GT and the Broken Wing Blues (majestic video by Adriane Gomes)

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“F.E.T.O.” Frango de cunho psicológico” Fabi Gugli e Gerakd

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“Café Filosófico” Gerald Thomas e Contardo Calligaris – 2005

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Theme For An Imaginary Western (Eastern) GT

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GT está de volta

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GT – a bronze statue motion-less

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September 4, 2022 · 10:56 am

Versão completa do meu discurso final na voz de Fabi Gugli (som péssimo): Obrigado Danilo Santos de Miranda, Rosana Cunha e Mariangela Abatepaulo (não se ouve no video)

PRA SER LIDA DEPOIS DO ULTIMO APLAUSO
Essa carta esta sendo escrita aos prantos mas não é pra ser lida aos prantos. Essa é a vantagem de ser um autor. Eu me escondo. Me escondo atrás de uma emoção, me escondo atrás de um pais, me escondo atrás de um ator. Exceto aqui em F.E.T.O.
Aqui em F.E.T.O. algo aconteceu e talvez disso eu esteja fugindo. Eu fiquei nú. Vou ser breve, não se preocupem. Escrevo de Nova York, onde moro. Onde me escondo. Fugi do Brasil ontem. Não consegui arcar com as emoções que essa peça me trouxe. Não consegui arcar com as emoções que vocês, o PUBLICO me trouxe. Confesso, nunca foi assim: muito muito obrigado. Eu não saberia ficar órfão dessa vez. Eu não saberia transformar um FETO em ORFAO. Dessa vez, a coisa ficou emotiva demais, complicada demais.
E mais uma vez eu agradeço esse elenco aqui do meu lado, do lado da Fabi, essa FAMILIA “F.E.T.O.” , agradeço a essa fantástica equipe técnica…e ao SESC Consolação que nos hospedou.  Obrigado Mariangela Abatepaulo, Rosana Cunha e, o Ministro dos ministros da cultura, sem o qual nem FETO e sem o qual nenhum ARTE(FETO) ou ARTE(FATO) existiria: DANILO SANTOS DE MIRANDA. OBRIGADO DANILO.
E ESSA Festa aqui? Essa festa evoca  a mitologia, a mítica humana. Inclui o natimorto, o abandonado, o rejeitado e o idolatrado. Inclui toda gama de amor e de (des)amor que nos torna cegos dantescos enquanto acariciamos e amantes deliciosos enquanto somos assassinos brutais.  E o bom teatro está na nossa capacidade de “imaginar o inimaginável”.
SOMOS O TEATRO ….
VIVA O TEATRO …. VIVA !!!!
PORQUE SOMENTE ESSE ESPAÇO AQUI NOS PROPORCIONA ESSA FESTA, ESSE
RITUAL… ESSE RITO DO AMOR SELVAGEM.
AFIRMA ESSA EXPRESSAO DE QUEM SOMOS E QUANDO SOMOS ENQUANTO SOMOS.
ENQUANTO SOMOS!!!! ENQUANTO SOMOS
EH POR ISSO QUE NÃO PODEM NOS MATAR !!!!
VIVA O TEATRO
F.E.T.O. EH SOMENTE O INICIO !!!
E V O E !!!!

Gerald Thomas

NYC

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DEUS ATEU (F.E.T.O.)

F.E.T.O – Estudo para Dorotéia Nua Descendo a Escada – Por Marcio Tito

Publicado em por Deusateu

Uma terrível semelhança entre o parto e a morte

Por Marcio Tito

Minha ferida existia antes de mim; Eu nasci para encarná-la. (Joe Bousquet)

Introdução

Ondas do Destino, de Lars Von Trier, tem uma cena ótima – ou talvez eu pense que tenha – e a cena ótima esteja em Decálogo, do Kieślowski, mas a tal cena nos diz o seguinte: um bar, repleto de homens velhos, rústicos e nórdicos, passa a ser “poluído” com a presença de jovens cuja aparência nos entrega o subproduto das contraculturas oriundas do final dos anos 60.

Cabelos arrepiados, casacos e calças surradas e todos parecem um compilado de programas de alguma televisão tão rasa quanto histriônica. O bando de jovens ostenta um certo belicismo e, diante dos homens velhos que bebem em amargurado silêncio, o time de vagabundos passa a se comportar bastante mal.

Conversas escatológicas, atos escatológicos e volume alto formam o principal eixo do cortejo de grosserias e má educação que a turma performa.

Dado momento, claramente inspirado a terminar com a ousada liberdade do grupo (que representa a modernidade), um velho (que representa a tradição), vestindo roupa de lã, ao terminar seu uísque ou conhaque, arrebenta com as mãos o copo de vidro e, como se nada!, vai tirando, dos dedos lacerados, os cacos de vidro. O sangue se espalha, corações aceleram, mas o velho apenas ferra mais e mais com o ferimento autoimposto.

O grupo de jovens sai do ambiente. O grupo escorre para fora (como se tomado por uma extraordinária tomada de consciência).

Esta cena está ali para nos dizer o seguinte: você pode fazer uma revolução, mas não se esqueça que ainda existe muita gente capaz de sentir e lidar com a verdadeira dor – guerras, fome, abusos, abortos, miséria, suicídio e morte não são ideias do passado e podem aparecer em qualquer esuqina (você tendo um Ipod ou não).

Gerald Thomas, em variadas mensagens visuais, alegóricas e filosóficas nos informa do mesmo: “vocês, é claro, podem realizar seus maravilhosos teatros por aí, mas não se esqueçam de que sempre existirá, de modo indestrutível e incurável, um verdadeiro teatro da crueldade. Ou dos sobreviventes. Ou dos quase mortos. Ou dos quase vivos”.

Há um lugar profundo, um lugar de presenças e ausências tão antropomórficas quanto cênico, e este é o lugar onde Gerald Thomas inscreve a sua grande opinião sobre o mundo e a fisionomia do ocidente. Deveres, desencontros, grandes utopias e vaidades estão na trama. Gerald, aterrado num ponto alto de esteta e artista, conflagrado, sorri um sorriso intelectual contra um horizonte autodestrutivo (e surge Duchamp na equação).

Duchamp + Nelson Rodrigues = Beckett

Ou

Nelson Rodrigues + Duchamp = Gerald Thomas

A ordem dos fatores altera o produto…

Multicultualismo e “Nelson Rodriguez” –

Sem miscigenação, sem pretos e sem samba, sem cores primárias intercaladas em adereços, como vivificar a experiência estética e simbólica do Brasil? Talvez, dentro da nossa ainda recente condição pós-moderna, trazendo para o game a voz ibérica de um gênio dessa gente: Nelson Rodrigues.

Nelson Rodrigues, um dos mais destacados sintomas que a civilização brasileira produziu, como um Machado de Assis, definiu partículas do que sempre será o espírito tropical e bucólico dos e das brasileiras. Atravessado por influências europeias, porém incapaz de não escrever sua grande obra em língua obsessivamente brasileira, Nelson Rodrigues é daqueles gênios ainda não inteiramente resolvidos na cultura. Dorotéia, uma de suas obras mais deformadas, em intuitiva, lisérgica, paródica e xamanista direção de Gerald Thomas, encontra um ponto de apoio rarefeito, porém absolutamente concreto e adequado.

Idiota foi quem não soube ver, como eu mesmo não vi, Duchamp em Nelson. Agora que dito, como sempre ocorre com as grandes ideias, passa a ser impossível descolar uma camada da outra. Duchamp e seu programa de leitura que, em grosseiro resumo, se dá pela leitura total e material dos objetos de arte, para muito além da primeira dimensão, parece muito bem adequado ao aparato rodriguiano que, em simétrico equivalente, também sobrevive do expediente que transmuta silêncios em solilóquios e solilóquios em silêncios.

Thomas, num fôlego implacável e, ainda assim, autoironico, reforma com oportuna substância tudo o que ainda não está revelado no texto do autor carioca. Sua miríade de ilusões e lacerações procura não mais a engenharia da fábula, mas sim um definitivo e violento encontro com (e contra) todas as bibliotecas que procuraram os enigmas guardados desde Vestido de Noiva.

Aqui, outra vez Beckett, uma chave: se Godot é a peça cujos textos também não economizam em rasgar para diversas direções, como numa conversa entre obras, F.E.T.O – Estudo para Dorotéia Nua Descendo a Escada, em muitas equivalentes medidas, sobrevive do mesmo impulso: compila, condensa e dispara muitas oitavas acerca das muitas oitavas que constituem as histórias das artes e dos teatros…

Técnica, momento e expressão final –

Sou, por diversas razões, o filho de um teatro pobre. Tanto por isso, como todos os que trilham tal estrada, nunca me deixo tartamudear perante grandes encenações – procuro reinterpretar e supor o que é que se veria feito no palco se a criatividade central da obra precisasse, sabe Deus por qual razão, remontar aquele espetáculo com 10 ou 20% do material então disposto. Vale dizermos que para que a economia fosse justa, é claro, o elenco poderia manter-se como é.

Então a pergunta se levanta – como é que com os instrumentos dos e das intérpretes poder-se-ia fazer sentir o que se sente quando aquelas luzes extraordinárias guiam a nossa imaginação?

De forma alguma estou dizendo que o teatro não tenha legitimidade quando há investimento, mas também não penso que deixe de tê-la quando tudo o que se pode utilizar em uma encenação são atores, atrizes, um bom texto e alguma maquiagem…

No mais, porque diante do Belo a grande alternativa dos vivos é sempre a de calar e contemplar, F.E.T.O – Estudo para Dorotéia Nua Descendo a Escada é uma das grandes construções visuais deste começo de década e século. Uma poderosa inscrição do teatro brasileiro nas estranhas e ainda incompreensíveis grandes questões deste tempo. Grandíssimo elenco, com destaque apenas a unidade das interpretações, e uma luz inesquecível e marcante arrematam a experiência.

O Brasil é feliz quando encenações tão autorais quanto urgentes aparecem e nos dizem sobre qualquer músculo que ainda resiste e bate forte por aqui.

Gerald Thomas reafirma por mais 30 anos aquela mítica ao seu redor: Um determinado e ousado criativo (em sempre oportuna e elegante guerrilha contra e à favor do próprio gênio e do próprio ego).

Ficha técnica

Criação e Direção: Gerald Thomas
CoDireção, Coreografia e Performance Aérea: Lisa Giobbi
Elenco: Fabiana Gugli, Rodrigo Pandolfo, Lisa Giobbi, Beatrice Sayd, Ana Gabi e Raul Barretto.
Dramaturgismo: David George
Desenho de Luz: Wagner Pinto
Cenografia e Direção Técnica: Fernando Passetti
Adereços: Clau Carmo, Raíssa Milanelli
Figurinos: João Pimenta
Poeta: Luciene Carvalho
Sonoplastia e Trilha Sonora: Ale Martins
Músicas:
Portugal é um Nerologismo: Fatima Vale & Charles Sangnoir
SKÆLV B: Kasper Toeplitz & Jørgen Teller
A Guerra, A Guerra II, Marcha Fúnebre: Eduardo Agni
Lamento: Eduardo Agni (com participação especial de Mônica Salmaso – voz)
Direção de Produção: Dora Leão
Assistente de Direção: André Bortolanza
Assistente de Produção: Ingrid Lais Monreal
Assistentes de Iluminação: Gabriel Greghi, Gabriela Cezario
Assistente de Cenografia: Vinicius Cardoso
Assistente Técnico: Samuel Kobayashi
Contrarregras: Calú Batista, Raíssa Milanelli
Maquinistas: ClaudioBoi, Mazinho, Rafael Dias, Zé DaHora
Cenotécnicos: Carol Nogueira, Casa Malagueta, Neide Cecilia, Rafa Dias, Su Martins, Usina da Alegria Planetária, Zé DaHora
Auxiliar de Montagem: Eron Dias, Iuri Dias, Leandro Wildenes, Rodrigo do Nascimento, Willians dos Reis
Direção e técnica do vídeo (de Ana Gabi): Carol Thusek
Visagismo: Louise Helène
Aulas de Corpo: Fabricio Licursi
Camareiras: Andrea Lima (Temporada), Maria Rosa Nepomuceno (Ensaios)
Segurança: Juliana Ferreira
Assessoria de Imprensa: Ney Motta
Desenho e Pintura: Gerald Thomas
Fotos de Divulgação: Carol Thusek, Claudia Santos de Oliveira
Produção e Administração: PLATÔproduções
Realização: Sesc SP

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F.E.T.O. discurso de agradecimento final: EVOÉ !

https://www.youtube.com/shorts/1OqyVims6kU
PRA SER LIDA DEPOIS DO ULTIMO APLAUSO
 
 
Essa carta esta sendo escrita aos prantos mas não é pra ser lida aos prantos. Essa é a vantagem de ser um autor. Eu me escondo. Me escondo atrás de uma emoção, me escondo atrás de um pais, me escondo atrás de um ator. Exceto aqui em F.E.T.O.
 
Aqui em F.E.T.O. algo aconteceu e talvez disso eu esteja fugindo. Eu fiquei nú. Vou ser breve, não se preocupem. Escrevo de Nova York, onde moro. Onde me escondo. Fugi do Brasil ontem. Não consegui arcar com as emoções que essa peça me trouxe. Não consegui arcar com as emoções que vocês, o PUBLICO me trouxe. Confesso, nunca foi assim: muito muito obrigado. Eu não saberia ficar órfão dessa vez. Eu não saberia transformar um FETO em ORFAO. Dessa vez, a coisa ficou emotiva demais, complicada demais.
 
E mais uma vez eu agradeço esse elenco aqui do meu lado, do lado da Fabi, essa FAMILIA “F.E.T.O.” , agradeço a essa fantástica equipe técnica…e ao SESC Consolação que nos hospedou.  Obrigado Mariangela Abatepaulo, Rosana Cunha e, o Ministro dos ministros da cultura, sem o qual nem FETO e sem o qual nenhum ARTE(FETO) ou ARTE(FATO) existiria: DANILO SANTOS DE MIRANDA. OBRIGADO DANILO. 
 
E ESSA Festa aqui? Essa festa evoca  a mitologia, a mítica humana. Inclui o natimorto, o abandonado, o rejeitado e o idolatrado. Inclui toda gama de amor e de (des)amor que nos torna cegos dantescos enquanto acariciamos e amantes deliciosos enquanto somos assassinos brutais.  E o bom teatro está na nossa capacidade de “imaginar o inimaginável”. 
 
SOMOS O TEATRO …. 
 
VIVA O TEATRO …. VIVA !!!! 
 
PORQUE SOMENTE ESSE ESPAÇO AQUI NOS PROPORCIONA ESSA FESTA, ESSE 
 
RITUAL… ESSE RITO DO AMOR SELVAGEM.
 
AFIRMA ESSA EXPRESSAO DE QUEM SOMOS E QUANDO SOMOS ENQUANTO SOMOS.
 
ENQUANTO SOMOS!!!! ENQUANTO SOMOS
 
EH POR ISSO QUE NÃO PODEM NOS MATAR !!!!
 
VIVA O TEATRO
 
F.E.T.O. EH SOMENTE O INICIO !!!
 
E V O E !!!!

https://www.youtube.com/watch?v=iXq3aKHQn9E

 

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ELLE “A SAIDA é a MULHER”

Um dos principais diretores do teatro brasileiro, Gerald Thomas, 68, está em cartaz em São Paulo com F.E.T.O – Estudos de Doroteia Nua Descendo a Escada. A montagem faz uma livre adaptação de Doroteia, peça em que Nelson Rodrigues conta a volta da prostituta do título à casa das primas após a morte do filho, não sem uma condição fixada pelas anfitriãs: que a parente se dispa da beleza. Por livre adaptação, entenda-se que o texto da década de 1940 aparece como um sopro fugaz, mais por suas grandes temáticas (pelo seu “entorno”, como define Thomas) do que por minúcias de trama e diálogos.

“A peça (original) é datada, irrelevante. A ideia do castigo imposto a uma mulher por ser bonita não faz sentido”, diz o encenador, que se interessou mais pelos voos surrealistas de algumas passagens, como a situação da personagem natimorta que, não notificada sobre sua morte prematura, prepara-se para um casamento.

“A saída (para os problemas do mundo) tem que ser a mulher”, afirma ele, quando o entrevistador pontua que os homens estão virtualmente ausentes da Doroteia dos anos 1940 – são apenas citados, nunca entram em cena. “O homem a gente já sabe que falhou. Agora vamos tentar outra coisa.”

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Cena de F.E.T.0.Fotos: Sesc Consolação


Sobre essa tela com leves pinceladas rodriguianas, Thomas (que também é pintor) acrescenta acenos ao artista plástico gaúcho Iberê Camargo (1914-1994) e ao papa do surrealismo, Marcel Duchamp (1887-1968). Mas as tintas mais densas ficam mesmo reservadas para as questões que acossam o diretor desde a década de 1980: a violência, a guerra (especialmente a máquina estadunidense), a decrepitude física e moral dos homens, a arte como válvula de escape inócua – e absolutamente indispensável.

O coquetel vem embalado em algumas das marcas registradas do “método Thomas”: texto hiperfragmentado, palco envolto em fumaça de gelo seco, uso recorrente da voz do diretor em off, intrincado desenho de luz, superposição de imagens na superfície desconexas… e doses sadias de autodepreciação. Uma das melhores cenas do espetáculo envolve um monólogo hilário (e improvisado) da atriz Ana Gabi sobre esse arsenal de ferramentas do encenador, nascido em Nova York e criado entre a metrópole estadunidense, Rio e Londres.

Em cartaz até 28/08 no teatro Sesc Anchieta, no Sesc Consolação, em São Paulo, a montagem dobra a aposta no “selo” Gerald Thomas, mas também delineia novos horizontes. A contenção dos diálogos e o número expressivo de cenas aéreas (em que duas atrizes dançam e gracejam suspensas por cabos) tornam o espetáculo um dos mais leves do diretor em termos visuais.

Na entrevista a seguir, feita por Zoom dias antes de Thomas vir de Nova York a São Paulo para acompanhar as apresentações finais da temporada de F.E.T.O, ele fala sobre as (não) expectativas em relação à eleição de outubro no Brasil, as dificuldades do governo Joe Biden nos EUA (o diretor se diz um obcecado por política estadunidense), a sua relação com o palco quando não está trabalhando (“eu não gosto de teatro; fico irritado, acho defeituoso, estático”) e adianta detalhes do projeto que desenvolve com Marco Nanini, que já esteve sob sua batuta em Um circo de rins e fígados (2005).


Você tentou montar Doroteia com a atriz Beth Goulart em meados da década de 1980. Disse que sofreu oposição da viúva de Nelson Rodrigues à época. O que o levou a voltar a esse texto agora, quase 40 anos depois?
A minha produtora (Dora Leão) agora conseguiu os direitos. Não parei de pensar em Doroteia neste tempo todo. Não é que tenha havido um pulo, um silêncio de 1986 para cá. Sempre volto a ela, a Nelson. Fui ao Brasil em 1978 como representante da Anistia Internacional para visitar presos políticos e conversar com eles sobre tortura, acesso a advogados etc. Em um dos presídios encontrei (o militante político) Nelson Rodrigues Filho. Um ano antes, tinha ido ao Rio apresentar 4 Vezes Beckett, com Rubens Corrêa no elenco, e ele passou uma madrugada lendo em voz alta a obra completa do Nelson. E uma coisa que se destacou foi Doroteia. Fiquei interessado e descobri que ela tinha sido escrita para a Eleonor Bruno, avó da Beth Goulart. Mas não consegui comprar os direitos. Daí falei: “Quer saber, vai tomar no c* todo mundo!”. Fui fazer Electra com Creta (1986) e foi muito melhor pra mim, porque deu início à minha carreira de playwright(dramaturgo). Tinha feito Carmem com filtro (1986) com o (Antonio) Fagundes. Eletra foi o segundo nessa corrida pelo encenador-autor, solidificou alguma coisa.

Desta vez, finalmente tive a chance de montar Doroteia e, na hora H, falei: “Ah, não! É tão datado. Não preciso montar essa peça. Aliás, eu não vou montar essa peça, vou montar o entorno”. É irrelevante hoje em dia. A ideia do castigo imposto a uma mulher por ser bonita não faz muito sentido. Bobagem. É interessante, sim, uma personagem (a natimorta Das Dores) estar morta fora do ventre da mãe (e viver normalmente) ou a imagem de um jarro perseguindo uma pessoa (uma das passagens surrealistas do texto de Nelson). Tem um simbolismo surrealista curioso. O castigo, não. É uma forma cafona de salientar o pecado.

Em Doroteia, os homens estão praticamente ausentes. São citados, mas não aparecem. A saída para as crises de toda ordem que o mundo atravessa é feminina?
Espero que sim. Nós, homens, somos a grande desgraça do mundo. Só discordo que a gente não exista em Doroteia. Elas só pensam na gente, estamos onipresentes. Tudo é dito em relação ao homem, a tê-lo, agarrá-lo, beijá-lo, a partir em núpcias com ele. O que é a feiura, a beleza. É mais forte até do que uma presença física. A saída tem que ser a mulher. Tem que se dar essa chance, ao menos por algumas décadas. Se falhar, o próximo passo é uma outra coisa. O homem a gente já sabe que falhou. Agora vamos tentar outra coisa. Achava a (ex-primeira-ministra do Paquistão) Benazir Bhutto fantástica, assim como a (ex-líder de Mianmar e Prêmio Nobel da Paz) Aung San Suu Kyi. E não tenho nada de mal a falar da (ex-chanceler da Alemanha) Angela Merkel. Mas não gosto muito da Alemanha (sorri). Meus pais (ele, alemão, ela, galesa) sofreram muito com a divisão do país. Agora, por exemplo, Hillary (Clinton) eu gosto muito. (A vice-presidente dos EUA) Kamala Harris, gosto também.


E Dilma Rousseff?
Conhecia desde antes por ter sido presa política e por causa do meu trabalho com a Anistia Internacional. Mas o governo, eu não acompanhei muito, não. Não acompanho política brasileira, e não é por esnobismo. Não tenho confiança, acho um conchavismo… é um disse-me disse danado sobre aliança, acordo. Não consigo levar a sério esse bando de bigodudo barrigudo discursando no plenário. Gosto do (ex-deputado federal Fernando) Gabeira, mas não consigo levar aquele bando de brega crente a sério. Não conseguem falar. É tétrico.

F.E.T.O é uma de suas peças mais leves. Há um aprofundamento do humor autodepreciativo que já vem de alguns anos, várias cenas em que atrizes são suspensas por cabos para executar delicados balés aéreos, além de diálogos bem enxutos para os seus padrões. Os tempos atuais te deixaram sem palavras?
Não. Na verdade, quis olhar para Nelson como uma criança. Tem vassoura passando em cena, um zepelim, um palhaço. É como se fosse Alice in Wonderland(Alice no país das maravilhas), só que em Auschwitz. Uma criança vendo Nelson Rodrigues em Auschwitz, no meio de uma guerra. Esse é o setting, o ponto de partida. Como uma criança não lida tanto com palavras, surgem essas imagens encantadas e macabras. E o humor vem do fato de o teatro ser uma bobeira, uma bobagem, séria, mas ainda assim bobagem.

Então não é algo que vá prosseguir necessariamente em trabalhos futuros…
Acho até que vai. Doroteia conseguiu abrir em mim essa porta infantil através da qual eu posso continuar investigando esse inferno, mas de uma forma mais leve. E é um ponto de vista que não é menor, inferior a nada – e é muito pouco explorado por nós, artistas de teatro, que tentamos ser sempre tão maduros. Se a gente se coloca num lugar mais vulnerável, como aliás aconteceu nesses dois anos de pandemia, é uma boa projeção.

“Não consigo levar a sério esse bando de bigodudo barrigudo discursando no plenário”

Mesmo acompanhando só de longe a política brasileira, qual é a sua expectativa para a eleição de outubro? O que espera de um possível governo Lula?
Não tenho grandes expectativas em relação a nada. É uma bobagem ter expectativas, porque você vai levar porrada na cabeça. De alguma forma, vai haver decepção. Converso muito com motorista de táxi aí no Brasil na hora de ir pros ensaios. Eles são violentos, veem a mídia como inimiga do povo. Não tem jeito de conversar. A burrice paranoica é a dona da verdade. É teoria da conspiração com olho arregalado. Acho uma loucura esse cassino da política, de colocar todas as fichas no mesmo espaço (no mesmo candidato). Nada no mundo é resolvido assim. Canonizam, santificam o Lula. “Lula! Lula!” Falam com a voz dele. O cara não tem mais defeito nenhum, é a solução. Até que, dois meses depois, não é mais. Acho que temos que ter duas coisas na vida: Nutella e cautela. Um é gostoso, e o outro, prático.

E o Biden, como você avalia essa quase metade de governo dele?
Vejo ele como um automóvel tentando se manter na pista, atrás daquele ônibus sem controle que era o Trump. É difícil suceder a um louco desvairado. O Trump é um fora-da-lei, um Jesse James, um Bonnie, do Bonnie & Clyde, um justiceiro. Ele quer quebrar os Estados Unidos. O Biden está tentando colar os cacos da porcelana que esse filho da p*** tentou quebrar. Iconoclasta no poder é um absurdo. É a contradição em termos, o ódio no poder, o ódio ao povo no poder. O Biden tem problemas de velhice, de carisma, parece que tá sempre chorando. Bota logo um capacete da Nasa nesse homem, gente. Mas é super bem treinado, foi senador por 40 anos, vice-presidente por dois mandatos. Acho que ele sabe o que está fazendo.

“Eu não gosto de teatro. Eu uso o teatro porque está available to me (disponível para mim)”

O que você anda assistindo no teatro? E no cinema?
Eu não gosto de teatro. Eu uso o teatro porque está available to me (disponível para mim). Quando vou ver um amigo ou amiga, fico irritado, acho defeituoso, estático, sem movimentação. Fico olhando para todos os lugares, menos para onde está o foco de luz. Não consigo. Ao cinema eu vou mais. Porque está pronto, posso me levantar, comprar pipoca. Mas vejo mais no meu computador. Acho avião o melhor lugar para ver filme. Gostei de Green Book: O Guia, vejo vídeos do (cineasta underground) Kenneth Anger no YouTube. Adoro o David Lynch. Tudo o que você acha que eu adoro eu adoro mesmo. Sou muito fã do (grupo de humor inglês) Monty Python. Meu grande ídolo é Robin Williams (1951-2014). É uma bomba que explode para todos os lados e depois suga de volta os estilhaços. O comediante inglês Kenneth Williams (1926-1988) também.

Você tem um filme para fazer com o Marco Nanini, Traição
Sim. Ele faz os sete personagens. Tudo acontece dentro de uma ambulância. O ponto de partida é um cara que teve um treco, um meltdown, porque recebeu a notícia de que foi escolhido por um partido para ser candidato a presidente da Inglaterra. Daí na ambulância, a caminho de uma audiência com a rainha, ele percebe: “Peraí, não tem presidente na Inglaterra”. É uma trip “alucinogênica”, um nascimento para ele. É um filme que também vai ser peça. Primeiro, no streaming. Só não me pergunte como.

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Flo Mag online

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“F.E.T.O.” critica de Gabriella Melão

Gerald Thomas compõe seu “ready-made” rodriguiano

Crítica de F.E.T.O. (Estudos de Doroteia Nua Descendo a Escada), de Gerald Thomas

 22 de agosto de 2022  Críticas  Gabriela Mellão

Um feto suspenso no espaço por uma rede tenta romper as fronteiras limitantes em F.E.T.O. (Estudos de Doroteia Nua Descendo a Escada), espetáculo de Gerald Thomas a partir de Doroteia, de Nelson Rodrigues. Está pronto para entrar no mundo. E o mundo, está pronto para recebê-lo?, parece nos perguntar o encenador.

Em sua primeira incursão na obra de Nelson Rodrigues, o diretor faz renascer apenas o DNA do clássico da dramaturgia brasileira. Estilhaça o texto compondo quadros vivos autônomos entre si que conservam pouco mais do que o deboche da obra original em relação à sociedade de seu tempo. A fidelidade de Gerald não é literal, textual, mas conceitual. Centra-se na visão social e política de Nelson e sua Doroteia (1949). “Esta não é uma ave de cunho psicológico”, avisa Fabiana Gugli em cena cacarejando abraçada a uma ave decepada, para não deixar dúvidas sobre o caráter anárquico da releitura.

A tragicomédia de Nelson Rodrigues foi escrita onze anos após Jean Paul Sartre criticar a ausência de sentido do mundo no romance existencialista A náusea (1938) e retoma o tema enfocando a repressão sexual e o moralismo de sua época. Na peça, culpada pela morte do filho, Doroteia deixa de ser puta para voltar para casa, unindo-se às mulheres castas da família. Tem que aprender com elas a sentir náusea em vez de prazer, a domar o desejo e a apagar sua feminilidade.

Em sua leitura, Thomas se apropria da maternidade perdida como metáfora para falar sobre a morte – ou o renascimento – da arte, do homem, do país, de um mundo regido por guerras, pela fome, pelo desencanto, em que o desejo se tornou um impulso apático e humanidade, uma qualidade em extinção.

Seu discurso passa longe da racionalidade. Evoca quadro a quadro sucessivamente o fim dos tempos, elaborando-se a partir do poético, a partir de signos diversos. Thomas conduz o espectador a uma descida aos infernos de sua era por meio de uma viagem inconsciente na qual o tom satírico do percurso alivia seu caráter trágico. Passa por Doroteia, de Nelson, pelo niilismo de Beckett, pela metalinguagem e segue rumo a um jogo estético imagético regido pela abstração e a metafísica, sempre a dispensar o território do mental.

Uma bala de canhão coroada em sua extremidade por um mamilo atravessa a cena anunciando o estilo do bombardeio proposto por Thomas. No palco vermelho, três cortinas se abrem para o vazio emoldurando o nada. Fabiana Gugli abana o passado de hábitos e valores europeus com um leque enquanto voa pelos ares em espasmos de prazer acrobáticos memoráveis. Os atores Rodrigo Pandolfo, Lisa Giobbi e Beatrice Sayd vomitam suas náuseas em um bule.

Na mesma toada, o feto morto do quadro de Iberê Camargo No Vento e na Terra 1 (1991) ocupa o centro do palco no início da peça, e, mais adiante, ganha o tablado uma reprodução do primeiro ready-made de Marcel Duchamp, Roda de Bicicleta (1913) – obra-protesto representante de uma conceituação desmedida de pensar a arte, que dá status de museu, por exemplo, à tal roda de bicicleta fincada em um banquinho de madeira.  Duchamp surge duplamente. Ele inspira também o subtítulo da peça. O quadro Nu Descendo a Escada (1912) marca mais uma provocação do artista francês na história da arte. Nele, o tema clássico da nudez é deslocado da representação usual. O corpo feminino é representado de forma cubista, em movimentos decompostos.

As referências reforçam a busca de Thomas pela ressignificação de decomposições temáticas e formais, pelo questionamento dos pilares balizadores dos valores humanos e artísticos. Trata-se de uma prática recorrente em sua trajetória prolífica, conhecida pela remontagem de diversos textos de Heiner Muller e de Beckett, seu guru assumido.

Há cerca de 40 anos, desde que estreou seu primeiro Beckett no La MaMa, em Nova York, o encenador faz de seus experimentos composições essencialmente não-teatrais, exploradoras de códigos de desconstruções. Já alardeou a influência do dramaturgo e diretor irlandês considerado um dos escritores mais influentes do século passado, em peças como Quatro Vezes Beckett (1985) – sucesso no país que chegou a ser apresentado na Bienal de Veneza, -, e no projeto Asfaltaram a Terra (2006), composto por 4 espetáculos que celebravam seu centenário. Também já renegou abertamente este grande nome do teatro do absurdo, ao lado de Ionesco, Harold Pinter e Jean Genet: “Chega de Beckett”, gritou Gugli no solo G.A.L.A., de 2021.

Evocando-o ou rejeitando-o, é fato que Thomas partilha de uma busca comum a Beckett ao erigir trabalhos esteticamente belos e potentes, tendo como pilar central a desilusão na humanidade, o desgaste e a depreciação da linguagem.

Em sua leitura ao mesmo tempo atual, libertária e sensorial de Nelson Rodrigues, o F.E.T.O. de Gerald Thomas nasce com o poder de extrair sinais de vitalidade da plateia. Carrega a potência de fazer soar no corpo a força do teatro, ultrapassando sentidos nomeáveis. A mente desperta, a respiração se altera, a visão busca o que muitas vezes não é visível.

É necessário trabalho para transformar a destruição cênica proposta em arte, em alimento artístico. Como nos ready-mades de Duchamp, o encenador exige empenho do espectador para ultrapassar o caráter puramente provocador ou a aleatoriedade aparente da obra. É preciso recolher as ruínas expostas em cena e recodificá-las. Há que se ativar também os motores do terreno do sensível. Só assim para tocar seu âmago.

Com F.E.T.O., Thomas constroi seu ready-made. Um ready-made irreverente e iconoclasta, alerta sobre a necessidade da reinvenção da sociedade e a cultura de seu tempo, no melhor estilo rodriguiano.

Gabriela Mellão é autora, diretora de teatro e crítica. É pós-graduada em Jornalismo Cultural na PUC, com passagem pela Universidade Sorbonne, em Paris (Cultura e Civilização Francesa) e Harvard, em Boston (Dramaturgia e História do Teatro Moderno). É membra da Associação Internacional de Críticos de Teatro e compõe o júri do prêmio APCA. Foi repórter teatral da Folha de São Paulo entre 2008 e 2012, crítica da Revista Bravo! entre 2012 e 2022, ano do fechamento da mesma, além de curadora de diversos festivais e editais. É roteirista, diretora e editora de duas peças/filmes: Começo do Fim (2022) e Fragmentos Possíveis (2020), este último vencedor como melhor curta-metragem experimental nos festivais New York Cinematography Awards(EUA), London Indie Short Festival (Inglaterra), entre outros. Tem diversas obras de teatro escritas e encenadas, como Kansas (2018), DesolaDor (2018-19), e Nijinsky – Minha Loucura é o Amor da Humanidade (2014/15), apresentada no Festival de Avignon off. Também é autora de Sylvia Plath – Ilhada em Mim (2014-18), espetáculo cuja direção de André Guerreiro Lopes foi premiada pela APCA. Publicou o livro “Gabriela Mellão – Coleção Primeiras Obras”.

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GUIA OFF – Critica de “F.E.T.O.”

por Ferdinando Martins

No conto “O Aleph”, de Jorge Luis Borges, há um ponto do espaço que abarca toda a realidade do universo, inusitadamente localizado na narrativa no porão de uma grande casa em Buenos Aires que está para ser demolida. Algo assim passou a existir no Sesc Consolação, no histórico Teatro Anchieta, com a estreia de F.E.T.O. – Estudos de Doroteia Nua Descendo a Escada, novo trabalho de Gerald Thomas.

Assim como o protagonista de Borges, o espectador é sugado por um buraco negro de imagens, sons e temporalidades diversas. Ao menos três tempos históricos coexistem nos cem minutos do espetáculo: a efervescente cena cultural do início do século XX, quando Duchamp quebrava os cânones do fazer artístico, realizando o que os impressionistas não tiveram coragem fazer; o cenário bélico e desesperançado do pós-guerra em meados do século passado, período em que Nelson Rodrigues escreveu Dorotéia e que Samuel Beckett produziu suas obras mais icônicas; e o mundo pós-pandêmico que estamos compulsoriamente imersos.

Em F.E.T.O., além do quadro Nu descendo a escada no nome, Duchamp está presente com uma reprodução ampliada de Roda de bicicleta e alusões a O grande vidro, sua última pintura. O universo de sentidos deslizantes do dadaísmo combina-se com uma paisagem onírica, acentuada pela dança aérea de Lisa Giobbi. Bonecos com a forma de um feto saído do quadro No tempo e na terra I, de Iberê Camargo, fazem parte dos objetos de cena. Em conjunto, essas obras revelam a frustração de uma promessa de modernidade não cumprida, alusão à atual onda conservadora, a um Brasil que não deu certo ou ao retrocesso das leis sobre o aborto nos Estados Unidos.

Assim como Doroteia que busca um moralismo tosco como forma de expiação de sua vida mundana, todos nós estamos imersos em um tempo de obscurantismos apaixonados, em que se aplaudem torturadores, genocidas e milicianos e uma arma vira objeto de culto na Marcha para Jesus. Ao descer a escada, o nu cai num vazio, num nada. As contradições, porém, aparecem sub-reptícias, como o desejo que se manifesta pelas brechas do inconsciente. O figurino assinado por João Pimenta, ao contrário da proposta original de Nelson Rodrigues de vestes que enfiam as personagens, traz formas voluptuosas, sensuais, ainda que feitas de tecidos pretos e encobrindo os corpos.

A temporada de F.E.T.O. será pouca, somente quatro semanas. Merece ser vista e revista, como uma experiência rara. É ar fresco para espanar a poeira das janelas fechadas pela pandemia. É biscoito fino para as massas e para todos nós.

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Gerald beats and funks the rock out of his bass

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METROPOLIS TV Cultura SP “F.E.T.O”

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Critica da Folha Ilustrada:

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Fatima Vale + Walter Benjamin + F.E.T.O.

Fatima Vale escreveuJá Walter Benjamin apreendia uma escrita fragmentada pois assim via a realidade fragmentada. Nem a história compreende uma acção contínua. @geraldthomas1 agarra nas pontas, desses fragmentos e une-as num processo que eu vejo como alquímico provocando sensações, despertando sentidos, pensamentos todos eles abertos sem a âncora. Podemos dizer sem que lhe pese que Gerald Thomas é o Angelus Novus: “Há um quadro de Klee intitulado Angelus Novus. Representa um anjo que parece preparar-se para se afastar de qualquer coisa que olha fixamente. Tem os olhos esbugalhados, a boca escancarada e as asas abertas. O anjo da história deve ter esse aspecto. Voltou o rosto para o passado. A cadeia de fatos que aparece diante dos nossos olhos é para ele uma catástrofe sem fim, que incessantemente acumula ruínas sobre ruínas e lhas lança aos pés. Ele gostaria de parar para acordar os mortos e reconstituir, a partir dos seus fragmentos, aquilo que foi destruído. Mas do paraíso sopra um vendaval que se enrodilha nas suas asas, e que é tão forte que o anjo já não as consegue fechar. Esse vendaval arrasta-o imparavelmente para o futuro, a que ele volta as costas, enquanto o monte de ruínas à sua frente cresce até o céu. Aquilo a que chamamos o progresso é este vendaval.”

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A Rock Classic….

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Atilio Bari conversa com Gerald Thomas e Fabiana Gugli: F.E.T.O.

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Helena Cerello escreve sobre “F.E.T.O.”, emocionante…..

Helena Cerello

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Edward Pimenta escreve cronica / critica maravilhosa sobre F.E.T.O.

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Gerald Thomas se rende a Luciene Carvalho

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July 31, 2022 · 7:35 pm

Sunday blues

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Jornal Estado de São Paulo: lançamento de F.E.T.O.

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July 27, 2022 · 12:33 pm

Folha de S Paulo Ilustrada: F.E.T.O

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Correio da Manhã – F.E.T.O. – por Rodrigo Fonseca

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O mundo “Parango-Vento” magnifico de João Pimenta (Beatrice Sayd desfilando na minha peça F.E.T.O.

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Wagner Pinto: o maior lighting designer ever. São 37 anos de parceria.

Espetáculo F.E.T.O. (Gerald Thomas) Julho 2022 – Luz Wagner Pinto. “Bicycle Wheel” Marcel Duchamp

Wagner Pinto

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“THE EMPTY SPACE” LEFT EMPTY

PETER BROOK 1925 – 2022

By  Gerald Thomas July 4, 2022

Making theater happen or assembling its various parts is not exactly the hardest thing in the world. That is essentially what we all do all the way back to the Greeks. However, “authoring”, well, yes. That is dare I say….’unique’ !

But to “think” the theater not only as a craft, but as an ever evolving philosophy; that is even more challenging. And to transform it, radically, into a ‘before and after’, well…that’s up to the Gods. And it only happens once every 100 years. I’m being optimistic, of course.

Peter Brook was that singular mosaic building architect, that lonely philosopher who “devised and conceived” the whole thing in a special spatial way.  One of these rare innovators are what we call “geniuses“.

He was the father, the mother and the God to modern theater, contemporary, postmodern, deconstructive and avant-garde stage craft. Without him and his concept of the “Empty Space” there would not have been  the likes of Bob Wilson, Pina Bausch, Antunes Filho, Peter Stein, Victor Garcia, Richard Schechner, the Mabou Mines, Peter Stein, Gruber or ….. or so many others like me, for example .

Yes, he held a very comfortable position in the Royal Shakespeare Company in London, in the late 60’s and 70’s when something broke in his head, cracked his mind open, opened his vision just like in one of those delightful nightmares, tasting like “Caliban-esque Tempest” (one that destroys what already exists, but opens one’s pallet to new and exotic flavors), Brook introduced the notion of discomfort to the theater.

Peter Brook was obviously picking up on the Grotowski ripple effect, in a way. All over the world, Grotowski’s voice is heard and absorbed. Suddenly, as if out of nowhere, in all four corners of the ring, Grotowski and Jan Kott (“Shakespeare Our Contemporary”) are working in tandem and rattling the scene. But nobody hears them better than Brook.

Nobody understood Grotowski’s “physicality” better than Brook. The Polish master came at the right time, as the right remedy and rescued a Master of the Theater.

The idea of a “poor theater” might have born under the horrible occupation of Poland during the Second World War. But its germination was resonating morphically, all over the planet.

This “Poor Theater” is, above all, and I mean, above it all, Brook’s idea of an ​​”empty space”; a space stripped bare naked, freckled void and just raw.

Scaffoldings all over on stage, meant to be climbed upon, meant not merely to be looked at, meant to represent “Under Construction”!!!

This book marks the definite end of a pompous theater (the Royal Court theater) and a ‘new theater philosophy under construction’ and is only really preceded by the highly politically charged theater of Bertold Brecht and of Artaud’s “cruelty “notations” and, of course, the theater without walls by Julian Beck and his Living Theater.

Pomp and Circumstance done away with, what prevailed was the naked lunch or the naked truth of an essence of drama and storytelling.

“Less, less,” Brook shouted or whispered when an actor was heading “beyond” the limits of histrionics or when fake emotions were an obvious resource during the rehearsals of Midsummer Night’s Dream.

Ironically, this “less” turned out to be “more” (Less is More) and rippled through just about every aspect of modern life, especially the Minimalists. Brook, Beckett and the Minimalists – a straight arrow in the blue.

I had the privilege to sit in and watch the rehearsals of “Midsummer Night’s Dream”, at the Aldwych Theatre, London, in 1971, still with the RSC. I kept looking at Brook on stage in plain view, in the midst of a crisis and one only question was apparent: “how to transform a traditional actor into a modern interpreter”. I guess that this is where the art of ‘representing” takes over from “acting”. It starts here, with “Empty Space”. Now, with the passing of the master, the “Empy Space” has been left empty.

But from where do I draw that emotion, Peter?“. I ‘d see him walking to and fro on stage, trying to explain the concept of an empty space or exercise the Grotowski technique to the desperation of traditionally trained actors. The result was not always a happy one.

But it was through Robert Langdon Lloyd (role of “Puck” in that production) that Brook found his answer. Ironically, I was (13 years after this event) directing Lloyd in my own premiere of” All Strange Away” by Samuel Beckett, in New York. What a leap!

“Empty Space” is a rug on the floor and an idea in the head, paraphrasing Glauber Rocha, the mentor of the New Brazilian Cinema of the 1960’s. It’s ” a wave in the ocean, a star in the making, a crack in the bottle that carries the message”. Yet, the message was loud and clear: connect with the audiences!

The British did not have much patience for Brook’s rapid transformation. Yet, the French (especially the Minister of Culture at the time, Jacques Lang), invited him to move to Paris, in 1974, with an amazing offer: an old abandoned train depot – opposite Paris’s main station, La Gare du Nord, and a budget so good, it would make the metaphysical plans of Brook’s new theater take off like a rocket around the world. Brook became a “former Brit” and, from now on, became the main theater attraction in Paris. And, literally, this ‘physically powerful’ space which Brook brought into the world could be as subtle as an actor turning 180 degrees and “construct the space’ around him with a simple body gesture. “Here I am…here I am not”. No light cue, no major musical theme, just a simple 180 degree turn.

Here, at the “Bouffes du Nord”, his theater now, that torn apart and “derelict like rubble of a space”, would bubble and this “Empty Space” became a plateau from which Brook was able to build up an ​​international arena: actors came from all over the world; from Africa, Asia, the Moon and some interesting meteors fell into the pit. Spoken language didn’t matter anymore but gestures did.

And with little more than a Persian rug on the floor, some dirt, some real soil and the (so called) the five natural Gurdjieff elements, Brook plunged into the most difficult stories (such as the ‘undoable” Mahabharata, nine hours long ) head first. Someone, an actor, simply just looked the audience in the eyes, opened a book and told a story. And t was so with his adaptations of Chekhov, Bizet, Shakespeare and Beckett.

This book, The Empty Space was our bible, our guide in the 70s. Each page, a revelation and a revolution about what would be the “essence of purity” on a stage and the space filled with meta-very-physical ideas and substituted those monster size sets that contributed to absolutely nothing at all to the reflection of drama.

The ‘Empty “Spaced’ Brook was the beginning of a new era with repercussions in all the arts, all of them, being stripped to the bone. Even rock groups moved to their ‘unplugged’ phase.

Groups like Nirvana and Pearl Jam understood that the special effects were becoming ‘defects’ and that an acid rain upon poetry and prose were long overdue. Yes, it was all a little like Max Ernst’s painting “Europe After the Rain”. Acid, raw and thoughtfully uncomfortable.

The book came out at a time when the rest of the counterculture movement in the world was in full force, under a full clean view and a dirty bursting cloud of acid rain.

If you are a director, actor, author or a mere theatergoer, this visionary book by Peter Brook is a MUST. Why? Because without it, you’d still live in that sad and silly time-zone which refused to understand that Peter Pan only flies through a complicated mechanism of levers, harnesses and wires. In reality, the fable of the boy-hero can be much better told by someone that you looks you in the eye – recreating inside of YOU the idea of ‘​​space’ that this fable should occupy.

Ultimately, this “Empty Space” is in our heads. And good theater resides in our ability to “think the unthinkable” and believe the unbelievable without much ado.

It is precious to visit and revisit this book from time to time, as I myself do, when I look at my shelf only to realize that it has moved, changed place, escaped on its own to another level all by itself. It exists so fluidly as our galaxy and its eroding planes.

This book is a synonym to Einstein’s time-space revelation and, just “Relativity” itself, it has changed forever our ever changing History. R.I.P. Peter Brook

Gerald Thomas

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Gerald Thomas in rehearsal with Rodrigo Pandolfo “Doroteia Louca”

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