ANTROPOMODA de JOAO PIMENTA, por Gerald Thomas

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Fernanda Montenegro e Gerald sobre TRAIDOR: a conversa continua: acompanhem…

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FERNANDA MONTENEGRO FALA SOBRE O NOSSO FLASH AND CRASH DAYS E HAMLET

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Fernanda Montenegro fala sobre “TRAIDOR”

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R.I.P. ZIRALDO ALVES PINTO meu pai


ZIRALDO R.I .P. e agora meu pai ? Como vai ser? Eu não conheço a vida sem você. Não conheço a vida sem a tua agitação , teu resmungo e a tua verdade . Quando a Wilma se foi, vc me disse “a pior coisa é não ter tempo de despedir da pessoa amada “. Não nos deram esse tempo Ziraldo. Eu não te contei tudo. Faltou a outra metade. Vc já foi meu pai, meu sogro e meu mais influente… “orientador”. E agora Zi ? Não rolou dagente ser amigo? R.I.P. MEU PAI ZIRALDO ALVES PINTO. – Percebo que sei escrever horrores sobre artistas – que não conheço. Porém, quanto mais intimas, mais dificil fica. É que são MUITAS coisas. Pra começar, Ziraldo foi meu pai. Junto com Ivan Serpa e H Oiricica me guiaram (eu, com 9 , 10 anos) pelo mundo da pintura (teórica e pratica, como instrumento social e politico. Sim, e teve o Hélio Oiticica (o contraponto absoluto). Ziraldo não fazia segredo de não entender o “em volta”. Não entendia mesmo. Justamente aí é que estão seus personagens: sempre com uma interrogação, perplexos com os avanços, estupros tecnológicos e comportamentos
sociais. Casei com a Daniela Thomas (Alves Pinto) em 1981 aqui em NY, filha dele. Há muita disputa em jogo, nada nem perto de amizade.
Mas muito amor. Amor e seu oposto. E quanto a ex-sogros e ex-sogras? Posso dizer sobre Fernanda Montenegro (minha sogra mais tarde) ou Ziraldo?
Não sei. Há muita disputa em jogo, nada perto de amizade. De fato, é o oposto. É disputa e paixão,” Meu filho, vá estudar a Guernica” de Picasso.
Depois estuda a “Tartaruga e Coelho” do Saul Steinberg. Voce vai entender TUDO.
Esse é o Ziraldo: uma vida dedicada a tentar entender tudo. Sempre desconfiado como um outsider, ele olhava tudo como algo surpreendente.
Nunca me esquecerei meu PAI. Essa foi a MAIOR LIÇAO DE VIDA EVER. A Maior !!1 Se vc se depara com algo e nota algo surpreendente naquilo, é porque você ingressou no mundo das artes.OBRIGADO ZIRALDO meu pai RIP #ziraldo #cartum #rip #meninomaluquinho #flicts #pasquim #opasquim
#ilustrador #pintor #filosofo #mundodasleis

R.I.P. MEU PAI ZIRALDO ALVES PINTO. – Percebo que sei escrever horrores sobre artistas – que não conheço. Porém, quanto mais intimas, mais dificil fica. É que são MUITAS coisas. Pra começar, Ziraldo foi meu pai. Junto com Ivan Serpa e H Oiricica me guiaram (eu, com 9 , 10 anos) pelo mundo da pintura (teórica e pratica, como instrumento social e politico. Sim, e teve o Hélio Oiticica (o contraponto absoluto). Ziraldo não fazia segredo de não entender o “em volta”. Não entendia mesmo.

Justamente aí é que estão seus personagens: sempre com uma interrogação, perplexos com os avanços, estupros tecnológicos e comportamentos sociais. Casei com a Daniela Thomas (Alves Pinto) em 1981 aqui em NY, filha dele. Há muita disputa em jogo, nada nem perto de amizade.

Mas muito amor. Amor e seu oposto. E quanto a ex-sogros e ex-sogras? Posso dizer sobre Fernanda Montenegro (minha sogra mais tarde) ou Ziraldo?

Não sei. Há muita disputa em jogo, nada perto de amizade. De fato, é o oposto. É disputa e paixão,” Meu filho, vá estudar a Guernica” de Picasso.

Depois estuda a “Tartaruga e Coelho” do Saul Steinberg. Voce vai entender TUDO.

Esse é o Ziraldo: uma vida dedicada a tentar entender tudo. Sempre desconfiado como um outsider, ele olhava tudo como algo surpreendente.

Nunca me esquecerei meu PAI. Essa foi a MAIOR LIÇAO DE VIDA EVER. A Maior !!1 Se vc se depara com algo e nota algo surpreendente naquilo,

é porque você ingressou no mundo das artes.OBRIGADO ZIRALDO meu pai RIP #ziraldo#cartum#rip#meninomaluquinho#flicts#pasquim#opasquim

#ilustrador#pintor#filosofo#mundodasleis @fabriziap foi muito importante a nossa reaproximação em outubro do ano passado 🩷

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“JESUS FLORESTA AMAZONICA” de Tom Zé

TOM ZE JORNAL O TEMPO

interpretação livre por Gerald Thomas 

(levemente baseado  em “Metamorfose” de Kafka e “Prosa ao Observatório” de Julio Cortazar)

Tom Zé acordou certa manhã de um sonho perturbador. Eram vozes, ou melhor, sons. Melhor ainda, berros ancestrais. Não. Era bem mais alarmante. Era “socorro”. Eram gritos de SOCORRO vindos de tribos! Eram gritos de alcateias! E eram gritos de colmeias e de cardumes enterrados berrando, NossaSenhoraDoCéu !!! “são todos uns gorilas uns guerrilhas uns guerrilheiros do mal, destruindo a nosotros então :

“ME-TIRADAQUI -TOMZE – ME TIRADAQUI”

Tom Zé já de volta a cama de costas no escuro e uma voz. Uma voz. Tom Zé de volta a cama no escuro e uma voz. Uma voz no escuro estranhava a forma como seus braços e pernas faziam uma estranha dança no ar. Tudo parecia fora do seu controle. 

Perplexo, no escuro e duplamente, confuso ainda durante essa certa manhã Tom Zé teve visões: era a cultura…eram as culturas brasileiras modernas e ancestrais berrando junto com as colmeias e os cardumes “que CHOVA SOBRE A NOSSA POESIAAAA” ….e a voz, sim….aquela voz!

Era a voz de Charles Darwin. Sim, um mendigo local que se vestia como tal e cochichava  “esteja esperto Tom Zé, nesse meio existem os que persistem como “sobreviventes dos mais fortes e os persistentes dos mais fracos” e passo a passo o nosso gênio compositor olhava os ladrilhos da cozinha até que os ancestrais do socorro, assim como os demônios da garoa num berro uníssono eletrônico atrás da geladeira e: “Meu Deus do Céu! Como é possível isso?”

Ao pegar a manteiga com sal…veio-lhe um clarão dos céus, o sinal divino, o troféu do cacau, o réu do timbolino, a estátua de tucupi, a areia de marfim, o tacape de caetano, o plástico do instagram, o beijo do bezos,  o cu do trump, o arpeggio de todas, num tom que não zé mas que acima do ré e avante do dó clamava assim: “JESUS FLORESTA AMAZONICA” me arrasta para o mar de Sargasso onde as enguias depositam suas ovas mais fortes e que esperam sobreviver para um dia virarem musas de Tom Zé assim que ele acordar desse pesadelo em comum com Ezra Pound mas o oposto de Graciliano. Um pesadelo de Cage onde já se viu. Onde já se viu?

Foi um sonho do  clarão dos céus, do sinal divino, do troféu do cacau, o réu do rei do timbolino e da estátua de tucupi ! a areia de marfim, o tacape de caetano, o plástico do instagram, o beijo do bezos,  o cu do trump, o arpeggio de todas, num tom que não zé mas que acima do ré e avante do dó clamava assim: “JESUS FLORESTA AMAZONICA” não me arrasta para lugar nenhum. Cheguei aqui. Estou aqui na….

“JESUS FLORESTA AMAZONICA” 

—————–

Gerald Thomas 

New Paltz

April 3, 2024

TOM ZE + GT 2013

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“TRAIDOR” O GLOBO – Rio

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Critica de Miguel Arcanjo: “TRAIDOR de Gerald Thomas com Marco Nanini é aula magna de poética teatral no Festival de Curitiba”

miguel.arcanjo

★★★★ Crítica: Traidor de Gerald Thomas com Marco Nanini é aula magna de poética teatral no Festival de Curitiba

É preciso respeitar quem nos ajudou a pavimentar a estrada que construímos. E o Festival de Curitiba, sabiamente dirigido por Leandro Knophfolz e Fabíula Passini, cumpre essa elegância. Prova disso é o espetáculo Traidor, um dos destaques de sua 32ª edição, com duas sessões esgotadas no Teatro Guairão com seus mais de 2.000 lugares. A obra, sabiamente enxuta para dialogar com os atuais tempos velozes, é escrita e dirigida por Gerald Thomas, nome fundamental na história do Festival de Curitiba, onde sempre foi uma figura de provocação estética e pessoal com suas montagens de nível internacional. Também autor da sublime concepção visual, Thomas transforma o espetáculo em variados quadros vivos, enquanto coloca na boca de um ator gigante sua verborragia. A obra cresce no encontro com a atuação magistral de Marco Nanini, capaz de criar nuances e graças inimagináveis para as duras palavras que diz, na pele de um homem em meio aos seus devaneios — ou seriam pesadelos, ou seriam sonhos? O público é transposto para um estado onírico.
[…]
Em seu “quase monólogo” repleto de recados sutis desconcertantes, Nanini está acompanhado em cena dos atores Apollo Faria, Hugo Lobo, Marllon Fortunato e Wallace Lau, que são fundamentais na composição das cenas, com corpos abolutamente presentes e intensos — ponto para a direção de movimento de Dani Lima. Outra forte influência é a trilha e direção musical de Alê Martins, que cria suspensões e abismos em diálogo profundo com o texto pós-dramático
[…]
Com temas contemporâneos, que vão desde a exaustão mental do homem diante das novas tecnologias até mesmo a uma ânsia por sexo, Traidor é um tributo de um grande diretor a um grande ator, em um encontro potente que torna-se uma aula magna de poética teatral e também e uma bela homenagem a estas duas trajetórias tão importantes para a história do teatro.

★★★★
TRAIDOR
Avaliação: Muito Bom
Crítica por Miguel Arcanjo Prado

Crítica no blogdoarcanjo.com @miguel.arcanjo 👼🏽
📷 @annelizetozetto
Equipe @dansorrel @festivaldecuritiba

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Nanini em Curitiba (Festival de Teatro de Curitiba) fala sobre “TRAIDOR” (e CIRCO DE RINS E FIGADOS) e os textos de Gerald Thomas.

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“TRAIDOR” Curitiba Opening night 2.100 people and a glorious standing ovation + Second night…

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Karla Tenório dispara sua metralhadora oral contra a hipocrisia machista: veja e ouça e pasme! e pense!

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TRAIDOR – critica brilhante

“Chega de traidores!” – neste instante, havia um foco de luz apenas no rosto de Nanini e, por fulgor, eu vi Zé Celso no “Rei da Vela”. Dentre muitos temas do espetáculo, o próprio teatro é um, o ator, e ali a gente também pode especular ( ou especularizar?) em Nanini, um ator – um traidor? E a gente também se pergunta sobre a verdade, a das emoções, das nossas próprias tragédias, e do original em nós, não de genialidade inaugural, mas porque começa algo você… e do eu ao você, de si ao Outro, também ali a pergunta de quem é o Outro para mim: ele é um invasor? Virtual? Ou este que me contitui, que sou eu mesmo, que trai… como atuo e traio a mim mesmo? E como o próprio atuar ali alude a alguma verdade quando ironiza, quando nos faz rir das tragédias contemporâneas, quando se diz só, essencialmente… depois de ter sido excessivamente medicado, de já ter tomado o “crau” no divã do “anallistas”… Os destroços na obra de GT sempre me impressionaram, muito antes de em G.A.L.A. se dizer “Chega de Beckett”, houve tal “Dias felizes” soterratamentos, desmoronamentos… Em G.A.L.A. , apesar desse “chega” ainda há naufrágio, e…mais destroços. Então esse “chega” me parece também uma das ambivalências que a figura de TRAIDOR se diz ser: como “destrói para construir”… Penso que há também na própria figura do Traidor do espetáculo aquele que pode aludir a alguma verdade… Desta vez, há no palco vigas de construção (depois da guerra?) e uma estátua tombada, amarrada de um Nanini que resiste. Tantas perguntas e leituras não se fazem de modo fácil, continuamos, após os aplausos, a buscar com lanternas na escuridão este TRAIDOR, mas é possível fisgá-las entre a suntuosa platicidade de um museu em movimento no palco e associações mais que livres de palavras, temas, sons, rimas, aliterações, que se emendam fora do sentido, formando outros… Por fim, lançando mão aqui da expressão do psicanalista J-A Miller, penso que Gerald Thomas encena e nos dá prova de uma “salvação pelos dejetos”... FROM @ponto.pp

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Aplausos / ovações de estréia para TRAIDOR em Belo Horizonte

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Gerald Thomas: algumas considerações teatrais

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Gerald (1999) “o perigo que é a volta do nazismo e o fascismo” … programa da TV Educativa (pequeno trecho)

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NANINI anuncia temporada de “TRAIDOR” EM BH em Março de 2024

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In Search of….

NEW PALTZ, NY, FEB 2024

Quando o tapete é puxado de baixo de nossos pés, o que acontece? Clareza. Leva tempo, mas surgem a clareza e certa visão de raio X para os segredos escondidos (nossos próprios e os das pessoas), revelem todos os lados sombrios que tornam a arte tão interessante e tão interessantemente macabra. Berlim e meu pai por exemplo, cidade da qual ele fugiu e da qual ele não queria ouvir falar E eu o fiz revisitar Berlim. Ele não queria ir. Odiou cada momento. Ele subiu em uma daquelas plataformas de madeira para ver sua cidade, dividida em duas. Sim, isso foi antes da queda do MURO. Do outro lado, era Berlim Oriental.

Tirei esse selfie agora há pouco em 6 de Março de 2024 na porta de casa em New Paltz , New York. Meu pai morreu em Março de 1984, ano de Orwell e ano em que estreei mundialmente “All Strange Away,” de Beckett aqui no La Mama, que ele não viu. Eu estava lá embaixo esperando e esperar me lembra Beckett. Beckett via o mundo dividido em duas partes distintas, duas partes claramente antagônicas, cores antagônicas. Berlim era essa cidade durante a ocupação Soviética e dos Aliados. Meu pai não soube lidar com isso.

Eu não sei lidar com grande parte disso até hoje porque eu não entendo o que significa existir. Gerald #existir#viver#morrer#lutar#significado#razao#geraldthomas#geraldthomas1

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É com BATUQUE no Bum Bum é que se vai. É com BATUQUE no Bum Bum é que se vai.

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“QUE CHOVA SOBRE A NOSSA POESIA”

QUE CHOVA SOBRE A NOSSA POESIA. Eu trato o contrabaixo como um viollão, o baixo como encima, a saída como entrada, o teatro como cinema e a xenofobia como crime. Eu brado: POETAS: AQUI: UM SONHO ! QUE CHOVA SOBRE A NOSSA POESIA. (do meu espetáculo M.O.R.T.E. (leia-se V.I.D.A. 1990) CONCERTO DOMINICAL ! Luz. Aqui. Luz. Som. Se essa maquinaria fosse uma realidade, não criaria essas palavras que a destroem. Mas, de que vale? Nossos poetas estão mortos. Nossa música não tem heroísmo. Nós não temos corpos, somos fracos, somos rasos. Nossos casos moribundos. Julgamentos um acaso. Nossa obra, a obra do acaso total. Clamo. Que me acordem se eu estiver dormindo. Concordo! Minha angústia, meu espírito. Minha angústia, meu espírito. Talvez o conselho dos seus ou remessas outras… Convoco! Uma nova geração de criadores. Que se afunilem e se intoxiquem, mas ouçam os lamentos das cidades. Que se estrangulem, mas achem a geometria de um parangolé brasileiro. Que chova sobre nossa poesia! #preludio #concertodedomingo #masterbass #baixo #contranaixoeletrico #electricbass #classicalmusic #poesia #teatro #aocontrario #geraldthomas #geraldthomas1

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A NEW CHAPTER: the SUN, the MOON, LIGHT !

GT PLUS BLUE PUNTA SKY

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Gerald’s very fast bass

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Gerald – BASS “Aleatory music 20th Century”

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Tom Zé e eu através dos 23 anos que nos cobrem

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“OS CANTOS” by EZRA POUND – intro by Gerald Thomas

Ezra Pound by Gerald Thomas

Cantar um poema já é uma coisa sublime, difícil, quase impossível. Agora,

escrevê-lo sem cantá-lo, mas chamá-lo de Cantos, como se escrevê-lo cantado, assim como um compositor surdo, Beethoven, tendo que imaginar sua sinfonia inteira naquelas cinco linhas de uma partitura… ah, isso é trabalho de um Hércules! Ou de um Ulisses ou qualquer outra odisséia qualquer galaxiana, física, metafísica, já que não se pode “quedar” (uso o

espanhol porque o português não me parece apropriado: ficar, parar, cair…) nas meias verdades ou nas meias palavras ou meias intenções de um trabalho tão completo, mas tão completo que ele se torna VITAL.

Vital e, no entanto, pode-se viver sem ele. De acordo com minhas conversas com Haroldo de Campos sobre Ezra Pound, o que predominava sempre (na minha memória) era um berro. Não, não me entendam mal: ninguém berrava! Haroldo ria de alegria, eu ria do Haroldo rindo e todos em volta gargalhavam dessa inusitada “cantata” de risos e alegria, algo como uma alegoria, uma alegoria Poundiana, pounding in everyone’s heads, ou seja, martelando na cabeça de todos, assim como Hamm martelava a cabeça de Clov em Fim de jogo de Beckett, ou seja, assim como um canastrão (Hamm actor) martelava o seu próprio cravo (clove) de Natal nele mesmo antes de ir pros fornos; essa parecia ser a personalidade, bipolar, ciclopar desse nosso autor controversial no peso e na medida do quilo inteiro: two pounds.

Ezra Pound eram dois:
Aquele que defendia Mussolini e aquele que defendia uma América para a qual nunca mais queria retornar. Mas qual era o Mussolini que defendia? Me pergunto se, como diretor cênico de ópera e judeu, não devo dirigir Richard Wagner por causa da sua conhecida postura e seus escritos (Judeus na música etc) ou mesmo Heidegger e sua filiação ao Partido Nazista: o que fazer desse brilhante pensador? Ou do maestro Herbert Von Karajan? Queimar todos os seus CDs porque também filiou-se aos nazistas durante a Segunda Guerra Mundial?

O III Reich foi de fato um fato! Um fato tão histriônico que autores hamms como Ezra Pound não poderiam não se deixar afetar por ele. Caminhos tortos talvez, autocensura depois, autocrítica mais tarde porém… durante… enquanto o pano de boca está aberto… a Boca berra histrionismos que o momento não enxerga e o ouvido não ouve, de novo, como um Beethoven surdo tentando imaginar sua 7a Sinfonia naquelas cinco linhas de uma partitura. Os cinco anos de uma guerra e os cinco conflitos interiores de um autor e os Cantos com suas inúmeras inversões do número cinco encantados, com suas navegações embarcadas em alto mar, embriagadas, nauseadas pela ausência de chão, de horizonte, pela ausência de “pra onde ir, de onde viemos e pra onde vamos?”. “TUDO é UMA BLASFÊMIA, uma mentira!” Sem dúvida uma afirmação que não se pode retrucar em nenhum tribunal, e nem Garrincha poderia driblar.

Pound imaginava o inimaginável: como naquele famoso continho de Beckett “Imagination Dead, Imagine”, ele chegou a imaginar um Brasil utópico pro qual queria imigrar (escreveu pros irmãos Campos a respeito), mas um eterno exilado, como um Nowhere Man que se preze, não finca pé em lugar algum. Mas RECLAMA, clama e canta em voz alta sem cantar. Rouco (assim Hemingway o descrevia), louco (assim todos o descreviam), acho que a “Sociedade Internacional dos Lençóis” o processaria pela quantidade de vômito derramado (ou, pelo menos, Arthur Bispo do Rosário, se o tivesse conhecido, quando ainda na Marinha Mercante do Brasil, teria lhe aplicado um bom tapa na cara, fanático por destruir lençóis que era, fio por fio, pra poder, depois, lindamente, brilhantemente, construir suas bandeiras: ambos têm a ver com o mar e no entanto Bispo cantava de verdade!

Pound escreveu e descreveu seus “Cantos” vitalícios e foi tão maltratado quanto Bispo do Rosário, só que não o encarceraram. Bispo se dizia Jesus, Pound se dizia pagão ou ateu, ou anarquista. Mas será que os dois eram o que eram? Acreditavam mesmo no que diziam? Acho tudo encenável. Creio que tudo é encenável, principalmente o “tom” dos Cantos, portanto difícil crer em quem escreve nesse tom.

Ezra se dizia tudo isso, ou nada disso: mas ler os Cantos leva a ter um “feeling” subliminar e é de levantar a pele, ou os cabelos, assim como ouvir ária final de Tristan und Isolde de Wagner, o Liebestod, e não notar a transparência da morte dentro do amor ou do amor dentro da morte; digo isso porque é transparente que Pound queria ser um agnóstico (e provavelmente o era), mas em Os Cantos era também um crente profundo.

Crente numa entidade ainda sem título talvez. Pressupô-la como um deus ou uma deusa ou uma musa ou qualquer coisa maior que o ser que ele próprio era, ou ezra, está implícito em seus escritPtos assim como a cegueira de Tiresias, que nenhuma cegueira tem (a contradição ou a brincadeira de inVERSOS está justamente aí, nessas parábolas). Aquele em que nada crê é justamente o iluminado; o aleijado é justamente aquele que escalara um prédio pra salvar a velha das chamas e assim por diante: Aí está a virada filosófica, aquela que somente Kafka, além de Pound, conseguiu transcender “de verdade” na literatura do século XX. Fez o homem virar inseto. E nem por isso virou inseto. Virou mais homem do que nunca: mas Metamorfoses e ironias tão contemporâneas e tão globalizadas, já na década de 30 do século passado: leiam essa passagem:

Escolas, igrejas, hospitais para o trabalhador Montes de areia para as crianças.
Defronte ao Palácio dos Scheneiders

Ergueu-se o monumento a Herr Henri Chantiers de la Gironde, Banco do Paris Union O banco franco-japonês

François de Wendel, Robert Protot Aos amigos e inimigos de amanhã
“o sindicato mais poderoso é sem dúvidaaquele do Comité des Forges”,
“E que Deus nos leve” disse Hawkwood 15 milhões: journal des Débats
30 milhões pagos ao Le Temps
Onze para o Echo de Paris
(…)

Os que armam 50 divisões, sustentam o exército japonês e estão destinados a ter um grande futuro

Ezra Pound, um Clauzewitz? Um Virilo? Um globalizador caricaturista à la Mario de Andrade? Perdão… Oswald de Andrade? De novo a nau. De novo a Vela, o Rei da Vela, aquela que o vento sopra e que a boca sopra, aquela que se acende numa igreja ou que se iça num barco… nas margens do Reno.

Quem foi o primeiro poeta concreto da História? Mallarmé? Malevich com seu quadro negro colocado em cima da porta? Joseph Albers com seu Branco sobre o Branco? Marcel Duchamp com sua Roda de Bicicleta? Os Irmãos Campos? Ezra Pound? Gertrude Stein no The Making of Americans? Ou terá sido John Cage em sua partitura Silence?

Um deriva do outro. Pouco importa. Pound era um escritor, um poeta, um artista com um peso e VÁRIAS medidas: um predador e, ao mesmo tempo, um perseguido, um foragido. Fugia do quê? Só ele sabia. Um monstro de homem. Me sinto ridículo por ter que compará-lo a um Dante ou um Milton do século XX. Prefiro reconhecê-lo como um Noé, aquele que construiu a arca antes do dilúvio e colocou sua nau, generosamente, a disposição da sobrevivência da espécie animal. Mas Pound não foi Noé. Sua arca é mais concreta, porém impalpável, só conseguimos enxergar seus Cantos através das palavras e da rima, e da FÚRIA e da tempestade (não, não é o Sturm und Drank do século passado, pois Pound era um INDIVÍDUO e não um movimento), e mesmo essa tempestade parece não ter um fim, nunca, nunca.

Mas, como todo gênio, ele tinha a certeza concreta de que a raça humana teria que passar por um dilúvio e começar do zero. Seus Cantos são o berro primal de que tudo aquilo criado pelo homem é torto, sem nexo, pretensioso, já que Aristóteles decretou uma ordem, um início, um meio e um fim que nada valem quando confrontados com a poesia de Yeats ou um país imaginário onde quis passar seus últimos momentos de vida, o Brasil, um lugar moderno, concreto, concretista, totalmente enCANTADO pela obra dele, um lugar chamado imaginário, sobrevivente do dilúvio, aberto pr’aquilo que é novo, mesmo que predador e sofredor, cego e visionário, o refúgio definitivo das contradições do modernismo, FrutoFilho de Pound. Um lugar dos dilúvios constantes onde os Monstros são esquecidos ou onde seus berros se perdem na natureza: esse estranho país chamado nunca, onde tempestades duram pouco e a literatura nunca e o teatro pouco e a música abunda e a natureza tanta e tonta e canta e como! Como numa galáxia, aquela de Haroldo que começou aqui, nos Cantos ou em Ovídio ou em Homero ou …

…..chega!

Gerald Thomas

NYC – 2000

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OS 10 melhores espetáculos do ano, segundo O Estado de São Paulo (Dirceu Alves Jr.)

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December 31, 2023 · 7:05 pm

70 Primaveras para GT

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“TRAIDOR”, the only play to receive two mentions on the same night … and there was also “G.A.L.A.”

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Mais DESTAQUES e nomeações pra TRAIDOR e “G.A.L.A.”

Sei que vou me tornar redundante aos poucos mas….não tenho como não registrar. “TRAIDOR” e “G.A.L.A.” @fabigugli escolhidos – nessa ordem pelo Gustavo Zeitel @gustavozeitel da Folha, Celso Cury @guiaoff (maravilhoso vanguardista que SABE o que é lutar pela ARTE ! – aliás, como ninguém ! Insisto: Em teatro não se faz nada sozinho. É lindo como o termo “parceria” ou (em inglês: “collaboration”) se aplica a essa arte esplendida chamada teatro que – pra mim, é a arte das ARTES. Graças a Zeus, fui formando uma aquipe de pessoas fantásticas com o passar dos anos. Estão marcadas aqui algumas delas. Óbvio que existem algumas maçãs podres no meio delas também. Onde não há, não é? Mas….. é final de ano e o teatro do absurdo mais absurdo acontece amanhã e depois: Papai Noel desce de chaminé etc etc. Talvez esse seja o teatro mais absurdo de todos e o Boal nem levou o crédito. Beijo em todos. Bom fim de ano pra todos!
Obrigado @sescvilamariana @sescbelenzinho @platoproducoes @doralicelion @samuelkavalerski @wagnerpintowp @f.pa7 e toda a turma que faz parte integral do meu trabalho. Mais tarde dou a ficha técnica de todos. #fabigugli #geraldthomas1 #gala #traidor #teatro🎭 #premio

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Folha e as melhores de 2023 d “TRAIDOR”

“TRAIDOR” está entre as melhores peças de 2023, segundo a Folha @folhailustrada e ontem a Fabiana Gugli @fabigugli foi indicada a melhor atriz (APCA) por “G.A.L.A.” .

Obrigado a todos. “My heart is below my belt right now” (autor desconhecido) quando recebeu o Nobel de literatura (não, não foi o Beckett e nem o Dylan)

#melhoresdoano#traidor#direcao#autoria#autor#geraldthomas#peçateatral#teatro#drama#folhadesaopaulo @sescvilamariana @sescsp

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É assim que prefiro me lembrar de Marco Nanini

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