ADRIANO CARNEVALE DOMINGUES

Eu estava com F.E.T.O. em cartaz no SESC Consolação. Aliás. Ainda não havíamos estreado. “Vem me pegar depois do ensaio….sim….sim….é no Sesc Consolação…isso….isso….isso”.

Ele, o Adriano chegou num dia tumultuadíssimo, assim como todos são. Mas eu gostei de conhece-lo. “Sim, diga pra ele vir até a plateia”.

Eu gostava demais (mas demais mesmo) dos desenhos / pinturas / oráculos e manifestos humanísticos. Particularmente o que mais me intrigava eram os pés. Os galhos que saiam dos pés. “Roots”, “Raizes”, coisas como pés que se enfiam dentro da terra e….com o agir da natureza, a coisa vai. Mas o trabalho de Adriano é justamente “a traição da natureza”. Ou assim me parece ser. Sim, uma espécie de “prólogo aos fatos e prólogo aos lamentos por vir”.

O site “Deus Ateu” faz essa descrição: “Se arte não é o mapa do mundo, a de Adriano ao menos é bússola que aponta direções, ainda que, por vezes, para dentro, engajada não em si e abnegada da tradição para abraçar o que mais importa em suas narrativas: os narradores. É quando finalmente notamos que a proposição é nos reconhecermos como vizinhos de nós mesmos moradores no outro.”

Não posso concordar em ser vizinho ou mesmo morador dessa mesma rua. Vejo o trabalho do Adriano justamente assim como ele é e assim como ELE me enxerga: com alguma dificuldade (por vários motivos, sendo uma delas, o meu descompromisso politico com a minha obra). 

Explico: sou politico FORA da minha obra. Exerço minha politica (e são horas e horas) no lugar onde politica é lavada em tanque de se lavar….politica mas não no teatro ou na pintura.

E ele me vê assim como eu o vejo; como um verdadeiro irmão; alguém em quem confio cem por cento e quem eu amo – sim, amor a primeira vista) e cuja obra eu acho invejável mas pela minha total falta de raízes, existe um canyon entre nós – sim – esse canyon que jamais será aterrado e que, apesar do amor e proximidade, conta com a minha completa estranheza. Esse elo e Eu estava com F.E.T.O. em cartaz no SESC Consolação. Aliás. Ainda não havíamos estreado. “Vem me pegar depois do ensaio….sim….sim….é no Sesc Consolação…isso….isso….isso”.  Esse elo é bizarro e é forte. Aprendi a entende-lo desde o primeiro dia. E desde o momento que sentamos lado a lado na primeira fila do teatro vazio, eu entendi a obra dele. Eu abracei a obra dele. Eu abracei a causa que ele abraça. E eu ouvi “Costa do Marfim” e ouvi “ultimo avião”…e senti “medo”. Medo por ele. Senti o medo que o adolescente deve ter sentido ao ter que evacuar.

A mineração subterrânea na Costa do Marfim só começou em 1910, funcionando quase continuamente até 1971, exceto por dois curtos períodos de tempo durante a depressão dos anos 1930 e a Segunda Guerra Mundial (Ibidem). Seu fechamento foi devido à diminuição do teor de diamantes e ao aumento dos custos de mineração em maiores profundidades. Ao longo de sua história de exploração, o governo de Yamoussoukro deixou um rastro de destruição social, cultural e ambiental representativo para toda a região. Contudo, os impactos ambientais foram frequentemente ignorados por políticas que incentivaram a atividade devido ao alto valor comercial das pedras preciosas. Diretamente interessado nas transformações da paisagem pelas atividades extrativistas, Dillon Marsh, fotógrafo da Cidade do Cabo, se interessa pela dinâmica entre as quantidades de materiais extraídos e os impactos ambientais visíveis pela atividade. Pois quem faz essa pesquisa deveria, na minha opinião, observar a obra do Adriano porque eu sinto que a Africa teve esse tipo de impacto sobre ele; haja visto o tamanho da angustia, o peso da injustiça social, a tortura, a presença dos pés ardendo em ouro, como se couro de vaca, carniça, uma maca pronta pra ser transportada, transplantada como se fosse planta, arvore, dor, a dor de ser. A dor de ser de ter que dançar bailarina: “dança neném.” 

O mistério na obra de Adriano Carnevale não pode ser explicado e não deve. Ele mesmo tenta e não consegue. Ele “descreve” – exercício fútil para os deficientes de visão ou de antevisão ou alguma falha no entendimento de percepção dos seguintes fatores: a obra de arte e o “obreiro de arte” que se dedica ao estudo dos impactos da alma e conecta isso com os impactos ambientais já é, em si, um herói. Esse herói….se ele consegue nos transmitir esse peso ou, digamos, essa elevada degradação do ambiente emocional do estado de coisas do mundo contemporâneo…bem… esse ? 

Esse sim é o que se chama de GENIO. 

E quem tem problemas com essa palavra e com esse conceito que se retire ou feche a pagina. Eu ? Eu sigo sentando do lado do meu irmão.

O site “Deus Ateu” faz essa descrição: “Se arte não é o mapa do mundo, a de Adriano ao menos é bússola que aponta direções, ainda que, por vezes, para dentro, engajada não em si e abnegada da tradição para abraçar o que mais importa em suas narrativas: os narradores. É quando finalmente notamos que a proposição é nos reconhecermos como vizinhos de nós mesmos moradores no outro.”

Não posso concordar que eu seja vizinho ou mesmo morador dessa mesma rua. Vejo o trabalho do Adriano justamente assim como ele é e assim como me enxerga: com alguma dificuldade (por vários motivos, sendo um deles, o meu descompromisso politico com a minha obra). Explico: sou politico FORA da minha obra. Exerço minha politica (e são horas e horas) no lugar onde politica é lavada em tanque de lavar….politica! Mas não no teatro ou na pintura.

Ele me vê assim como o vejo; como um verdadeiro irmão; alguém em quem confio cem por cento e quem eu amo – sim, amor a primeira vista) e cuja obra eu acho invejável mas pela minha total falta de raízes, existe um canyon entre nós – sim – esse canyon que jamais será aterrado e que, apesar do amor e proximidade, conta com a minha completa estranheza.

Os trabalhos de Adriano vem acompanhados de títulos e descrições longas como se fossem  tabloides do passado. De certa forma temos isso em comum porque eu ilustrava a pagina OpEd do New York Times que trazia informações (não importa quais) em tipografia 

A mineração subterrânea na Costa do Marfim só começou em 1910, funcionando quase continuamente até 1971, exceto por dois curtos períodos de tempo durante a depressão dos anos 1930 e a Segunda Guerra Mundial (Ibidem). Seu fechamento foi devido à diminuição do teor de diamantes e ao aumento dos custos de mineração em maiores profundidades. Ao longo de sua história de exploração, o governo de Yamoussoukro deixou um rastro de destruição social, cultural e ambiental representativo para toda a região. Contudo, os impactos ambientais foram frequentemente ignorados por políticas que incentivaram a atividade devido ao alto valor comercial das pedras preciosas. Diretamente interessado nas transformações da paisagem pelas atividades extrativistas, Dillon Marsh, fotógrafo da Cidade do Cabo, se interessa pela dinâmica entre as quantidades de materiais extraídos e os impactos ambientais visíveis pela atividade. Pois quem faz essa pesquisa deveria, na minha opinião, observar a obra do Adriano porque eu sinto que a Africa teve esse tipo de impacto sobre ele; haja visto o tamanho da angustia, o peso da injustiça social, a tortura, a presença dos pés ardendo em ouro, como se couro de vaca, carniça, uma maca pronta pra ser transportada, transplantada como se fosse planta, arvore, dor, a dor de ser. A dor de ser de ter que dançar bailarina: dança neném.

O mistério na obra de Adriano Carnevale não pode ser explicado e não deve. Ele mesmo tenta e não consegue. Ele “descreve” – exercício fútil para os deficientes de visão ou de antevisão ou alguma falha no entendimento de percepção dos seguintes fatores: a obra de arte e o “obreiro de arte” que se dedica ao estudo dos impactos da alma e conecta isso com os impactos ambientais já é, em si, um herói. Esse herói….se ele consegue nos transmitir esse peso ou, digamos, essa elevada degradação do ambiente emocional do estado de coisas do mundo contemporâneo…bem… esse ? 

Esse sim é o que se chama de GENIO. 

E quem tem problemas com essa palavra e com esse conceito que se retire ou feche a pagina. Eu ? Eu sigo sentando do lado do meu irmão.

Gerald Thomas

New Paltz, June 21 2024

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