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Folha de S Paulo – livro de Silvia Fernandes e o preço que se paga por CRIAR

São Paulo, sábado, 17 de abril de 2010
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ARTIGO

Paga-se um preço ao criar e paga-se outro por imitar

A partir de livro da professora e pesquisadora Sílvia Fernandes, diretor Gerald Thomas analisa o teatro contemporâneo e aponta a falta de originalidade deste

GERALD THOMAS
ESPECIAL PARA A FOLHA

Existe um momento quando o teu passado te bate na cara, atropela seus rins e fígados e te deixa em estado de êxtase e dor. Eu estava aqui em Londres, quando me chega o livro de Sílvia Fernandes, “Teatralidades Contemporâneas”.
Trata-se de uma obra densa e compreende muita informação sobre a atualidade (ou não atualidade) do teatro mundial e explora as variantes sobre a vida no palco dessas últimas três décadas. Esse livro foi escrito ao longo de dez anos.
A introdução do livro me menciona de forma incrivelmente simpática. Sempre me senti um ponto de entrada, mas entendo que agora eu seja um ponto de partida. É a vida!
Mas a Sílvia não comete o engano que tantos acadêmicos cometem quando “classificam” uma arte qualquer ou fazem uma “melange” de todas as artes. Sílvia Fernandes toma partido. É uma crítica durona e isso é maravilhoso. Somos muitos nesse livro, ou melhor, somos “todos”. Mas somos, apesar de seres originais, personagens também.
Com exceção de um ou outro, que Sílvia aponta como “o pastiche de todos” ou o imitador sem caráter, somos os personagens ativos numa longa jornada teatral dantesca, brutal, darwiniana, em que a sobrevivência não é a do mais forte, mas do mais persistente.
Falo e escrevo na primeira pessoa. O que seria um diretor sem caráter? Em inglês, esse duplo sentido até que chega a ser engraçado. “Character” significa “personagem” e o teatro é feito deles. E a Sílvia deixa claro quem começou, quem imitou, quem se limitou, quem segue ou quem persegue os verdadeiros “characters”.
Agora, tendo me despedido do teatro através de um artigo no velho blog, mas que está como manifesto no novo blog (https://geraldthomasblog.wordpress.com), vejo minha vida teatral e operística com enorme saudades, mas com uma tremenda resolução: sou um “ponto zero”, um ponto falho, se deixei falhas enormes para trás. Qual ponto falho?
O teatro é uma arte para poucos. Ele sempre existirá, porque o ego de quem se exibe nos palcos sempre estará maior. Esse ego quer explodir, quer se mostrar, quer berrar e ser “tocado” pelo público. Mas o problema é que não estão dizendo nada. Nada que interesse. Então, temos egos vazios, cantando aberrações em tonalidades de cores que se confundem com aquilo que era uma pintura original da época em que se tinha algo a dizer.
Me diverti com texto do crítico de teatro da Folha, Luiz Fernando Ramos, sobre um espetáculo: “Fulano de tal se revela sem rumo nem estilo, como se fosse mais importante soar genial do que servir à obra. Essa fraqueza fica explícita nos três momentos em que as luzes da suposta sala de cinema se acendem. No mais provocativo, quando os atores permanecem olhando o público em silêncio por minutos, repete-se gesto de Gerald Thomas de 20 anos atrás, com menos brilho e mais afetação.
A tal peça queria ser uma bofetada no gosto do público. Consegue ser chata, apesar de desempenhos vigorosos dos intérpretes, da linda iluminação e do cenário funcional de Daniela Thomas.”
Por que me divirto? Porque Ramos se refere ao meu espetáculo “M.O.R.T.E.” (1990) e porque em “Teatralidades…”, o mesmo sujeito é descrito como meu “fiel seguidor”. Onde termina a homenagem e começa o plágio? Ou quando tudo vira caso de polícia?
O que acontece? Falta cultura a essa “falta de cultura?” Sim, pelo que Sílvia aponta existe uma enorme originalidade no teatro das últimas décadas. Se isso não resume a crise e o inescrupulismo em que vivemos, o que mais posso dizer? Uma “nação teatral” conquista sua história com independência, sangue e formula sua própria “constituição” através de uma, duas, três ou mais revoluções.
“MUDAR O MUNDO” (palavras sabias de Julian Beck). Tudo isso tem um preço. Um preço alto e, por isso, o teatro não está mais “mudando o mundo”. Paga-se um preço ao criar, paga-se outro por imitar.
O “teatro-supermercado” de “gadgets” que precisamos para viver é algo chato e sem pensamentos a respeito de si. O teatro não se repensa há tempos. A arte que repete ou imita é retórica, mas não tem opinião!
É a morte, a minha M.O.R.T.E., que significa: “Movimentos Obsessivos e Redundantes para Tanta Estética”. Poucos, nesses 30 anos de teatro revisitados por Sílvia, são pensadores originais da arte. O resto obceca em torno de uma estética velha. Não sei se devo ou não agradecer por essa desgraça.

GERALD THOMAS é diretor e autor teatral


TEATRALIDADES CONTEMPORÂNEAS

Autor: Sílvia Fernandes
Editora: Perspectiva
Quanto: R$ 40 (288 págs)

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Gerald Thomas fala ao GLOBO

gerald post novo1

gerald post novo2

gerald post novo3

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VERSÃO IMPRESSA

jornal o globo

(O Vampiro de Curitiba na edição)

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Cortina de Fumaça

        

São Paulo, domingo, 02 de agosto de 2009 

              

 

Cortina de fumaça

Ecoando discurso de um fumante inveterado, seu personagem em “Restos”, monólogo de Neil LaBute que estreia em São Paulo dia 20, ator Antonio Fagundes critica a Lei Antifumo e diz que vai “peitar” a medida e acender cigarro em cena

 

Rafael Hupsel/Folha Imagem

Antonio Fagundes, 60, que vai estrelar o monólogo “Restos’, sob direção de Márcio Aurélio; ator encarna fumante que, durante velório, relembra a relação com sua mulher, vítima de câncer
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LUCAS NEVES

 

DA REPORTAGEM LOCAL 

 

Se todo ator incorpora traços dos tipos que interpreta, parece que Antonio Fagundes, 60, escolheu o que levar de seu personagem em “Restos”, de Neil LaBute, antes da estreia no dia 20, em São Paulo, no teatro Faap: o ataque à patrulha antitabagista.
Em cena, dirigido por Márcio Aurélio (“Agreste”), ele encarna um fumante inveterado que repassa -com suspiros saudosistas e certa birra dos modos contemporâneos- as fases de sua relação com a mulher cujo corpo está sendo velado.
Ela morreu de câncer, ele está na fila. Pouco importa. “Guardem seus panfletos ou qualquer outra merda sobre o assunto, ok? A vida é minha, pelo menos o que resta dela”, diz à plateia.
O texto de LaBute é farto em rubricas que pedem um cigarro à mão. Mas a Lei Antifumo que entra vigor na sexta no Estado de São Paulo impede que atores fumem em cena sem autorização judicial. É aí que Fagundes toma emprestado o tom incisivo do personagem:
“Vou peitar isso e fumar. Temos um problema de censura. É um precedente grave se a gente não fala nada. Fiquei surpreso que os fumantes tenham ficado quietos. O brasileiro está muito quieto para tudo. Espero que os fumantes não votem nas pessoas que aprovaram essa lei. É engraçado, porque parece que o [governador José] Serra é ex-fumante. Não tem coisa pior do que ex”.
Para Fagundes, “começa assim; amanhã, vão dizer que não pode beijar na boca porque passa gripe suína; depois, não pode mostrar assassinato [em cena], porque é contra a lei. As pessoas ainda não perceberam, a liberdade não se perde de uma vez. Os puritanos proibiram o teatro na Inglaterra por décadas pois achavam que era satânico. Caminhamos para isso”.
Sem patrocínio para a montagem de “Restos”, o ator também tece críticas ao debate sobre a reforma da Lei Rouanet, que concede às empresas que investem em produções artísticas isenção de parte do Imposto de Renda devido.
“As pessoas que redigem a lei deveriam entender o mecanismo de produção de teatro, saber quanto custa manter um espetáculo em cartaz, anunciar num jornal. Não tem ninguém nessas comissões que já tenha feito teatro? [Quando se fala em mudar a lei] Dá a impressão de que é um movimento rancoroso, do tipo “só estes caras que não precisam [por serem famosos] recebem dinheiro”. É claro que precisam!”
Por conta das restrições previstas na Rouanet aos gastos com divulgação, os espetáculos estreiam, segundo Fagundes, com “morte anunciada”. “Você fica em cartaz por pouco tempo. Ou seja, se antes se falava em espetáculos de elite, agora são peças para a elite da elite, porque não são só para quem pode pagar, mas para quem corre para pagar”, observa.Seu Zé e Dona Maria
Ao longo dos 43 anos de carreira teatral, transitou com desenvoltura entre a dramaturgia engajada do Teatro de Arena, musicais da Broadway, montagens de clássicos (como “Macbeth” e “Gata em Teto de Zinco Quente”) e empreitadas de risco, como “Carmem com Filtro”, estreia de Gerald Thomas na cena paulistana. Sempre com uma piscada de olhos para “seu Zé e dona Maria” -como se refere ao espectador pouco familiarizado com teatro.
“Estamos acostumados a ensinar filosofia a quem não sabe ler. Parte-se do princípio de que quem foi lá [ao teatro] sabe tudo”, afirma. “Defendo a tradição teatral para um público que não a conhece. Sempre pensei assim: só vou fazer experiência na minha vida quando tiver feito o resto todo. No Brasil, parte-se para a inovação antes de se ter experiência.”
Daí seu descontentamento com o abandono “da cortina, da sala convencional”. “Criaram-se espaços que não são teatros. Você pode inovar sem deixar de dar ao público conforto. Já cansei de sentar em cima de prego. Não acho interessante. A gente não tem mais maquiagem, grandes figurinos, cenários, efeitos. O próprio texto deixou de ter surpresas.”
Não é o caso de “Restos”, dotado de uma reviravolta que, nos momentos finais, atira no colo do público um segredo oculto pela cortina de fumaça. 

 

Proibição do cigarro no teatro incomoda artistas

Lei que entra em vigor esta semana exige autorização judicial para fumar em cena

Exceção a cultos religiosos não se aplica a espetáculos cênicos; para atores e diretores, legislação ameaça liberdade artística

JOSÉ ORENSTEIN
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Onde tem fogo tem fumaça. E é na boca de cena que a coisa começa a esquentar. A partir de sexta-feira, dia 7 de agosto, entra em vigor em todo o Estado de São Paulo a lei que proíbe fumar em ambientes fechados de uso coletivo.
No extenso rol de lugares proscritos estão cinemas, bares, lanchonetes, boates, restaurantes, hotéis, centros comerciais, bancos, supermercados, açougues e… teatros.
Quem quiser acender um cigarro, cachimbo ou charuto “cenográficos”, deverá pedir autorização judicial, explicando o porquê de a fumaça ter que se espalhar pelo palco. Ao juiz caberá decidir se o fumo é de fato imprescindível na construção dramática.
A medida vem preocupando alguns atores e diretores, que veem na lei um cerceamento da liberdade artística. É o caso da atriz Mika Lins, que está em cartaz no Sesc Consolação com a peça “Memórias do Subsolo”, uma adaptação do livro de Dostoiévski. “Eu fumo dois cigarros em cena, a frente do cenário tem um monte de bitucas. Faz parte da concepção do espetáculo, é quase um acessório de pensamento”, afirma.
“Acho o fim. É um absurdo essa história de ter que se justificar. Sei que tem multa, mas estou disposta a pagar ou recorrer na Justiça”, diz a atriz. A penalidade deve recair sobre o dono do estabelecimento.
Antonio Rocco, que dirige o teatro N.ex.t. -para onde Lins muda sua peça a partir do dia 11-, diz não estar preocupado. “É uma lei de saúde pública. Não foi pensada para espetáculos teatrais. Isso vai mudar.”
Salvo-conduto
Já o ator e diretor Celso Frateschi, em cartaz com duas peças no teatro Ágora -que não utilizam cigarros-, diz achar “patética” a lei. “Se tiver que usar cigarro em cena, vou usar sem dúvida. É uma hipocrisia uma cidade que não controla a poluição dos carros fazer isso. É quase revoltante”, comenta.
Além de tabacarias e afins, cultos religiosos “em que o uso de produto fumígeno faça parte do ritual” têm salvo-conduto.
“É uma incoerência que soa quase como um privilégio. Por que não há uma exceção de natureza artística?”, pergunta o diretor José Henrique de Paula. Sua peça “As Troianas”, em cartaz no Instituto Cultural Capobianco até dia 16, usava cigarros em cena, mas eles foram retirados a pedidos da instituição. “Não era um objeto crucial para a narrativa. Era um elemento que apenas ajudava numa concepção mais realista da peça”, conta.
O diretor do teatro Oficina, José Celso Martinez Corrêa, que está ensaiando a peça “Cacilda!!”, com cenas em que se usa o cigarro, dá outra interpretação para a lei: “O teatro é um culto religioso, dionisíaco. Então, tá liberado!”.

 

“Teatrinho realista”
Rodolfo García Vázquez, diretor da peça “Justine”, que entra em cartaz no final do mês no Espaço Satyros, engrossa o coro: “Eu não sei qual a diferença entre ato religioso e artístico… Por que proibir só na arte?”.
Quem tem opinião diferente é Gerald Thomas. Radicado em Nova York, o ex-fumante acha a lei “ótima”. “O cigarro é uma merda, não dá barato, só traz câncer e miséria. As pessoas têm que parar de ver seus ídolos fumando”, diz Thomas. Para ele, não é só questão de saúde. “É uma besteira esse teatrinho realista, que precisa de uma mesa, de uma cadeira, de um cigarro. O artista tem que transcender isso tudo.”
  

PS: Moral da história: Se não formos capaz de fazer teatro, poesia, qualquer coisa “dependentes” de um “prop”, ou seja, de um objeto cênico ou uma mamadeira qualquer, é porque o ator é muito ruinzinho mesmo, ou porque não consegue mesmo usar o pouco que tem da sua imaginação para criar metáforas e deixar o PÚBLICO pensar ou imaginar coisas. Não é à toa que ninguém aguenta mais essa caretice: pior, essa caretice traz CÂNCER!!!!! Não, Zé Celso, nem TUDO é dionisíaco (tadinho de Dionísio! Daqui a pouco batida de tânsito também é “dionisíaco!”). E beijar, como diz o Fagundes, nada tem com fumar. Não se tranta de censura e sim de BOM SENSO. O público precisa de “roles models”. E os role models podem se beijar à vontade, mas não às custas da maldita indústria tabagista!

 

Gerald Thomas

 

(O Vampiro de Curitiba na edição)

 

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Morre Pina Bausch: Essa que todos nós invejávamos e amávamos tanto!

 

São Paulo, quarta-feira, 01 de julho de 2009
 
 

OPINIÃO

Nós, do teatro, a invejávamos

Pina Bausch sacaneava o balé clássico e era a “senhora Beckett” da dança

GERALD THOMAS


ESPECIAL PARA A FOLHA

 

Meu Deus, o que dizer? Morreu a maior de todas ou de todos. Morreu aquele inventor que todos nós do teatro invejávamos. Sim, esse é o termo. Invejávamos, pois Pina Bausch conseguiu reunir com seu visionarismo inacreditável a “obra de arte total” (termo criado por Richard Wagner), com poucos elementos minimalistas, duplicados, ampliados até um ponto de erupção, como um vulcão.

Sim, seus bailarinos repetiam e repetiam temas obsessivos da impossibilidade entre a relação entre homem e mulher, e a mulher objeto. É claro, Pina sacaneava o próprio balé clássico no qual se formou. Eram horas de cena sobre como fazer um movimento clássico ou exercício de barra. Eram horas sempre lindas e lúdicas, de uma lágrima caindo lentamente de um só olho de uma bailarina e atriz, formada em seu teatro na pequena cidade de Wuppertal.

Pina Bausch foi alguém que abriu uma nova página na dramaturgia da dança e do teatro. Tivemos poucos. Muito poucos. Bob Wilson e Tadeuz Kantor e poucos outros construíram um dicionário, um vocabulário reconhecível e imitado mundo afora. Tenho que confessar que assisti a todos os seus trabalhos, desde os mais convencionais, até os últimos, baseados em cidades pelas quais perambulava pelo mundo. Pina está acima do nosso julgamento.

Nos últimos tempos, estranhamente, ela estava basicamente trilhando uma espécie de revisitação do que parece ter sido o início da vida e carreira de Bob Wilson (baseado no autismo de Christopher Knowles), usando diálogos desconexos e mais minimalistas do que nunca: “Posso te amar?”. “Nããããoooo!!!” “Posso te amar por um dia?” “Nããããooooo!!!!”

Pina é Beckett puro. Aliás, os dois se encontraram. É a única coisa que tínhamos em comum. Nos encontramos duas vezes, em turnês comuns pelo mundo, e poucas palavras trocamos. E era sobre Samuel Beckett que falávamos. Pina construiu uma obra gigantesca e monumental.

Estou impactadíssimo com a notícia de sua morte. Como todo gênio, será estudada, amada e reverenciada pelas décadas que virão. E aquela lágrima que escorria pelo rosto daquela bailarina? Agora escorre no meu e profundamente. Pina foi a pedra fundamental para toda uma geração (ou várias). Nunca se recuperou da morte do marido. Nunca se recuperou da tragédia da vida, da “dor do mundo” que carregava e que está pontuada em sua obra com tanta delicadeza.

GERALD THOMAS é autor e diretor de teatro.

Saiba mais sobre essa mulher GENIAL

(da Folha de São Paulo)

A grande dama da dança-teatro, a alemã Pina Bausch, morreu ontem pela manhã, aos 68 anos, na cidade de Wuppertal, onde dirigia sua companhia, o Tanztheater Wuppertal. A morte da coreógrafa foi divulgada em nota do próprio grupo, segundo a qual, na semana passada, Bausch teria sido diagnosticada com câncer. Ela subiu ao palco pela última vez há dez dias, no dia 21, como sempre para agradecer os aplausos com sua companhia.Com personalidade forte, Bausch seguia todas as apresentações do grupo e controlava todas suas ações. Dessa maneira, fica difícil saber o futuro do Tanztheater Wuppertal, mesmo se continua agendada a vinda do grupo a São Paulo, em setembro, com o programa histórico “Café Müller” (1978), peça que sempre teve a presença de Bausch, e “A Sagração de Primavera” (1975).”Pina Bausch é a mãe da dança contemporânea”, disse certa vez o coreógrafo Alain Platel, diretor do grupo belga Les Ballets C. de la B.. De fato, no século 20, poucos coreógrafos foram tão influentes como como Pina Bausch.

Enquanto a dança norte-americana, com nomes como Trisha Brown e Lucinda Childs, seguiam uma linha formalista, com a qual Bausch também teve certa identidade, já que estudou nos Estados Unidos, entre 1958 e 1962, ela pode ser caracterizada como uma coreógrafa com marca profundamente humanista: “Não me interesso em como as pessoas se movem, mas o que as movem” é uma de suas mais representativas falas.

Com isso, Bausch ampliou as fronteiras da dança de forma tão radical que tudo passou a ser permitido: dançar deixou de ser uma técnica para que qualquer movimento fosse admitido como dança.

Para criar suas peças, a partir de 1973, quando foi contratada pelo Teatro de Ópera de Wuppertal e de onde nunca mais saiu, Bausch levou seus bailarinos a situações de risco.

Em geral, treinados no balé clássico, para socorro imediato, especialmente após quatro horas de espetáculo sobre água. Nos primeiros anos, muitos bailarinos se recusaram a trabalhar com Bausch. Nos últimos anos, suas audições eram frequentadas por centenas de candidatos.

Com o público não foi diferente, em suas primeiras peças, as pessoas saiam do teatro batendo as portas em sinal de fúria. Atualmente, ingressos para a companhia de Bausch se esgotam rapidamente, em qualquer lugar do mundo. Para Bausch, o palco não deveria ser um lugar protegido, mas tão difícil como a própria vida. Além do mais, o próprio limite entre palco e plateia sempre foi questionado em seus espetáculos. Em todos eles, seus bailarinos interagem com o público, servem café ou vinho, os abraçam, mostram fotos.

Ao contrário da dança clássica, eles não incorporam papéis definidos, eles sempre se chama Düsseldorf, a poucos quilômetros de Wuppertal. A dança-teatro de Bausch, aliás, sempre teve um caráter performático: no palco, os bailarinos comem cebolas inteiras, escalam altos muros, penduram-se em cordas, escorregam na água. Difícil um espetáculo de dança contemporânea que não tenha alguma marca do Tanztheater Wuppertal.

As temáticas de suas primeiras peças, especialmente nos anos 1970 e 1980, costumam ser vistas como muito intensas e deprimentes, enquanto sua fase mais recente tem sido vista como mais superficial e alegre. Bausch justificava essa mudança de forma muito direta: “A questão é do que precisamos hoje. Estamos num momento terrível, tenebroso, sério e assustador. Então, procuro dar um pouco de balanço, compensação para tudo isso”.


 

 

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Um Ano de Blog no IG

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 .          (Antes do Blog, em Paris)                                      (Depois do Blog)

 

New York – Miami: Cinco anos e meio de Blog corrente, de conta corrente que não se esgota, graças a vocês! Hoje, exatamente hoje, esse Blog comemora um ano aqui no IG.

E, no entanto, os espelhos!  Estejam lá onde estiverem (os espelhos), são somente humanos. Retratam nossa dor. Retratam nosso humor. Retratam nossa estima. Meu medo? Quem estaria ou estará atrás desses espelhos! Quem nos vê da maneira que ninguém mais nos vê. Ou seja: Quem enxerga MESMO, de verdade, nossa alma?

Alma, aquilo que poucos conseguiram até hoje retratar.

Esse ano passou como uma flecha! Foi um ano devotado, praticamente todo ele, á eleição de Barack Obama. Foi, de minha parte, uma tensão doida!

Tem um corpo morto no chão, aqui do meu lado, enquanto escrevo. Sou eu mesmo. Não me reconheço mais. Parte de mim se foi. E não estou tentando brincar com palavras, não estou tentando fazer joguinho com as parolas. Sim, morri de várias formas. Fui traído por vários amigos. Ainda não sei muito bem por quê. Talvez um dia saiba.

Blog traz dessas coisas: em teatro temos um mundo muito EXPLOSIVO. Ele se mostra na hora. O aplauso ou a vaia são ali mesmo, no final, quando cai o pano! Sabemos dos cochichos, sabemos do veneno, mas “sabemos”. Nossos inimigos, por assim dizer, se tornam nossos maiores amigos assim, da noite pro dia, como se nada jamais tivesse acontecido. E aceitamos isso.

A Decadência dos tempos de hoje, com tanto artista legal fazendo tanta bobagem, me choca! Deixa-me triste! Meu corpo morto aqui do lado ainda não foi achado pelo time de “Law & Order Special Victims Unit”. No momento em que encontrarem esse meu corpo em decomposição, constatarão que ele foi molestado, espancado, torturado por tanta, mas tanta burrice, tanta besteira e tanta pobreza cultural que ele leu nesse último ano. E o médico legista não terá um diagnóstico! Aliás, não há!

É de se questionar tudo mesmo: em que ponto de nossa cultura estamos? Como nos vemos? Quem nos vê? Como somos enxergados? Se Richard Wagner nos visse hoje (seu aniversário, by the way), como ele nos veria?

Obama tenta imprimir nessa linda terra nossa uma proposta de um NOVO SISTEMA LEGAL em que terroristas  poderiam ser presos ou detidos por um tempo prolongado DENTRO dos USA (sem julgamento em vista). Qual a diferença entre isso e Guantánamo? É que aqui dentro eles teriam acesso ao sistema judicial. “Ou se prova que são culpados, ou deixa-os andar”.

A Arábia Saudita está conduzindo um programa de reabilitação de ex-membros do Al Qaeda. Entre erros e acertos, a margem é de 80 por cento.

Meu corpo morto aqui do lado, infestado de Kafkas, de Becketts, de Orwells, de uma literatura praticamente obsoleta quando olho essas estantes (retornei pra casa ontem e ainda olho tudo numa ressaca terrível), vejo esses volumes de Joyce, de Gertrude Stein, de sei lá quem. Não nasci com um nome bom. Quem dera. Deram-me um nome vulgar.

Sim, agradeço muitíssimo aos meus mestres! E como! Eles têm nomes sonoros. Mas na autópsia desse corpo não sairão sons. Nunca sai som, a não ser o som do vento armazenado nas entranhas, nos intestinos, o som dos gases, o som gutural do tempo perdido de Proust, o som de certa amargura por não ter sido entendido por A, B ou C.

Escreve o leitor “José Augusto Barnabé”: 

“O Gerald, chegou a hora definitiva de a arte e a criação representar pelos seus meios, o futuro.Acho que Da Vinci foi o último, nos seus escritos e desenhos, que geram até hoje controvérsias e discussões.Não há mais espaço para Inquisições, que se mostrou uma fraude política.O Artista tem que achar forças para se desvincular do Sistema, ser um pouco Iluminatti, escancarando até essas próprias sociedades secretas, também fraudulentas, e criar.Na imaginação está o nosso gene, e o artista que tem o dom da sensibilidade, a aplica melhor.O Planeta está mudando rapidamente, e não é coisa para 500 anos como na época do Da Vinci. É coisa para já.Se os artistas não perceberem, vão deixar de existir e continuar sendo os BOBOS DA CÔRTE.Ficção? não sei. E o Sistema não o é?Você não tem nada para comentar, porém tem muita coisa a fazer, se não desocupa a moita, meu caro”.

Difícil, muitíssimo difícil responder qualquer coisa que coloque Leonardo Da Vinci no meio. Até Shakespeare, em sua última peça, “A Tempestade” (praticamente autobiográfica), se viu num espelho e enxergou um futuro não sangrento. Foi a única tragédia desse magnífico gênio não sangrenta: Prospero, o personagem principal, era um Leonardo. Mas era também um Duque deposto. Era um ILHADO, era alguém que tinha o poder da mágica reduzido aos confins do palco.

Tudo é sempre uma metáfora.

Há um ano, nesse blog, escrevo parte em metáforas, citando meus mestres, citando minhas angústias. Criei um enorme e lindo círculo de amigos. Vocês, os leitores.

Mas as metáforas estão fadadas a ter um limite, a esbarrar na moldura do espelho ou refletirem a luz que vem de fora e, portanto, ofuscarem a imagem real que o espelho deveria estar mostrando. Sim, escapismo.

Escreve o “Capitão Roberto Nascimento”:

Gerald Thomas meu querido cabeludo, que beleza esse texto rapaz! Não é um texto de moleque, de fanfarrão!!É UM TEXTO PARA QUEM USA FARDA PRETA E COLETE; MAS É PARA SE REFLETIR SOBRE O QUE ESTÁ ACONTECENDO.Eu penso: no BOPE, a gente não pode pensar muito NA HORA; mas devemos pensar antes, no treinamento, para que a ação seja EFICAZ COMO O SILÊNCIO DO FUNDO DO MAR.Nossa missão é subir o morro e deixar corpo de narcotraficante no chão. Pode parecer nazismo, mas, para mim, NAZISMO É DEIXAR OS NAROTRAFICANTES DOMINAREM O MORRO, OPRIMINDO CENTENAS DE MILHARES DE POBRES FAVELADOS.O teu silêncio, Gerald, chega como um abraço. O teu silêncio é o silêncio do preto da minha farda, do frio do meu fuzil, antes da ação.E nós agimos em silêncio Gerald. Quem faz festa é bandido. Quem solta rojão é traficante.A lei é fria e silenciosa. COMO O TSUNAMI QUE NASCE NO FUNDO DO MAR.”

Tudo é sempre uma metáfora. Nem tudo sempre é uma metáfora. Muitos de vocês, leitores, lidam com a vida REAL. E isso, muitas vezes, me assusta. Por quê? Não sei.

Ontem, ainda em Miami, a caminho daqui, um velho, obviamente cubano, enrolado na bandeira americana, trazia, trêmulo, a sua bandeja com um croissant, café, um ovo, etc. Sua cara marcada pelo tempo e sua elegância deixavam claro não tratar-se de um “daqueles” milhões de cubanos que povoam Miami (pra onde eu vou 3 vezes ao ano). Tive uma enorme vontade de cobrir-lhe de perguntas. Muitos milhares de perguntas. Ele me olhava. Eu o olhava. Estamos em pleno feriado de “Memorial Day”, dia dos caídos em combate, em guerras passadas. Os USA em guerra constante!

Mas pensei e pensei. Não, melhor não. De repente, assim como já foi com tantos outros seres interessantes, ele vai vir com uma dessas “verdades universais” ou com a “ordem do universo” e despejar tudo isso sobre a minha bandeja. Isso me aconteceu no Arizona com indígenas que “ouviam deus” ou na Chapada da Diamantina e mesmo na Cornualia.  São seres simples e que tremem, elegantes. Mas que quando perguntados, são verdadeiras “torneiras da verdade”. E eu não suporto mais a quantidade de verdades que existem por aí.

Tive medo de fazer perguntas a um simples ser que poderia ter me contado a sua história de vida. Mas tive medo. Arreguei.

Como pode ser isso? Medo de seres místicos? Eu? Medo de ouvir sobre Eric Von Denicken e os deuses que eram astronautas? Logo eu? Quem te viu e quem te vê, Gerald!

Já ouvi que a minha cara era o mapa de Hiroshima. Então, do que ter medo?

Exaustão chama-se isso. Falta de espaço aqui dentro. E isso me preocupa.

Sim, assim como no texto anterior: “Sinto-me como uma massa, como uma pasta, irregular, inexplicável, triste, vazia, ruidosa, sem nada a declarar e, no entanto, querendo dizer tanta, mas tanta coisa e… sem conseguir dizê-lo.”

Nem tudo sempre é uma metáfora. Às vezes esse corpo morto aqui do meu lado tentou atravessar o espelho vezes demais ou tentou atravessar espelhos espessos demais.

Faz parte da minha profissão: o risco. Como me sinto? Esgotado. Acabado. Esse (que ainda vive) olha praquele que está morto e pensa: será esse o meu futuro? Caramba!

Parece mesmo um conto de Poe! Ou um Borges mal escrito. Somos tantos e não somos porra nenhuma. No texto anterior, “NADA A DECLARAR”, fiz uma declaração de amor a tudo que sinto, de verdade, ao vazio, ao TUDO a Declarar, como o Pacheco detectou.

Mas e agora, José? Um ano e não sei quantos artigos. A partir de hoje estamos sem contrato. Como diria meu mestre Samuel Beckett: “Não Posso Continuar: Hei de Continuar!”

Em inglês soa melhor:

I Can’t Go On. I’ll Go ON!

Muito Obrigado por tudo!

Coberto de emoção e lágrimas vendo o mundo numa relativa paz e, no entanto, atravessando o maior período de mediocridade em décadas, se desmanchando num milk shake insosso e azedo, esperando um Moisés que ainda nem subiu o Monte Sinai, porque lá nada existe!

O deserto está realmente repleto de areia mesmo. E ela está em nossos sapatos.

 

LOVE

Gerald

 

Gerald Thomas, 23/Maio/2009

  

(O Vampiro de Curitiba na edição)

 

 

 

 

 

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PORTUGAL DOMINA WASHINGTON!!!!

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New York- Até hoje os brasileiros comemoram, como se fosse algo palpável e não retórico, as três palavras de Obama sobre Lula, ou para Lula, que em português foi traduzido “esse é o cara!”. Provincianos como vocês são, estamparam isso na capa de TODOS os jornais. TODOS.  O endosso de Obama, portanto, passa a ser “a coisa”. Fico um pouco com pena de uma nação tão rica, tão linda, mas tão insegura, que ainda precisa de endossos, seja lá de quem for, mesmo que seja do mais lindo Obama. 

Já aqui, quando Obama esteve na França, logo após Londres (G20) e Sarkozy disse para ele “Je t’aime, man!”, com o “man” vindo da gíria pop, mas oriunda da slang negra americana, o presidente orelhudo francês foi o maior alvo de chacotas da imprensa americana. Bem, Obama não precisa mais de endosso retórico. Ele agora precisa derrubar os conservadores Republicanos no Congresso.

 

Brasileiro se impressiona muitíssimo com “palavras, palavras, palavras”, aquelas que Shakespeare colocou na boca de Hamlet. Hamlet, aquele que não ia para a ação por causa de tanta palavra. Às vezes me vejo amando o Brasil, mas o vejo numa situação hamletiana. Não indo nunca para a ação. CPIs que nunca dão em nada… Nada que nunca prova nada e tudo num estado de falso encantamento por si mesmo que é suprido por “palavras”. Bem, tudo bem. Monto minhas peças ou óperas aqui em NY ou pelo mundo e as palavras também me encantam, às vezes justamente pela negação que representam.

 

 

Bo, THE DOG

 

Mas imagino se Portugal agora está ou não numa situação de delírio nacional. Por quê? Afinal, BO, o cão da família real Obama, é português! Se os periódicos portugueses forem tão ufanistas quanto os brasileiros, imagino que na capa do O Publico ou do Expresso ou do Diário de Noticias deve estar estampado assim: “PORTUGAL REINA DENTRO DA CASA BRANCA”, ou mesmo “Lisboa toma conta de Washington”. Ou até “O IMPÉRIO PORTUGUÊS CONQUISTA E DERRUBA OS EUA COM UM MERO CÃOZINHO: ESTA É A FORÇA PORTUGUESA

 

Lula não falou nada no G20 de importância. Não entrou na reunião (de portas fechadas) daqueles que resolveram problemas. “Hey, you’re my man”, disse Obama a Lula, numa confraternizaçãozinha. Mas como Lula não sabe falar inglês, não houve nenhuma resposta. Uma possível resposta: “Yes, you’re my woman too!” Lindo. Lindinhos! Imagine que Obama deva ter dito coisas semelhantes ao presidente da Ucrânia, da Jeranonia, da Cracalonia e do Cerimonial. Em Elsinore, o Castelo dinamarquês onde Hamlet vive seu pesadelo, as palavras paralisam a ação! E nós, espectadores, somos paralisados pelas palavras dos protagonistas.

 

Lindo. No final, tudo é silêncio e todos aplaudem de boca aberta e queixo caído, queijo nas mãos, como se lideres políticos fossem heróis, mentirosos atores que são!

 

Os artistas também se elogiam uns aos outros. Caetano diz que Chico Buarque “é o Cara” (em outras palavras, claro).  Harold Pinter elogiava Beckett (de quem sugava tudo) e os pintores abstratos expressionistas da década de 50 se defendiam uns dos outros e não uns aos outros. Dessa forma, o mundo cria pequenos grupos, como G20, como o G220, como o G2220, ou como o Expresso 2222, que se auto-protegem ou auto Protógenes. Indignados com a estagnação ou com a auto-consciência do que está por vir (o mistério do envelhecimento), o Protógenes Sofoclógenes Platógenes criou um monstro Freudológenes que não aponta mais para o futuro e sim para o passado. Estamos em plena era da revisitação. Notaram? Estamos correndo atrás do tempo perdido, correndo dos erros dos bancos e do sistema. Qual sistema? Do imaginário das palavras. Estamos correndo atrás de uma depressão econômica.

 

Ah, menos em Portugal, onde o cão ainda é um puppy de seis meses, presente do Senador Ted Kennedy, e aquele país de velhos envelhecidos finalmente poderá levar seus poucos jovens para as ruas do Bairro Alto, ou de Alcântara ou de Alfama e berrar:  O MUNDO é LOSER, quer dizer, o MUNDO É LUSO!

 

 

 

Gerald Thomas, 15/Abril/2009

 

 

 

(O Vampiro de Curitiba na edição)

 

 

 

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Zé Celso em New York

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Zé Celso

Ah, vai ser uma delícia recebê-lo. Há anos não nos vemos! Escrevo, emocionado e orgulhoso, de Zé Celso e de sua companhia maravilhosa de atores “reais”, nobres, engraçados, farsescos, berrantes, bacantes, na boca do lixo, na boca de cena do teatro aberto ao berro do mundo, ao grito para o mundo: esse mundo que não pára nunca de estar no caos. 

Então, eu pego os dois no aeroporto, o Zé e o Marcelo, e os trago aqui em casa para começar uma longuíssima conversa que terá prosseguimento com o testemunho do público no Theater Lab (informações aí em baixo). Zé é o grande artista do teatro, de todos os teatros, de todas as formas de teatro, dos “Sertões” até Schiller, e faz um Hamlet que eu chamei de “O maior Espetáculo da Terra”. E era mesmo. Raramente fiquei tão emocionado em teatro. EVER!!!!  

A premissa do Zé em teatro não precisa ser explicada. Como o pessoal aqui vai receber o DVD das “Bacantes”, não sei.  São entendimentos e compreensões distantes, já que a carnavalização e a antropofagia não fazem parte (culturalmente) do cotidiano cultural americano. Mas Nova York não é a América, propriamente. A Antropofagia aqui se dá em outro nível: é política. É a fagia mesmo, a do ataque bélico. Não a do ‘happening’, que Oswald de Andrade gozoso misturou na semana de 22, e nem aquela que Julian Beck despiu como se fosse o “Nu Descendo a Escada”, de Duchamp. 

Com Zé Celso quero poder enxergar o fantasma, os fantasmas ideológicos que existem em mim. Ou melhor, quero poder enxergar os denominadores comuns que nos unem. Por que falei em fantasma? Porque o pai assassinado de Hamlet era um fantasma e Zé Celso é o pai do teatro brasileiro ainda VIVO e muito vivo, o que talvez nos torne um tanto quanto… Mortos. Na verdade estamos todos imobilizados em nossas ações, como o príncipe dinamarquês. E acho que no “Q&A” (perguntas e respostas), depois da exibição do vídeo, vai rolar muito sobre quem somos, o quanto valemos além das palavras, palavras, palavras.

 

Welcome to New York, Zé Celso!

 

 

Gerald Thomas 

 

       THEATERLAB    137 West   Fourteenth   Street  – New York 

presents

The North American premiere screening of


AS BACANTES 2009

 

Zé Celso

 

     As Bacantes 2009 is a lyrcial Brazilian

 re-creation of Eurípedes’

tragi-comedy-orgy The Bacchae as told

in the context of Carneval, first staged

by Ze Celso in 1996.

April 2, 2009 beginning at 5 PM

(3 hrs 35 min w/ intermission)

with English Subtitles

FREE Admission

 

followed by a Q&A with Brazilian theater legend

Ze Celso (José Celso Martinez Corrêa)

in his first US appearance

 

Hosted by playwright & director Gerald Thomas

 

Reservations Recommended – 212-929-2545

 

 

Na edição: O Vampiro de Curitiba

Colaboração de Patrick Grant

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A Cartelização do Mundo

 

New York – Caramba! Com os “cartéis” dominando o mundo, acho que nós, os putos, veados e vagabundos deveríamos tentar rebatizar a globalização para “cartelização” do mundo. Leio que Andrew Cuomo, filho do maravilhoso ex-governador do Estado aqui de NY, Mario Cuomo, e agora o nosso Attorney General, diz que convenceu nove entre dez dos principais recipientes dos bônus do AIG a devolverem  a grana. Algo em torno de 50 milhões de dólares. Nada mal. Nove em Dez. “Nine out of ten movie stars make me cry, I’m alive” (Caetano Veloso… descendo a Portobello Road, no exílio em Londres, Notting Hill Gate…)

Enquanto isso, o cartel mexicano de drogas se estende até à cidade de Sarah Palin, Anchorage! Caramba! Mas também (pensem!) com baleias e neve ao redor não resta muito o que fazer: o sujeito deve andar que nem um zumbi atrás de qualquer tipo de droga, não é? Diferente do Rio de Janeiro, SITIADA pela POLÍCIA E PELOS BANDIDOS!!!! Por quê? Maconha, cocaína e armas! “Seja marginal, seja herói!“, aquela coisa do Helio Oiticica já era! BASTA! Aquilo era naquela época. Soava bonitinho. Era logo depois de Sartre qie havia endossado Jean Genet com Saint Genet e artistas do mundo inteiro (como Warhol, por exemplo, declaravam seu amor pelo underground [ alguns com velvet, outros nao]. O Helio ainda in love com o Cara de Cavalo. Mas agora? Olha a merda que deu! BASTA! Sério. Eles hoje olhariam tudo isso com REPUGNÂNCIA!

Sim,  a cartelização do mundo! E ainda tem gente que defende a tese de que o teatro deve ser feito de “tarjas”. Mas isso é para quem ainda acha que o teatro é o “novo lugar” para ser descoberto. Nós, os veados, putos e vagabundos, que temos uma vivência um pouco mais abrangente,  tentamos nos (des)preocupar com a merda que acontece no mundo, como: a China que toma conta de tudo, as pequenas guerras localizadas e que estão extraindo o pouco de ‘humano’ que ainda resta em nós, as doenças RADICAIS  e que não precisariam existir se todo o dinheiro do mundo fosse gasto nas coisas certas (e não em bônus para CEO corrupto, que agora devolve…vamos ver…), as pequenas guerras frias entre paises como o Irã, a merdalha entre Israel e vizinhos, a merdalha entre os próprios árabes que não se entendem, a merdalha do Afeganistão que voltou a ser um campo de papoula (imagine a polícia do Rio subindo a Ladeira dos Taba-Maha- jahras! Brigando com o Taleban).

Ah, a cartelização do mundo…

Era sobre Descartes que eu escrevia? Não, né? É sobre os escrotos mesmo. Eles não querem deixar nós, os putos e vagabundos, em paz. 

 

PS.- Ontem foi aniversário do Blog: 10 meses de IG. E obrigado pelos quase 600 comentários do Post anterior! 
Ah, não falei em flores e na grande depressão, ou melhor, na CRISE econômica: mas andando na Sexta e no Sábado pelo Village ou Soho e assistindo um ensaio do Philip Glass na City Winery (tudo lotado, sempre, tudo completamente acumulado de gente, e a Dow Jones – the Devil in Miss Jones – estourando novos índices para CIMA) começo a ter minhas dúvidas o quanto é retórica e o quanto não é “remanejamento” dos… cartéis!

  

 

Gerald Thomas

 

 

(Vamp na  edição)

 

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Ah, Nós Artistas, os Putos e Veados!

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New York – Mas os políticos e banqueiros, todos vestidinhos com seus terninhos, ah… Que bonitinhos… Tão limpinhos! Volta e meia, tombam.  Para cada um que aparece ou é “pego em flagrante”, como o ex-governador de NY, o Eliott Spitzer (num ring de prostituição e drogas), ou o ex-governador de New Jersey (pego em flagra na cama com outro homem), imaginem aqueles tantos que não são pegos.

 

Quero dizer, eu não imagino. No meu círculo eu ouço mesmo! Sim, pessoas são nomeadas. É cada coisa! Pelo menos nós, artistas veados, putos e vagabundos nada temos a esconder. Drogados e sanguessugas que somos, sempre colocamos tudo  no topo da mesa, nós mesmos, sem meias palavras: desde Puck (no “Sonho de uma Noite de Verão”), até o Bobo (em “Rei Lear”), ambas de Shakespeare, os dois mentem dizendo a verdade. Ambos deitam e rolam em mentiras (que vem a ser a essência da verdade). Ambos falam asneiras (que vem a ser a mais pura razão).

 

E mesmo quatrocentos e tantos anos depois de Shakespeare a politicalha ainda não aprendeu que é melhor “escancarar”, ou seja, que é melhor ter a nossa cara do que se fingir de certinho! Incrível. Incrível mesmo, porque… mais cedo ou mais  tarde (assim como aconteceu com o ex-prefeito de Washington DC), vão pegar o cara fumando crack, ou vão pegar alguém dando o cu, ou vão pegar alguém trocando de papeis e falando frases que não são deles ou delas. Teatro! Esse é o nosso papel. Estamos sendo roubados todos os dias! Os políticos não assaltam somente os cofres públicos: assaltam a NOSSA PROFISSÃO!

 

É justamente isso que fazemos todos os dias, nós, os putos, os veados, os vagabundos!  E nos aplaudem em pé! Quando não nos vaiam, claro. Mas mesmo quando nos vaiam, estão demonstrando uma forma de repugnância não propriamente a nós, mas à nossa forma de representar vocês, eles, a sociedade como um todo. Daí talvez o choque.

 

Ah, e quanto ao aplauso: ele dói aos ouvidos. Por quê? Porque não existe nada mais hipócrita. Melhor mesmo seria enfiar o sorvete de casquinha no meio da testa! Aí, sim, tudo estaria nos conformes.

 

Ah, os artistas e os políticos e a sociedade…

 

Nós não temos jeito mesmo! E agora, para mais um ato! O Ato final? Como seria? Mais ou menos como esse do AIG que temos presenciado. Um diz uma coisa. Outro dia outro diz outra. No terceiro dia aparece outro que diz “eu preveni a todos que seria assim, já faz anos”. Daí aparece o antagonista dos antagonistas: Bernie Madoff.

 

A comédia do terror não tem fim.

 

Ou melhor, tem sim. Com muita maquilagem e muito cristal japonês, o verdadeiro teatro nunca esteve no palco. Que M.E.R.D.A.!

 

 

 

Gerald Thomas, 20 de Março de 2009.

 

 

 

 

(O Vampiro de Curitiba na edição)

 

 

 

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Leitura Estreia Hoje

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Terça-feira, 16 de março de 2009                                         

 

Peça do inglês Tom Stoppard é lida hoje na Folha

 

“Travesties” flagra efervescência de Zurique no fim da década de 1910, quando lá moravam Tristan Tzara, James Joyce e Lênin

Elenco e diretor (ao centro, de camisa verde) de “Travesties’ durante ensaio para a leitura

REPORTAGEM LOCAL

Na Zurique de 1917, consta que o revolucionário Lênin (1870-1924), o precursor do dadaísmo Tristan Tzara (1896-1963) e o escritor James Joyce (1882-1941) viviam na mesma rua, mas nunca se cruzaram.

O dramaturgo inglês Tom Stoppard “consertou” esse infortúnio histórico em “Travesties”, peça de 1974 lida hoje, no auditório da Folha, com direção de Caetano Vilela -que pretende montá-la como “Farsas Burlescas”.
No enredo, a sala da casa do funcionário da embaixada britânica Henry Carr (outra figura que de fato existiu) e uma biblioteca da cidade suíça acolhem encontros ocasionais do trio de notáveis.

O relato é conduzido pela memória de um Carr já velho, cheia de imprecisões e solavancos -mas capaz de manter intactas as discussões sobre a função política do artista e o estado da arte em regimes totalitários que pautaram sua relação com as figuras históricas. Como é caro a Stoppard, a dramaturgia de “Travesties” tem traços de metalinguagem.

Aqui, ele dialoga com “A Importância de Ser Fiel”, crítica de costumes de Oscar Wilde (1854-1900): ator diletante, Carr é convencido a participar de uma montagem do clássico.Ópera Seca

Vilela, que faz sua estreia como diretor da Cia. de Ópera Seca (fundada por Gerald Thomas), conta que descobriu o texto durante a preparação da ópera “Lady Macbeth do Distrito de Mtzensk”, há três anos: “Pesquisando a censura dessa ópera [pelo Partido Comunista russo, em 1936], cheguei a autores contemporâneos que tratavam de arte e poder. E Stoppard era um deles. Quis adaptar “Rock’n’roll” (2006), mas os direitos tinham sido comprados. Então me lembrei do ‘Travesties’.
 

Em uma conversa telefônica, Stoppard avisou: “Veja bem, esse é um dos meus textos mais difíceis. Você não sabe onde está se metendo”. O diretor não se assustou: “Apesar do discurso político sobre o papel do artista na sociedade e da linguagem elaborada, ele mesmo disse que não era para ver a peça como tese: tratava-se de uma comédia, um divertimento”.

 

  

Sessão dupla

 

A obra, que nunca foi encenada na América do Sul, está em pré-produção e deve estrear no circuito em outubro deste ano, em teatro ainda não definido, para uma temporada de três meses. “Essa é a primeira leitura pública do texto, e nosso projeto é que ele seja apresentado em um programa duplo, com encenação da obra que inspirou Stoppard”, explica Vilela.

 

A ideia é reunir “Travesties” e “A Importância de Ser Prudente” no mesmo teatro, em apresentações paralelas. Vilela ainda esclarece o significado do título da montagem. “O espetáculo nada tem a ver com o termo ‘travestis’, mas trata de um estilo teatral baseado na paródia, que também é utilizado na peça de Oscar Wilde.”

 

A leitura de “Travesties” reúne os atores Fabiana Gugli, Marco Antônio Pâmio –também responsável pela tradução da obra–, Sabrina Greve, Anette Naiman, Laerte Mello, Germano Melo, Mauro Wrona e Theodoro Cochrane.

 

Al. Barão de Limeira, 425, 9º andar, região central, São Paulo, SP. Seg. (16): 20h. Grátis. Não recomendado para menores de 14 anos.

  

LEITURA DA PEÇA “TRAVESTIES”
 
Quando: hoje, às 20h
Onde: auditório da Folha (al. Barão de Limeira, 425, 9º andar, Campos Elíseos)
Quanto: grátis (inscrições pelo tel. 3224-3473 ou pelo e-mail eventofolha@grupofolha.com.br, das 14h às 19h)
Classificação: não indicada a menores de 14 anos
  

 

 

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Arte e Estado Não se Misturam

 New York – Tem datas que não nos falham. Nossos mestres, nossos grandes mestres, ou momentos como o assassinato de JKF, a crise dos mísseis, a foda do “Último Tango em Paris”, a queda do muro de Berlin e, por exemplo, o tiro que o ditador da Romênia, Nicolae Ceaucescu levou na frente das câmeras de TV. Para o espanto de todos, aquilo foi chocante. Mesmo para aqueles que, como eu, haviam feito demonstrações nas ruas contra o Nixon e a guerra do Vietnam e queríamos ver os Stalinistas todos atrás das grades, eu, um pacifista por natureza, fiquei assustado com aquele tiro.

 

Por que digo isso? Por causa do tempo/espaço onde estamos e ocupamos quando algo dessa magnitude acontece. Assim como a morte repentina e precoce do “monstro sérvio” Milosevic (numa cela em Haia), a morte de Ceaucescu me marcou porque eu ensaiava o meu “Sturmspiel” no teatro estatal da Baviera em Munique com um vasto elenco. Todos comentamos o evento naquele dia. Alguns extras eram romenos. Eu tinha uma namorada (mezzo soprano) chamada Ruxandra Donose, que vinha de Bucarest e cuja família havia sofrido nas mãos do ditador. E, no teatro, Andrej Serban, havia sido “resgatado” por Ellen Stewart, anos antes. Décadas antes. Ainda jovem. Senão, teria entrado nos fornos da ditadura daquele terrorista no poder.

Tudo isso pra introduzir um belíssimo artigo de Caetano Vilela sobre ARTE e ESTADO. OS DOIS não se misturam. Quando um quer entrar no outro não HÁ MAIS ISENÇÃO POSSÍVEL.

Mesmo de forma mais branda (no teatro estatal de Munique – no meu caso no Cuvillies Theater), a pressão de Klaus Everding, (secretário de cultura de toda a Baviera na época), já era uma interferência gigantesca. O Muro de Berlim ainda não havia caído. Ainda vivíamos a guerra fria. Enfim, ao belíssimo artigo de Caetano:

Do Blog do Caetano Vilela:

Que ‘movimento’ é esse? (ou: sou Artista e não Educador-Ativista)

 

Ao trabalho camaradas, organizem um movimento e façam a máquina produzir!
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“Nós artistas de uma hora para outra nos transformamos todos numa espécie de ‘ativistas humanitários-culturais’! Não basta a ‘nossa causa’ é preciso ter “contrapartida social” para isso e aquilo e agora também nos exigem “medidas preventivas contra o impacto ambiental negativo”… que ‘po*&%$%a’ é isso? Tudo agora tem de ser carbon free, sustentável, ecológico, etc.
E eu digo: “é só uma pecinha de teatro senhor!”, “é apenas uma ópera madame!”, “é só um showzinho presidente!”

Qual o papel do Artista na burocracia contemporânea deste rosário sem fim ‘pseudo politicamente correto’? Produzir/Poluir?
Tá certo também que parte da ‘classe’ exigiu seu reconhecimento depois de palestras, encontros e ‘sufrágios democráticos’ (contando os braços erguidos ‘a favor’) num movimento batizado de “Arte contra a Barbárie” (!), resultando dentre outras aberrações ‘excludentes’ num tal “Fomento para as Artes”.
É isso então, lutaram contra a ‘barbárie’ (seria o ‘capitalismo do teatrão’), ganharam o ‘fomento’ e hoje são todos ‘ativistas’ de plantão defendendo o seu espaço (físico) alugado produzindo pouco para pouquíssimos (às vezes até muito para ‘muitíssimos’, mas não faz diferença), fazendo muito barulho para não largarem o ‘osso fomentado’.
Viraram ‘educadores’, plantaram sementes (paúba?), reciclaram seus programas (ou ‘pogrom/погром’) em troca de quê?

Nem prêmios nos credenciam mais. Um Shell (poluidora?) desacreditado vale hoje muito menos do que o antigo Molière (passagem para Paris ida e volta sem nenhum dinheiro!). Prêmios também viraram ‘contrapartida social’ das empresas que usam artistas como mico de circo: Prêmio Bravo, Contigo, Coca-Cola, etc… nenhum deles trazem público e muito menos prestígio.
A indiferença é triste e gritante.

O resultado do que se busca é o contrário, o teatro brasileiro está fomentando o emburrecimento do seu público. Falarei apenas do teatro, já que se abrir o verbo para defender a ‘classe lírica’ serei acusado de defender a ‘barbárie’ produzida pela alta elite! Mal sabem eles que faço ópera ao ar livre em Manaus para mais de 20 mil índios encantados! Seria isso uma ‘medida contra o impacto ambiental negativo’ aceitável? Aliás são 20 mil índios que deixaram de ligar os seus televisores e foram à praça (a pé ou com transporte público movido a energia alternativa!) pública assistir a um espetáculo lírico. Essas coisas enlouquecem críticos da Alemanha, Espanha, EUA, França, etc… todo ano e são publicadas em todas as mídias mas parece que o burocrata por trás do ministério da cultura além de surdo e monoglota é insensível ao reconhecimento do ‘inimigo estrangeiro’. Hummm, acabei falando!

Sou ARTISTA e não EDUCADOR, minha função é outra; deveríamos passar ao largo da catequisação da luta de classes que este governo inflama.
Que as EXCEÇÕES destes casos possam produzir mais e PENSAR este País!
Poucas vezes encontramos um diálogo aberto e honesto nos espetáculos apresentados em São Paulo, comunicar não é mais a razão de estrear um espetáculo, tudo se resume a um sindicalismo frouxo e burro. A obra já não fala por si (que me perdoe Adorno), é preciso fazer um ‘movimento’ (que me perdoe Caetano Veloso)! Uma geração inteira de artistas que começou a respirar após a ditadura ainda está bastante imatura para lidar com certos valores de liberdade e capitalismo (que me perdoe Marx).
Desconhecem princípios sobre a ética (que me perdoe Espinosa) e banalizaram o mal (sorry Hannah Arendt).

Ao final deste governo, nós artistas, nos juntaremos aos milhões de ‘assistidos’ por todas as ‘bolsas sociais’ e nos tornaremos mendigos por anos e anos de uma política populista e melíflua que demorará muito (dependendo dos próximos e próximos governantes) para ser extirpada e repensada.
Claro que quem sofrerá com isso será a Arte, muito antes dos artistas, mas estamos falando de algo supérfluo, não é mesmo?!”

 

(Vamp na edição)

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O Que Eu Sou e o Que não Sou

LondresPois é! Esta cidade amanheceu soterrada por quase 30 cm de neve. Já ontem a noite o carro patinava pelas ruas como se fosse uma nave desgovernada. Para quem está em plena crise existencial, isso é a própria metáfora perfeita. 

Olha, vou tentar explicar: o blog me reduz. Por favor, não me leiam mal. Mas, sim, ele me reduz. Ao mesmo tempo, eu vivo dizendo aqui que “estou me despedindo do blog, que estou acabando com isso aqui”. 

A razão é simples. Talvez nem tanto. 

Seguinte: Eu sou um ser político. 

Não sou um ser político. 

Bem, não é bem isso. 

Este blog comemorou ontem CINCO anos de existência, contando com o do UOL.  Mas, numa recente entrevista que o Philip Glass deu a meu respeito (linda, deslumbrante, e que o Vamp irá disponibilizar aqui para vocês nos próximos dias), ele me situa dentro do mundo TEATRAL, assim como a Ellen Stewart, a minha MaMa, do La MaMa, também havia feito, a cerca de umas semanas em sua cama de hospital em Nova York. 

O BLOG 

Isto aqui  acabou virando uma tela de Pollock. Mas não lúdica. Não estamos no campo da cultura, como eu havia me proposto. Acabo me vendo no campo das “mundanices” respondendo e atacando coisas e pessoas que são, em última instância, a MENOR das minhas preocupações. 

Me vejo pequeno! 

Sim, me vejo pequeno. Não nasci blogueiro. Sou autor e diretor teatral e , desde que essa entrevista do Philip foi editada, eu tenho pensado o que fazer da vida, qualitativamente. O que fazer? 

Claro que durante esse último ano o assunto era Obama. Eu não poderia deixar de comentar com PAIXÃO aquilo que mais me movia e comovia no campo da política, cultura e comportamento mundial e Barack Obama compreendia tudo isso.  

Mas Obama agora é presidente. Pronto. Já aconteceu. Agora o Presidente Obama completa praticamente 2 semanas desde o seu ‘comando’ na Casa Branca. 

Lula, lulismo, Castro e castrismo, Brown e brownismo, Merkel e merkelismo e ficar reclamando disso e daquilo não é o meu barato.  Tem gente muito mais qualificada para fazer isso.  Entenderam? 

Estou escrevendo “HARD SHOULDER” (Acostamento), um novo espetáculo. E… não posso e não irei mais ficar blogando a favor ou contra aspectos “menores” de governos locais. Sim, é isso. Daqui de Londres eu poderia estar comentando o que o mais recente PLOT da MI5 contra os paquistaneses extremistas-islâmicos tem… Mas não vou. Poderia falar do ETERNO debate local sobre a ETERNA luta contra o a UNIÃO EUROPEIA em que Edward Heath jogou o Reino Unido… e que hoje traz para cá uma quantia desproporcional de romenos, de croatas, de búlgaros, enfim, do Leste Europeu e que ‘não estavam no contrato’ quando Heath (Primeiro Ministro nos anos 70) queria ligar a ilha ao ‘continente’ (significando França, Alemanha, Itália e olhe lá!!!!).  MAS, mais uma vez, não vou falar disso. UFA! 

Então, este artigo é um artigo de alguém em plena crise. Quando o Vamp quiser escrever sobre problemas políticos locais, tá ótimo. Vocês comentam, pulem em cima, se rebelem, mas, por favor, prestem atenção na assinatura do artigo: ele é ele e eu sou eu. 

Nem de Obama eu falo mais.  

Nem sei exatamente sobre o que escreverei até maio próximo. Sei que de política estou de saco repleto. E porquê? O motivo é simplérrimo: é só voltar para Londres para se ter uma sensação de que o tempo parou. 

Encapsulou-se o tempo. Deu-se um pulo para trás. São as mesmas reclamações conservadoras ou trabalhistas de sempre e sempre… 

Mas eu não sou um sujeito do “sempre e sempre”. 

Prefiro ser do NUNCA e nunca. Ou na linha do Risco, sem rede embaixo. Afinal é teatro, ou não? Estou mais para Lewis Carroll ou Borges do que para esses Saramagos que resmungam e resmungam. 

Tenho um dia enorme pela frente. Estou de bem com a vida: acreditem. Londres me faz bem, me “aterra” apesar de ser o lugar da Madness of King George e do avô de Mick Jagger! E no mais, obrigado a todos vocês por terem me aturado por esse tempo todo! 

Vou tentar me mover nessa cidade nevada e, debaixo do braço, alguns livros ‘basicos’: “Náusea”, “1984” (acreditem se quiser) e outros menos conhecidos como “O que fazer?”

 

Gerald Thomas

2 Fevereiro 2009, Londres

 

PS do Vamp: Sempre que entrarem no Blog teclem “F5” para atualizar a página, pois a mesma não está atualizando automaticamente.

 

 

(O Vampiro de Curitiba na edição)

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Stop The Bleeding + Gerald Thomas faz palestra em NY

STOP THE BLEEDING 

CHEGA DE SANGUE

New York – Que loucura! Sento aqui numa Terca-feira de manhã e penso que já passou uma semana desde que o Presidente Barack Obama estava lá no Capitolio, alguns minutos passados de meio dia, mão sobre a bíblia e: Pimba! O mundo se mexeu, lágrimas de alegria e ondas de calor contagiaram o planeta.

No entanto, algumas poucas mínimas pessoas no mundo continuam discutindo “se” Obama isso ou “se” Obama aquilo: ora bolas! Ele é e pronto! Será que alguns mortos vivos estão mais mortos do que vivos? Que chatice!

Ontem à noite foi ao ar uma entrevista exclusiva pela TV Al Arabiya em que Obama fala claramente sobre o caminho louco e nada lúcido que Israel e os Palestinos estão tomando nessa constante guerra sem fim. Falou também que o plano dos Saudis tem um prazo (aliás, era uma vez uma aliança entre a dinastia Bush e os Saudis)  e ele está se esgotando e que é melhor voltar para mesa de negociações!

Jobs. Foi o PIOR dia no mundo dos JOBS! Não do Steve Jobs (talvez no dele também), mas no plano de empregos: 70 mil empregos se foram, bem, pra cucuia hoje neste país! Mais 70 mil desempregados graças às administrações anteriores e uma economia cuja moradia tinha o endereço fixo: nos 7 pecados capitais.

Enfim, de volta à semana passada (túnel do tempo): Fechando Guantânamo e dizendo na cara de Bush que “aqui na América não se torturara mais”. Que mensagem essa! Quer dizer: então “se torturou!” Então admite-se que torturaram. 

Isto, em si só, já é um passo. Mas quem ainda tem ‘reservas’ quanto ao fechamento do pedaçinho da ilhota Cubista, ou se torna um cidadão americano ou afaste de mim e se cale-se! “Ah, não seja tão cínico! Todo mundo tem o direito de opinar! ” E tem mesmo. Mas as besteiras que são ditas…”vão direto se aliar a Al Qaeda…”, dizem vozes do além.

Não, não vão! Quando a gente lê essas bobagens, essa ‘nivelagem de tabloide’ geralmente nao vem de consultores como o Peter Bergen. O Bergen é o maior especialista em ‘counter intelligence’ e já teve o desprazer de sentar numa toca com o Bin Laden. Sabe tudo. E mais! Segundo pesquisas dele (aliás nada mais do que mero senso comum), não existe essa “lenda” dos caras (ex-terroristas) simplesmente se juntarem novamente a grupos de onde vieram por um único e simples motivo (e é simples mesmo) :

Depois de tanto tempo sob ‘comando ou domínio americano’ esses sujeitos simplesmente seriam vistos como infiltrados e qualquer um, seja no Afeganistão ou no Paquistão, ou seja onde for, olharia para eles com uma tremenda desconfiança! ÓBVIO, não é?????? Pombas!

O mundo ainda tem mais pra Rush Limbaugh do que imaginei. Deus me livre! 

Quem é ele? Naveguem, meus queridos! Naveguem e vejam o tamanho do inferno republicano e seus vícios Oxy-Contin e outros dopaminadores! Ah, e falando em travessuras: O ex-reverendo Ted Haggard! Hetero CONVICTO e pego no flagra com outro homem e depois mais outro homem, e cheirando methanfetamin, seu império evangélico trilionário e republicano veio abaixo. Claro! 

Mas chamá-lo de gay, jamais!!! Jamais!!! Com ele e sua mulher a coisa tem que ser semântica, entende? É “same sex attraction”. Bem, perdeu tudo. Está procurando emprego. A filha da Nancy Pelosy (representante do Partido Democrata na nossa House) fez um documentário pro HBO sobre a boneca e, bem… vamos assistir com compaixão! Sim, faz UMA SEMANA que o mundo se livrou daquela imagem. Qual? A melhor mesmo, a melhor de todas naquela Washington DC (fora um lindíssimo sentimento “Woodstockiano”, sem a nudez ou as drogas ou a lama), foi a de um Dick Cheney saindo, indo numa cadeira de rodas: um inútil, um aleijado, um Hamm de Beckett, um canastrão, um Dr. Strangelove, um amputado! E nem Clov do lado tinha. Hamm tem que ter Clov do lado. Esse é o verdadeiro FIM DE JOGO!!! (Notem que Ham= presunto + Clove= cravo, quando um é enfiado no outro e entram no forno, dão uma bela refeição de Natal. Canastrão também está implicado e Clov deriva de Clown). Cheney, portanto, na posição do comandante aleijado por “caixas que movia em sua casa” (só faltava estar cego), estava na cerimônia como um mendigo clownesco amputado do meu dramaturgo predileto irlandês! I HAVE A DREAM… agora virou I’M LOOKING at REALITY and it’s GREAT!

Continuamos sendo um país de sonhadores. Mas aqui, ao contrário dos outros lugares, lutamos pelos sonhos com… todos os artifícios. Chega a ser kafkiano: 

Bernie Maddof é um dos lados criminosos da “coisa”. Somos todos sonhadores (sufixo: dores). E cometeremos os mesmos erros e acertos sempre, não? Sempre. É uma questão cíclica, ciclotímica, histórica, histriônica, natural, naturalista, representada, interpretada, diplomática, irada, irrigada, ironizada e, quem sabe, às vezes… um periodozinho de TRÉGUA!

 

Gerald Thomas

(cumprindo o contrato, batendo ponto e batendo no ponto!)

 

 

 

(O Vampiro de Curitiba na edição)

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ENTREVISTA COM GERALD THOMAS AO GNT

A entrevista foi ao ar nesta Sexta-feira, dia 12/12/2008, no programa “Agenda”, do GNT.

 

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A Estréia de BATE MAN (Bait Man) de Gerald Thomas

13/12/2008 DO BLOG DO CAETANO VILELA:

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O Ator, o Diretor, o Autor e o entendimento sobre o Tempo


“Decantar o vinho, como pode o teatro, enfim… É tempo, tempo entendeu, é o tempo que o teatro tem que ter, teatro não, uma câmara de tortura. Precisa de tempo, tempo.
Teatro e tortura, amizade e literatura e um bom vinho precisam de TEMPO.
(Gerald Thomas/”Bait Man”)
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Marcelo Olinto sob a minha luz, dirigido por Gerald Thomas e fotografado por Daniela Visco no Sesc Copacabana

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Faltou tempo! A citação acima vem do novo espetáculo dirigido e concebido por Gerald Thomas para Marcelo Olinto. Todos concordam que faltou tempo para que o espetáculo ficasse melhor… poucos dos envolvidos nesta produção concordam que faltou tempo para ‘decantar’ deste evento uma nova ‘amizade’.
Trabalho com Gerald há uns 10 anos, nos separamos por um tempo para eu cuidar da minha carreira e nos aproximamos quando nossas agendas permitem. A vida dele sempre foi uma loucura inter-continental, sua cabeça sempre esteve em, no mínimo, três países ou cinco cidades ou duas culturas, dez projetos, ou, ou, ou…
Acredito na empatia entre criadores, ator e diretor num processo tão autoral precisam ‘estar siameses’ em fase de produção de um novo espetáculo. Depois de mais ou menos 3 semanas de ensaios cheguei ao Rio e após assistir um ensaio sem saber de absolutamente nada identifiquei alguns pontos frágeis sobre o entendimento que o ator tinha do autor. Note bem eu disse “DO AUTOR” e não do espetáculo (embora houvesse sim alguns pontos também, mas não é o caso).
Gerald é o autor dele mesmo e ninguém pode acusá-lo de repetir sempre o mesmo discurso, seu tema é e sempre foi o DILACERAMENTO que qualquer guerra provoca nas relações, para isso abusa do jogo teatral, do corpo do ator que precisa ser um comediante disciplinado para ‘decantar’ e ‘autorar’ toda verborragia (nisso sempre preferi Damasceno à Bete Coelho) contida nas múltiplas camadas de entendimento. Kantor era assim também, todo o seu teatro era o reflexo do pós-guerra e seus atores marionetes deste ‘campo militar’, todo o Living Theatre também e a primeira fase de Pina Bausch… é sempre a guerra e a contradição da guerra e a guerra e a contradição da…
Se não se entende isso para trabalhar com um diretor assim o ator é fisgado (Bait Man!?) pela traição da falsa verdade, do falso entendimento. O público pode sair do teatro com centenas de peças soltas e montar seu quebra-cabeça na pizzaria ou no seu travesseiro, já o ator não!
O ator não pode dar pistas equivocadas do entendimento que o ‘autor-diretor’ criou (Marienplatz 1933 sempre será o início da ascensão e nunca uma garrafa de vinho raro!), muito menos subestimear a capacidade que este mesmo autor tem em criar armadilhas que coloquem em xeque este entendimento.
Concordo com Gerald, o ofício do ator faz muito mais sentido semânticamente em inglês (to play) do que em português (representar) ou francês (repeticion) e não quero dizer com tudo isso que o que apresentamos ontem a noite no Sesc Copacabana seja ruim ou mal realizado e que Marcelo Olinto esteja bem ou mal. Voltando a citação inicial acho que o que melhor define o estado que saímos do teatro hoje é um fragmento de uma canção de Renato Russo, quando diz: “(…) agimos certo sem querer, foi só o tempo que errou…”

 

          

                                                                                                

FOLHA DE SÃO PAULO 

São Paulo, quinta-feira, 11 de dezembro de 2008  

TEATRO
 
GERALD THOMAS DIRIGE O MONÓLOGO “BATE MAN”
 
Parte do projeto “Auto-Peças”, que comemora os 20 anos da Cia. dos Atores, o monólogo “Bate Man” estréia amanhã no Rio, no Teatro de Arena do Espaço Sesc (r. Domingos Ferreira, 160, Copacabana; tel. 0/xx/21/2547-0156; qui. a sáb., às 21h; dom., às 19h30; R$ 16; classificação: 16 anos; até 21/12). “Bate Man” é o primeiro solo de Marcelo Olinto e tem direção de Gerald Thomas.

 

FOTOS DE DANIELA VISCO

 

 

 

 

 

 

 

 

 

DO BLOG DO CAETANO VILELA
    

Mal terminaram as óperas no Teatro S.Pedro/SP no domingo passado eu já embarquei para o Rio de Janeiro, na segunda, para outra parceria na iluminação (de última hora, mas sempre em boa hora!) com Gerald Thomas. Falo sobre “Bate Man” escrito e dirigido por GT na forma de um monólogo para Marcelo Olintho (acima num ensaio, fotografado por mim) defender no evento-efeméride “Auto Peças”, comemoração dos 20 anos da Cia. dos Atores no Sesc Copacabana.
Mais, depois falo! Enquanto isso o próprio GT dá uma idéia do que aguarda o público carioca, leiam aqui. Estou curioso para sentir as reações, pena que volto para SP neste domingo.
Se joga:
“Bate Man”, concepção/direção Gerald Thomas, monólogo com Marcelo Olintho
Sesc Copacabana/RJ
12 a 21 de dezembro (quinta a sábado 21h/domingo 19h30)

 

                        —————————————————————-
 
 

PARTE DO TEXTO

(Vira de costas e toma mais banho de vinho.
Murmura pra si mesmo.)
Sabe que… eu acho nunca vi….
Sinceramente.
Eu vou dizer uma coisa para vocês…
Ai…
Sinceramente.
Ai….
(pigarreia algumas vezes, como se preparando para falar.
Murmurando.)
Acho que….
Eu nunca achei que agradar a Burguesia seria desperdiçar aquilo, aquilo que eles acreditam ter de melhor. E agora? Que eu fiz tudo isso aqui.
Qual será a próxima?
(tempo, pensando.
Conclui.)
Um banho de caviar?
Banho de caviar.
(olha para baixo e vê caixas de caviar.
Encontra caixas de caviar.
Se assusta com a surpresa.)
Ahhh…
NOSSA QUE COINCIDÊNCIA!!!!
OSSETRA!
BELUGA!
SEVRUGA!
Que loucura, as coisas estão todas aqui.
É uma doideira.
QUE COISA MAIS APROPOS!!!!
APROPOS!!
A  PRO  POS!!
APROPOS!!!
GENTE QUE LUXO.
CAVIAR VINDO DIRETO DA RÚSSIA, DO IRÃ, DO IRAQUE
Olha agora é sério.
Sério.
TUDO ISSO PRA DIZER O SEGUINTE:
TORTURA VALE A PENA SIM.
VALE A PENA E NÃO É SÓ ISSO NÃO!
NÃO É MESMO.
VALE A PENA RALAR E TER OS SEUS DIREITOS  COMPLETAMENTE CASTRADOS, VIOLADOS…
Eu não sei como explicar isso melhor hmmm……
Vou tentar explicar…. é….. é…. é….    CONFISCADOS… RAPTADOS…. é….
NO FINAL DE UM REGIME ASSIM TÃO, TÃO VIOLENTO, TÃO VIL, TÃO FILHO DA PUTA , CRUEL….
Ah…..VOCÊ TEM COMIDINHAS ÓTIMAS, BEBIDINHAS MARAVILHOSAS, entendeu?
TÃO GOSTOSINHAS.
(descobre alguma coisa genial.
Não acredita.)
E OLHA QUE LOUCURA ESSA AGORA!
MEU DEUS DO CÉU.
Roupas FASHION!
Não posso acreditar.
Um John Galiano direto da próxima coleção de verão!
WOW!
(entra música. Bate Bait se veste e começa a desfilar.)
Bait Man

 ———————

Copyright Gerald Thomas
New York – Nov 2008-11-25
Serviço – “Bate Man”
Texto e Direção: Gerald Thomas
Luz: Caetano Vilela
Musica: Patrick Grant
Com Marcelo Olinto
De 11 a 21 de dezembro
Teatro de Arena – Espaço Sesc
Rua Domingos Ferreira, 160, Copacabana
De quinta a sábado, às 21h; domingos, às 19h30
Ingressos: R$ 16
Informações: (21) 2548-1088 / 2549-1616

 

( O Vampiro de Curitiba na Edição)

 

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O Homem Isca – Porque o Espancam e Lhe Devolvem o SILÊNCIO

Terrorismo real X Terrorismo psicológico

(Terrorismo real e terrorismo psicológico)

 

Escrevo às 4 da manhã. Exausto de um dia de ensaio puxado, repetitivo, às vezes frustrante, discussões  técnicas, entrevistas, conversas com a equipe e o skype tocando… me encontro entre um ponto FINAL e outro, o de interrogação, assim como o personagem de “Bate Man”, ou “Bait Man” (homem Isca) que estréia em alguns dias.

Muito estranho como nós acabamos sempre no mesmo buraco que os textos que geramos para teatro. Ou será que é justamente o contrário? Pouco importa. A essa hora da madrugada, lutando pra conseguir algumas horas de sono e começar a nova batalha e me pergunto: Por que batalho, me “entrego” ou me confesso através da última fala do ator num palco de terra, caixas de vinho pelo chão, Bordeaux 1933 e Barolo 1945?

Tudo detonado. Nada mais no palco a não ser uma isca, de onde ele estava pendurado no início do espetáculo sendo espancado pela sua própria culpa ou incoerência por estar vivendo e vivenciando  o susto de ter nas mãos garrafas de vinho com datas tão significativas e, no entanto, contendo sangue humano.

Assim estou agora. Sentado num hotel, comendo pudim de leite e berrando paro o mundo o que o meu “Bait Man” fala depois que cai num desfile de modas absurdo nos dias de CRASH ECONÔMICO, onde a imagem do EU vai ficar suspensa por um tempo ou entrará num surto psicótico.

Depois de torturado, ou se deixar torturar, pela nona vez num curto espaço de tempo, “Bait Man”, ensangüentado, encharcado de suor e vinho e terra,  encara o público:

-“Proteção! Que proteção, porra nenhuma! Isso é o ESTADO entrando em nossas vidas como ESTUPRO! Não, não! Me recuso. Vou para a batalha com um Bordeaux na mão, divino como um ser humano divino, ou com um Barollo contendo sangue humano, porque assim nós somos! Assim sempre fomos.”

Nossa! 

Meu desejo é o de atacar, entendem?

Por isso mesmo DEVOREI quatro milhões de metros cúbicos de CONCRETO. É, está tudo aqui dentro. Tudo!

E-N-G-O-L-I-D-O, entenderam? Esse concreto todo!

Aqui dentro. Junto com esse vinho humano.

Uma delícia!

Delícia! Poesia concreta, arte concreta, morte concreta! É, tudo aqui dentro do meu estômago.

E, assim, eu migro pelos mundos, como se fosse o SABÃO nas mãos de Poncio Pilatos ou uma esponja na sola de Mick Jagger. É isso.

Pronto: É o que tenho a dizer, Kurt Cobain!

Ah, aquela parte da tortura… e que ela vale a pena? Deus me livre! A gente diz tanta coisa, né?

Vive tanta coisa, né? Tanto afastamento, tanto silêncio…

SILÊNCIO!

Caramba!

Como a gente vive num tremendo SILÊNCIO que as pessoas nos devolvem… isto é, quando elas não nos POSSUEM, ou querem possuir, elas nos dão os ombros e o silêncio BRUTAL.

Como é BRUTAL o significado de tudo isso!

Como tem gente escondida dentro desse silêncio. É quase como nessas garrafas, mas sem o sangue. Hoje, NEM MAIS SANGUE HUMANO TEM.

POR ISSO ME ESPANCAM! AH, ENTENDI!

BRUTAL, o significado de tudo isso! Gente escondida dentro desse GIGANTESCO silêncio. E  nessas garrafas? Todas as obras inacabadas da humanidade?

E os imbecis solitários as bebendo sem saber, nos bares e nos restaurantes, olhando o rótulo, sendo enganados por algum sommelier dando pinta, dizendo: “Bem, esse aqui tem um sabor arredondado e cheio, digamos, com o carvalho ainda no céu da boca, por assim dizer, e a fruta fresca levemente mordida pelo selênio, uma fruta ainda em estado de ‘crescimento’ e portanto algo híbrido, merlot, cabernet e… recém chegado da coleção  de um milionário australiano…”

PORRA! Mal sabe ele que lá dentro pode se esconder a obra inacabada de um Franz Kafka ou de um Calderon de La Barca ou mesmo… Ai que desespero! Todo mundo bebendo literatura inacabada ou sangue de assassinos ou mártires e nós aqui, posando de…

Que Tortura! O Analfabetismo! Digo, essa nova forma de braile através da degustação de vinhos humanos. Não funciona! O leitor, digo, sei lá, ficará bêbado e não se lembrará do que leu, ou seja, bebeu!

Educação… pra quê? Ah, para que a gente tenha uma noção de “cultivo da memória” e de “memória da lembrança”, ou vice-versa. Gente! Quem está aí fora?

ÍCARO? ERA ISSO então? Ou Átila? Ou Homero? Ou o quê? O que é para eu aprender aqui? Sério?

Gente, agora é sério!

Rolhas? Sangue Royal? Virar uma Pintura VIVA de Francis Bacon desfilando para ser comprado pelo Damien Hirst e virar uma sátira de mim mesmo? NÃO! Não sou mais quem eu sou porque não estou mais pensando quem eu penso no que estou pensando e vocês nao estão vendo exatamente o que vocês ACHAM o que vocês estão vendo, então sugiro uma… PAUSA de… um mês. Ou então o aplauso que o Próspero pediu ou uma condenação que Prometeus pediu ou então o silêncio que foi concedido a Hamlet pelo Fortinbras porquê…

Porque…

Porque…

Porque…

Gerald Thomas

Dez, 2008

(O Vampiro de Curitiba na edição)

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Surtos De Individualismo

 

Não, não… não é o que vocês estão pensando. Não, não é isso. De certa forma… quero dizer, de alguma forma, é  o que vocês estão pensando, sim. Não posso negar. De alguma forma, o que vocês estão vendo agora, confirma exatamente isso (o que está no palco, vida, política, jornais, etc), e confirma também o que vocês estão pensando.

Engraçado. Triste. O desmoronamento. Várias obras de arte têm essa cara. Melhor, o PODER tem essa cara também.

O Poder e a Arte tem a cara da destruição!”

E por aí vai a narração inicial de “O CÃO QUE INSULTAVA MULHERES, Kepler, the dog” que estreou semana passada (apresentação única) em Sampa e pelo IG.

Muita coisa pessoal aconteceu na minha vida desde que comecei a ensaiar o espetáculo. Muita coisa aconteceu desde que ela foi ao ar.

 Às vezes devemos dar uma parada em tudo. Zerar. Lubrificar o corpo. Postar a alma diante do espelho como o mais angelical dos seres ou o mais diabólico deles e perguntar: “o que estamos fazendo aqui? Pra quem e pra quê? Quem são nossos amigos? Quem são os oportunistas? Quem são nossos inimigos?

 As respostas podem vir na hora. Outras podem demorar algum tempo. De uma forma ou de outra, quem vive uma ‘vida pública’  assim como eu,  já deve dormir com um olho aberto. Quem se aproxima… hummm, deve se aproximar porque deve querer alguma coisa.

INÍCIOS DE TUDO

Vejo uma geração (aliás, duas) inteira de pessoas fingindo que estão acontecendo coisas. Uma, a mais velha, FINGE que há um NOVO INÍCIO de TUDO, como se os tempos de hoje fossem a nova Gênese. Bosta. Não tem nada de novo acontecendo além do fingimento oportunista desses alguns que querem estar desesperadamente correndo em busca de um tempo perdido.

E tem de fato a geração de hoje, a nova, que não sabe porra nenhuma mesmo e que olha qualquer negócio com aquele olhar bestial de novidade. Dá preguiça? Não sei. Dá pena. Mas sempre foi assim. Schoenberg já escrevia sobre isso. Outras dezenas também. E sei lá quem escrevia que o “tempo contemporâneo traz memórias pra serem preenchidas”. Ah, tem cara de ser Wittgenstein, mas posso estar chutando.

“Hedonismo perverso”

Mesmo assim, exausto da estréia do Cão que insultava e insulta, fui ver o espetáculo que Jô Soares montou no “Teatro Vivo” com o Wilker e cia. E o quê? Me surpreendi como  o Wilker está ÓTIMO, como o Jô deixou o texto de Albee de pé, sem pretensões de querer cultuar um manifesto em torno de si mesmo. Ah sim, nem tudo é perfeito, mas… quem sou eu para estar escrevendo sobre perfeição ou cultos sobre o diretor, etc.?

Encontrei no camarim um Jô Soares tão doce, tão simpático e tão aberto a tudo que, complementar ao texto do Albee e a interpretação inesperada de Wilker, deixa em aberto se não devemos nos olhar mais no espelho todos os dias um pouco menos. Vou repetir. Olhar MAIS no espelho um pouco MENOS (essa frase é melhor em alemão). Olhar menos no espelho e testar nossas idioTsincrasias e daqueles que consideramos amigos, inimigos ou da tchurma ou da antiTchurma ou de pessoas que consideramos hostis ou da nova FASHION Actor ou Fashion ACTRESS ou do Pink is the new Black. E por quantos anos olharemos para fora ao invés de para dentro para constatar uma coisa, uma única e só coisa?

Sylvia, a cabra, é uma paixão impossível porque ela não existe.

A questão mais profunda e mais dolorosa entre nós da humanidade seria: temos realmente alma suficiente para amar ou entregar, para colocar nosso coração à disposição de alguma outra pessoa em qualquer momento de nossas vidas? Ou o MOTTO do “Kepler the dog” está mesmo certo: ”Não, nao é o que vocês estão pensando. Sim, é o que vocês estão pensando, sim. O que está colocado na frente de vocês e na minha frente agora é isso! E se está colocado na sua frente, tem que ser comido, atacado, digerido, possuído e depois… CAGADO FORA!

XEQUE-MATE!

Gerald Thomas,

Depois de uma longa conversa sobre “amizades da oportunidade” com João Carlos do Espírito Santo.

 

(O Vampiro de Curitiba na Edição)

 

PS: “O CÃO QUE INSULTAVA MULHERES, KEPLER, THE DOG”, AO QUAL O TEXTO SE REFERE, PODE SER VISTO AQUI:


 

 

 

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AGORA VOCÊS VÃO PODER ASSISTIR, SIM!

GERALD THOMAS APRESENTA:

A PRIMEIRA BLOGNOVELA DA HISTÓRIA

“O CÃO QUE INSULTAVA MULHERES, KEPLER, THE DOG”

 

 

 

Conceito, escrito e dirigido por Gerald Thomas
Com:
Fabiana Gugli
Pancho Capelletti
Duda Mamberti
Anna Americo
Luciana Froes
Simone Martins
Caca Manica

Luz: Caetano Vilela
Som: Claudia Dorei

Produção: Plato Produções (Dora Leão)

Assistência: Ivan Andrade.

Realização SESC unidade Av Paulista
gravação TV IG

 

 

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"LIVE"- AO VIVO – Ontem foi ao ar…. Mais Fotos e o Link para assistir à Blognovela

 

OBS: ABAIXO DAS FOTOS TEM O LINK PARA A BLOGNOVELA

 

PS: PATRICK GRANT NOS ENVIA NOVO LINK PARA A BLOGNOVELA:

 

http://www.strangemusic.com/GTBlogNovela.html

     

 

Do Blog do Caetano Vilela:

14/11/2008

 

‘Nonada’ com Gerald Thomas (*ou: Não demorou muito para eu descobrir o que as pessoas querem dizer com a minha destruição)

 

Nonada!
Como diria Guimarães Rosa no início do livro-painel “Grande Sertão: Veredas” ficamos literalmente “no nada” após o último ‘enter’ da
BlogNovela apresentada por Gerald Thomas/Cia. de Ópera Seca no Sesc Paulista com transmissão simultânea pelo portal Ig.

No post anterior alguns amigos me ‘apertaram o piercing’ dizendo que nada disso era inédito, que até filme baseado em Blog já havia estreado assim como outras produções também foram transmitidas pela internet. Sei disso, inclusive participei de dezenas! Dirigi com Marcelo Tas – o ‘rei da multimídia’ – uma ópera e uma peça que foram transmitidas ao vivo pela rede, sei de projetos de amigos que se conectaram entre três países e simultâneamente apresentaram um espetáculo com links ao vivo em fuso horários diferentes, também assisti na Europa experiência semelhante com Robert Lepage, etc, etc…, o que conta aqui é a DRAMATURGIA que Gerald propõe.

Quem acompanha o seu Blog sabe que a participação dos leitores é uma ferramenta à parte no diálogo que Gerald propõe com os seus leitores. Às vezes pode até parecer que são um bando de ‘xiitas culturais’ perigosissímos (por vezes são sim, até eu já tive comentário ‘clonado’ por lá), mas não conheço outro espaço na internet que provoque tantas ‘teses dramatúrgicas’ como lá.
E nisso a experiência beckettiana de Gerald é indispensável para tornar esse material ‘adaptável’ para os palcos.

Mais uma vez Fabiana Gugli comanda o caos tendo, dentre outros companheiros, os excelentes Duda Mamberti (às vezes um Vladimir e por outras um Estragon do clássico beckettiano) e Pancho Cappeletti (o reverso do travestismo, concentrando todo o universo masculino sempre presente na obra de Gerald, principalmente depois da ópera Mattogrosso, parceria com Philip Glass).
O que vemos e ouvimos é o cotidiano disfarçado em acasos, a interação cyber refletida nos conflitos mundiais e uma universalidade que pode parecer simplista quando se lê os comentários para os posts escritos por Gerald. É simples sim, mas poucos são capazes de interpretar esses simples sinais.

O regionalismo universal de Guimarães Rosa, o ‘newspeak’ de Orwel e a ‘dramaturgia online’ de Gerald sempre serão difíceis para os menos atentos. ARTE é difícil, TEATRO é difícil, LITERATURA é difícil de se fazer, assistir ou produzir! Claro que não estou falando isso ‘para’ o Brasil que tem um ministério da Cultura ‘aculturado’ em que se exige “contrapartida social” do artista.
Contrapartida Social? E qual é a contrapartida cultural que os brasileiros recebem? O tombamento da receita do acarajé, da capoeira, dos quilombolas (de repente viramos uma nação de quilombolas!); é sobre tudo isso e muito mais que os leitores do Blog do Gerald falam, discutem, brigam, e não só pelo prazer de discordar mas de unir, propor, combater…

 

Mais uma vez Gerald usa Led Zeppelin como ‘leitmotiv’ de um espetáculo, compreensível, afinal o que mais podemos dizer depois dos versos de Black Dog:

“(…) watch your honey drip, can’t keep away (…)
Didn’t take too long before I found out, what people mean my down and out…”

 Alguns clics que fiz do último ensaio que fizemos para a equipe do Ig, para ajustarem as imagens com os ‘camera-men’, antes de abrir para o público, enjoy!

  

 

  

 

  

   

   

 

 

Em breve colocaremos a janela para a Blognovela, por enquanto, cliquem no link abaixo:

 

http://www.strangemusic.com/GThomas/blog_novela.mov 

(Nossos agredecimentos a Patrick Grant que fez a gravação e disponibilizou o Link)

   

No Blog do Alberto Guzik:

 

O impacto de “Kepler, the dog”

 

É muito poderoso o novo trabalho de gerald thomas, “o cão que insultava as mulheres, kepler, the dog”. vi ontem e ainda está girando na minha cabeça. as imagens, a força das idéias. tudo muito simples, muito despojado, e extremamente requintado. não parece o gerald capaz de inventar máquinas cênicas complicadíssimas. este gerald está interessado em explorar o palco nu, a caixa cênica desventrada, sem nenhuma moldura que a enfeite. o resultado é magnífico porque sofre o impacto da visão de mundo lúcida e arguta do encenador. fabiana gugli está esplêndida, cada vez mais precisa e senhora do palco. e também brilham duda mamberti e pancho capeletti, dominam a cena com extrema segurança. mas é das idéias do espetáculo que se precisa falar. não posso fazer isso agora. tenho um dia longo pela frente. reunião do projeto dos sonhos, depois santo andré, onde estrearemos “liz”, logo mais, no sesc de lá, às 21h. ontem ensaiamos até alta madrugada. e hoje tive de pular da cama bem cedo. então depois vou contar mais e melhor do que vi ontem, e narrar como foi que vi, porque não deixou de haver uma peripécia para que eu assistisse ao pontiagudo “kepler, the dog”, com que jerry está abrindo frentes e vertentes, criando uma dramaturgia a partir de textos do blog, fazendo um espetáculo que, segundo cálculos, seria visto por no mínimo 150 mil navegadores. porque “kepler” foi transmitido pelo portal ig, no igpapo. deixo para vocês uma foto de fabiana gugli e  duda mamberti, enquanto eram acompanhados pelas câmaras do ig, clicada pelo talentosíssimo caetano vilela, que colaborou com gerald na criação de uma luz de tirar o fôlego.

       

           Foto: Caetano Vilela

 

DO ÚLTIMO SEGUNDO:

SÃO PAULO – A nova obra do diretor e dramaturgo Gerald Thomas, “O Cão que Insultava Mulheres – Kepler, the Dog”, estréia nesta quinta-feira (13), às 21h30, no teatro do Sesc Paulista. Quem não puder comparecer terá a opção de ver pela internet, ao vivo, no IG Papo.

A peça é, na verdade, o primeiro capítulo de uma blognovela criada por Thomas em seu site. A segunda parte, ainda sem data de estréia definida, se chamará “O Cão Astrônomo que Estragava Planetas e Estrelas”.

O texto da peça é resultado de discussões e comentários de 11 capítulos anteriores da blognovela, todos criados no blog de Gerald Thomas. A montagem terá atores profissionais e amadores, recrutados a partir de vídeos enviados pela rede ao diretor.

Segundo Thomas, a obra é uma crítica ao universo masculino. “Os homens se consideram o máximo, mas são uns grandes imbecis sempre engajados em guerras, matanças, estupros, emboscadas”, explicou em seu blog.

A crítica, vale ressaltar, não é nada leve. Tanto que a peça tem cenas bastante fortes e, por isso, não é aconselhada para menores de 18 anos.

“O Cão que Ofende Mulheres” será apresentada no Sesc Paulista (Avenida Paulista, 119, Paraíso), a partir das 21h30. A entrada é gratuita. Para assistir, basta retirar senhas que serão distribuídas uma hora antes do espetáculo.

A transmissão pela internet será feita através do iG Papo, também a partir das 21h30. Será possível assistir à peça ao vivo e também comentá-la com outros internautas pela sala de chat. Saiba mais sobre o espetáculo no blog de Gerald Thomas.

 

Serviço
Data: 13 de novembro de 2008, quinta-feira, 21h30
Local: SESC Paulista
Endereço: Avenida Paulista, 119 – Paraíso
Entrada franca; os ingressos devem ser retirados na bilheteria a partir das 20h30.

 

Ficha técnica
O Cão que Insultava Mulheres – Kepler, the dog
Projeto: Cia. Ópera Seca
Criação e direção: Gerald Thomas
Elenco: Anna Américo, Caca Manica, Duda Mamberti, Fabiana Gugli, Luciana Fróes, Pancho Cappeletti, Simone Martins.

Produção executiva: Dora Leão – PLATÔproduções
Assistência de produção: Hedra Rockenbach
Som: Claudia Dorei
Luz: Caetano Vilela

  

DA ILUSTRADA (FOLHA DE SÃO PAULO):

Gerald Thomas leva ao palco 1º capítulo de sua “blognovela”

Cão que Insultava Mulheres” se inspira em comentários de internautas 

 

 DA REPORTAGEM LOCAL

 

“Não é o que vocês estão pensando. De alguma forma, é o que vocês estão pensando. De alguma forma, o que vocês estão vendo é isto. O que vocês estão vendo confirma o que vocês estão pensando.” Na voz de Gerald Thomas, a gravação parcialmente transcrita acima abre “O Cão que Insultava Mulheres, Kepler, the Dog”, encenação do primeiro capítulo da “blognovela” do diretor, que tem ensaio aberto hoje à noite. No início da tarde de ontem, a produção informou que o espetáculo será transmitido em tempo real pelo portal iG. Boa parte da dramaturgia, que desafia descrições, foi construída a partir de comentários deixados por internautas no blog de Thomas (www. colunistas.ig.com.br/geraldthomas). Da internet também foi “importada” uma atriz- Thomas pediu que interessados enviassem vídeos inspirados nos textos postados por ele na internet. Em cena, Thomas e sua Cia. de Ópera Seca (em que se destaca Fabiana Guglielmetti) inicialmente sondam os elos entre arte e poder, mas logo se debruçam sobre as relações de gênero e a permanência de certa mentalidade sexista. As intelectuais americanas Camille Paglia e Susan Sontag (1933-2004) comparecem. Segundo o diretor, “Cão” fecha uma trilogia aberta por “Terra em Trânsito” (2006) e “Rainha Mentira” (2007). (LUCAS NEVES) 

 

O CÃO QUE INSULTAVA MULHERES, KEPLER, THE DOG 
Quando: hoje, às 21h30 
Onde: Sesc Avenida Paulista (av. Paulista, 119, 11º andar, tel. 0/xx/11/ 3179-3700; grátis) 
Classificação: não indicado a menores de 16 anos

 

 

 

 

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VEM AÍ:"O CÃO QUE INSULTAVA MULHERES, KEPLER, THE DOG!"

        

Transmitido pelo IG

Apresentacão ÚNICA

ESTAMOS NO ENSAIO

PARTE I

 O CÃO QUE INSULTAVA AS MULHERES, Kepler, the dog

PARTE II

(Num futuro próximo) 

O CÃO ASTRÔNOMO QUE ESTRAGAVA PLANETAS E  ESTRELAS

A PRIMEIRA BLOGNOVELA CRIADA E TRANSMITIDA PELA INTERNET

QUINTA-FEIRA, 9:30 DA NOITE

PARTE I

AQUI PELO IG

Fotos: Lenise Pinheiro

Mais detalhes nos próximos dias! Haja fôlego.

SIM, é o que vocês estão pensando, SIM!

Os homens se consideram o Máximo, mas são uns grandes imbecis sempre engajados em guerras, matanças, estupros, emboscadas…. insultando e humilhando as mulheres…. cometendo o genocídio através de todos os tempos e do TEMPO da nossa HISTÓRIA…

Ah, sim, e quanto aquele coco, enxerguem ele como se fosse um ovo, como aquele de Colombo.

 

Sim, aquele desde os descobrimentos ou dos CRIADORES, muitos OVOS foram colocados de pé, mas a melhor pergunta ainda seria…Quantas milhões de dúzias não foram estraçalhadas????

 

Gerald Thomas

 

 

 

 

 DO GLOBO ON LINE:

DRAMATURGIA INTERATIVA

Gerald Thomas cria blog novela e transmite pela web episódio feminista ‘O cão que ofende mulheres’

 

SÃO PAULO – No que depender do irriquieto encenador Gerald Thomas, nada será como antes. Cansado da mesmice, o diretor quis criar uma nova linguagem e inventou o blog novela. Um dos episódios, “O cão que ofende mulheres”, vai ser encenado no Sesc Avenida Paulista nesta quinta-feira, gravado e transmitido em seu blog. Trata-se de uma “dramaturgia interativa”, como define Gerald.

 

– Teatro é chato pra burro. Blog tá meio chato. Jornal é chato. A internet tem essas possibilidades. Resolvi então criar um híbrido. Fui postando capítulos de uma novela. Aproveitei os comentários de meus internautas mais fiéis e criei uma dramaturgia interativa para fazer o texto de “O cão que ofende mulheres” – explicou.

 

O sugestivo título não tem nada a ver com o episódio que recentemente movimentou o noticiário de celebridades: o rompimento do noivado entre Luana Piovani e Dado Dolabella, após uma briga na qual ele teria dado um tapa na ex-noiva e empurrado a camareira Esmê em uma boate carioca.

 

Gerald conta que nunca ouviu falar em Dado, mas conheceu Luana na época em que morava em Nova York, quando a atriz passou uma temporada de estudos por lá:

 

Minha história mostra que o homem é um imbecil. É ele quem se engaja em guerras, enquanto a mulher é aquela em busca de paz

– Minha história é bem mais alegórica que isto, mas mostra que o homem é um imbecil. É ele quem se engaja em guerras, enquanto a mulher é aquela em busca de paz. Espero que este sujeito (Dado) esteja preso. Toda a minha simpatia à Luana.

 

O cenário é uma caixa preta e a encenação começa com três mulheres presas de ponta cabeça por um dos pés encontadas na parede do fundo do teatro. Uma narrativa em off fala de desmoramento e compara arte e poder enquanto convida o público a duvidar. Um executivo entra em cena tentando se equilibrar em sandálias de salto alto. Enquanto filosofa sobre Aristóteles, um cachorro faz cocô. Acompanhando a trilha sonora, Gerald Thomas diverte-se tocando guitarra. O texto faz referências críticas sobre as feministas Camille Paglia e Susan Sontag, além do artista Marcel Duchamp.

 

Para conferir o episódio e ler outros capítulos da blog novela, basta acessar o site do dramaturgo .

 

A gravação de “O cão que ofende mulheres” será aberta ao público e acontece na quinta-feira, às 21h30, no Sesc Avenida Paulista com entrada franca. (Avenida Paulista, nº119, 11° andar. Tel: 11 3179-3700).

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Sua Excelência Obama: a realidade que ainda assusta alguns.

Enfim, a realidade:

New York – Fico pasmo como alguns ainda tentam relutar a realidade. Não sei bem contra o que lutam, sinceramente.

Mas isso é papo para outra hora e em consultório. Em dias mais tranqüilos, volto a tocar nesse assunto, porque se formos levar até às últimas conseqüências o raciocínio lógico de algumas equações, não conseguiríamos nunca estacionar um automóvel, por exemplo, ou exercer o ato de aplaudir, ovacionar. Muitos diriam que a vaga é um pouco pequena demais ou que o carro é grande demais ou que os urros que soltamos quando estamos emocionados não passam de emoções primitivas. Pois.

Bolsas de valores nem sempre reagem no dia seguinte a uma eleição, e isso também é um fato histórico, assim como ter vasta experiência em “governar” pode provar péssimos vícios em cidades como Washington DC. Então, por que tanta pressa em julgar o nosso novo presidente?

Bem, nenhum jornal do mundo conseguiu, exceto um: o New York Times: a capa de ontem, logo abaixo do logo dizia somente:

OBAMA

Pra que dizer mais?  O Wall Street Journal, assim como todos os outros, elaboraram manchetes, quebraram a cabeça mas… como se diz aqui, o headline, de costa a costa, no centro da página…  OBAMA… era magnífico!

Criticamos uma obra de arte ou um candidato pela sua postura e oratória ou porque não entendemos ele ou ela, a obra de arte. Criticamos um presidente eleito pelo slogan que ele escolheu depois de eleito, como se isso fosse novidade na história. Devo aqui traduzir o que todos os maiores estadistas usaram como slogan para suas campanhas? Me poupem! Devo fazer aqui uma lista de todos aqueles que levaram porrada logo de cara por não serem entendidos, mesmo sem conseguirem se provar, como diria Chesterton?

Na arte a regra pode até ser não facilitar o entendimento para o público. Na política ocorre justamente o contrário e Barack Obama (para o desespero de uns poucos) conseguiu essa conexão desde o início. Ou seja, facilitou o entendimento do que quis passar. Mesmo não sendo explícito sobre o seu plano como governante, passou a sua imagem. E imagem, como todos viram…

A língua de McCain ficou embaralhada. A de Obama, no mínimo, bem-feita, educadíssima. No máximo, emocionante. Como? Culpar o povo por se emocionar? Como? Eu ouvi direito? Culpar o povo do mundo INTEIRO por se emocionar com a vitória AVASSALADORA de um cara que surgiu do nada,  de um “escurinho” (como vocês gostam de dizer), num pais RACISTA (como vocês adoram nos acusar!) depois de OITO anos de ódio pelo mundo afora… (é assim que o mundo nos enxerga). Ah… give us a break! Estamos livres. Livres, no melhor sentido da frase famosa de Dr. Martin Luther King.

Mas nem todos são santos. Jesse Jackson não estava aos prantos por emoção. Ou pelo menos não por emoção somente. Eu me lembro e Obama se lembra do que o reverendo da Rainbow Coalition e do affirmative action falou a respeito dele: aquelas lágrimas ao lado da Oprah (essa sim, essa sem dúvidas. Ela “lançou” Obama!), tinham algo de crocodilo!

Os críticos de Obama ainda pecam por se perderem na analogia das imagens, que não tem começo, meio e fim.

Prezam a lógica e, no entanto, se perdem nela.

Sabem por quê? Porque algumas coisas simplesmente  não se explicam pela lógica e sim através da emoção. Sim, sou de teatro e sei muito bem que uma cena pode estar logicamente montada (isto quer dizer, aristotelicamente, com começo, meio e fim), e não surtir nenhum efeito.

No entanto, uma ária de Wagner, um trecho de uma sinfonia de Mahler não precisam de lógica alguma, ao contrário. Chegam a ser bestiais. Brutalmente ilógicas e… justamente nesse momento soltamos o que temos de melhor! Aha! Soltamos aquele pingo de “razão trancada”, aquela razão que esta travada ali e que faz com que os tituleiros de jornal ficassem horas e horas e horas e não conseguissem orgasmificar num simples golpe: uma simples manchete. Um raciocínio simples. Dramaturgia simples e pura, sem artificios, sem sabores ou adoçantes.

Política da paixão pode ser perigosa em paises subdesenvolvidos (ou em desenvolvimento), onde existem grandes esquemas de corrupção, certo. O tema  é livre e as novelas, digo, os fatos, estão aí. Mas aqui a coisa já é um pouco diferente. Obama é o nosso novo presidente. Conversei o dia inteiro com as mais diversas pessoas possíveis aqui em NY e pelo país: foram unânimes. Por que não podemos nos dar o luxo de ENJOY, de degustar esse que acabamos de escolher?

Justamente. ENJOY Mr. Obama! And please feel very WELCOME Sir!!!! Very welcome!

Gerald Thomas

(O Vampiro de Curitiba na edição)

 

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AMANHÃ, QUARTA-FEIRA: SESSÃO EXTRA ÀS 10 DA MANHÃ, NO UNIBANCO ARTEPLEX, ENTRADA FRANCA. HUGH HUDSON E GERALD THOMAS DEBATEM REVOLUTION REVISITED

32ª Mostra Internacional de Cinema

Hugh Hudson Revolution

  

 Al Pacino e Hugh Hudson

 

HUGH HUDSON E GERALD THOMAS DEBATEM REVOLUTION REVISITED NO PRÓXIMO DOMINGO

O diretor Hugh Hudson e o dramaturgo Gerald Thomas vão debater com o público o longa Revolução Revisitada, no Unibanco Arteplex, após a exibição do filme, programada para as 20h do dia 26, domingo. Fica cancelada a sessão de Greystoke, a Lenda do Tarzan, o Rei das Selvas, às 22h.
Hugh Hudson integra o júri da 32ª. Mostra e é um dos homenageados do evento, que está apresentando quatro títulos do diretor.

No final dos anos 1970 David Puttnam, nome importante do mundo publicitário, decidiu lançar alguns diretores de comerciais de televisão na grande tela, tendo em mente nomes como Hugh Hudson, Ridley Scott, Adrian Lyne e Alan Parker. Todos tinham dirigido grandes sucessos e a maior surpresa foi o filme de Hudson Carruagens de Fogo (1981), sucesso de crítica e de público. Foram quatro dos sete Oscar para os quais havia sido indicado: melhor filme, roteiro original, música e figurino.
Na 32ª Mostra Hudson ganha o merecido destaque. Serão exibidos os filmes Carruagens de Fogo, o deslumbrante documentário Fangio: Uma Vida a 300 km por hora, retrato do piloto argentino Juan Fangio (1977); Greystoke, A Lenda de Tarzan, o Rei das Selvas (1983) e Revolução Revisitada (2008). Este último foi mal interpretado e injustamente tratado em sua primeira exibição há 20 anos. Nesta reedição Hudson colocou uma narrativa feita por Al Pacino, concluindo o filme que havia vislumbrado em 1985. (http://www.mostra.org)

 

Reportagem do UOL: 

Guerra Civil Espanhola

Neste momento, Hudson terminou de escrever o roteiro de um novo filme sobre a Guerra Civil Espanhola, baseado em livros do escritor George Orwell, como “Lutando na Espanha” e “Homenagem à Catalunha”. O ator Colin Firth, de “Mamma Mia!”) interpretará o papel de Orwell. O resto do elenco ainda não foi escolhido.

Embora a Guerra Civil Espanhola tenha ocorrido nos anos 1930, Hudson julga o tema muito contemporâneo. “É um grande assunto, não só político, também humano. As pessoas não fazem mais isso, ninguém vai mais lutar daquele jeito ingênuo, por suas crenças. Atualmente, os únicos que fazem isso são os fundamentalistas. E o fazem de um modo um tanto agressivo e terrível, até fanático”.

Um desses idealistas que foi lutar na Espanha foi o próprio Orwell que, por isso, foi chamado de romântico. Uma visão com a qual Hudson não compartilha: “Alguns dizem que ele era romântico, mas conseguia enxergar longe. Não é a toa que os dicionários hoje registram a palavra ‘orwelliano’. Vivemos num mundo como ‘1984’ agora. Tudo é controlado pelo Estado, mais e mais. Foi isto o que ele previu. E isso veio de sua experiência na Espanha”.

Um outro futuro projeto do diretor é um documentário sobre aneurismas – um mal que acometeu sua mulher, a atriz e produtora Maryam d’Abo, há dois anos. “É algo que atinge as pessoas do nada, alguns morrem, outros ficam paralíticos, outros escapam sem danos. Você não sabe como acontece, pode atingir qualquer um, de qualquer idade”, destaca.

Como se leva muito tempo para produzir filmes, ele também gosta de freqüentar júris de festivais. Ao contrário de colegas como Wim Wenders, que afirmam que ser jurado é uma boa forma de ganhar inimigos, Hudson aproveita bem a experiência “Vejo filmes de gente jovem que eu não veria de outro modo, que nunca chegariam à Inglaterra. Você encontra pessoas, abre seus olhos para outras coisas”. Ele sabe do que fala. Já foi jurado em Sarajevo, Mar del Plata, Tóquio, Istambul, Vladivostok e muitos outros festivais. “Só não fui ainda a Cannes”.

—- Como vim participar do juri da mostra e ser homenageado, resolvi escolher alguns filmes. “Revolução revisitada” é algo que eu queria que as pessoas vissem. “Carruagens de fogo” é um filme muito famoso e ganhou quatro Oscar. “Greystoke” é uma aventura, mas também é um filme sobre identidade e sobre se render a uma sociedade que lhe diz como se comportar. “Fangio” é um filme que mostro pouco e sei que nesta semana há uma corrida de automóveis em São Paulo (Interlagos). Achei apropriado.

Hudson trabalhou tanto com produções independentes quanto com Hollywood, portanto, consegue ter uma visão privilegiada da indústria cinematográfica.

– Quando você é financiado por Hollywood, você tem que dançar conforme a música deles, aceitar os compromissos. É difícil às vezes. No entanto, há muito mais liberdade ao se trabalhar em uma produção independente. Ao se trabalhar para Hollywood, você não tem mais direito autoral, é como trabalhar com televisão. Em uma produção independente, você é o autor. Mas eu não acredito em controle completo, pois cinema é uma mídia colaborativa. Produtores são muito importantes. Um bom produtor tem uma visão objetiva e é um ponto de equilíbrio.

divulgação

Apesar de não gostar muito de falar sobre seus projetos, Hugh Hudson acabou cedendo e contou que já terminou o roteiro de seu novo filme, baseado no livro “Homenagem à Catalunha”, no qual George Orwell narra sua participação na Guerra Civil Espanhola.

– O filme terá Colin Firth. George Orwell é um homem muito profético. Ele escreveu “1984” e vivemos hoje em um mundo como o que ele descreveu. Tudo é controlado. Tudo o que ele disse está se tornando realidade – disse o diretor, que está agora captando recursos para o filme, que terá também no elenco Geoffrey Rush. – Não sei quando começarei a filmar. Demora muito mais do que pensamos.

Neste domingo, após a exibição de “Revolução revisitada” no Unibanco Arteplex às 20h, Hugh Hudson e o dramaturgo Gerald Thomas debatem com o público.

“Carruagens de fogo” – Sexta-feira, dia 24/10, às 22h30, no Unibanco Arteplex 1. Domingo, 26/10, às 16h, no Unibanco Arteplex 1

 

“Fangio – Uma vida a 300 km por hora” – Domingo, 26/10, às 18h20, no Unibanco Arteplex 1

 

“Revolução revisitada” – Sexta-feira, dia 24/10, às 20h20, no Unibanco Arteplex 1 e domingo, 26/10, às 20h, no Unibanco Arteplex 1. Sessão seguida de debate com o diretor Hugh Hudson e o dramaturgo Gerald Thomas

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Election Special Issue

Barack Obama, Forever Sizing Up

 
Damon Winter/The New York Times

A FACE IN THE CROWD A supporter, dressed in a T-shirt perfect for the occasion, listened to Senator Barack Obama speak in New Hampshire this month at Mack’s Apples in Londonderry.

 

PESSOAL, VEJAM ESTE VÍDEO, É SÓ CLICAR NO LINK ABAIXO:

 

 http://www.cnnbcvideo.com/index.html?nid=AUW5pfFCWpkqs_EvA8KzRzQ1MTkxNg–&referred_by=11598762-RxAPZLx

 

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O que temos "aprontado" no SESC Av. Paulista e também vai virar a BlogNovela

 

KEPLER, O CÃO ATORDOADO

 

Reflexões… (observações dos ensaios)

 

Por Ruy Filho

 

Tentar diagnosticar nossa identidade, já seria um desafio imensurável. Tratar o diagnóstico, então, pelo prisma da arte, associando esta ao poder, torna a abordagem ainda mais complexa.

 

Tudo inicia na exposição de corpos dependurados. Escolha anunciada do próprio criador. “Porque eu coloquei ali”. Mas há mais no que aparenta ser apenas um início de espetáculo. Não são meramente atrizes de ponta-cabeça. Os corpos, expostos como estão, re-significam-se no que possuem de mais óbvio e, portanto, menos percebível ao primeiro olhar já viciado em traduções: são corpos, meramente. Como as figuras de Francis Bacon.

 

Bacon traduz não a mera perda da identidade contemporânea, pois esta seria facilmente confundida com o que há de superficial na maneira como agimos, pensamos e nos mostramos. O que apresenta é nosso interior degenerado, corpos sem pele, cuja estrutura horrível dá imagem, cor e berro a nossas neuroses e solidões desde de sempre, em contínuo.

 

Os dois corpos no fundo do palco são, como se mostram, então, os mesmos e seus próprios duplos espelhados; o corpo sem pele e a casca solta, a voz e o silêncio do próprio criador. E, ao se auto-arremessarem sobre a parede sem exigir qualquer dramaticidade que não o mero gesto, reafirmam sua condição de corpos.

 

Espelhados igualmente, dois outros assumem o palco. Kepler se funde ao seu cão e entrega a este sua reflexão. Tornam-se o mesmo e outro. Enquanto o cão representa a razão, o homem se mostra adestrado e submisso a dar rotina ao animal. Como se estivéssemos cada vez mais voltados a priorizar nossa sobrevivência instintiva ao invés da nossa capacidade em conduzir a outros caminhos, outras possibilidades.

 

A repetição do texto inicial sugere estarmos ainda na mesma cena. Uma reapresentação da primeira. Assim, o animal e seu dono são os mesmos. Tanto quanto os dois corpos dependurados são apenas um. Feito a criação que serve para representar o criador e este a si como própria criação…

 

À razão do cão, contradiz a expurgação descontrolada da merda. Dejeto limitado a existência de um desejo concreto. O corpo absorve o necessário e devolve o que há de mais impróprio pelo resto, pelo lixo. A merda traduzindo, assim, a vida. E, segundo Artaud, representando o divino em nós, pois lembra nossa capacidade em nos purificarmos, a tentativa de sermos melhores do que somos deixando para fora de nossos corpos o que se faz desagradável, e que há algo além. Ou alguém. A merda, portanto, serve de prova da existência de Deus. Deus, entendido aqui, como o maior ou primeiro criador.

 

É disso que tratou Piero Manzoni ao expor seu próprio excremento como obra de arte, ou a Madonna de Chris Ofili, pintura ornamentada por fezes. O que esses artistas estão apresentando é a tese de que o sagrado não existe além e sim no próprio homem, na experiência concreta do corpo que traduz em si mesmo criação e criador. Pois somos o todo e o único, todos e ninguém.

 

Como responder, então, o paradoxo entre “a arte tem a cara do poder” e “o poder tem a cara da arte”? O que parece ser a mesma coisa, expõe uma problemática crucial para chegarmos a tal da identidade. Na primeira questão, a arte é colocada como artifício, instrumento de determinação de uma ordem pela subjetividade da estética; na segunda, o poder se fantasia de subjetividade para esconder sua manipulação. Mas nem tão distantes estão. Equilibram-se na existência do próprio homem como fruto responsável por ambas, já que tanto arte quanto o poder são atributos da necessidade humana de superar o meio, seja ele simbólico (e portanto cultural e natural, entendendo que a origem etimológica das duas palavras são a mesma) ou político.

 

E é esse homem, essa figura, transformada em mulher, que vemos surgir da figura do cão. Se deus é o criador de tudo e todos, então a mulher é responsável pela continuidade da vida. É ela igualmente criadora. A humanidade se configura, portanto, na existência da criação como instrumento de adoração do criador. Adoração exposta em desejo ao próprio corpo, como o streptease do ator (metáfora da necessidade de abdicarmos de nossas máscaras sociais para nos reencontrarmos puros e originais), como a idolatria ao inacessível, ao inquestionável, ao que cala, representado pelo Santo Graal (face existencial de criador supremo).

 

O Homem se afasta de seu duplo. Tem esquecido de compor sua humanidade pela junção do ser e do existir. E a individualidade solitária faz com que, ao nos afastarmos de nós mesmos, nos afastemos de nossa capacidade crítica em ouvir e comparar.

 

Não se trata de valorizar morais ou fundamentos éticos religiosos. Pelo contrário. A peça avança sobre a condição iconoclasta de maneira mais vertical, propondo o próprio homem (criador de si mesmo) como ícone a ser desconstruído ao reivindicar sua capacidade de se recriar e re-significar. Desconfigura a face sagrada e ri de sua face animalesca.

 

A questão, agora, é compreender onde nos reconhecemos então. O que resta deste homem transformado pela história em representação da própria história? Na solidão autodestrutiva, na surdez descomedida, como encontrar nossa identidade?

 

Estamos, como Kepler, isolados por e em nossos próprios discursos. Sem deuses, sem diálogos, sem respostas, pois perdemos a capacidade de fazemos perguntas. Silêncio e ausência. Se tivesse que resenhar sobre nossa identidade hoje, a partir do espetáculo, diria que estamos fadados a fracassar em sermos nós mesmos.

 

 

 

Ruy Filho

 

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SEJA VOCÊ UM ATOR DA PRÓXIMA BLOGNOVELA DE GERALD THOMAS

Gerald Thomas convida você a enviar o seu vídeo. É como um teste de elenco online. Se você for escolhido poderá fazer parte de uma peça de teatro interativa que será encenada em São Paulo no mês de novembro.

Sugerimos que os interessados leiam os capítulos da BlogNovela já publicados aqui no blog e mandem vídeos com interpretações relacionadas a esses capítulos.

Todos podem usar a área de comentários deste post para eliminar qualquer dúvida e enviar sugestões.

Desejamos a todos M.E.R.D.A !!!!

 

 

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NUDEZ – Somos todos Voyeurs! + o ULTIMO DEBATE nos USA

Voyeurismo

NUDEZ

Acho que Pedro Cardoso enlouqueceu. Tudo bem. As pessoas têm todo o direito a serem ciumentas, possessivas, sisudas, mau humoradas (mesmo sendo comediantes e tal). Agora, lançarem um “manifesto” contra a nudez e justamente no cinema, é de uma imbecilidade ÚNICA!

E por quê?

Porque cinema significa, necessariamente, voyeurismo. É isso que a câmera faz pela gente. Ela “penetra” os lugares mais impróprios, fura os lugares mais privados e indevidos, sejam eles físicos, metafísicos, zoides ou esquizóides. Esse é o poder da LENTE. Essa é a beleza da lumiere.

Assim é o mundo virtual. Querer restringi-lo, censurá-lo é querer impôr um regime de forca (com ou sem cedilha) num país e num mundo que já está se tornando extremamente VIGIADO por falsos puritanismos e por FALSOS valores e pudores. Ah, sim, você pergunta: Falsos valores e pudores… por quê? Porque temos que ser “polite” (educados) dentro desse mundo de EXTREMISTAS, seja de um lado, seja de outro.

E, justamente quando o mundo está numa tremenda NUDEZ FINANCEIRA (ou seria melhor chamá-la de “re-design”, repaginação?), vem o Pedro Cardoso e lança um manifesto Castigando a Nudez!!!

Digo isso com a consciência limpa, já que encenei pouquíssima gente nua no palco, homens ou mulheres. Mas NÃO condeno aqueles que encenam ou esculpem ou pintam a nudez, desde Michelangelo até Goya, passando por Lucien Freud.  Que bobagem!  Adoro o Pedro como autor e ator, diga-se de passagem.

Mais interessante seria lançar um manifesto contra a nossa “passividade” relativa ao CIRCO de HORRORES na questão da Bolsa de Valores, como Citigroup e a  JPMorgan Chase e os bilhões injetados no Bank of America, que está comprando a Merrill Lynch, e a Wells Fargo, que, por sua vez, compra a Wachovia Corporation. Eles receberão  $25 billion. Goldman Sachs and Morgan Stanley receberão $10 bilhões cada. Ah, e a nudez do Bank of New York Mellon and State Street ganhará $2 ou $3 bilhões, isso hoje, depois do fracassado “bailout”.

E Pedro Cardoso quer nos tirar o voyeurismo. Entendam a palavra voyeurismo como tudo o que temos nesse momento: vemos as guerras pela tv como um espetáculo de horrores sendo entrecortado por anúncios de homens e mulheres VESTIDOS! Ou crianças famintas entrecortados por comerciais de automóveis, esses sim, nus! Um automóvel deveria estar VESTIDO, Pedro?

Pedro: SOMOS voyeurs. Ou será que você poderia nos explicar a beleza do “Discreto Charme da Burguesia”, de Bunuel ou aquela foda linda entre Marlon Brando e Maria Schneider em “O Último Tango em Paris”? Ah, esqueci. Você não é Marlon Brando. Talvez seja isso.

Amargura pura!

Gerald Thomas

 

(O Vampiro de Curitiba na edição)

PS. DO VAMP:

 

Pessoal, o bagulho tá louco!
Os comentários entram aleatoriamente, não seguem uma ordem cronológica.
É bom sempre reler desde o começo, pois as respostas estão, muitas vezes, entrando antes das perguntas.
Eu tô adorando esse caos hahahahahahhah…

PS.2, especialmente para aqueles que querem derrubar o Vamp:

MAU humorada é a maneira da pessoa “SER” (MAU é oposto  de BOM)

MAL humorada é a maneira da pessoa “ESTAR” (MAL é oposto de BEM)

O ULTIMO DEBATE

 

 

John McCain: The Devil You Know

[Posted by Karl] The establishment media continues to drive the theme that John McCain needs a game-changer at tonight’s debate.  I find myself in the odd position of agreeing more with Stu Eizenstadt that Presidential debates have historically tended to help the lesser-known opponent for the party out of power at the expense of the better-kn…

Dragon Lady’s Den
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Tonight’s Presidential Debate – Has Our Pit Bull Rubbed Off …

Bob Schieffer of CBS News is going to moderate tonight’s presidential debate. *sigh* I want to know why it is that every single moderator in the Presidential Debates and also in the Vice Presidential debate have been Democrats? There really ought to be a rule that the moderators are Independents, or at least a more equal balance of Democrats and Re…

powered by Sphere

 

 

 

 


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UM ANO SEM PAULO AUTRAN

 

Adeus a Paulo Autran – Ilustrada de segunda, 15 de Outubro de 2007, Folha de S Paulo

 

Paulo Autran dominou os truques dos mestres

Ator falava como Laurence Olivier e fisgava o público com seu olhar


GERALD THOMAS
ESPECIAL PARA A FOLHA

Chego do velório e percebo que Paulo Autran morreu no Dia da Criança. Não poderia ter escolhido dia melhor. Talvez seja por isso que esse “ator/símbolo de si mesmo” tenha escolhido um dia como esse e tenha deixado sua mulher, Karin Rodrigues, com um sorriso lindo estampado na cara.

Num momento relaxado, indo buscar sua Karin na peça “O Médico e o Monstro” (há mais de dez anos), ele, Ney Latorraca e eu só falávamos cretinices. Sugeri que fôssemos visitar Haroldo de Campos, que morava a três quarteirões do Tuca, e Paulo brincou: “Mas eu tenho que me vestir de “concreto”? Símbolos? Há um mês e meio, ele estava sentado na minha platéia no Sesc Anchieta, numa quarta-feira, justamente duas semanas depois que ele mesmo havia sido “tombado” enquanto vivo, o que é raríssimo.

Sim, o visionário Danilo Santos de Miranda resolveu transformar o teatro do Sesc Pinheiros em teatro Paulo Autran. E o próprio Paulo pediu que fosse o grandíssimo Marco Nanini quem fizesse as cerimônias da ocasião. Assim como no filme “Quero Ser John Malkovich”, agora, finalmente, podia se “estar dentro” de Paulo Autran pagando ingresso. Ele riu disso entre um trago e outro (maldito cigarro!) enquanto discutíamos algo sobre o Terceiro Reich.

“Estar dentro”, dizia Paulo, “tem muitas conotações”. E ríamos… O espetáculo que acabara de ver era o meu “Rainha Mentira” e lidava com campos de concentração, mas o sempre bem-humorado intérprete (diferente de ator que representa) estava se referindo a coisas mais leves, obviamente. Sempre estive ao lado desse homem, e sempre “combinamos algo pra daqui a um ano” mas nunca compartilhamos o palco. Curioso. Fomos até chamados de “elitistas” pelo atual ministro da Cultura.

O restaurante Piselli era o nosso cruzamento acidental mais freqüente em Sampa e lá falávamos de tudo, assim como fazíamos ao longo desses 23 anos, desde a casa de Tonia Carrero, quando eu a dirigia (junto com Sergio Britto, em “Quartett”, de Heiner Mueller), em sua própria minimansão, onde Paulo e Karin se hospedavam, no Rio.

Ator erudito

Ele era um ator e não um representador. Era um intérprete, alguém que vive em todas as épocas, especialmente no futuro e vê tudo no passado. Paulo é, ainda no presente, um educador, um erudito como poucos nesta classe teatral. Ao contrário de tantos que andam por aí, com ele as conversas podiam perambular entre as razões da Primeira e da Segunda Guerra Mundial, os filósofos gregos, a queda do Império Romano, a divisão da China pós-Revolução Cultural de Mao…

E seu registro de voz era estranhíssimo. Fora da língua portuguesa, digo, brasileira. Ele falava exatamente no mesmo registro (“pitch”) que Laurence Olivier. E, assim como uma criança, tinha a curiosidade de olhar para o céu e observar estrelas. Mas no teatro transformava as estrelas em refletores e nos devolvia a luz de uma lâmpada que batia em sua pupila e nos fisgava, não importa em que ponto ou fundura do palco ele se encontrava. Truques de grandes mestres, já que carisma não se explica.

Ele olhava a imensidão do universo com a mesma intensidade que o urdimento do teatro. Essa vivência é muito difícil de explicar. Mas Paulo será muito difícil de explicar porque, mesmo enfermo, ele não parava de ir ao teatro, de querer enxergar novos talentos, de querer estar no palco por eles, ou melhor, através deles.

O ator morre todos os dias, no momento em que se veste de personagem. Morre de novo quando o personagem morre ou quando a cortina fecha ou quando o público o aplaude ou na solidão do seu camarim.

Quem morreu na última sexta foi uma grandiosa criança chamada Paulo Autran, cujo legado não nos deixará nunca.

Quem sabe ele está estudando um novo método qualquer pra poder nos surpreender novamente. Vai com Deus, meu querido. Fique em paz!

GERALD THOMAS é autor e diretor de teatro

 

Quem quiser assistir a entrevista de Gerald Thomas com o Paulo Autran clique no link abaixo:

http://www2.uol.com.br/geraldthomas/new/entrevistas.htm

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Depois do Debate: leia no fundo desse texto: nota do NYTIMES!Abbey Road vista de Miami: John (McCain), Paul, Obama e Ringo???

Samba Final

 

(Estou cego de verdade)

 

Miami- South Beach.

 

Quando quero dar um pulo para fora de mim mesmo e ver o mundo de fora, venho para cá. Por quê? Porque Miami não existe! Amo essa milha e meia do Ocean Drive, aqui no Art Deco District.

Amo essa total liberdade de TUDO num dos estados mais conservadores. E fiz questão de fazê-lo, a poucas semanas das eleições, justamente na noite ou no dia em que, AFINAL, teremos o tal debate entre McCain e Obama, do qual o primeiro tentou escapar.

 

Ontem, na Casa Branca, McCain deferia qualquer pergunta a seu financial advisor. Obama foi lá, convocado por Bush, o que eu também acho um absurdo. Mas á essas alturas o que eu não acho um absurdo? Só falta o Hugo Chavez aparecer aqui em Miami e dirigir um táxi! Enfim, Obama laid out. Como se fala? COLOCOU seu plano durante 40 mintutos.

McCain Calado.

 A CNN capitalizou: eles levarão o debate para as TVs do mundo e não mais somente à ABC.

 

SINFONIA dos DES-DITOS 3

 

Capa do New York Times de hoje, vista de Miami, é muito engraçada.  Aqui, do meio de las putchas, do meio desse caos fantástico que amo, mi-amo, e onde a mansão de Versace virou um private hotel (o que será um “private hotel”?  Hummmm…), a foto de Obama e McCain andando PARECEM meia ABBEY Road, ou seja, Half Beatles.

Já que só restam dois deles mesmo, será que a semiologia está implícita?

Paul MacCartney

Ringo

John (McCain)

Barack

 

Eles não estão andando numa “zebra Crossing” e nem estão em West Hampstead ou em Kilburn ou sequer estão no mesmo lugar. Mas me faz pensar.

Me faz pensar que há 20 anos atrás, quando meus nervos não estavam tão a flor da pele ainda, mas a pele recebia mais flores do que hoje… eu escrevi e montei um espetáculo chamado “Movimentos Obsessivos e Redundantes para Tanta Estética”: M.O.R.T.E.

 

Bete Coelho, Damasceno e Edílson Botelho, e um enorme elenco de brasileiros, levaram ele para o mundo. Até para Taormina fomos, Zurich e o escambau, fomos.

 

Ele era uma homenagem àquele que amarra e sufoca TUDO, embrulha tudo como se fosse um PACOTE, o artista Christo. E, dentro da peça, o personagem principal ouvia um relógio tic- tac dentro de um outro ser grávido. Era um homem- bomba quando ainda não tínhamos homens-bomba, que horror! Esse personagem principal (na primeira versão, Bete Coelho, segunda, Edi Botelho), era um escultor que não conseguia esculpir. Por quê? Porque as pedras em que tinham que esculpir já estavam embrulhadas por pano pelo CHRISTO, o embrulhador.

 

Paralelo com a política, total!

Paralelo com Hamlet, total: todos os personagens eram Hamlet, Ofélia, etc.

Aqui vai, de MIAMI (lembrado por Marina Salomon), o trecho final, o SAMBA FINAL que encerrava o espetáculo:

 

Quem faria isso comigo?

Olhe fundo nos meus olhos e diga!

Aqui? Um universo?

Os de cima, os de baixo?

 

Os menores erros… EU DISSE

Os menores erros EU DISSE

EU DISSE!

LUZ!

SOM!

Palavras!

Mas do que valem?

Nossos poetas estão mortos

Nossa musica não tem heroísmo

 

Nos não temos corpos, somos fracos, somos rasos

Nossos casos, moribundos.

Julgamentos: cada caso, um acaso.

Nossa obra, uma obra do acaso total.

 

CLAMO!

EU DISSE

 

CLAMO!

 

Que me acordem se eu estiver dormindo

Minha angustia, meu espírito!

 

CONVOCO!

 

EU DISSE!

CONVOCO!

 

Uma NOVA geração de criadores!

Que se afunilem

E que se intoxiquem

E ouçam os lamentos das cidades!

Que se estrangulem, mas achem a geometria das cidades!

 

CONVOCO!

EU Disse. Convoco. Um novo Parangolé Brasileiro!

 

E Que chova sobre a NOSSA POESIA!”

.

 

Não faço mais teatro. Faço ópera. Ópera seca. Há anos digo isso e há anos faço isso. Só que agora mais do que nunca.

Estou constrangido pela falta de pensadores no mundo. Constrangido pela falta de loucos, obcecados, visionários. Parece que só existem os políticos e os que entretém os políticos com shows ou com consentimento. O nojo nacional é, antes de mais nada, um nojo cultural. E não adianta centralizar informação e distribuir verba. Isso vira FBI sangrento e burocrático e, para minha infelicidade, não parece mais ópera.

 

M.O.R.T.E.

 

(Movimentos Obsessivos e Redundantes pra Tanta Estética), há mais ou menos vinte anos.

 

Desabafo – espetáculo de Gerald Thomas com a Cia. de Ópera Seca de 1990, endossado em South Beach em Sept 2008.

 

 

(Na edição, O Vampiro de Curitiba)

 

PRATICAMENTE ACABOU O DEBATE: DEPOIS COMENTO: TÉCNICAS BÁSICAS DE DEBATE: McCAIN: EU ESTIVE MAIS TEMPO AQUI. EU CONHEÇO AS TÉCNICAS E ESTRATÉGIAS MELHOR MEU FILHO, GAROTO, “O QUE O GAROTO (OBAMA) NAO PARECE QUERER ENTENTER (what the Senator doesn’t seem to be able to understand) over and over and over.

ESSA É A TATICA

NÃO OLHAR NUNCA NOS OLHOS DE OBAMA

RIR SEMPRE NA HORA DA RESPOSTA DO OUTRO

É ISSO

SERÁ ISSO

E PROVAVELMENTE SERÁ ELEITO

FALO DE McCAIN, o Quarto Beatle. Não falou dos Weapons For Mass Destructions no Iraq que não existiam, não falou do massive tax break pra elite, não falou que o Irã era mais enfraquecido com a presença de Saddam Hussein.

SÓ TEM UM PROBLEMA: MCCAIN ESTÁ AQUI HÁ MAIS TEMPO, SIM!

MCCAIN ASSINOU MAIS ACORDOS SIM!

E JUSTAMENTE POR ISSO

JUSTAMENTE PORQUE FEZ ISSO E AQUILO

JUSTAMENTE PORQUE CONHECE AS ENTRANHAS DOS MECANISMOS

É QUE ESTAMOS NA MERDA EM QUE ESTAMOS!

É QUE ESTAMOS NA MERDA EM QUE ESTAMOS!

É QUE ESTAMOS NA MERDA EM QUE ESTAMOS!

Mas é assim!

Chega!

GT

 

 

 

 

Do New York Times de sábado:

 

 

The two men met for 90 minutes against the backdrop of the nation’s worst financial crisis since the Great Depression and intensive negotiations in Congress over a $700 billion bailout plan for Wall Street.

Despite repeated prodding, Mr. McCain and Mr. Obama refused to point to any major adjustments they would need to make to their governing agendas — like scaling back promised tax reductions or spending programs — to accommodate what both men said could be very tough economic times for the next president.

For the first 40 minutes, Mr. Obama repeatedly sought to link Mr. McCain to President Bush, and suggested that it was policies of excessive deregulation that led to the financial crisis and mounting economic problems the nation faces now.

“We also have to recognize that this is a final verdict on eight years of failed economic policies promoted by George Bush, supported by Senator McCain — the theory that basically says that we can shred regulations and consumer protections and give more and more to the most and somehow prosperity will trickle down,” Mr. Obama said. “It hasn’t worked and I think that the fundamentals of the economy have to be measured by whether or not the middle class is getting a fair shake.”

Mr. McCain became more animated during the second part of the debate, when it shifted to the advertised topic: foreign policy and national security. The two men offered strong and fundamentally different arguments about the wisdom of going to war against Iraq — which Mr. McCain supported and Mr. Obama opposed — as well as how to deal with Iran.

More than anything, Mr. McCain seemed intent on presenting Mr. Obama as green and inexperienced, a risky choice during a difficult time. Again and again, sounding almost like a professor talking down to a new student, he talked about having to explain foreign policy to Mr. Obama and repeatedly invoked his 30 years of history on national security (even though Mr. McCain, in the kind of misstep that no doubt would have been used by Republicans against Mr. Obama, mangled the name of the Iranian president, Mahmoud Ahmadinejad, and he stumbled over the name of Pakistan’s newly inaugurated president, calling him “Qadari.” His name is actually Asif Ali Zardari.).

 

 

PS. do Vamp: Sobre o ocorrido: Um vagabundo entrou com nicks de outras pessoas e postou comentários em nome das mesmas. Todos sabemos quem é o vagabundo. Aqueles que deram o e-mail para o vagabundo terão que mandar um e-mail diferente para o Gerald e só comentar aqui no Blog com o e-mail novo. É o preço a pagar por não saberem escolher amizades. Quanto ao vagabundo: Eu sei quem é ele. Ele sabe que eu sei. Eu sei onde encontrá-lo. Ele não imagina quem eu seja. O mundo dá voltas, mas é na reta que resolvemos nossas diferenças.  Não hoje, não amanhã, mas resolvemos!

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"Apocalipstick" – Quinta-feira: Conversa em Washington Falha: "TEATRO POLÍTICO", diz Chefe do Senado!

Blog: quatro meses. Leia o UPDATE de QUINTA á Noite lá embaixo, nessa mesma coluna, *em ingles” do NYTimes, estou tentando dar um tempo… tentando relaxar… em Miami (obviamente não consigo). GT

Não, não é bem um blog e sim mistura de BlogHosting com BlogNovela. Não sou blogueiro ou bloguista ou blognauta. Sou autor e diretor teatral, uma arte em momento fundamental de se repensar, de se reapresentar e de se re-encenar. Assim como no magnífico prefácio de Alberto Guzik pro “Encenador de Si Mesmo” (uma coletânea que Haroldo de Campos, Jacó Guinsburg e Silvia Fernandes fizeram sobre o meu trabalho), a arte da encenação não pode bater na primeira e única tecla e não pode ficar na era do primeiro e último retorno. Ou seja, morremos todos os dias. No fechar do pano, no teatro, acabamos com as nossas vidas, as vidas de nossos personagens. Se o teatro pega fogo e o espetáculo não volta mais, acabou. Bem, mas até Hamlet já dizia isso. 

 

Anteontem, conversando com  a última beatnick do teatro livre, a Judith Malina, trêmulo de emoção por todos os motivos do mundo (a morte de seu companheiro Hanon há seis meses e a de Julian Beck há 23 anos) eu senti que estamos, nós do teatro, entrando num clima estranho. Mesmo o seu Living Theater – com esse nome – vive dias estranhos. Sinto que DEVERÍAMOS SER CAPAZES DE TROCAR DE NOME E DE IDENTIDADE pelo menos uma, duas, três vezes na vida. Vocês acham justo que “atacham” um nome e um número na gente e… that’s it?

 

Estranho!  Termo estranho esse termo… estranho. Pois! Mais e mais gente no mundo quer entrar para o teatro, mas… Entrar para quê? Entrar para dizer o quê? Naquela mini-entrevista no YouTube, em inglês, http://www.youtube.com/watch?v=kfZaz3s5VV0, eu falo sobre essa crise.

 

Essa gente tem o que dizer? São pensadores? São, em primeiro lugar, ARTISTAS? Não, não são. Esse Blog comemorou ontem 4 meses aqui no IG e foi além dos 178 mil hits e cada post vira um ‘hub’, um fórum de debates  com seus pra mais de 400 comentários e isso me deixa extremamente orgulhoso.

 

Mas e qual o pararelo entre Blog e Teatro? O Berro. A BlogNovela. O BlogHosting. A intensa interatividade que existe num tempo quase real de performance art que acontece aqui.

 

No próximo capítulo da BlogNovela estaremos remando de volta paro o CRASH novayorkino de onde eu  nunca saí. Encenador de si mesmo? Não, nada disso. Encenador do que está em minha volta. Um imenso barulho que Maureen Dowd chama de “apocalipstick” , se referindo ao batom no porco e ao apocalíptico mundo de mentiras editorias em que vivemos.

 

O que vem a ser um artista? O que dá a alguém o direito de ocupar o palco e estar na luz? Pois é, justamente! Tudo está turvo, tem gente demais querendo dizer coisas demais nesses reality shows. Gente que não tem passado, que não colocou um pé na lama e outro na merda, como diz um mestre do teatro. Mesmo assim, o ego do anonimato está crescendo dia a dia de uma forma apocalíptica. Os 15 minutos de fama de Warhol parecem ter se tornado uma eternidade e ninguém, digo, os do palco, consegue lidar com a crítica. Talvez porque a crítica não consiga mais lidar com eles.

 

Há um rombo imenso no diálogo na arte mundial. É disso que ria o Damien Hirst outro dia quando comprou sua própria obra…

 

Pena que nós não consigamos lotar os teatros com nossos próprios egos ou transformar os blogs em leitura casual. Para mim isso virou um caso visceral e eu queria agradecer a vocês todos por me darem essa chance.

 

LOVE

 

Gerald

 

 

 

(O Vampiro de Curitiba na edição)

 

Desta quinta, do New York Times:

 

It does no good, Mr. Dodd said, “to be distracted for two or three hours by political theater.”

The senator was apparently alluding to a growing revolt by conservative House Republicans against the proposed $700 billion rescue, and the fact that Senator McCain has not yet endorsed the plan, whose concept runs contrary to the policy positions he has taken for years.

Mr. McCain and his Democratic opponent, Senator Barack Obama, left the White House by a side entrance without commenting. The initial silence of the presidential candidates reinforced the impression that thorny issues still need to be addressed before an accord is achieved.

Shortly afterward, Mr. Obama said in an interview on CNN that he was confident that a deal would be reached “eventually,” but he said, “I think there’s still some work that needs to be done.”

 

 

WASHINGTON — With their first presidential debate awash in uncertainty, Senator Barack Obama interrupted his preparations in Florida and arrived here Thursday afternoon to join Senator John McCain for an extraordinary White House meeting intended to spark an agreement on the $700 billion government plan to bail out the nation’s financial institutions.

 

 

 

 

 

PS. do Vamp: Como vocês devem ter percebido, tivemos uns probleminhas no WordPress. Enquanto o Gerald está lá em Miami, se estressando com aquela paisagem maravilhosa, eu “estarei resolvendo” (gerúndio é foda, né?) o problema. Enquanto isso, mandem ver nos comentários.

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Domingo, dia de vídeos!

Bem, sem stress!

Eu queria agradecer aos leitores pelos 460 comentários do post anterior, o da BlogNovela. Muitos comentários são meus e do Vamp, claro. Mas essa é justamente a função de um Blog: Interação! Não fosse isso, seria um jornal online. Mais um desse sites que não respondem, não criam fóruns. O que mais gosto desse aqui, é justamente dos debates (às vezes agressivos e passionais demais) e das divergências políticas, emocionais, de tudo. A tal “aldeia global” esta representada aqui, numa elite, óbvio.

 

Mas, o nosso SITEMETER (presumo que o de todos) está em “reformas”. Sitemeter é aquele numerozinho que diz qual leitor está online e de onde (qual cidade, pais, que horas entrou, saiu) que aparece logo abaixo do “RSS”.

 

Espero que volte logo. O pessoal do IG está trabalhando. Espero que a contagem volte ao que estava: 164 000 desde 23 de maio. 23 de maio? Aquela que nos leva de Congonhas ao Ibirapuera e ao Centro???? Um constante congestionamento???? Hummmm….

 

Bem, aos vídeos:

Gerald Thomas – Almost Complete Works

http://www.youtube.com/watch?v=hx475RMBF_w

Gerald Thomas-The Flash and Crash Days– Com Fernada Montenegro e Fernanda Torres: 

 http://www.youtube.com/watch?v=V0ot_RDoPg4

 

 

 Gerald Thomas- Terra em Trânsito – Fabiana Gugli:

http://www.youtube.com/watch?v=8PReuVhtfLE&feature=related

 Gerald Thomas- Earth in Trance (Parte 1) – Fabiana Gugli:

http://www.youtube.com/watch?v=sWJS3V3MPg8

 

 

Gerald Thomas –Circo de Rins e Fígado (no original, o “Fígado” era Plural)

http://br.youtube.com/watch?v=WjVE8FniCV8&NR=1 

Gerald Thomas – Circo de Rins e Figados-(Aqui com Nanini atuando):  

 http://www.youtube.com/watch?v=uDSXQu0pMIg

 

 

Gerald Thomas Ventriloquist

  http://br.youtube.com/watch?v=TRiU5KJIlLg&feature=user

 

 

Gerald Thomas- Luar Trovado– Fabiana Gugli

http://br.youtube.com/watch?v=aiQzmg2A6LE&feature=related

 

 

Aliás, no YouTube tem muita coisa! É só clicar “Gerald Thomas”, deus me livre!

 Vou pro Central Park escapar, digo, remar!

LOVE

Gerald

 

PS. do Vamp  Acrescentei “Circo de Rins e Fígados”, outro, maior que o anterior. Acrescentei também”Terra em Trânsito”, “Luar Trovado” e “The Flash and Crash Days”

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Fogo nos Teatros – parte 2 ("Ilustrada" de domingo- Folha de S. Paulo)

São Paulo, domingo, 07 de setembro de 2008 
 
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O que tenho visto no Brasil é de dar medo

GERALD THOMAS
ESPECIAL PARA A FOLHA

Quando eu perambulava pelo La MaMa, nos anos 80, dando workshops sobre o teatro da hesitação e sobre um novo fluxo de pensamento, me deparei com várias intervenções do NYFD (New York Fire Department). Estávamos no prédio de ensaios, um quarteirão atrás do teatro, no East Village. Na frente desse edifício, há uma estação de bombeiros. Tudo que eles tinham que fazer era entrar, tirar o cigarro de nossas bocas e dizer: “Aqui não se pode fumar!”. Anos depois, nos palcos europeus, a multa falou mais alto. A cada cigarro aceso, marcos alemães ou schillings austríacos ou libras inglesas eram descontadas do meu salário, mas eu só ficava sabendo ao receber o cheque na véspera da estréia. Fora um incidente com Fernanda Montenegro (aliás, dois), no complexo Kampnagel Fabrik em Hamburgo, em 1992, não lembro de ter sentido medo ou vergonha de encenar um espetáculo. Com a minha ex-sogra foi o seguinte: “Flash and Crash Days” estava em cartaz em uma das várias salas da ex-fábrica. Não havia banheiro perto. Disse ao diretor artístico: “Essa é a maior atriz de todos os tempos e não abro a cortina se não houver uma forma de banheiro portátil”. Depois de muito escândalo, provindenciou-se algo com um balde. A própria Fernandona insistiu e abrimos o pano. Palco do lado. No mesmo complexo, Sir Fernandona foi assistir ao ensaio da minha desastrosa “Saints and Clowns”. O banco em que se sentou “colapsou” com ela. Só notamos depois do ensaio. E a levamos ao hospital. Não são exatamente eventos que colocam em risco de vida um teatro. São problemas sanitários ou de gerência. O que tenho visto e vivido no Brasil nos últimos 25 anos é de dar medo ou querer fugir: desde o meu ex-assistente de iluminação quase morrer por bater com a cabeça num pedaço de ferro não-sinalizado no urdimento, até ratos enormes que corroem os multicabos de luz ou de som. Não há aterramento devido entre ambos. Os teatros do Rio (João Caetano e Villa Lobos, por exemplo) são os piores do mundo. Nós brincamos, irresponsavelmente, dizendo que eles fazem “plantação” de brie e camembert nas poltronas, de tanto mofo. O que tenho visto de rack de luz esquentando, de excesso de refletor por canal, de falta de grade na frente da lente, varas grudadas rentes demais, contra-pesadas com cordas quase no ponto de arrebentarem! Os bêbados de costume que nos dizem adeus e fecham o teatro… Não sei se por milagre ou desgraça o Cultura Artística e outros teatros não foram pra fogueira das meias verdades antes. Mas se querem uma resposta, perguntem pro Paulão, chefe de palco do Sesc Paulo Autran. É a ele que eu me rendo. Ele sabe que nenhuma medida é pouca quando se trata de uma mega-estrutura que pode desaparecer num abrir e fechar de olhos -ou num subir e descer de pano.


GERALD THOMAS é autor e diretor

 

PS.: O que está publicado acima é PARTE DE UMA ENORME REPORTAGEM (MARAVILHOSA) da FOLHA sobre a (in)segurança nos teatros Brasileiros.

 A reportagem toma conta de enorme parte do caderno e ocuparia um espaço enorme aqui no blog. Limito-me a publicar somente a minha parte, já que a Sylvia Colombo (editora interina do caderno) se pautou por esse blog para fazer a reportagem logo após o meu artigo “SOMOS TODOS RESPONSAVEIS”, relativo ao fogo que consumiu o Teatro Cultura Artística.
Congratulo o pessoal da Ilustrada por uma excelente reportagem.
É isso, gente!
REPORTAGEM CULTURAL INVESTIGATIVA É ISSO!
Voltamos aos tempos dinâmicos!
Parabéns mesmo!
LOVE
G

comentario

 

  1. 07/09/2008 – 14:17Enviado por: marcya oliveira del vallA situação das nossas casas de espetáculo estão como uma faca de dois gumes!
    Do sonho de um grande ator sem palco ,muitas vezes faz nascer casas de espetáculos alternativas que são como estás que foram fotografadas e colocadas na ilustrada.
    Por um lado grandes salas com acesso limitadissimo para apresentação de grupos teatrais devido ao valor cobrado …
    Qual ator,administrador de teatros ,diretor que nunca disse ou questionou em si mesmo :
    Como é duro viver de arte neste país?
    Então me pergunto como sair a caça as bruxas?
    E como tb deixarmos que isso nos tomem a conciência e continuarmos arriscando nossa cabeça em teatros que desmontam o teto com um simples arrastar de armário ,Fato este ocorrido no tbc durante a apresentação do nosso espetaculo a uns 4 anos atráz….
    Como exigir de uma administração a solução se no final do mês
    o dinheiro arrecadado mal da para pagar os funcionários do teatro.
    Então nos dizem :existe a lei de encentivo a estás casas a lei:8313/91
    que permite que os aprovados depois de um projeto com muitas burocracias,recebam doações de empresas ou de pessoa fisica ,que podem abater depois no imposto de renda…
    Com a burocracia imposta pelo governo estás leis são feitas para não serem vivenciadas,A dificuldade são tantas que muitos patrocinadores desistem do abatimento.
    Então quando nós pedimos um patrocinio parece que estamos pedindo esmola.
    O GOVERNO É UM SÓCIO EM NOSSA VIDA,QUE NÃO NOS DA NADA SÓ NOS TIRAM…Muitas vezes os donos destas casas optam em levar seu sonho em frente mais estão sem ação perante as circunstançias.
da Sandra
07/09/2008 – 16:31Enviado por: SandraGerald, é verdade. A desgraça na frente dos nossos olhos e a gente não quer ver. NUNCA vai acontecer com a gente. Lembro-me quando o cinto de segurança passou a ser obrigatório, o quanto alguns amigos se revoltaram.
E quantas crianças não estão com a carteira de vacinação desatualizadas? Ah! Nada vai acontecer!
E gente pescando onde foi detectado o vibrião do cólera? Ah! Conversa! Não vi ninguém ficar doente AINDA! O cara estava esperando algum filho morrer para acreditar.
Li seu artigo sobre Congonhas em sua home, mas para mim, aquele aeroporto, com menos de 2 Km de pista, cercado de cidade por todos os lados, é outro desastre esperando acontecer. DE NOVO.

 

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