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Nada a Declarar

Londres– A BBC mostra uma reportagem sobre o Exército Iraniano que luta contra os traficantes do Afeganistão, que trazem heroína através dessa fronteira. Parece ser essa a maior guerra contra o narcotráfico no mundo! Será? Mais uma vez estou diante de fatos produzidos ou reproduzidos pela mídia (parte do artigo anterior, aqui embaixo). Será essa guerra “contra as drogas” maior do que a da… (bem, vocês sabem o que estou pensando. E se não sabem, deveriam saber)?
 
Recessão: Um dos mais revolucionários e inovadores de todos os tempos, EVER, John Cage, tem uma peça para piano que se chama “SILENCE”. E, nessa peça, um pianista (o original, David Tudor) sentava ao “piano temperado” (uma invenção de Cage, se não me engano), e NADA fazia, por 14 minutos.
 
Bem, recessão econômica pode ser vista dessa maneira. Algo acontece, sim. Mas nada acontece. Digo, algo acontece, sim. Existe o instrumento, existe um músico e até uma partitura. Existe até uma expectativa enorme de música no ar, mas o que se ouve nada mais é do que um enorme RUÍDO do que habitualmente chamamos de silêncio. Cage compôs isso na década de 50, depois de várias recessões econômicas e artísticas. Depois de uma falência múltipla de órgãos ou valores ideológicos. Fim da Segunda Grande Guerra. Início do Sonho Americano, início de um grande fim. Qual fim?
 
Aquele que, ao mesmo tempo, Beckett descrevia em seu deserto em “Esperando Godot”. Uma entidade que não vinha. Uma promessa que não chegava.
 
Até hoje nos sentimos incomodados com a partitura de Cage. Até hoje nos sentimos incomodados com a “partitura dramática” de Beckett com as montagens recentes da Broadway e daqui, do West End. É visível o quanto o “grande público” ainda não está preparado pra “entender” Beckett. Então, “Esperando Godot” é aplaudido por uma platéia que, na verdade, se incomodou com os silêncios RUIDOSOS deixados nas entrelinhas não ditas ou malditas entre Didi e Estragon, ou nos geniais monólogos de Lucky.
 
Não queremos entender o vazio. Não estamos preparados pra ele. Portanto, a mídia nos enche de ervilhas. Essa reportagem da BBC, assim como ver a foto do jogador Ronaldo em plena capa do respeitoso jornal paulistano em pleno sábado (não é mais só a foto do GOL nas segundas, agora tem jogador na capa, também aos sábados, brasileiros!!!), me deixa um tanto quanto receoso quanto a tentar explicar o inexplicável: “um dia não terei mais nada a declarar”. Sim, um dia, nós não teremos mais nada a declarar.
 
Estaremos MUDOS diante das conflitantes e concomitantes notícias: nada prova nada. Jura? O exército iraniano? Mas justamente esse Irã que tanto ostracisam???? Caramba! “Sim”, diz um oficial da armada contra as drogas iraniano, “o mundo ocidental nos deve muito, já que um saco desses, nas ruas de NY ou de Londres, custa 80 mil dólares! Mas não nos dão um tostão porque acham que estarão armando o Exercito Iraniano”. Pois é. Está posto o dilema!
 
Está estabelecido o conflito, como dizia um personagem a outro em “Electra Com Creta!” Ah, os tempos! Como passam…
 
NADA A DECLARAR:
 
Temos o instrumento. Temos a partitura. Vemos o que vemos. Mas o que enxergamos? As guerras – apesar de serem aristotelicamente explicáveis e perfeitamente lógicas (se justificadas por um lado ou pelo outro) – não passam de encenações sangrentas e que devoram milhões de almas. Milhões. Não fazem NENHUM SENTIDO. NENHUM. 

Me perdoem por não fazer sentido nesse texto. Mas é como estou hoje. Sinto-me como uma massa, como uma pasta, irregular, inexplicável, triste, vazia, ruidosa, sem nada a declarar e, no entanto, querendo dizer tanta, mas tanta coisa e… sem conseguir dizê-lo.

Mas não sou John Cage: não consigo (ainda) criar um espetáculo no qual alguém senta e NADA toca por 14 minutos. Meu recorde foi em M.O.R.T.E. (Movimentos Obsessivos e Redundantes pra Tanta Estética) em que eu coloquei os atores em posição de total estática, rígidos como estátuas de sal e acendi as luzes da platéia, por 7 minutos. Mas isso foi em 1990. Quarenta anos depois de Cage.

Estou morto.

 Me perdoem, não tenho nada a declarar.

 

Gerald Thomas

 

 
 

(Na edição: O Vampiro de Curitiba)

 

 

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Animal Canibal Pizza

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Tempos macros e tempos micros

New York- Tem gente encenando “Esperando Godot” em tudo que é canto. Aqui em NY é John Goodman (no papel de Pozzo) e o (palhaço) Bill Irwin. E em Londres Sir Ian McKellen e Patrick Stewart são Didi e Estragon. As produções poderiam ser tão “convencionais” quanto aquelas da década de 60, com Zero Mostel e Burgess Meredith.

Nada mudou.

Nada de novo. Lama na cara, roupas rasgadas e com aquele spray típico que falsamente dá aquele look de envelhecido. Beckett está nos grandes palcos do mundo (ou seja, Broadway ou West End), mais uma vez.

Nunca houve tanto Beckett no ‘mainstream’, ou seja, nos grandes palcos dos grandes teatros! Quem diria! Quem diria, hein, Walter Kerr? Esse crítico do NY Times, que renunciou já faz algumas décadas por ter julgado mal “Esperando Godot”, dizendo tratar-se de uma peça “onde nada acontece, em dois atos”, depois reconheceu tratar-se da obra mais importante do século XX. E despediu-se dos seus leitores do New York Times dizendo que, já que havia feito um erro crasso desse tamanho (o de não ter reconhecido o talento de Beckett), quantos outros talentos ele também não teria deixado de enxergar?

Pronto. Fim de Kerr. Fim de Jogo. Foi-se um crítico. Fica Beckett.

O dramaturgo irlandês que eu conheci era muito engraçado. Suas peças e textos são muitíssimos engraçados. Não são hilários somente porque são escritos para palhaços ou ex-palhaços na beira de um ataque de nervos, mas o homem em si era um irlandês tipicamente no exílio (como quase todos). Pensam torto, falam torto, andam com a Irlanda na cabeça, mas não retornam.

Mas chega de Beckett. Será que chega mesmo? Muitos autores são confinados a sua própria memória. Muitos deles vivem numa prisão, mesmo estando livres.

Pois é: outro dia li na Folha Online um triste texto sobre o Boal. O que dizia? Ah, sim, dizia que ele vendia livros em Amsterdam ou qualquer lugar “lá fora”. Ora, que besteira a se dizer sobre o Boal. Com tanta coisa importante a ser dita sobre alguém que “pensou o teatro” como Augusto Boal (mais tarde o crítico da Folha consertou isso, graças a deus), tinha que prevalecer justamente aquilo que o pobre coitado sempre combateu!

A idéia do Brasil ainda é do “lá fora” e o “aqui dentro”. Vocês vivem numa prisão? Que horror essa mentalidade lusa (justamente TUDO que Boal não representava. Ou não queria representar), de viverem confinados a um país de dimensões continentais mas se comportando como se estivessem naquela ilha minúscula a qual Hamlet, já considerado louco, é mandado pro confinamento: a Inglaterra.

Correção: a minha Inglaterra é enorme! Só Londres… ah, esquece!

Quando eu era macrobiótico era assim. Havia poucos restaurantes aqui em NY.

Eu morava num loft na 23 com Lexington (perto de onde moro hoje – quantas voltas eu já dei em volta dessas ilhas: ah, as ilhas! Que sub-produto mental de nosso estado de ser!) e o Fernando estava com 6 anos. Matriculei-o na Little Red School House na Bleeker com 6 Avenida e, quando estava tudo no lugar, quando estava tudo certo, caí – amarelo como um táxi – com hepatite (que me diziam), provavelmente peguei 6 meses antes visitando presos políticos brasileiros, quando ainda trabalhava para Amnesty International, em Londres.

Os médicos do Bellevue Hospital não sabiam o que fazer comigo! Eu também não. Eu caminhava lentamente os quarteirões do meu loft… Parecia o Lex Luthor, ou o próprio Didi, diante de Estragon tentando achar a sombra de uma árvore. Não haviam árvores nesse trajeto da rua 23 até a 1 Avenida.

Depois de sofrer meses e não ter forças pra me levantar da cama, finalmente a macrobiótica entrou na minha vida: eles, os “Men in Black”, vieram de Boston e esvaziaram minha geladeira! “Como assim? Eu não posso mais beber Coca-Cola? Nem açúcar? Nem pão? Nem queijo?” Eu estava aos berros como uma bicha histérica enquanto o Fernando morria de rir. Os ‘médicos’ macros faziam eu engolir um chá de araruta, gengibre, umeboshi e shoyu. Buuhh.

Três dias depois eu estava de pé e ÓTIMO.

Existe cura para a grande dramaturgia. Existe cura praqueles que se sentem ilhados dentro de suas cabeças provincianas porque nunca ‘pensaram’ suas artes ou nunca deixaram sua marca na história.

Um desses chás, por exemplo, e pimba! Não há limite geográfico que resista! A psicanálise e um chá macrobiótico e seria o fim da dramaturgia internacional. Estaríamos todos curados!

Por que esse post? Porque “a vida tem que seguir seu curso” (essa frase é de “Fim de Jogo”, do mesmo Beckett). Nossa vida, nossa dramaturgia é baseada em nossos traumas e nossos traums (sonhos, em alemão). Não ousem tirá-los de nós!

Os comentários dos últimos dois posts estão excelentes. Excelentes! Na verdade acho uma pena interromper o papo de quase 800 comentários pra ter que iniciar tudo novamente aqui. Mas parece o próprio ciclo da vida, esse “nada” que temos que alcançar, esse espaço NULO (void) no UNIVERSO, a falta de ego, o nosso NADA, como aquela mulher em Rockaby (Cadeira de Balanço) que enxerga a vida através da veneziana ou da persiana e diz assim: “one blind up, fuck life”!

Ah, claro, se hoje ainda sou macrobiótico?

Sou vidrado na Cristiane Amampour. Isso explica alguma coisa? Explica. É uma forma diferente de macrobiótica. Sim, porque se você tem a total compreensão do que significa o yin e o yang, você não precisa mais seguir rigidamente nada. Isso deveria ser um exemplo para os partidos políticos radicais. Isso deveria ser um exemplo para aqueles que colocam bombas em seus cintos e se jogam pra dentro de uma multidão e se explodem.

Isso deveria ser um exemplo de transparência de que estamos aqui num processo temporário e efêmero, quase besta, e que Godot jamais virá. E quem ganha dinheiro, muito dinheiro, doutrinando meninos e meninas dizendo que ele já chegou ou que ele já está aqui, acaba asssado num campo qualquer numa Animal Canibal Pizza ou enterrado até a cabeça como o personagem Winnie em “Oh, Que Belos Dias!”, de… ah, claro, quem mais? Samuel Beckett, evidentemente. O anti-Godot.

Gerald Thomas

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(Vamp na edição)

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O Halloween mais político de toda a história!

 

Halloween é uma data onde se fantasia daquilo que você quer, ou daquilo que você mais odeia! Poderia se dizer que hoje, a cada 31 de outubro, a nação americana mostra de fato a sua cara (escondendo-a). Estranho. Mas o Carnaval brasileiro também não é assim? Ou o de New Orleans, quando não levam um Katrina na cara? Ou o de Veneza, em preto e branco. Se fôssemos ao pé da letra, racismo e tudo, esse Halloween deveria ser a cara do carnaval de Veneza. Preto e Branco. 

Esse é o dia (ou a semana) onde se “expurga” as bruxas, ou os espantalhos, colocando máscaras, rufando tambores, sendo aquilo que se é, sendo aquilo que não se é.

Quem faz teatro sabe disso muito bem: fazemos isso todos os dias nos ensaios. Fazemos isso todas as noites durante as apresentações!

Andando agora por certos bairros de Manhattan vejo gente fantasiada segurando seus cachorros (também fantasiados – nem o osso é um osso!), esperando a parada, o desfile, assim como Didi e Estragon esperavam a aparição daquele “messias prometido” e que não chegava nunca: Godot. O desfile sai mais tarde no West Village e atravessa a cidade, como todos os anos. Essa eleição parece que não vem NUNCA e mexe com os nervos de TODOS. Deus me livre! Tá todo mundo doido.

Já vi McCains, Obamas, Super-homens, Sarah Palins e milhares de combinações entre uns e outros, até gente vestida de Wall Street, tinha. Ou seja, vestida de nota de Dollar queimada!!! A tradicional caveira – fantasia muito comum nesta data – está meio desaparecida. Ou será que ela virá mais tarde, depois da eleição, de forma realista? Ai meu deus! Pára de pensar bobagem, GT!

Em época de eleição as pessoas fazem questão de AFIRMAR aquilo que são, ou aquilo que NÃO são. Difícil dizer. Afinal, quando alguém se veste de caveira, ela seria o que durante o ano? E quando ela se veste de Super-homem? Ela seria o anti-herói durante os dias infelizes dos meses que nos conduzem até aqui?

Numa nota mais lógica e menos analítica (já encheu o saco isso) até o Larry Eagleburger, que trabalhou para a administração Bush (pai) disse que Sarah Palin não está preparada para ser vice-presidente. Ou seja, numericamente, agora só restam mesmo QUATRO Secretários de Estado do Partido Republicano que apóiam Palin! Os outros todos afirmam que essa mulher, enfim, não presta. Olha que loucura!

Colin Powell, cuja entrevista no Meet The Press ainda está disponível nesse blog, foi um dos primeiros a endossar Obama e dizer que ela não está preparada. Meu carteiro, o Salvatore, que ama Giuliani, acha que as pernas de Palin são mais sexy que as de Joe Biden.

Essas piadas são ótimas num dia como esse, onde os gheists estão soltos, onde Mephisto vai ter que procurar suas botas e Fausto estará reescrevendo seu papel – escondido atrás de uma máscara de, digamos, Idi Amin Dada! Esqueceram dele? Sim, tem muita gente morta ou morta viva endossando muita gente!

CUIDADO! Se você andar na Upper West Side de Manhattan, onde fica o museu de História Natural e muita carcaça de Dinossauro, ou o Dakota, o prédio onde morava John Lennon, Lauren Bacall e Leonard Bernstein e onde Polanski filmou o “Bebê de Rosemary”, uma mulher velha andava com um rádio sintonizada na National Public Radio a toda altura: “Eu não aguento mais: fico olhando as pesquisas de dez em dez minutos”.

Mas Nova York não é termômetro. Al Gore está na Florida fazendo campanha. Aliás, campanha aqui é invisível: não tem bandeiras nas ruas, não tem lambe-lambe. Clean. Clean.

Tão clean quanto “Esperando Godot”, de Beckett, que estréia com Patrick Stewart e Ian McKellen num teatro do West End Londrino, o Heymarket. Tá vendo? O mundo está perdido mesmo! Beckett na Broadway londrina. Pela lógica então…

Gerald Thomas, enfiado numa abóbora (Pumpkin)

 

(Na edição, O Vampiro de Curitiba)

 

 

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Hoje o Blog comemora seu terceiro mês e…

Antes de mais  nada, eu queria agradecer aos leitores FIXOS (que transformaram esse BLOG num verdadeiro fórum de debates) e aos FLUTUANTES (aqueles que entram de tempos em tempos: no tempo Proustiano). Seja como for, está o máximo! Os comentários estão BOMBANDO!!!! Interessantíssimo: temos uma das maiores médias de Blogs (postagem diária) em comentários: ultimamente temos chegado à uma média de 250 por post: isso é uma maravilha! E isso com “moderador”.

Então, só tenho mesmo que agradecer a presença e o interesse de vocês: em 3 meses chegamos a quase 133 mil hits ou acessos, o que acho ótimo!!!!!

E parabéns ao pesoal do IG! (fui visitá-los ontem: os projetos futuros são ambiciosos e modernos. É o que se deseja. Sair da mesmice!)

Obrigado a todos!

E daqui a pouco, ainda hoje, espero: um novo artigo sobre o “BRASIL visto de cima”

LOVE

Gerald

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QUERIDOS,

ESTOU PODRE DE SONO: MEUS OLHOS FECHAM ENQUANTO TENTO DIGITAR A PARTE PROMETIDA ACIMA. JÁ PASSA DAS 2 DA MANHÃ DE DOMINGO E… NÃO DÁ, 
SE AS MAQUININHAS PIFAM, OS HOMENS NÃO PRESTAM. DIGO, PIFAM TAMBÉM.
SÃO PAULO ME CONSOME (não confundir com a sopa de caldo de carne) como nenhuma outra cidade, e explico:

   Se em NY ou Londres e até em Trieste as malditas contas podem ser simplesmente pagas sem precisar ir aos Correios, mas deixando um cheque num envelope para, digamos, “ConEdison”, a “HIP” (meu seguro de saúde), “TIME WARNER CABLE” ou “BBC TV License”, etc. (ISSO PORQUE NÃO GOSTO DE PAGAR ONLINE: NÃO GOSTO DE DEIXAR MINHAS INFOS PESSOAIS NOS STES DE NINGUÉM).

   AINDA COLO UM SELINHO DE 42 CENTS NUM ENVELOPE E O DEIXO AQUI, dentro do prédio, numa caixa enorrme do “US POSTAL SERVICES MAIL BOX” ou da “ROYAL MAIL” ou da “DEUTSCHE (Bundes) POST” e, no dia seguinte, a conta está paga.

Mas em Sampa… onde o trânsito FLUI maravilhosamente bem e onde não existe stress de trânsito ALGUM. Onde um mero documentozinho de papel tem que passar por  tantos e tantos CARIMBOS e ASSINATURAS de JOSÉS e Marias que SEQUER O LÊEM, sequer  notam o seu CONTEÚDO!!!

Enfim, de volta ao capeamento das ruas e avenidas (PODRES e POBRES!) que são levemente asfaltadas num declive que vai caindo para o meio fio, ou guia, como vocês dizem, para que os motoristas de ônibus treinem para as próximas OLIMPÍADAS. Ou então metem essas carroças que vocês chamam de ônibus pra cima dos postes. Como é que os prefeitos BrassleROX deixam que circulem essa COISAS que até nas estradas perto e dentro de Tanger  e Casablanca já estâo UP TO CODE, digo, modernos (e Vamp: por favor não me venha com aquela de que o BR não vendia ÔNiBus pra NY, nâo! A tua Curitiba e o Jayme Lerner EMPRESTARAM algumas daquelas paradas de ônibus ovais e transparentes, junto com alguns ônibus. Não deu certo. Pequenos demais para o tamanho da populacão de NY e para reconstuir aquele alien numa cidade onde basicamente se anda a pé ).

Tempo que  me consome:

1- Tabelião (soa suspeitamente como o órgão que controla o Taleban) para RECONHECIMENTO DE FIRMA: ninguém olha nada mesmo, mas sai-se de lá, horas depois, orgulhoso e VITORIOSO  com aqueles selinhos e carimbos que Saul Steinberg imortalizou e fez com que Millôr Fernandes ficasse para sempre paralizado  de ódio e inveja (do Saul, claro),  porque, como já dizia Paul Celan, “Até existe  a inveja saudável, mas talvez entre os peixes”.

2-  Nos EUA (eu-a), o país mais personalizado do MUNDO, afinal é um país feito para o coletivo em inglês, US–A (nós–ou da gente), esquecem que existe algum parentesco com United something e, em português, fica ainda mais super-hyper-dper individualista: EU-A.

Lá (aqui, juro que não sei de onde escrevo, minha cabeça foi engolida por Moby Dick, uma baleia que vi na rua), nada de fila de correios e nada de FILA em bancos onde TUDO apita (falo dos bancos no BR): que meda! E que merda viver num clima de terror o tempo todo: não se pode parar nos faróis à noite, aquele CLIMA quando um molequinho de 9 anos quer limpar o vidro do carro.

 

Acordem brasileiros: esse país é extremanente RACISTA, cruz credo! Se um moleque branco vem, VOCÊ FICA. E se for um NEGRO, você dá um jeito de atravessar a Rebouças, vindo ali da Henrique Schauman.

 

Traum: sonho, em alemão

TRAUMA, oposto do sonho!

Já fiquei trancado naquela porta de banco giratória e nada acontecia: se tivesse sido com o ex-críitico teatral do New York Times de décadas anteriores, ele teria descrito uma ida aos bancos no BR à “Esperando Godot” que, segundo a infeliz crítica de Kerr, foi assim: “Nada acontece, em dois atos”

 

Kerr, décadas depois, pediu demissão do cargo de crítico por reconhecer em Beckett um gênio: “Nao tendo reconhecido Beckett logo, quanto talento maravilhoso eu terei ‘overlooked’?”

Pergunta: Quando é que esses MALANDROS QUE USAM O DINHEIRO PÚBLICO DO CONTRIBUINTE (esses verdadeiros impostores de renda!!)  seguirão o exemplo de kerr e… Como eu sou inocente, não? Tentando mesclar política com dignidade e dignidade com cultura…

 Nossa senhora! E as ruas aqui em sampa (olha que não falo das valetas que quebram TODOS os carros que cruzam a JAÚ, ITÚ, FRANCA, LORENA pelas  Joaquim E. de Lima, Peixoto Gomide, Casa Branca, Ministro, Padre, Augusta e a Haddock e a Bela Cintra e a rua da Consolation!) Não, o pior quebra-focinho-de-carro é a esquina da BRIGADEIRO (pra quem nem é daqui, até que dou banho em Rogério Fasano, que sentava ao lado do Fausto Silva na Rodeio e estranhava a decoração. Isso era uma prática diária, até que Marilia Gabi Gabriela, hoje a scholar mais respeitada no que diz respeito a Benazir Bhutto e a criação de sociedade dos seus ex-amigos…), enfim, o CAOS e o INFERNO dessa cidade me encantam (Frase de Marion Strecker).

Afinal, mostre-me uma grande cidade  cosmopolita que ainda tenha “BUJÃO DE GÁS” sendo vendido por charretes motorizadas: Essa é a grande KAPUTal? Sou mais o Rio! NÃO, NÃO E NÃO!!! NÃO ESTOU AQUI NESSE PLANETA PARA INSTIGAR AINDA MAIS VAIDADE ONDE NÃO DEVERIA HAVER NENHUMA…

O Roberto Marinho ordenou que a fiação fosse enterrada e que os os postes fossem alcoólatras em tratamento. E MANDOU que o Case e a ESPOSA doassem o seu dildo (como é em  português? É “consolo fálico”) no Bar Vinte, a alguns passos de onde o Islamismo extremista (ou algo assim) já faz muito tempo CONSEGUIU  dividir o LEBLON de Ipanema.

 É o Jardim de Alah… junto ao canal que desemboca na Rodrigo de Freitas!

 Prefeito (0u “a”): Vocês só têm duas opções!!!!!

1- Enterrem logo esss FIOS horrendos com seus geradores ou ‘transfiomadores’ assasinos: com 89 anos de atraso!

2- ENTERREM o transporte público também! SP bate todas as outras capitais do mesmo porte em FEIÚRA, falta de INFRA, etc.

Nao é à toa que o teatro CULTURA ARTÍSTICA  foi-se em questão de 3 horas.

Imaginem se Osama bin Laden decidisse atacar Sampa: Não restaria nem o Parque Trianom. Melhor ainda: só sobreviveriam os michês que ficam ali do lado de fora do Dante.

Mas… JUSTAMENTE por causa de toda essa zona que o Rio virou, aquela cidade ainda tem algo MUITÍSSIMO PRECIOSO: um senso de auto-estima altíssimo. Por ter sido a capital de Portugal e das colônias e depois a do BR. Não, de forma alguma: esse orgulho não está à venda  e não está na competição por prédios mais altos ou Shopping Malls que abrem aqui mais do que vala rasa na Geórgia!  Isso vem de uma FORTÍSSIMA TRADIÇÃO e CULTURA.

Sim, a CULTURA é o samba e a tradução vem de longa data: a de exbir com muito carinho, amor e preservação, ao TURISTA, a cidade onde Jesus decidiu dar uma paradinha. Só que, ao invés de simplesmente abençoar a cidade, seu gesto foi um daqueles “CARAMBA, como isso aqui é lindoooo!!”

COMO ISSO aqui é lindo!

Na minha modesta opinião, o Cristo Redentor deveria se casar com a LADY LIBERTY. “Ah, que piada insossa”, vocês estão dizendo. Seguinte, camaradenses: Jamais, mas JAMAIS menosprezem ou duvidem da importância de quando dois ÍCONES ou SÍMBOLOS resolvem se unir e se casar! Nunca! A História já nos provou  os tremendos danos de tais fusões. Mas raríssimamente existe, de fato, a paixão!

Gerald – comemorando 3 meses de IG e agradecendo TODA a equipe do fundo do meu coração: não sei como vocês me aguentam!

PS DO VAMP: críticas tudo bem, mas não esqueçam o LISTERINE!

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Parte 9 da BlogNovela – a primeira novela pela internet

Parte 9 da BlogNovela – a primeira novela da internet

“Angústias, paradeiros Germânicos, Britânicos e uma britadeira na mão (a Brit, half a pint), sem buraco algum para ser aberto. “Um ser em aberto”

Refeito do desmaio, Gerald está, de fato, no palco do Bayerisches Staatschauspiel. No mesmo Cuvilies Theater onde, em 89, montou seu “Sturmspiel”, e em 90 – um mês e meio após a morte de Beckett – sua versão de “Warten auf Godot”. Pega um celular da T-Mobile da produção e liga para amigos em todas as partes do mundo. Liga tambem pra Dra. Paloma, agradece profundamente, e ouve o que não queria ouvir.

“Como assim Paloma a traveca era o…..? O Dylan? Mas…como assim?”

Paloma – “Fique tranquilo. Meu fone está sendo…grampeado. Estou usando um código porque você ainda não está bem. Não é exatamente o Dylan, “O” Bob per se, entende? Mas trata-se de um Zimmerman”… depois a gente fala com mais calma. A sala de espera aqui tá com mais de 180 pessoas me esperando por causa do tempo que eu perco com você, Gerald, agora que voce esta de pé, se vire!!!”

Abruptamente a ligação é interrompida. Com seus botões, zípperes e o pouco que sobra de sua mente, o autor perambula pelo palco daquele teatro barroco, rococó, e fica murmurando “Zimmerman (homem do quarto, homem do quarto) Zimmer Man” como se fosse um mantra, algo hipnótico.

Um parágrafo do episódio passado, antes do desmaio ainda martelava, BRITadeirava a sua cabeça:

“Ainda sentado na cama, sabendo que a autópsia da Paloma havia sido concluída, o autor estava aflito pra saber qual era, de fato, o instrumento da morte fake, se era no mais remoto estilo Orson Welles ou algo como nos filmes de John Waters. Afinal, era ou não um bafômetro, e se era, quem o colocou lá ou que tipo de fetiche era esse? Quem era o criminoso?” E aquela coisa toda com a Amy Winehouse? E aquele bilhete: “you are strapped, you are gagged, hooded and bounded to fail (e continuando em português) um garoto cego te entrega uma flor, e sai correndo e você sai correndo atrás dele. De repente os dois param.”. Wow. Que animador. Nada tem conclusão.

O seu production stage manager, um francês , querendo ser simpático (isso em si uma anomalia, um paradoxo, um oxímoro, um cunudrum) vem tentar tirar o autor do transe, e tenta comentar a última partida de Wimbledon entre Federer e…. o autor explode:

“Genet c’est pas!” (oops!). Genet? J’adore Genet mais je déteste le tennis! Je deteste le sport e me ‘sivuplaixodeon’ me deixe em paix!” Sim, o autor confessa sua ignorância em francês desde o dia em que pegou um táxi em Paris (na década de 80) e o taxista (e seu cachorro) lhe perguntaram se ele era “un Juif de lá provence” (um judeu da provincia)! Ora! Essa corrida (aí no Corida, o império dos sentidos), foi ótima, os três, autor, motorista e cachorro vieram do aeroporto Charles De Gaulle até a Rue du Buci parlando le paroles sem parar sobre a política Argelina e Senegalesa (num sotaque de judeu da província). Ai, ai TGV de George Marchais. Ai, ai o “Liberation” de Jean Paul Sarte. Ai, ai, ai os idealistas de 68, enquanto em Londres (dentro da cabeça do autor) era a contracultura, o Cream tocando, os Yardbirds, etc, Hendrix no UFO club. Era o Sid Barret ainda no início de carreira com o Pink Floyd. Tudo tão punk, tudo tão “cult”.

Ainda perambulando pelo palco, anotando algumas frases (já que não havia se preparado pra esse momento) (o elenco está nos camarins e na cantina), como:

– “Se voce estivesse vivo durante a Guerra, a Segunda Grande Guerra, ou na guerra do Vietnam, na guerra da Coréia, ou durante as atrocidades de Sarajevo e Kosovo, ou entre Sérvia e Croácia, e os Tchechenios e Russos e Ruanda e Darfour, ou o 11 de setembro ou, e se conseguisse se desvencilhar das memórias reais daquelas que vão se acumulando depois, se ‘depositando como um lixo pós-traumático’, talvez se perceba que não são esses exatamente os eventos que marcam realmente a tua vida. Como?

Texto – “Sim, as pedras que acumulei na vida, uma no Muro de Berlin e outra no 13 de setembro, porque em 11 de setembro o que restava do WTC ainda estava muito quente para ser tocado, e agora são lembranças que podemos contar, recontar, rememorar, tocar, nos mais mínimos detalhes e sem cairmos aos pedaços. Afinal, passamos por elas, não ficamos deformados. Existem exceções. Os sobreviventes de Hiroshima e Nagasaki e Dresden, e dos campos de concentração e dos gulags.”

O autor percebe que parte do elenco já está de volta ao palco, e que esse texto acima não é nada operístico e muito menos teatral. MERDA! Mas ele não quer montar uma ópera agora, e o Cuvilies não é palco de ópera e sim de teatro! Esse teatro fica a poucos metros da Hofoper de Wagner, esquina de Maximillianstrasse. “Ah a revolução Russa, olha no que deu”. Ontem, Gordon Brown sentava com o novo filho da Putin numa posição de desconforto total lá em Hokaido, na conferência do G8.”. Não, essas anotações não servem pra nada!

Um placar da cidade mostrava mais uma peça “Warum Warum” (porque, porque), dirigida por Peter Brook, anunciada no Schauschpielhaus na mesma semana passada em que ele estava se apresentando em Sampa. Brook virou uma franchise? Só porque alguém está baseado na França, vira uma “franchise”?

O canal “arte” mostra um lindo documentário sobre Villa Lobos: um tanto quanto naïve: “brasileiros não precisam fazer nada, sigam sua arte, ela é suficiente”: Bem isso antes de morrer em 59 e no auge de sua carreira, ao se apresentar no Carnegie Hall e gravar com a orquestra da Rádio Francesa…. Ah Lobos, um idealista, viveu e morreu pra sua Sinfonia Amazônica e as Bachianas Brasileiras, lindas, emocionantes: de chorar!

Segurando suas lágrimas e de volta ao país onde sempre acaba voltando (a origem de seu pai, sua avó) faz mais uma anotação enquanto percebe movimentação na coxia: ‘uma casa é uma casa, uma bomba é uma bomba, uma for, uma flor. Esse talvez seja o meu fim por escolha própria. Se eu morrer aqui estarei – em parte – feliz. Não, não estarei. Talvez em Weimar estivesse. Ou no Rio de Janeiro, ou em Londres ou em NY. Ser um nômade a minha vida inteira foi lindo e, ao mesmo tempo, terrível.

“Não consegui ser um Ghandi. Aliás, nem tentei. Não consegui escapar do meu próprio umbigo, mas pelo menos contei um pouco da história da minha era. Não sou diretor. Nunca mais irei dirigir nada que não seja da minha autoria”

O autor se vira pro elenco, olha um a um e, um pouco estarrecido da um passo prá trás.

Chama o production stage manager, e pede a lista de nomes do elenco e, com a vista um pouco turva vai lendo os nomes, um a um:

1 – Vampiro de Curitiba
2 – Sandra
3 – Carlos
4 – Gustavo
5 – Mau
6 – Valeria
7 – Ana Carolina
8 – Ana Peluso
9 – Contrera
10 – Lucio Jr, Rio MaynArt, Helen, Andrea N.

E assim por diante! “Não! NÃÃÃÃÃÃÃOOOO!!!!” O autor sai correndo em direção a Marienplatz. Ninguém o ouve. É mais uma vez o berro silencioso de Munch.
Correndo em círculos ele cruza o pequeno riacho Isa, e entra pelo Deutsches Museum. Bate com a cabeça numa quina de hélice de helicóptero. Acorda.

O autor está numa cama em Zurich.
E assim, como em “Company”, de Beckett, ele ouve vozes “Voce está de costas no escuro. Voce está de costas no escuro quando uma voz vem, e te diz: você está deitado de costas no escuro. VOCÊ ESTÁ DEITADO DE COSTAS NO ESCURO QUANDO UMA VOZ VEM E TE DIZ….”

O autor, que já não entende mesmo mais nada, ouve movimentação do lado de fora. Está com náusea, mas com fome ao mesmo tempo. Entra alguém no quarto.

!!!!!!!!!!!!

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