Monthly Archives: June 2009

Somos Todos Jacksons ou: Quando os Urubus Não Liberam a Alma

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(Jesse Jackson (esquerda) e o pai de Michael Jackson (direita)

Uraniastrasse (Urania Parkhaus) – Como você se sentiria  olhado, vigiado por BILHÕES de pessoas todos os dias? O Jagger, por exemplo, tem estrutura. Adolescente rebelde, mas já estudando na London School of Economics, ele se “ancorou” internamente para ser um “alvo”.

Já Michael Jackson, nasceu ali, menino, pequeno, frágil, no meio dos irmãos. E menino ficou. O sucesso lhe “estourou” na cara. Nem a voz mudou, ou mudou pouco até quinta passada, quando nos deixou.

A repercussão da morte dele serviu até para desviar a atenção das demonstrações contra o Ahmadinejad, no Irã, e outras atenções. Claro, morrer aos 50 anos não é, digamos, natural.

E nos faz refletir um bocado sobre quem somos, o que fazemos de nossas vidas, o quanto lutamos para termos o que temos, para que, no final, o lixo todo de um “império do rancho do nunca” seja desmontado, assim como são desmontados os nossos pequenos apartamentos, nossas caixas, nossos arquivos, nossos armários e segredos que guardamos atrás de mil tabus. Em nome de quê, mesmo?

Na verdade é estranhíssimo. Logo antes do Michael Jackson morrer, eu ia mesmo escrever algo sobre nossas compulsões, obsessões, higiene, nossa OBSESSÃO em esticar a vida. Lembro-me do Caetano Veloso dizendo, certa vez, que Michael Jackson era uma das fontes que mais distribuía alegria pelo mundo. Eu não poderia concordar mais. Quanto a querer prolongar a vida, isso já é coisa da mitologia grega ou shakespeariana e, especialmente, iluminista (Goethe). Mas Hollywood é o símbolo desse prolongamento artificial estético.

É incrível como a morte de alguém tão genial acabe cavando feridas e expondo microscopicamente a sociedade dopada, dopaminada e lipoaspirada: três em cada dez comerciais de TV nos EUA são de “pílulas de promessas” de redução de peso em sete dias. Na vitrine da Barnes & Noble (cadeia de lojas de livros que a Amazon.com não conseguiu matar) metade dos livros são sobre dieta, fitness, saúde, etc. ou as “últimas” promessas de vida eterna.

No entanto a estatística mostra que estamos morrendo como sempre morremos. Claro, em “alguns casos” estica-se a vida até os 90 e poucos. Mas sempre foi assim.

Minha avó também chegou aos 96. O poeta e escritor beat William Borroughs chegou perto disso, tendo sido viciado em heroína quase a vida inteira.  Tem mulheres paupérrimas no nordeste do Brasil que chegam aos 100. Qual a fórmula? Qual a fórmula?  Somente “ELE” lá em cima a tem.

E nós aqui podemos passar os cremes mais incríveis na cara, nos injetar de colágeno do “La Prairie” ou da “La Mer” ou de GH (Growth Hormone) ou do caralho a quatro que acaba tudo dando numa enorme EXPERIMENTAÇÃO dos médicos e laboratórios. Ninguém sabe nada. Todos se promovem à custa da nossa ignorância.

Somos cobaias e radicais livres numa corrida contra o tempo, contra o círculo de giz.

Claro: macrobiótica serve pra alguns. Ortomolecular para outros. Homeopatia ou (pros masoquistas) acupuntura é uma delicia. Mas tem aqueles que se resolvem mesmo é numa boa feijoada.

Agora, para assuntos mais compulsivos:

MAÇANETA DE PORTA DE BANHEIRO PÚBLICO

Algo muito estranho é maçaneta de porta de banheiro público, como o de avião, por exemplo. Depois que você fez lá o que teve que fazer, lavou as mãos, você pega na maçaneta da porta em que TODOS tocaram, um nojo! Faz sentido? Você não sabe se a pessoa anterior lavou as mãos! Não sabe se está infectada com qualquer tipo de vírus. E não houve nenhum “gênio” que ainda inventasse uma forma de NÃO se tocar naquela horrorosa maçaneta de porta!

PADRES-POLÍTICOS QUE SEMPRE MONOPOLIZAM SITUAÇÕES (foto acima)

Jesse Jackson (mesmo sobrenome, não é da família): Michael havia se convertido ao islamismo. Ninguém está tocando nesse assunto.

Diz o Reverendo Jackson:

“Quando o médico veio? O que fez? Deu uma injeção a Michael? E se deu, qual foi a substância injetada? O médico voltou muito tempo depois de ter sido chamado?”, perguntou o reverendo. “A ausência dele levanta questões importantes, às quais só ele pode responder”, prosseguiu.

Só que…

O Departamento de Polícia de Los Angeles, que investiga a morte de Michael Jackson, afirmou neste domingo que o médico do cantor, Conrad Murray, está ajudando as investigações. Na noite de sábado, Murray foi entrevistado pela polícia por cerca de três horas.

Segundo comunicado divulgado pela polícia, o médico, que estava com Jackson antes de o socorro ser chamado à sua casa, se apresentou voluntariamente. “O Dr. Murray foi cooperativo e deu informações que vão ajudar nas investigações”, disse o texto.

Também neste sábado, uma porta-voz de Murray afirmou que o médico “não é um suspeito” na morte do cantor e que ele vai “continuar a colaborar” nas atividades policiais.

“O Dr. Murray ajudou a esclarecer algumas circunstâncias e inconsistências na morte do ícone pop”, afirmou a porta-voz, em comunicado. “Os investigadores disseram que o médico não é um suspeito e, sim, uma testemunha da tragédia”.

Pronto, aí está. Jesse Jackson sempre CORRE para cena. Sempre. Por ser uma pessoa realmente importante (alguns o colocam no local da morte de Dr. Martin Luther King), acabou por se achar “justiceiro”. Mas com Barack Obama na presidência os valores dialéticos mudaram.

O Reverendo Al Sharpton (que monopolizou a morte de James Brown), é outro cuja voz sempre ouvimos (aos berros). Enfim, deixa pra lá. São pessoas que parecem viver de intrigas, de conchavos, escândalos (na esperança que eles nos tragam alguma revelação).

Então copio abaixo um trecho de um texto que adoro de Alan Viola, cujo blog está linkado a este:

“O ato secreto de Ninguém

Desde o processo de renúncia/impeachment de Collor não se parou mais com a onda de escândalos e suas revelações. Não separamos mais a política de maracutaias – espécie de extensão natural da profissão não regulamentada. Passamos pelo lodo do mensalão escandalizados com o PT, que criou-se e se fortaleceu na tese da ética na política. O partido parece que também não sabia que o jogo do poder – o poderio do jogo – poderia levá-lo para onde sempre pautou sua crítica. O PT frequenta hoje o espaço de suas críticas ferozes por décadas. Que doido. Ou era apenas um estratégia? Um discurso roteirizado para forçar a aceitação do círculo, uma contra-senha?

Havia, e há, uma palavra mágica que adere a antigos, e novíssimos, movimentos de atos políticos, uma aceitação generosa da agilidade e maneira peculiar de se fazer política, tradicional, e supermoderna. A palavra é: governabilidade. Ela que sustenta as línguas dobradas e os conchavos. A governabilidade, para não se romper, impedindo a suposta ação benéfica dos governos, é uma aceitação a priori do outro, com suas manias, idiossincrasias e jeito diversificado – uma ação para além do comum. A governabilidade e seu fim tem que superar essa cisma do comum, de que as coisas tem que estar submetidas a uma ética. Tem uma expressão que lhe assegura os atalhos e lhe dá a camada de importância: Em nome da governabilidade! Depois disso, portal e porteira abertos.

Então, expressões novas e bastantes usadas também vão se acercando de nós como o chatíssimo diferenciado, que já deveria partir sem saudades, pois quer ser um adjetivo de marketing do diferente, e já tornou tudo igual. Expressões servem para isso às vezes, nos fazem entender que nem tudo é como nos parece.”

(seu texto por inteiro continua lá no blog do Alan)

Pois é! Ali está: “Ela que sustenta as línguas dobradas e os conchavos. A governabilidade, para não se romper, impedindo a suposta ação benéfica dos governos, é uma aceitação a priori do outro, com suas manias, idiossincrasias e jeito diversificado”.

Leiam isso no contexto dos conchavos Elsinorianos ou Hamletianos, no caso da morte de Michael Jackson, onde reverendos e políticos (às vezes ambos) querem meter a mão  e o bedelho. Essa tragédia,  que já chamei de “Weltschmerz” (dor do mundo), ou dor de sentir a dor do mundo, é uma medida que não tem medida. Mas pessoas sensíveis a sentem: Van Gogh ouvia vozes e cortou a orelha, e não foi por amor, e por aí vai. Jackson sofria as dores do mundo, desde muito cedo.

Grandes estrelas se apagam e as galáxias ficam com pequenos asteróides sombrios querendo 12 minutos de fama. Nunca me esquecerei as lágrimas de crocodilo de Jesse Jackson aplaudindo a vitória de Obama em Chicago em 4 de novembro, cerrando os dentes de ódio. Ele foi, no início, um dos candidatos pelo Partido Democrata.

É isso. Estamos todos tristes. Não nos entendemos, não entendemos nada, e, no entanto, queremos FICAR aqui o máximo de tempo que der. Ego? Muito ego? Todos nós tentamos “prolongar” a vida. Seja ela a vida biológica ou pública, a dos factóides. É antioxidante pra lá, pílula pra cá, remédio pra isso e Omega 3, 6 e 9 pra aquilo. Os laboratórios fazem verdadeiras fortunas e as clínicas lipoaspiram, botoxam, siliconam as pessoas, tudo pra que se ESTACIONE num tempo! Num túnel do tempo.

Num pacto com Mephisto. Numa troca de sangue.

Numa troca dos três poderes, três mãos, minas de sal, estátuas de sal, coisa que jamais será possível.

E mesmo assim os mais poderosos acabam sendo os mais sensíveis e levam nas costas essa merda dessa coisa chamada “WELTSCHMERZ”, ou Dor do Mundo, que vem da compreensão de que está tudo torto, de que está tudo errado, desde a maçaneta da porta do mictório até as mais altas esferas políticas, até o microcosmo das famílias disfuncionais! Não há jeito.

Nascemos com parafusos a menos!

Gerald Thomas

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(O Vampiro de Curitiba na edição)

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Seis Meses de Obama e a Mosca

“Barack, Barack, nosso pai!”

China ou Chinatown- Sim, Hollywood existe! “A diferença entre insanidade e genialidade só pode ser medida por sucesso”. Um dia explico tudo! Mas foi com a frase “Sim, Hollywood existe” que terminei meu último post. Mas agora… agora, tendo chegado aqui, sem saber quem sou, sem identidade, tento ler os jornais daqui, mas não entendo o Mandarim. Imploro ás pessoas nas calçadas para que falem comigo. Ninguém pára. Poucas pessoas falam Inglês e mesmo assim, ficam cabreiríssimas. Menos gente ainda fala alemão. Ninguém (óbvio) fala Português. A revolução cultural de Mao uniu 16 nações através de um idioma: e eu não entendo uma única palavra: quero saber se os jornais daqui estão dando algo sobre o Irã.

Claro, a maior revolução do século XX. Será? Claro que não! E a revolução Bolchevique, meninos? Não conta? O que é o Irã com o seu extremismo islâmico (1979), contra o “perigo vermelho” de 1917?

Mas não vejo nenhuma foto do Ahmadinejad nos jornais locais, somente uma MOSCA que o Obama matou a tapa!! Também quero saber se falam algo sobre o país vizinho aqui, a Coréia do Norte. Quero saber o que acham do nosso Obama, festejando gloriosos SEIS meses no poder sem um único tropeção!!! Ainda matou uma mosca com um peteleco certeiro!

Mais ou menos com o mesmo poder e já com algum tédio, Barack Obama trucidou com certeiro golpe e destra mão um exemplar da espécie, que teve também seu momento de glória. Não precisou usar seu assombroso arsenal militar, seus porta-aviões que sozinhos são capazes de dominar a Terra, suas ogivas nucleares, os serviços do FBI e da CIA. Com um peteleco e uma expressão de quem é hábil em matar moscas, deu um único golpe e matou a mosca e a questão.

Bem, aí mais da metade da população do Oriente Médio ficou assim:

Aos berros, ou aos mantras, ou aos prantos:

“Barack, Barack, Barack, nosso Pai”, como na foto aí em cima.

O Oriente Médio, como sabemos, é infestado de moscas. Se Ahmadinejad não tivesse roubado as eleições no Irã, seria uma mosca a  menos. Mas, descontando o Irã, mesmo assim, são muitas moscas.

Num telhado qualquer, de um país qualquer onde se secam tâmaras, damascos ou figos, a quantidade de moscas é simplesmente incrível: e Obama demonstrou o que uma cultura milenar não soube ainda conquistar.

13 mortos, pelo menos, no Irã. E nós com isso? O mundo INTEIRO só fala do Irã. O foco do mundo está ali. Como o Lula deve estar com inveja, nossa!

Olha só: Uma das figuras mais poderosas do Irã (o ex-braço direito do pai da revolução islâmica, o Aiatolá Khomeini), o Sr. Rafnanjani, era um crítico de Ahmadinejad e um grande aliado de Moussavi. Ou seja, no fundo nada prova nada. Não importa quem está na presidência. Importam os Aiatolás. Não importa muito quem está na presidência: se ele diz ou não que houve ou não houve o Holocausto: são os palhaços perigosos da vez, mas não passam de palhaços!

O Presidente Obama nao terá que se preocupar muito em dizer se apóia esse ou apóia aquele (o mundo fica lhe cobrando uma posição. Olhem a foto: todos de quatro).  Os Republicanos estão perdidos, sem líder. Em seis meses, Obama fez mais que qualquer outro presidente em anos. Até mosca matou.  Ao invés de olhar o “adversário islâmico” como inimigo, procura um diálogo. Nada mais lógico.

Os Americanos querem guerra? Sim, no passado acredito que sim. Mas a economia está em frangalhos e esse presidente vem de um background bastante diferente para não repetir as merdas históricas.

Num artigo recente no Washington Post, dois líderes dessa administração (Larry Summers e Tim Geithner) escreveram um pouco, assim como se fosse um trailler, do plano econômico dessa presidência. Não, não vou reproduzir aqui no blog o texto do Washington Post e nem vou me irritar com partidos perdidos ou países ditatoriais onde a religião é usada como instrumento de manipulação das massas! Não vou.

Olho em volta e vejo cobras e lagartos pendurados em vitrines.  Congestionamentos enorrrrmes!  Deus do céu! Seis meses de Obama ! Viva! E quem se atrever a criticar o cadarço de seu sapato, vai virar uma mosca morta, com um simples peteleco!!!!

Gerald Thomas (des-orientado)

(O Vampiro de Curitiba na edição)

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Crise Existencial Oriental – parte 1

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Torcida Gay do Flamengo

(Torcida Gay do Flamengo)

De um  AEROPORTO qualquer ai pelo mundo –  Gente, é o seguinte: estou num stress terrível. A torcida extremista gay do Flamengo não me deixa mais dormir. O goleiro Ahmadinejad levou um “frango”, mas está deitando e rolando na grama da corrupção e a galera está furiosa. Mas eu queria dizer que, POR FAVOR,  não descontem em gays, lésbicas ou nos gatos. Gatos, na Itália, são considerados diabólicos! Já vi gato sendo torturado na Toscana! Aqui na China gato é comida de primeira classe, mas a torcida do Flamengo preserva o gato pra…

Não sei mais o que escrevo. Estou muitíssimo perturbado. Noto que, segundo um artigo que leio online, “Relações homossexuais são quase universais no reino animal e podem ser agentes importantes de mudança evolutiva”, afirma uma dupla de pesquisadores dos EUA. No entanto, eles alertam que os zoólogos podem estar rotulando de “homossexualismo” uma série de comportamentos diferentes. O estudo, publicado hoje no periódico “Trends in Ecology and Evolution”, é uma revisão das pesquisas já feitas sobre relações homossexuais animais. Essa área ganhou grande atenção do público após 1999, quando o zoólogo Bruce Baghemil publicou o livro “Biological Exuberance”, documentando homossexualismo em mais de 400 espécies. Há milhares de exemplos na literatura. Que machos gostem de fazer sexo com machos e fêmeas com fêmeas é um enigma evolutivo. Afinal, um gene gay (ou vários genes) seria eliminado, pois à primeira vista ele não ajuda a espécie a se perpetuar. “A grande questão é como explicar qual é o sentido evolutivo”, diz César Ades, etólogo (especialista em comportamento animal) da USP (Universidade de São Paulo). Qual é, então, a vantagem da homossexualidade para os animais? Os autores do novo estudo, Nathan Bailey e Marlene Zuk, da Universidade da Califórnia em Riverside, dão um exemplo. Veja as fêmeas do albatroz-de-laysan (Phoebastria immutabilis), do Havaí. ”Essas aves se unem em casais lésbicos que às vezes duram a vida inteira para criar os filhotes, especialmente quando há escassez de machos. Até um terço dos casais da espécie são formados por fêmeas. O resultado é que elas têm mais sucesso do que fêmeas “solteiras” na criação dos filhotes. O comportamento homossexual, portanto, muda a dinâmica da população -e pode ter consequências evolutivas importantes.”

Vago pelo mundo como se fosse uma nau qualquer sem rumo. Um dia, quem sabe, voltarei a ser eu mesmo. Mas quem sou eu? Não sei.

Boa pergunta!

Fiquem felizes, vocês todos!

Um tremendo abraço!

Sim, Hollywood existe! Um dia explico tudo!

Gerald Thomas

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(O Vampiro de Curitiba na edição)

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O Paraíso da Bandidagem

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New York – O episódio de “Law and Order, Criminal Intent”, com Jeff Goldbloom, girava em torno de um dono de uma mega companhia de segurança (prestadora de segurança até para embaixadas) e que tinha poder de voto pras próximas duas Olimpíadas. O nome Rio de Janeiro foi pronunciado inúmeras vezes. Fotos do Pão de Açúcar, do Cristo, etc., eram mostradas o tempo todo. Mas são vários Laws and Orders. Cada núcleo é diferente: o melhor ainda é o “SVU, o Special Victims Unit”: pessoas mutiladas, estupradas, aos berros, aos prantos. Assim.

Jay Leno está dando um basta. Chega! Vai criar uma “cruzada” contra tudo isso. Eu, que não gostava de Leno, estou começando a gostar.

Tenho notado, recentemente (mais que nunca), que o bandido da história “a essa hora já poderia estar num avião em direção ao Rio de Janeiro”. A série “CSI Miami” chegou a abrir um braço chamado “CSI Brazil” e assim por diante. Sim, onde quero chegar? Não é de hoje que se equaciona o Rio (não o Brasil) com o “paraíso da bandidagem”. Chegou lá, viveu bem pra sempre.

Hollywood sempre soube disso. Ronald Biggs também.

Nossa sociedade aqui é movida a armas. Nossa! Tudo aqui gira em torno delas. Não há seriado (exceto um, dois ou três) que não tem pistola, bazuca, anti-missel. O povo ama a polícia, ao contrário do povo brasileiro. Aqui, os heróis são os Marines.

Nao é à toa que o Superman, o herói kryptonictico, Batman, Homem Aranha e tudo isso, surgiram aqui. Somos doentiamente fascinados com a farda! Com os aviões supersônicos, com as bombas, com os computers que conseguem identificar (através de um fio de cabelo) alguém numa rua no Cairo.

Desde “Flashpoint” até NCSI, Cold Case, Burn Notice, In Plain Sight, 24 ou MILHARES de outros (a cabeça chega a doer) parace que o plano é assim: “TEMOS AS ARMAS, TEMOS OS INSTRUMENTOS BÉLICOS. Agora vamos armar a trama, o complô pra meter tudo isso dentro.”, pensam os produtores.

Kojak, Colombo, Shaft e até Beretta e Sarsky and Hutch eram violentos também. Mas, deus me livre! Nada parecido com o que se vê hoje: a bala penetrando como se fosse uma foda rápida, rasgando as artérias, o sangue manchando as paredes como se fosse um jorro de gozo, o corpo morto numa cama metálica do médico legista e isso TODOS os DIAS em TODOS os canais

Então não vamos bancar os hipócritas: quando o insano lá, aquele nazista, entra no Museu do Holocausto em Washington DC e acaba matando o guarda negro, o que ele esperava? Escapar e pegar um avião e ir para “a Rio de Janeiro” e viver os poucos anos que lhe sobram? Quem começou essa coisa de chamar o Rio de paraíso dos bandidos? Sinatra? Ginger Rogers e Astaire?

Orson Welles? Quem?

Amanhã à noite teremos uma vigília em Washington Square Park em memória de Sean Goldman. É a triste constatação de que terão se passado cinco anos que o menino foi seqüestrado down to Rio de Janeiro.

Gerald Thomas, 15/Junho/2009

(Vamp na edição)

 

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O BRASIL QUER SER CONHECIDO POR INCENTIVAR SEQUESTRADORES?

Por que Sean ainda não foi?

Por Barbara Gancia, Folha de São Paulo

Com interferências minhas, Gerald.

“É fundamental que Sean Goldman seja devolvido com a maior brevidade possível à guarda de seu pai, David”

Barbara – “QUANDO COMECEI A FALAR sobre o caso da guarda pelo me nino Sean Goldman, 9, imaginava que o padrão verde-amarelo de sempre iria prevalecer. Somos um país de torcedores que não entra no mérito da disputa. Para nós, se há um brasuca na parada, é do lado dele que sempre iremos nos alinhar. Já devo ter dedicado uns dez ou 12 posts no meu blog mais uma coluna neste caderno Cotidiano à luta para ver quem fica com Sean, se o pai, David Goldman, ou se o padrasto, João Paulo Lins e Silva, apoiado pela família da mãe. E, até agora, descontando os comentários daqueles que se identificaram como amigos da mãe ou parentes de amiguinhos da escola de Sean, creio que posso dizer com alguma segurança que apenas 20% dos meus leitores apóiam a permanência do menino no Brasil. A maioria das pessoas que me escreveu até aqui para falar do caso se mostrou estupefata pelo fato de o menino ainda não ter sido devolvido ao pai. Alguns chegam a usar a palavra “sequestro” para descrever o ato que o viu subtraído de David Goldman nos Estados Unidos.”

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Gerald- Quando eu comecei a comentar o caso (reproduzindo inclusive o próprio Blog http://www.bringseanhome.org aqui), a resposta também foi “overwhelming”. O maior problema, nesse caso, é a lentidão  da Justiça Brasileira. Um juiz dá a sentença. Vai um Ministro do STF e anula! (O Dateline NBC acompanha o David nessas jornadas). De repente, o STF inteiro vai e anula a “última anulada” e devolve ao meritíssimo juiz que fez o ÓTIMO relatório de 82 páginas. Se fosse por ele, Sean já estaria aqui, nos braços do pai, em New Jersey. Isso pode demorar uma eternidade.

O mais surreal disso tudo? O Padrasto, João Paulo, parece não estar dando conta de tudo isso: então o garoto está sendo criado pela avó!!! Isso sendo que ele TEM UM PAI BIOLÓGICO que já fez, pelos meus cálculos, 14 viagens pro Brasil. Sean vive um pesadelo de Garcia Márquez só que reduzido aos seus nove anos. NOVE ANOS de SOLIDÃO!

Sua mãe, Bruna, infelizmente morta, ano passado, JAMAIS deveria tê-lo “seqüestrado” para o Brasil. Sim, foi uma abdução na medida em que ela mentiu pro David. “Eram férias de 3 semanas. David iria encontrá-los no BR no final das férias. Mas ela já mantinha um namoro (que virou casamento) com um poderosíssimo advogado, de uma linhagem de poderosíssimos advogados, chamados Lins e Silva.

Será que o Brasil quer ser conhecido por abduzir menores? Não, acho que não. Vocês também acham que não.

Prossegue o artigo da Bárbara:

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Bárbara – “Acho no mínimo interessante constatar que o meu leitor, que demonstra estar seguindo o caso com grande interesse e proximidade, tenha deixado o ufanismo de lado e resolvido tomar as dores do pai norte-americano em detrimento dos familiares brasileiros. Parece claro que tanto o padrasto quanto a família da mãe levam em consideração os melhores interesses de Sean. Ele é muito bem tratado, conduz uma vida regrada, tem tudo do bom e do melhor e é assistido 24 horas por dia nos 365 dias do ano. Mas a minha tendência é a de concordar não só com a opinião dos leitores do jornal e do blog, como com a decisão do juiz da 16ª Vara Federal do Rio, Rafael de Souza Pereira Pinto, que expediu sentença de 82 páginas sobre o caso. A decisão ressalta: “É fundamental que (…) seja devolvido com a maior brevidade possível à guarda de seu pai, de maneira que a sua readaptação à família paterna possa também reiniciar-se de maneira imediata” e que “chega mesmo ao plano do surrealismo” que uma pessoa sem poder familiar sobre o garoto (no caso, o padrasto) se oponha à entrega da criança ao pai. “Admitir a possibilidade significa abrir perigosas brechas capazes de consagrar verdadeiros absurdos.” Ouso dizer que não existe motivo nenhum para que Sean Goldman continue a viver com um padrasto que enviuvou jovem e que pode e deve voltar a se casar e a constituir família, quando tem um pai que nunca o abandonou ou teve a intenção de abrir mão dele. Quanto à hipótese de que o menino é quem tem que decidir se fica ou não no Brasil, o próprio pai do padrasto, o advogado Paulo Lins e Silva, especialista em alienação parental, poderia responder que essa não é a mais sábia das decisões. Em palestra disponível no YouTube, ele discorre longamente sobre o poder da mãe em uma separação e como, por passar mais tempo com os filhos, ela pode manobrar para colocá-los contra o pai. No caso de Sean, que tem nove anos, quem passa mais tempo com ele é a família da mãe.”

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Gerald- É legal constatar que não se trata de uma campanha somente de “gringos” (como vocês gostam de chamar). São milhares de brasileiros torcendo pela volta de Sean pra cá.

Mas ele vive nesse limbo. Pela lentidão de um Tribunal, jogando a bola pro outro e assim por diante, essa “coisa” poderá demorar anos. Quem sofre? O menino. E ele, ao que parece, já não está bem. Por quê? Porque não tem a figura paterna nem materna por perto. SOFRE DE ALGUNS ANOS DE SOLIDÃO. Mas tenho a certeza de que o Brasil não quer virar Macondo. Macondo, aquele lugar ou estado surreal e perdido, de Gabriel Garcia Márquez.

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Museu do Holocausto, Washington DC

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Eu ia escrever sobre o Holocausto dentro do Museu do Holocausto, anteontem, em Washington DC e os Nazis, etc.. Mas esse assunto é ainda mais surreal. Em pleno 2009 um cara mata um guarda negro do museu, consegue fugir. Os arianos, essa coisa de raça pura, deus me livre! Sei, claro, não sou inocente: sempre teremos esses “losers” e malucos que se preenchem quando seguem alguma suástica ou algum liderzinho de merda. Impressionante.

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Enfim,  mais uma vez, nesse blog eu termino: Bring Sean Home. In the meantime, good luck kiddo and don’t let them drive you crazy. We’re all rooting for you.

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Obs: fiquei felicíssimo ao ler a Folha e me deparar com esse artigo da Gancia.

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Gerald Thomas, New York, 12/06/2009

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(O Vampiro de Curitiba na edição)

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Nas Entrelinhas do Terrorismo

New York– Não me sentindo muito bem, me ponho a escrever como se fosse uma disciplina. Ainda saudoso, triste e inconformado pela morte do amigo e maestro Silvio Barbato no vôo da Air France (hoje, domingo, a CNN informa que recuperararm 17 corpos), me pego vendo a Fórmula 1, em Istambul. Nossa! Desde que Ayrton Senna morreu, nunca mais vi uma Fórmula 1. Fora o Barrichello (que parece uma eterna luta pra ser um Barrichello, mas fazer o quê? Ele não é um Barrichello!), o resto é um bando de nomes que não reconheço.

Mas durante essa semana aconteceu o imprevisível, o impalpável, o mais chocante: enquanto o Presidente Obama já estava em Buchenwald (campo de concentração perto de Weimar), o ex-vice Dick Cheney finalmente confessou que não tínhamos que invadir o Iraque mesmo e que não havia nenhuma ligação entre Saddam Hussein e Osama Bin Laden.

Nossa! Barichello deu uma escorregada na pista, virou 360 graus e retomou a corrida. Parece estar um enorme calor na Turquia.

Querem saber de uma coisa? Eu estou completamente de saco cheio de jornalistas ou blogueiros que se metem a comentar discursos do Obama ou sua política externa sem JAMAIS terem colocado um pé aqui. Sem JAMAIS terem trocado uma, duas ou três palavras com os paquistaneses, indianos, sírios ou alguém REAL e de alguma dessas tribos (sunitas, xiitas, etc.). Todo motorista de táxi aqui é de uma dessas tribos, o que torna a viagem, no mínimo, interessante! Ou duas em cada dez pessoas em NY são do Oriente Médio. Escrevem através de teorias ou (sei lá!) ideologias! Isso é jornalismo? Ou partidarismo? Partidarismo, óbvio! Não sabem fritar um único ovo, mas sabem TUDO sobre culinária! Não me aborreçam!

Não acredito em nenhum deles. Apesar de eu ser membro aqui do Partido Democrata Americano, mantenho a cabeça cool. E sei que a visita de Obama ao Cairo, por exemplo, foi uma “mão estendida”, sim. Falou  “presidenciavelmente”, falou numa nova linguagem. Uma linguagem que os islâmicos pudessem entender. E, ao mesmo tempo, dias antes, Benjamin Nataniahu esteve aqui, e sua determinação por Israel é firme: basta ver seu time: Rahm Emmanuel chegou a ser do Exército Israelense em sua juventude. Hoje o Líbano tem suas eleições, vamos ver: talvez o senso comum faça com que o Hesbolah saia de cena. Quem dera!

Talvez os velhos rancorosos não gostem da estratégia de Obama. É por isso que gente como o Rush Limbaugh (um porco!) e gente da liga dele estão chafurdando na lama da mentira de guerras inventadas que nada consertaram e só pioraram a imagem dos USA e matam MILHARES de pessoas.

E agora?

E agora, quem teve o prazer de ver a série de Brian Williams (NBC) sobre a intimidade dentro da Casa Branca, viu também a disciplina, a tensão, a ENORMIDADE de trabalho que é lá dentro. Não sei como o homem (Obama) agüenta.

No que diz respeito a uma aproximação PACÍFICA com o Islã, a coisa é clara: enquanto George W. Bush não sabia onde era a POLÔNIA em seu segundo dia de governo (e isso é sério, não sabia mesmo!), Obama é mestre em História. E foi uma aula de história que ele deu no Cairo.

Não somente por que, quando criança, morou na Indonésia e conhece a religião de perto e entende as diferenças entre um bando de terroristas e uma enorme população pacífica, mas porque está traçando uma estratégia de paz que faz a Ângela Merkel (Alemanha) não conter as lágrimas.

Chega de Fórmula 1. Está me dando enjôo! Tá vendo? Eu pessoalmente não agüento, mas não critico quem agüenta: torço pelo Barrichello, óbvio!

É um absurdo escrever através de teorias, de longe, via agência de notícias ou  ideologias. Jornalismo deveria ser algo “experimentado”. Deveria se colocar os pés aqui ou em países árabes. Os jornalistas mais “da antiga” faziam isso.

Os que vivem atrás de um microfone se entupindo de Oxy-Contin ou atrás de um computador expelindo seu veneno, nada fazem além de conseguir uma pequena legião de… De que mesmo? Pensem bem, de que mesmo?

O Presidente eleito chama-se Barack Hussein Obama. Prestem atenção no que ele diz  e como ele diz o que diz. E prestem atenção no que disse na Normândia, por exemplo! E pensem também no que confessou Dick Cheney: que nada tínhamos que invadir o Iraque.

“E que com o Iraque, perdemos muita força no Afeganistão”. Enfim, esse é somente um dos desastres que Obama agora herdou.

Nossa! Voltei à Fórmula 1. Muitas derrapagens! Muita troca de pneus. Odeio as câmeras que ficam dentro dos carros: deixam-me tonto, treme tudo.

Falam num tal de Button. Nunca ouvi falar.

Existem muitos mundos nesse mundo.

Mas os islâmicos estão aí. Essa “arabada”, como se costuma falar, está aí. Aliená-los não é, de forma alguma, uma boa! Integrá-los é a ÚNICA maneira! ÓBVIO! Assim, se afastam os Al Qaedas da vida! É como na década de 50, quando os porto-riquenhos invadiram Nova York. Hoje são parte integral da cidade. Os separatistas da época ficaram sem voz. Sem ar.

Isso me levaria, naturalmente, a falar sobre Sonia Sottomayor, a Juíza latina (mulher brilhante), nomeada pelo presidente para Suprema Corte, filha de porto-riquenhos. Mas isso é para um outro post!

Mas os carros estão derrapando, o Dick Cheney me fez vomitar, já não me sinto muito bem, pois hoje completaremos uma semana do desastre da Air France e nada. O mundo gira. A pomba gira.

A Lusitana nada. A Lusitana já parou de rodar faz tempo!

Nada como uma corrida dessas numa cidade linda como Istambul pra… Mas quantos de vocês sabem algo sobre Istambul? Quantos sabem sobre as fronteiras mais perigosas do mundo, onde o Al Corão pode ser interpretado de uma forma tão deformada que a paz pode significar a paz depois da morte de um desses loucos homens-bombas e, portanto, as entrelinhas do terrorismo são tênues. São frágeis como uma obra dramática de Tchecov, como “Tio Vanya” onde um mundo invade o outro. E baseado nessa fragilidade, um tempo entrando no outro, nessa entropia, Obama faz seus planos de CHANGE.

Não estamos nem na terceira cena do primeiro ato ainda: calma! Muita calma com as críticas. A Fórmula 1? Essa tem a largada e a faixa da chegada. Muita luta, muita gasolina, mas é simples, não? Merda: esse Button venceu. Eu torcia pelo Barrichello.

 

Gerald Thomas

 

(O Vampiro de Curitiba na edição)

 

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A Rota Perdida do Vôo 447

 

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E-mail enviado pelo comandante Peter Lessmann:

 

“Oi GT!

Em anexo um e-mail que me foi enviado por um colega mostrando um trecho de uma carta de navegação onde se vê a “aerovia” (highlighted em amarelo) e sobreposto a ela uma outra carta (carta é um “mapa” usado em navegação OK?) meteorológico e sobreposto a ambos o desenho de um exemplo de desvio que eventualmente eles poderiam ter feito para evitar aquele “pretão” de nuvens de tempestade. Você vai notar que o desvio alternativo era enorme, centenas de KM, a ponto de passar por cima de outra aerovia paralela!! Passei a minha vida desviando totalmente ou encontrando “buracos” entre as nuvens “piores”, mas às vezes somos enganados pelas sombras na imagem do radar ou nuvens tenebrosas “escondidas” atrás de outras menos perigosas como um tumor maligno escondido atrás de um benigno num raio-X, com a enorme diferença que não dá para parar um avião e esperar a chuva passar. Imagine-se em um automóvel na estrada no meio de uma chuva onde você não vê nada, sem poder frear, o acelerador preso a 900km/h olhando apenas para uma telinha de televisão como referência de direção…
A decisão de desviar ou procurar uma brecha é dificílima e depende enormemente da análise das informações apresentadas pelo radar do avião, mas assim como um Raio-X imagem pode enganar a gente porque uma nuvem se comporta mais ou menos como quando você derrama leite no café, aquilo é um turbilhão de energia fenomenal que chega a subir 10 a 15 KM céu acima e não há tempo para segundas opiniões ou novos exames.
Abr.

Peter

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English readers: I’ve just transposed both graphics by adopting the very same scale to them both; I’ve also

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corrected True North and then, I’ve created a Navigation Display style view, so we’ can understand accordingly, how situation really was. In short, and according to my understanding, it shows an extended exposure into the ‘inferno’: 25 minutes . . . In other words, I don’t think anyone else will loose any interesting information.

Most importantly, I’d say that and earlier Flight Plan Change , Route, Airway, to UN 866, including a minor deviation to West would certainly apply!

Additionally, how sad it is . . . definitely!

All the very best,

Fla

Hisashi,

depois de examinar detalhes de weather, não há o que discutir: é simplesmente inacreditável que os Aviadores, com tanto espaço disponível para Oeste da formação maior – e, a despeito disto –, tenham tido o peito de enfrentar exatamente a extensão maior desta área de instabilidade.

Pior ainda, seria voar ao longo da formação, na direção NE / SW, em qualquer dos sentidos!

Para quem está familiarizado com AUTOCAD, por exemplo, seria possível criar um ponto a cerca de 100 NM a SW de INTOL, em seguida seria possível . . .”

 

 

. . . voar na proa 320, por exemplo, ao longo do corredor limpo, até interceptar a próxima posição, TASIL na proa escolhida; 050, 055, ou 060, por oportuno! Neste caso o avião percorreria, sem nenhuma interferência, a trajetória proposta no gráfico acima. Este era, a propósito, meu exercício favorito de navegação usando apenas o FMS e um pouco de expertise de desenho geométrico, mecânico do gênero AUTOCAD!

No caso, fica claro que: criar um segundo ponto, na tangente mais a Oeste da trajetória seria melhor ainda!

De todo modo, foi uma pena este acidente! Nestas oportunidades, fazendo-se uso de pouca criatividade, o avião sai deslizando entre as nuvens, fazendo o desvios independentemente de quaisquer comandos, até parece mágica!

Mas, é curioso até para tentar explicar, o webmaster, por exemplo, girou o Norte cerca de 30 graus para o Leste, no lugar de escanear a carta preservando o Norte na vertical do eixo de leitura como se costuma fazer. Ora, sem saber qual é o público leitor, assim fica difícil até para poder entender . . .

Desta forma, juntando tudo, fica muito melhor! Mas, o correto mesmo, seria girar este gráfico 43 graus para o Oeste; ora, tem-se o Navigation Display na função TRACK! Aliás, como todo mundo sabe! Ei-lo:

 

 

O desvio proposto tem esta forma, porque não disponho de mais informação. Melhor mesmo, seria trocar de aerovia bem mais ao sul, passar a voar na UN 866; ainda assim, seria necessário desviar para Oeste!

Decididamente, não sei o que teria se passado.

Bem, eram três os Aviadores; o antigão, deveria estar dormindo, é normal! Muito principalmente se fosse um cara chato! Daí, surge o problema de língua – de ambas as partes –, modificação de plano de voo; o sujeito fica com preguiça de alterar o FMS, fica preocupado com manutenção do horário do voo, etc. Outros , sem saber as características de projeto do FMS, passam o voo todo inserindo e corrigindo o vento; pensam que é necessário, e, por aí vai!

É uma encrenca . . . mas, eu sinto muita falta!

Gostei muito do que li e do vi. Mas, a exemplo de todos, lamento muito o acidente!

Muito obrigado, Hisashi, um abraço!

Fla

 

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Morre Um Grande Amigo no Vôo da Air France

New York- Estou escrevendo com o coração partido e lágrimas nos olhos. O vôo da Air France levava meu amigo, o regente/maestro Silvio Barbato.

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Mas vou escrever sobre algo que me deixou extremamente feliz também: a Justiça Brasileira determinou que o menino Sean Goldman deve ficar junto ao seu pai biológico, David Goldman. Esse Blog, já há meses, embarcou na campanha www.bringseanhome.org , chegando, inclusive, a publicar o blog deles na íntegra. Minha correspondência com Mark DeAgelis (coordenador da campanha aqui em New Jersey) é freqüente, muitíssimo freqüente.

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Parabéns à justiça brasileira pela decisão!

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Ao mesmo tempo, essa notícia me pega num dia onde não consigo superar a dor: Silvio Barbato foi meu maestro na mais controversa de todas as óperas que encenei: “Tristão e Isolda”, no Municipal do Rio. Sim, aquela em que acabei mostrando a bunda porque… ah, deixa isso pra lá!

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Olha só que loucura o destino: Fazia anos que Silvio e eu não nos falávamos. Cheguei de viagem, de volta pra NY, na Sexta passada. Surge um e-mail dele: “Posso te ligar pra fazer uma entrevista com você? Em que número te ligo?” Respondi na hora e às 5 da tarde do meu horário o Silvio me ligava da Rádio Roquette-Pinto, no Rio. “Oi cara, que prazer, há quanto tempo, etc..”

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Fomos companheiríssimos desde o “Navio Fantasma”, que dirigi no Municipal do Rio, em 1987, no qual ele era assistente do maestro Eugene Cohen, do Metropolitan, aqui de NY. Anos depois, já maestro, veio o “Tristão e Isolda”. A entrevista foi, primordialmente, sobre Wagner. Richard Wagner e o anti-semitismo. E o GIGANTISMO de Wagner e quantas óperas ainda poderíamos realizar juntos, como “Parsifal”, por exemplo.

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Ele me falou que andava mais fora do Brasil do que “dentro” e falou, repedidas vezes, em Belgrado. Foi uma das conversas mais legais, inusitadas e veio com uma promessa, agora interrompida (nossa, estou aos prantos!): “Vou te visitar ai em New York, cara! Mas depois vou pra ‘minha cidade, Chicago”. Eu te perdôo, Silvio, dizia eu, hoje Chicago é sinônimo de tudo que há de bom, pois é a CIDADE OBAMA.

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Agora veio essa bomba de notícia. O Gustavo Ariani me manda um email ainda ontem à noite dizendo: “perdemos o Silvio Barbato nesse vôo”. Fiquei perplexo, paralisado diante da tela e desabei a chorar, enquanto procurava seu nome em sites, etc.

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Como pode, em pleno século XXI, um Airbus novo ser derrubado dessa forma? Sumir do mapa? Ser controlado não por homens, mas por instrumentos?

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Eu vôo muito, como vocês já perceberam. E o pior, adoro turbulência. Pra mim é como cadeira de balanço! Sinto-me como se estivesse nos braços da minha mãe sendo colocado pra ninar.

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Gente, desculpa, mas não está dando pra continuar. A perda do Silvio é enorme. Não dá pra entender mais nada. Falávamos-nos e falávamos sobre a última ARIA de Tristão, aquela cantada por Isolda, o “LIEBESTOD”, essa palavra que não canso de repetir nesse blog: é o amor através da morte, o “amormorte”, a “morteamor”.

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Silvio, meu mais querido: onde quer que você esteja, nosso coração está com você! Que merda de vida é essa, caralho???? Não dá mesmo pra entender!

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Alguém, algum dia, por favor, me explique!

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And Sean Goldman: we wish you the best life in the world next to your real father, David. And we want you to know that all of América WELCOMES YOU with open arms, kiddo!

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Gerald Thomas

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. Maestro Silvio Barbato (Fotografia enviada por Sandra Barbato, filha do maestro)

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(O Vampiro de Curitiba na edição)

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PS. do Vamp: Pessoal, o Gerald escreveu este texto ontem, na parte da tarde. Ainda não sabíamos da decisão do Supremo de manter o menino Sean aqui no Brasil…
Vai ser complicado explicar para o pai do garoto e para todos os americanos, inclusive para o presidente Obama, como funciona nossa Justiça. Esse caso se desenrola há anos, mas o Supremo precisa de MAIS tempo para julgar. Incrível!!!
Foi só elogiar a Justiça e…

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Drogas: Qual é a Sua, Companheiro?

 

New York – Um mágico está no palco serrando uma mulher ao meio ou saindo de um cubo onde ficou durante 40 dias sem comida, como David Blaine, por exemplo. A platéia está “entorpecida”.  Ou uma banda de rock está em seu solo de guitarra, ou a marcha fúnebre de Siegfried em “O Crepúsculo dos Deuses” (última parte do “Anel dos Nibelungos”), de Wagner, está “inebriando” o público do Metropolitan Opera House. Ou mesmo um primeiro leitor de “Metamorfose” chega ao final da primeira página e sente um calafrio e um engasgo orgástico quando descobre que Gregor Samsa, o homem, se transformou num enorme inseto.

 

Nossa arte, nossa existência, a analogia do que somos pode ser – sempre – comparada, através de nossa longa história, a uma droga ou outra.

 

Mas a droga (seja ela qual for) continua sendo tabu. E como tabu, ela continua sendo sempre usada. E sempre usada, continua sempre sob repressão! Por que será? Quem lucra? Quem ganha? Quem perde?

 

Desde que me entendo por gente as pessoas em minha volta fumam maconha, se injetam com “coisas”, fazem surubas, etc.. Lembrem-se: sou da geração da década de 60, plena celebração da contracultura, anti-Vietnam,  Woodstock e Hendrix e Joplin. A geração que ficava horas e horas pro Filmore East abrir, aqui na 2 Avenida. Ou, em Londres, o Marquee na Wardour Street, pra ver o Cream, Yardbirds,  ou sei lá quem tocar.

 

Sim, pessoas caindo, caídas, o surgimento do Punk Rock, Johny Rotten, Sid Vicious vomitando na platéia, os ídolos se cortando com gilete sem saber tocar um único “tune” e se jogando de corpo e alma em cima do próprio público em pleno delírio.

 

Ainda me lembro de ver o MC5 dar uma paradinha em seu show, em Londres (início dos anos 70) pra que John Sinclair pudesse sair de cena pra se picar. “Hang on while I get my fix”. Horas se passavam. Assim como a Banda Vitória Régia tocando no palco enquanto o Tim Maia parecia ter mais o que fazer no camarim.

 

Heroína, Maconha, Cocaína. Crystal Meth, Metadona, Special K, GHB, Mother’s Litlle Helper’s (Queludes) , Uppers, Downers, Meta-anfetamina, crack, chá de cogumelos, mescalina, ecstasy e tantos outros (é só entrar na página do falecido Timothy Leary pra ver, inclusive, a relação entre um e outro e do outro com o outro).

 

Eu não sou muito disso. Aliás, não sou nada disso, exceto a coca (pra fins sexuais), que  usava recreativamente. Mas já foi a época. Consegui, essas décadas todas, me manter longe do Smack (heroína) e do álcool e de todas as outras. Como, não sei. Todo mundo em minha volta dando voltas, cambaleando.

De vez em quando um e outro iam pro cemitério, por causa disso ou daquilo. Quando não era o destino final, era aquela paradinha antes, o Pinel. “Sujeito pirou”. É, sujeito misturou tudo e nunca mais voltou. Comum ouvir isso na década de 70, início dos 80.

 

Mas isso era então. Hoje…

 

Hoje caiu TUDO nas mãos da bandidagem. Isso deu um ar, um estigma, horrendo à “coisa”.

 

Além do mais (ainda voltando no tempo), na minha pós-adolescência ainda fui ser motorista de ambulância, pro Royal Free Hospital. Antes disso, meu posto era pegar os junkies em Piccadilly Circus, a estação de metrô, lá em baixo: famílias inteiras com seus cachorros: eram esqueletos humanos: pele sobre osso, dentes podres e braços infectados (tracks), pelas agulhas, e levá-los pra Tooting Recovery Center, onde lhes davam metadona.

 

Dia seguinte estavam lá os mesmos junkies “scoring”. Conseguiram fugir. O governo inglês tinha um programa em que a Boots (a rede de farmácias mais conhecidas na Grã- Bretanha) que ficava aberta em Picadilly Circus, fornecia certa quantia, com agulha limpa, de metadona, ao junkie que entrava lá trêmulo. A fila era enorme!

 

Cigarro, nicotina, álcool, tudo a mesma merda. E falam em legalizar? Tenho lá algumas coisas a dizer.

 

Se legalizarem a cocaína… Digam-me uma coisa: ótimo, o controle estaria com o governo. Maravilha, acabaria a bandidagem. Afinal, o que determina o consumo é a demanda. Mas existe uma coisa horrenda chamda CRASH ou caminho de descida, ou quando o sujeito entra em abstinência, ou seja, quando as fileiras estão se acabando. E aí??? O que ele faria??? Ás 5 da manhã?

Metralharia o farmacêutico pra conseguir mais ou iria arrancar o médico de sua cama com brutalidade para conseguir mais uma receita médica?

 

Existe algo ILÓGICO nessa equação quando falamos em legalizar drogas pesadas.

 

Maconha? É erva. Na Holanda já deu certo e até a Califórnia já tem programas para legalizar! Esquece a maconha. Cigarro faz mais mal. A maconha (THC) deixa a pessoa sem memória e com certa imbecilidade através da vida. Ambição? Todas elas DESTROEM com o tempo! TODAS.

 

Paulo Francis, por exemplo, não era nem um pouco hipócrita a respeito do uso de drogas. Aliás, é isso (entre tantas outras coisas transparentes a respeito de sua personalidade) que o torna gênio: Francis admitiu experimentar e até usar com freqüência o “speedball” (mistura de heroína com cocaína).

 

HIPOCRISIA

 

Ninguém mais cabe em suas peles. Ninguém mais cabe em suas gavetas. Ninguém mais cabe em seus papéis. É como se fôssemos um bando de atores com papéis mal distribuídos. Um Pirandello às avessas. “Assim não é se não lhe parece” deveria se chamar a sociedade do século XXI.

 

TODAS ou quase todas as famílias estão ou são disfuncionais. Mas não é de hoje!Desde que o pai estuprou as 5 filhas e as engravidou ou o pai virou mãe e a mãe virou lobisomem e os ditadores mandaram a população para as câmaras de gás ou para os gulags ou para as guilhotinas, nós aqui, os números, nos sentimos impotentes e tentamos reagir “tomando” alguma coisa que nos faça sentir superiores.

 

SIM,  nascemos tortos. E morreremos mais tortos ainda. Seria lindo se a sociedade aceitasse isso e parasse com a hipocrisia das aparências!  Adoramos nos subverter.

 

Milhares morreram durante a lei seca. Depois, de repente, a lei seca foi revogada. E os milhares de destiladores caseiros que morreram? É mais ou menos como o muro de Berlin: de pé por 28 anos, 150 mil morreram tentando atravessá-lo. De um dia para o outro, o Muro cai. E os milhares de mortos?

 

Não, não faz sentido.

 

Em “Tristão e Isolda”, Wagner introduz o elixir da morte que vira o elixir do amor. Nada mais do que uma droga, coisa de bruxaria para, inicialmente, matar  Tristão, mas que acaba por deixar o casal LOUCO de amor e tesão um pelo outro até o amor/morte (Liebestod), tema final da lindíssima ópera que dirigi duas vezes.

 

Freud usou a cocaína pra fazer seus pacientes falarem. Alguns travaram. Outros falaram tanto que acabaram por dar câncer no céu da boca do mestre da psicanálise!

 

O fato é que adoramos colocar um pé na lama e outro na merda. O problema a ser discutido e o papel da JUSTIÇA perante tudo isso.

 

O Afeganistão esta produzindo mais papoula do que nunca. Sim, a morfina é derivada da papoula e tem fins medicinais. O paciente precisa ser anestesiado. Fazer o quê? Plantação controlada? Não me faça rir!

Já diziam a mesma coisa na Bolívia sobre a coca e a Coca-Cola. Ora bolas!

 

O queijo? Não, não sei por que o queijo entrou aqui. O queijo não é droga.

 

E, sim, de quando em quando temos as “estrelas caídas”, como Fábio Assunpção ou Vera Fischer e ou os rock stars que morrem de overdose. Faz parte do nosso orgasmo. É o jogo do trapezista sem a rede embaixo. Afinal, que graça tem o circo com rede?

 

Pois é: A “brincadeira” com as drogas nada mais é do que um significativo jogo com a morte como aquele jogo de xadrez em “Morangos Silvestres”, de Ingmar Bergman. E desafiar a morte é o nosso “motto” diário, como diria Malone, personagem de Beckett, que morre desde o início do romance. Malone Morre (que dito em inglês soa ainda melhor: ‘m alone dies: sozinho morro). Portanto nos colocamos no lugar dos Freddie Mercuries, dos Cazuzas, das Cássias Ellers, ou dos Hendrixes e outros heróis que morreram de overdose. Pelo menos eles não cultivaram o vício da hipocrisia de sorrir pra cara do consumo do “bonitinho” e descascaram e desconstruíram o que há de disfuncional em nós! É assim que somos, nós os pecadores!!!!

 

Enfim, o assunto é delicado. Já perdi amigos e amigas por causa de tudo isso. Sinto-me AMBÍGUO, pra dizer o mínimo, quando se trata da legalização.

 

O queijo? Não, o queijo nada tem a ver com este artigo.

 

Mas a vaca tem!

 

 

Gerald Thomas

 

 

 

(O Vampiro de Curitiba na edição) 

 

  • 01/06/2009 – 10:22 Enviado por: O Vampiro de CuritibaQuero fazer um parênteses aqui. Especificamente sobre a maconha. Não escrevi a respeito pois não tenho, ainda, uma opinião formada. Claro, sou a favor de penas duras para traficantes e controle rígido sobre as drogas. Mas me parece que a maconha deveria ser tratada de forma distinta das demais drogas. Este é um debate que está acontecendo no mundo todo, aqui no Brasil não é diferente. O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, de forma corajosa, vem pregando a descriminação do uso da maconha. Eu tendo a concordar com ele. Sejamos honestos: Vocês conhecem alguém que deixa de fumar maconha por ser proibida? Oras, aqui em Curitiba, como em todo país, é mais fácil comprar maconha do que cigarro. Eu prefiro que os jovens comprem maconha (vão comprar de qualquer jeito) na farmácia do que com traficantes, nas favelas. O que vem acontecendo em muitas familias, é que os próprios pais de muitos adolescentes se encarregam de eles próprios comprar a erva pra seus filhos, evitando, assim, o contato destes jovens com os mundo do crime. Mesmo assim, a maconha “batizada” com todo tipo de porcaria, sem controle algum, é um problema sério de saúde pública. Se fosse legalizada, vendida em farmácia, controlada pelo Ministério da Saude, devidamente taxada de impostos, seria muito mais conveniente com nossos tempos. Do jeito que está, nem falar a respeito é possível sem estar incorrendo em CRIME de apologia ao uso de drogas. Acho que devemos debater esse assunto sem hipocrisias.
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