nao faz a menor diferenca: o FASCISMO me amedronta! Seja ele de direita ou de esquerda, O TOTALITARISMO eh um horror! Mas temo que, ate num momento como esse, seja conveniente que o Barretao compre o discurso do nosso Chavez nacional porque o Barreto se acomoda aos Barraventos do momento, ao Terra em Transe do momento: eh como lhe melhor convem, nao eh querido??????
Ainda bem que nao preciso fazer cinema aqui. Ah sim, um fedelho do Oficina me "cobra" na porta (depois que joguei o microfone no chao) "porque voce nao assume o seu verdadeiro nome, Geraldo? Ja que voce esta no Brasil????"
Olha so o estado delirante de XENOFOBIA em que estamos chegando!
E Glauber? Glauber eh um nome brasileiro?? Em alemao Glauber quer dizer "acreditar, crer". Perguntei o nome do fedelho. Me fez rir. So podia ser um plano mal tracado de um ator mal empregado.
Desculpe Glauber: voce merecia melhor.
LOVE
Gerald
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Mais Jorge Schweitzer: http://br.youtube.com/user/taxiemmovimento
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PS do Gerald
Poxa Carlos, venha ver os espetaculos!!!! Vc eh de SP . Semana que vem eh a ultima!
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Mas qual é o politico ou presidente que deu certo e que fez com que o brasileiro estampasse um sorriso em sua cara? Collor? Ou aqueles graduados em Harvard, Yale ou os generais da ditadura? Qual é o modelo que vocês esperam, já que o movimento do momento se chama "cansei" (como se Macunaima já não tivesse nascido cansado. Esse ícone da literatura brasileira, de Mario de Andrade, já nasce bocejando). Preguiça e exploração. Se Karl Marx tivesse emigrado para cá, ao invés de ter ido para Inglaterra, o seu Das Capital teria se chamado Das Canalhal.
Um exemplo pequeno mas que me irrita e que nada tem a ver com o Lula: saída de São Paulo: inacreditável. Todas as vezes que pego um taxi para Cumbica me encontro na mesma posição de perplexidade, custo: o taxímentro mostra 97 Reais mas tem a "taxa extra" de se estar "ingressando" no Municipio de Guarulhos. Ora, que absurdo! Cumbica é o aeroporto internacional de São Paulo e eu estou pouco me lixando em que Município fica. Tanto é que, quando se pega o mesmo taxi na direção oposta, a taxa é fixa em 95 reais e pronto: não tem esse papo de se "estar ingressando no Municipio de São Paulo".
E por essa "imigração", paga-se 40 a 50 % a mais. Ou seja, já cheguei a pagar 140 Reais numa corrida num Corsinha ou num Gol de merda, sem seguranca alguma, sem air bag lateral, naquela "Marginal" de dar medo e "cruzar" a fronteira do município de Guarulhos, quando em NY a taxa é fixa em U$ 45 e pronto, num enorme carro como o Crown Victoria ou o Lincoln Town Car. Pior, o aeroproto JFK ou o de Newark são mais ou menos a mesma distância de Manhattan que Cumbica é de São Paulo, mas o salário mínimo no Estado de Nova York é pelo menos 17 vezes maior do que o de São Paulo: então, como pode uma coisa dessas, sendo que o asfalto dessa "Marginal", desnivelado como é, tende a nos jogar pra cima dos postes (não, no mundo civilizado, não há mais postes, pois os fios estao enterrados ha décadas, os transformadores também), e esses postes, de dez em dez metros, ficam bem ali, na mira dos autos, na mira daquele Corsinha e eu me vejo espremido contra um banco com a perna pra cima ouvindo uma lorota qualquer do motorista levando aquele bafo de oleo diesel – aquela poluição inacreditável de SP – e lá … aqueles postes!
Mas ninguém fala nada sobre os tristes táxis broncos de SP, sem vida, sem cor. Brancos broncos, assim como na minha coluna anterior, falta sangue, falta cor, falta identidade a eles. Estou no Rio nesse momento onde os táxis, como o de Jorge Schweitzer por exemplo, um bloggeiro que me lembrou da maravilhosa heroina negra Rosa Parks (que faltou no meu artigo passado), onde os táxis são amarelos mais ou menos como os de NY. Ou em Londres, onde os Winchesters são altos e negros e lembram as carroças puxadas a cavalo e onde sentam cinco se quiserem. O preco de Heathrow para Central London é mais ou menos 45 pounds. Isso equivale a 220 reais , mas isso no país mais caro pelo qual passamos com frequência (onde parar o carro num parquímetro pode custar 2 pounds por 20 minutos em Londres central) é razoavel.
São Paulo é mais cara do que muitas capitais de primeiro mundo, mas, por exemplo, ao contrário do primeiro mundo, não se tem metrô para andar de dois em dois quarteirões. Não se pode andar a pé, pois as calçadas são feitas por essa maldita calçada portuguesa (arredondada por cima e não fixada no cimento por baixo) e, na primeira grande chuva, criam-se desnivelamentos horríveis, buracos imensos. O preço nos restaurantes está igual ao dos países de primeiro mundo e estão lotados. Todos lotados, desde os da Rua Amauri até os da Fronteira com o Cemitério (a mais nova moda), sem falar nos tradicionais dos jardins, enfim, tudo sempre lotado e a alta burguesia reclamando muitissimo do governo achando tudo uma vergonha.
Reclamar é o direito de cada um. Mas no Brasil virou folclore. Ou melhor, folKlore , com o K de Kafka. Estou no meio das apresentações dos espetáculos em SP e, num domingo, dando workhop na CAL no Rio. Muita gente talentosa, muita gente que não reclama e que se emociona com o que faz. Digo pra eles que o artista vive no risco e do risco e por isso tem que se afastar da baboseira e mergulhar em sua solidão, em sua dor.
Mas uma vez dito isso, vocês simplesmente não tem ideia do que é essa imensa solidão, digo, esse imenso vazio que é chegar num quarto de hotel e querer berrar, de olhar pras paredes e acabar num choro convulsivo depois de ter compartilhado a tarde com 60 pessoas maravilhosas, trocando informações, dando um workshop intenso, dinâmico, fulminantemente desgastante e dolorido mas daquela dor gostosa. E agora a dor do vazio, a dor pós-parto. Terrível. Justamente aquilo que prego nos workshops. Daqui sai coisa. Não sei se boa ou ruim, mas alguma coisa sai. Não adianta se anestesiar com tranquilizantes ou algo semelhante. Não há nada pior que o nosso tamanho perante a imensidão do nada, das respostas não recebidas, do ódio gratuito, da imagem preconcebida, dos olhares desconfiados por causa da história que nos acompanha. É por isso que leio os comentários, é por isso que não me encanto mais com políticos do bem ou do mal porque conheço a história do mundo.
Não nascemos ontem. Nem anteontem. Vivemos várias diásporas e sabemos que a vida é um eterno murmúrio desde o berço até o túmulo.
Gerald Thomas
do diretodaredacao.com
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Blog do Jorge:http://jorgeschweitzer.spaces.live.com/
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PS do Gerald: Quem eh voce Luciana? Escreve pra Dryopera@aol.com
Eu, Gerald, voltando de um workshop de quase OITO horas maravilhosas na CAL aqui no Rio me deparo com os comentarios incriveis deixados por voces e decido publicar um genial de alguem que nao conheco:
'ai vai
[Daisy Carvalho] [RJ]
Olá, querido Thomas! 🙂 Me acanho em dizer, tomando seu tempo precioso, que de toda sua performance vital, extraí, em primeiro lugar, coragem para experimentar o nada e a solidão como como forma de expressão ativa ante os inimigos, os donos -cavaleiros negros- do anátema, do apocalipse de mim mesma. Você é como uma súbita reinvenção da vida através dos palcos, essa dramaturgia muitas vezes imcompreendida ou, tão compreendida que chegou a assustar. Você é minha inspiração em momentos que rabisco minha tímida dramaturgia. Gerald, vc abala na geral, no camarote e no estoicismo bárbaro do poeta solitário, do dramaturgo afoito, do ser humano único. Voltaire disse e eu te digo "O estado de dúvida não é muito agradável, mas o de certeza é ridículo." Beijo! Merda! Sempre!
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meu cisne de Terra em Transito comenta
…eu tenho um gol de merda…e não é um gol 1000 feito por Pelé ou Romário, mas é meu Gol 1.6 e daí?! Se eu tivesse condições eu tinha comprado um BMW. Que fique claro que sou totalmente contra a falta de profissionalismo dos taxistas em São Paulo, que andou de ´black cab´ em Londres sabe ao que me refiro. Porque? Por que nossa sociedade é preparada para ganhar dinheiro imediatamente…sem pensar nas próximas gerações, não sacrificamos nosso dia-a-dia em nome das próximas gerações…
Pancho Cappeletti
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Parabens pra todos voces queridos e obrigado.
LOVE
Gerald
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Terra em Trânsito e Rainha Mentira/Queen Liar
por Guilherme Balza O sempre polêmico Gerald Thomas retorna aos palcos paulistanos em dose dupla, com os espetáculos Terra em Trânsito, parte integrante da tetralogia Asfaltaram a Terra, de 2006, e Rainha Mentira/Queen Liar, inédito em São Paulo. Ambos, segundo o próprio autor e diretor, homenageiam, simultaneamente, a cultura teatral/operística e os mortos pelos regimes autoritários ao longo da História. Protagonizado por Fabiana Gugli, que já atuou peças dirigidas por Celso Frateschi e Cristiane Paoli-Quito, além de 10 espetáculos de Thomas, Terra em Trânsito mostra um diálogo travado em um camarim, entre uma cantora e um cisne falante (com voz de Pancho Capeletti). Enquanto se prepara para entrar em Tristão e Isolda, a diva alimenta entusiasticamente o cisne – um judeu heterodoxo, anti-sionista, que diz ter andando por Woodstock – com a finalidade de fazer um patê de "foie gras". Ao som de palavras irreverentes e politicamente incorretas disparadas por Paulo Francis, ela, entorpecida por cocaína, conta suas aventuras amorosas com intelectuais famosos, narra viagens a lugares improváveis (como a cabeça de George W. Bush) e solta frases ao vento sobre Capitalismo, globalização, Rússia, Líbano… Em um determinado momento, a cantora descobre que foi trancada no camarim. Ela, então, descobre uma saída dentro de um armário e tem uma revelação surpreendente, que a fará confrontar-se consigo mesma numa angustiante perspectiva de um fim próximo. Já em Rainha Mentira/Queen Liar, exibida após um intervalo de 15 minutos, Thomas utiliza-se de dramas familiares e assuntos absolutamente particulares para traduzir, de forma alegórica, as tragédias históricas, como o holocausto e as guerras em geral. Na peça, em que Fabiana divide o palco com Fábio Pinheiro, Pancho Capelleti e Anna Américo, o autor assume um tom pessoal e faz um desabafo sobre a vida, por meio da triste história de sua mãe, que aos nove anos de idade foi acusada pelo enforcamento do próprio irmão, um jovem homossexual de 17 anos, em uma Alemanha já tomada por Hitler. O pano de fundo do espetáculo é uma carta que Thomas escreveu para ser lida no enterro da sua mãe, na qual é feita uma homenagem aos seres que foram, de alguma forma, "desterrados, desaparecidos, torturados, ou simplesmente o resultado de uma vida torta, psicologicamente torta, desde o início torta e curva, onde nenhum linha reta foi, de fato, reta, onde as portas somente se fechavam e onde tudo era sempre uma clausura, tudo era sempre proibido, sempre trancado"… Terra em Trãnsito Autoria e Direção: Gerald Thomas / Atriz: Fabiana Gugli / Cisne: Pancho Cappeletti / Preparação Vocal – Paula Molinari / Figurinos: Fabiana Gugli / Composição e Trilha Sonora: Edson Secco / Luz: Gerald Thomas / Cenografia: Domingos Varela / Projeto Gráfico: Denise Bacellar / Desenhos e Letras: Gerald Thomas. Rainha Mentira/Queen Liar Autor e direção geral: Gerald Thomas / Elenco: Anna Américo, Fabiana Gugli, Fabio Pinheiro, Luciana Fróes, Pancho Cappelletti / Iluminação: Gerald Thomas / Assistente de iluminação: Rogério Medeiros / Assistente de Direção: Rosana Pereira / Direção de cena: Domingos Varella / Desenhos Originais: Gerald Thomas / Trilha original: Edson Secco e Patrick Grant / Sound Designer e operador de som: Edson Secco / Vídeo: Batman Zavareze e Fabio Ghivelder / Cenário: Domingos Varella / Assistente de Cenografia: João Carvalho / Projeto Gráfico: Denise Bacellar / Direção de Produção e administração:- Fernanda Signorini / Realização: Cia de Ópera Seca. |
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Assim começa o texto publicado hoje pelo caderno Mais, da Folha de São Paulo, quando me perguntaram sobre o que eu considerava ser o livro essencial. Depois de horas de debates aqui nesse quarto de hotel, esmurrando a consciência e as páginas de livros pelas quais já cavalguei, considerei que o autor só é autor quando transcende algo. De Shakespeare até Goethe, ou de sei lá quem até sei lá quem mais (pode-se fazer uma lista telefônica sobre autores, pintores, etc, mas do que adianta?), cheguei à conclusão de que Kafka lida com aquele ser (além do humano, ou aquém do humano) que chegou nessa condição porque está em tal estado de repressão e ansiedade, angústia e rejeição que resolvi fazer um macro-kafka para essa coluna: os negros no Brasil de hoje. Os negros-gregors. Os Gregors Negros.
O ar dessa cidade esta irrespirável. O barulho é insuportável. Um helicóptero pousa em plena Avenida Consolação para resgatar um policial baleado às 2 da tarde. E a vida continua nessa cidade que alguns insistem ser "muderna", onde seres parecem buscar conforto em outros seres mas não conseguem e acabam bêbados. Mas eu procuro ver o lado obscuro dela, aquele que quer se esconder. O racismo está ficando cada vez mais hipócrita na medida em que está se pulverizando. As próprias pessoas segregadas fingem que nada acontece, ou melhor, engolem esse ar socialmente poluído como se fosse um tijolo entalado em suas gargantas e vão levando. Mas até onde?
A História do Brasil não contribuiu para a emancipação da raça negra. Não houve uma (perdoe o trocadilho) "clara" demonstração de querer impor um movimento e botar pra quebrar, seja pela paz ou pela violência, via Dr. Martin Luther King (o maior herói da minha vida: "I had a dream…") ou via Malcolm X ou Black Panthers ou o escritor James Baldwin ou Angela Davies e tantos outros. Não, aqui sempre foi se "levando" com raríssimas exceções, afinal Machado de Assis, o mestre da literatura era…..bem, ele era negro. E Lima Barreto também. Mas dêem um pulo na História, venham para os dias de hoje. Que retrocesso! Que vergonha! O que deveria ser não é. Não deveríamos ser negros ou broncos ou porra nenhuma! Essa "merda" de dividir o ser humano em cor ou em raça ou em credo acaba em genocídio (o Holocausto, Kosovo, Pol Pot, sunitas contra xiitas, contra curdos cegos e mudos, e Darfur hoje. É tribo contra tribo. Quem ganha é sempre a direita, os racistas, os rednecks. E sempre com aquele sorriso horrendo de serial killer.
Um avô de uma certa amiga aqui em SP, tocava seu instrumento de sopro na Praça da República (a pedido de D. Pedro II) e foi fuzilado pelos brancos, enquanto sua filha, mais tarde conseguiu se formar em filosofia pela USP. Sim, a primeira mulher negra a se formar em filosofia pela USP. Vou pular pro norte, a AmeriKa de Kafka onde essa, assim como todas as outras questões raciais e sociais (desde a própria Guerra de Independência ou Civil ou as causas gays, movimento women's liberation e todos os outros começam. Sempre tudo começa lá: sempre que criticarem os EUA, por favor levem em consideração o grande laboratório social que aquilo é e a Constituição que seus Founding Fathers escreveram ali, e seus amendments, os direitos civis (agora desrespeitados pela administração Bush como nunca antes). Não quero entrar na questão do capitalismo nem seus derivados por favor. Estou falando de racismo!
Hoje, nos EUA, ele ainda existe, óbvio. Mas existe um anti-racismo extraordinário também. Aquele que faz lotar hotéis de classe A nas metrópoles e restaurantes mais caros sem que nenhuma cabeça branca vire pra olhar chocada ou mesmo interessada. Mercedes Benzes e BMW ou Caddis são ocupados por negros, assim como brancos broncos e assim como um Barak Obama concorre pelo partido democrático à Casa (sem trocadilhos) Branca. Ali dentro senta a Condy Rice ou sentava um digníssimo (sim, o defendo!!!) Colin Powell. E são dúzias de Jesse Jacksons, e prefeitos e mandadores, reitores de universidades que atravessaram a barreira da cor porque "I had a dream".
Sim, ele foi assassinado. Abraham Lincoln também foi. JKF também foi. Bobby também foi. Sharon Tate também foi brutalmente assassinada e os meninos se matam em Columbine e em todas as escolas na nação que ama um rifle e uma arma e que tem a NRA (National Rifle Association) como um ícone e que tem ainda uma "arian nation" escondida nas montanhas de Montana e Wyoming e inocentam, sim, o OJ Simpson porque o júri era preconceituosamente a favor.
Mas uma única figura, uma única mulher é de fato a pessoa mais importante dos Estados Unidos da mente, digo, da AmeriKa: ela se chama Oprah Winfrey e o que ela diz e produz repercute entre gregos, troianos e otomanos, classes A, B e Z. Não importa mais a cor. Falo de racismo, porra! Vamos parar com isso caramba! Quem é que ainda realmente tem a arrogância e o direito – digo o direito de olhar para outro ser humano e classificá-lo como seja lá o que for? Quem é você? E o que sabe? O que sabe sobre quem está do seu lado?
O que quero dizer é que nesse workshop que dei no SESC-SP acabei por desenvolver esse tema que reluto em levantar aqui no Brasil porque ele ainda é um tabu, apesar de não ser: ele é uma questão puramente hamletiana, uma questão não resolvida, uma questão pela metade, uma meia questão mal preenchida, dá coceira nos seres humanos da chamada raça branca, essa raça arrogante que domina as nações ocidentais, as economias e faz questão de manter a raça negra lá embaixo. Mas até quando?
Quando eu ouço certos depoimentos, eu simplesmente fico paralisado. Tenho uma arma: o teatro. E outra, a escrita. Mais uma, o berro. Mas essa última, o berro, está cada vez mais sufocada quando ouço aquilo que tenho ouvido. E, dessa forma hamletiana "to take arms against a sea of troubles", pegar em armas nessa ou em todas as outras questões de tormenta porque o racismo me cala, me humilha.
Algo terá que ser feito porque algum dia ele terá que ter fim. Simplesmente um fim. Ou então os racistas irão pagar um preço muitissimo caro por isso, no melhor estilo da tragédia Shakespeareana ou melhor, e mergulhando na podridão de um corpo aprodrecido como o de um inseto branco com uma maçã – a rotting apple – encravada nas costas jogada pelo próprio pai, um ex-ser humano. O ser humano tem jeito é so dar uma olhada pro lado de vez em quando e enxergar o "outro".
Gerald Thomas do diretodaredacao.com
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Biblioteca Básica
Metamorfose
GERALD THOMAS
ESPECIAL PARA A FOLHA
O que une o ser humano? Posso sugerir várias plataformas, mas cairemos num denominador comum: a repugnância pela barata e insetos semelhantes. Franz Kafka [1883-1924] foi, entre todos os platões, sófocles, stendhals, marlowes e rimbauds o que de fato deu o pulo e fez com que o humano transcendesse o seu lado indesejável, aquele que Bin Laden odeia tanto quanto um judeu hassídico na Antuérpia: Gregor Samsa acorda transformado num inseto. Não há maior "coup d'État" na literatura -e logo na primeira página. Não há transgressão maior, seja em escrita ou conteúdo.
GERALD THOMAS é dramaturgo. Suas peças "Terra em Trânsito" e "Rainha Mentira" estão em cartaz no Sesc Consolação (São Paulo).
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Assista ao bate-papo de Marcelo Tas com Gerald, que aconteceu na sexta-feira, dia 10, pela TV Uol.
Clica! http://diversao.uol.com.br/ultnot/2007/08/10/ult4326u311.jhtm
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Em peça em cartaz no Oi Futuro, no Rio, diretor abre caixa-preta de memórias e faz seu teatro sem concessões
SÉRGIO SALVIA COELHO
FOLHA DE SAO PAULO
Em uma das gravuras dos "Desastres da Guerra", de Goya, sobre um fundo obscuro de cadáveres ou mascarados, um corpo em decomposição ainda segura uma pena. Com ela, escreveu seu bilhete para a posteridade: "Nada". Desde então, passados holocaustos e atentados, o desespero diante da falta de sentido do mundo ecoa por obras-primas, de "O Grito", de Munch, aos clowns de Beckett. Nestes dias, no Rio, pode ser encontrado na peça "Rainha Mentira" de Gerald Thomas.
Um humor macabro sempre esteve presente nas peças de Thomas, desde "Eletra com Creta". Porém, quando pôde contar com atores carismáticos como Fernanda Torres ou Marco Nanini, diluiu sua angústia em uma triangulação aberta com a platéia, ganhando um público mais amplo, mas perdendo um pouco a essência, a "secura" de sua ópera de imagens arquetípicas, na qual referências pessoais tornam-se um pesadelo coletivo.
Desta vez, porém, a morte de sua mãe, abrindo uma caixa-preta de memórias dolorosas, foi o ponto de partida para o diretor-dramaturgo retomar um teatro sem concessões. Um teatro de imagens desconexas, com personagens como que vindos do limbo da imaginação do autor, antes de estarem definidos; um teatro antes do teatro, feito de memórias uterinas ou de suposições do pós-morte, que se entende pela emoção.
O espetáculo no diminuto espaço do Oi Futuro começa com "Terra em Trânsito", a melhor das quatro peças apresentadas em São Paulo em 2006. Nela, Fabiana Gugli mostra toda a sua habilidade de malabarista do verborrágico fluxo de referências de Thomas, com o hilário contraponto de um ganso, agora feito por Pancho Cappeletti, com muito sabor.
No entanto, tudo soa como aperitivo para depois do intervalo, com essa "Queen Liar" da qual tão pouco se esperava. Aqueles que foram para rir ainda se prendem no início a cartuns nonsense, como Pancho, bombeiro em pleno incêndio, alucinando com um palhaço, feito com dignidade por Fábio Pinheiro -e que outro pesadelo podem ter os que convivem com o horror? Ainda se tenta romper a solenidade da ficção com a metalinguagem quando Anna Américo irrompe em cena como uma camareira tentando pôr ordem no espetáculo; sem deboche, porém.
horror em seu estado puro, além do sofrimento. Falsas memórias, fragmentos de dados sobre um passado perdido, culminam em uma cena de morte com uma densidade que raramente se viu em um palco, nacional ou não, em sua simplicidade inesquecível. "Rainha Mentira" é uma peça para esquecer o "polêmico" Gerald Thomas, quer você simpatize com ele ou não, e reconsiderar o que já sabe sobre ele.
Anos atrás, em "Unglauber", um garçom trazia na bandeja um braço, que segurava um bilhete no qual o autor daria seu recado ao mundo. Nada estava escrito nele. Desta vez, também saindo de dentro de um corpo ferido, o bilhete deixa apenas ecoar rezas, de várias culturas, sem esperança de solução. No sarcástico palco de Thomas, ecoa o goyesco grito do nada.
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Gerald.UOL
Já está online a entrevista com Judith Malina (do Living Theater) e uma incrivel entrevista com um "atropelado" de Miami (um vendedor de agua na praia) que inventou um método pra se recuperar (body building) depois que foi dado como morto por varios neurologostas: o nome dele eh simplesmente John e atende pessoas ali mesmo em South Beach em frente ao Delano ou o National Hotel.
eis o link
http://www2.uol.com.br/geraldthomas/new/entrevistas.htm
divirtam-se
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http://cbn.globoradio.globo.com/cbn/comentarios/arnaldojabor.asp
do Sergio Penteado
Um pequeno reparo no que comentei da apresentação, ontem (vejam os comments da sinopse aqui no blog, datado de 07 de agosto) : Elogiei bastante os atores e acabei deixando de comentar o invólucro permeante do Gerald, como bem colocou o Evaldo. Gerald, um artista plástico na acepção da palavra! Uma antena difusora de sons, efeitos e turbulência do impasse da multi-informação, não subordinado ao marketing corporativo, uma das ciências mais nojentes que existem! E, observação à sol, de sampa, que também escreveu ontem: acho que há algum engano na sua informação. O Jabor continua, firme e forte, na CBN. Aliás, caros comparsas, entrem no site dele (http://cbn.globoradio.globo.com/cbn/comentarios/arnaldojabor.asp) aguardem a atualização para o comentário de hoje, sexta-feira, 10 de agosto. Com a picardia de sempre, e em perfeita sintonia com os tempos atuais, Jabor fala bastante sobre "Terra em Trânsito" e "Rainha Mentira". Para aqueles de vocês que ainda não puderam ir, não percam!
Sérgio
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riginal Message —–
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